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mpnzep Membro Novato |
# jul/21 · Editado por: mpnzep
Posso usar sustenido(s) e bemol(óis) para demonstrar a escala cromática? Ou devo usar somente sustenido ou somente bemol na escala? Por exemplo: Para achar as notas do acorde Dm7(9), nos baseando na escala cromática de ré: D - primeira justa (fundamental do acorde), Eb - segunda menor (não D# pois D# é primeira aumentada), E - segunda maior, F - terça menor (terça menor do acorde), F# - terça maior, G - quarta justa, G# - quarta aumentada, A - quinta justa (quinta justa do acorde), A# - quinta aumentada, B - sexta maior, C - sétima menor (sétima menor do acorde), C# - sétima maior, D - oitava justa, Eb - nona menor, E nona maior (nona maior do acorde); Essa escala cromática acima, com bemól e sustenido, para fins de demonstração, é ok?
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Beto Guitar Player Veterano |
# jul/21
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mpnzep Posso usar sustenido(s) e bemol(óis) para demonstrar a escala cromática? Ou devo usar somente sustenido ou somente bemol na escala?
Não sei os pormenores do assunto, mas de forma geral, usa-se normalmente sustenidos em escada ascendente e bemois em escada descendente.
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macaco veio Veterano |
# jul/21
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Não cara, Dm é relativo menor de F (que usa bemol) então a escala não é de D e sim de Dm ou de F (é basicamente a mesma coisa).
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LeandroP Moderador |
# jul/21
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mpnzep
Sua dúvida é bem interessante! Eu desconheço qualquer teoria ou regra neste sentido, por isso uso a lei do menor esforço. Então, segue abaixo o meu ponto de vista.
A fim de facilitar a leitura/escrita e a interpretação, utilize os acidentes de origem, que estão na armadura de clave; pois não importa se o cromatismo é ascendente ou descendente. Com exceção à tonalidade maior de Dó e a tonalidade menor de Lá, pois essas não possuem acidentes na armadura.
Se a armadura for com sustenidos (pelo círculo das quintas), utilizo o sustenido quando precisar, e se a armadura for com bemóis (pelo círculo das quartas), utilizo sempre o bemol quando precisar.
E dentro de um cromatismo, pode apostar que um ou outro intervalo é parte da escala ou acorde. Vou exemplificar com um cromatismo bastante utilizado em ambos os sentidos (ascendente ou descentente). O exemplo está em Sol maior:
e-------------------- B-------------------- G-------------------- D-------------------- A---2--3--4--5------- E----------------3~~-
Note que o cromatismo partiu da 3 maior do acorde, seguido pela 4a justa, depois pela 4a aumentada e finalizando na 5a justa. Eu poderia considerar a 4a aumentada como 5a diminuta. Porém, na armadura de clave do Sol maior temos um sustenido. Em vez de colocar um acidente "estranho à clave", prefiro facilitar e escrever C# em vez de Db.
Outro exemplo bastante de linha cromática utilizado inclusive como finalização, aproveitando o cromatismo anterior:
e------------------------------ B------------------------------ G------------------------------ D---3--2--1-------------------- A-------------2--3--4--5------- E--------------------------3~~-
Temos um cromatismo descentente, respetivamente a 7a menor (sem acidente - na realidade teria que ter um bequadro pra anular o sustenido da nota Fá da armadura de clave), uma 6a maior e depois uma 5a aumentada. Em seguida o cromatismo ascendente do exemplo anterior.
Temos então as notas Fá, Mi e Ré#. Você poderia escrever o Ré# como Mib, mas, no meu entendimento a escrita ficaria mais "poluída" com tantos acidentes de notas que não pertencem a nenhuma tonalidade.
Por falar em cromatismo, como vocês escreveriam esses acordes com essas duas linhas cromáticas e dois sentidos melódicos?
e-------------------------------------- B-------0--------1--------2--------3--- cromatismo asc. G-------------------------------------- D-----3--------2--------1--------0----- cromatismo desc. A-------------------------------------- E---3--------3---------3--------3------ fundamental
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Insufferable Bear Membro |
# jul/21
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De alguém que tá praticando leitura a primeira vista no piano há uns anos: escreve da forma que ficar mais fácil de ler, às vezes vai fazer sentido na teoria e às vezes não, mas pra quem tá lendo isso pouco importa às vezes um bemol numa escala ascendente facilita muito, não tem problema nenhum em escrever assim. mas essa recomendação é muito carregada de viés e nem é um padrão, tem gente, que nem o Satie, que escreve um milhão de bemol só pra trollar, ou o Bartok que escreve tudo pra fazer sentido harmonicamente. se pá os editores ainda metem o dedo pra ficar mais fácil de ler, tem história de editor de schubert (ou schumann? não lembro) que transpôs a música inteira de F# pra uma tonalidade mais fácil!
tl;dr: sei lá
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fernando tecladista Veterano |
# jul/21 · Editado por: fernando tecladista
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já vi escala cromática escrita de forma simples: usar #sustenido na subida e usar bemol na descida simples assim
--------------------------------------------------- mas ja ví na teoria pensando sobre a grafia respeitado os graus e os tons e semitons de uma armadora de clave
que ficaria essa bagunça onde há um tom se mantem a nota escrita duas vezes do e do# por ex onde ha semintom se marca a nota somente uma vez, por ex abaixo o mi e o si
do do# re re# mi fa fa# sol sol# la la# si do re re# mi mi# fa# sol sol# la la# si si# do# re
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Ken Himura Veterano |
# jul/21
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A regra vigente que a maioria dos editores e copistas vai adotar é facilitar a leitura, ou inteligibilidade do que está sendo representado. Então segue sempre as recomendações de sempre: evitar misturar bemol com sustenido quando for possível, preferir bemóis em trechos descendentes e sustenidos em ascendentes (isto facilita o dedilhado do músico), acidentes dobrados somente em contextos onde eles façam sentido (isso evita MUITO problema) etc.
Tem vezes que não vai rolar seguir isso aí tudo, aí a facilidade de leitura vai mandar. Eu estava trabalhando recentemente em cima de uma música cuja escala básica era a de Ré Maior com Si b no lugar do natural, não tinha como não misturar bemol e sustenido neste contexto.
Para achar as notas do acorde Dm7(9), nos baseando na escala cromática de ré: D - primeira justa (fundamental do acorde), Eb - segunda menor (não D# pois D# é primeira aumentada), E - segunda maior, F - terça menor (terça menor do acorde), F# - terça maior, G - quarta justa, G# - quarta aumentada, A - quinta justa (quinta justa do acorde), A# - quinta aumentada, B - sexta maior, C - sétima menor (sétima menor do acorde), C# - sétima maior, D - oitava justa, Eb - nona menor, E nona maior (nona maior do acorde); Essa escala cromática acima, com bemól e sustenido, para fins de demonstração, é ok?
Essa aqui é uma outra discussão, mas aproveitando que apareceu aqui, vou falar. Estes intervalos enarmônicos, em um contexto cromático seja tonal, pós-tonal ou atonal, são equivalentes porque as funções harmônicas tradicionais tendem a se misturar e "enevoar".
O que deve-se observar aqui é se o contexto harmônico vai estressar funções limpas ou se as misturas com tensões livres vai dar uma cor de dominante para todos os acordes, por exemplo. No caso do primeiro cenário, é muito importante manter fixos os acidentes da armadura de clave da tonalidade. No segundo contexto, mais comum desde 1830 pra frente, a versão enarmônica escolhida é para favorecer a leitura mais rápida. Exemplos? Sonatas para piano em tonalidades com muitos sustenidos (Fá# Maior, por exemplo, é uma boa) de Brahms pra frente. Sem contar as modulações e "tonicizações" para outras regiões tonais característicos de uma sonata, vai aparecer na tonalidade original muito bequadro (e ocasionalmente bemóis) para facilitar a leitura de um enarmônico em acordes.
Em repertórios de tonalidade mais livre ou pós-tonal (Debussy para frente) o temperamento igual é tratado ao pé da letra: enarmônicos são iguais e seu uso vai depender da leitura mais fácil do trecho. Um exemplo curtinho: na tonalidade de Hindemith, as 12 notas da escala cromática têm funções melódica e harmônica definidas em todos os tons - então vão ser utilizadas enarmonicamente de forma indistinta (até mesmo em trechos seguidos).
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Ken Himura Veterano |
# jul/21
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Insufferable Bear tem história de editor de schubert (ou schumann? não lembro) que transpôs a música inteira de F# pra uma tonalidade mais fácil! Foi, foi um quiproquó por uma barbeiragem que o editor fez. Schubert escreveu em Sol bemol Maior em 4/2, o editor (30 anos depois) colocou em Sol natural e em 4/4.
Desnecessário dizer que mudou totalmente a música. Só a mudança métrica já causa um estrago, mas, somado a isto, teve uma mudança de tonalidade - e o temperamento em uso na época não era tão igual quanto o padrão atual; a versão original soa melhor (não à toa).
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mpnzep Membro Novato |
# ago/21
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Penso que na escala cromática de ré (D), a segunda menor é mi bemol (Eb), a segunda maior é (E), a terça menor é fá (F), e a terça maior é fá sustenido (F#). Vejam que usei o sustenido e o bemol na escala. Posso usar assim?
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LeandroP Moderador |
# ago/21
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mpnzep
Sim, pode!
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makumbator Moderador
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# ago/21 · Editado por: makumbator
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mpnzep
Existem regras, mas obviamente eu concordo com os colegas que a facilidade de leitura deve ser o mais importante.
De qualquer maneira, deixo aqui pra vocês uma página da "bíblia" da notação musical moderna, Behind Bars, da Elaine Gould. Segue logo abaixo a imagem da página 85 que fotografei agorinha:
https://ibb.co/M27FyD7
Observem as recomendações dela no que tange ao uso de acidentes em um contexto atonal/cromático (em tradução minha. Vejam as figuras da foto para entender):
1. Usem os intervalos mais comuns de preferência: perfeito, menor, maior (ao invés de aumentados e diminutos) 2. Figurações em escalas cromáticas usam sustenidos para subir e bemóis para descer 3. Em figuras de sequências de semitom em série, prefira usar notas de nomes diferentes para cada uma (ou seja, evite usar notas de mesmo nome seguidas de alterações diferentes a cada semitom) 4. Não há motivo para não usar acidentes dobrados se eles deixam a frase mais clara harmonicamente 5. Evitem mudanças de enarmônicos no meio de uma frase sempre que possível (pois eles são mais difíceis de se ler rapidamente).
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