Fencer
Veterano |
# fev/04 · Editado por: Fencer
Sei que alguns de vocês aqui tem uma certa rejeição aos posts longos, mas estava escrevendo esse texto para o meu blog sobre como vejo a explosão de novas bandas de heavy metal e todos os seus sub-gêneros e achei que talvez valesse a pena postá-lo aqui. Gostaria de saber se é apenas uma impressão minha ou se mais alguém vê a atual situação do metal pela mesma ótica.
O heavy metal é o lobo do heavy metal?
Proponho um decreto proibindo a criação de bandas, até que tenhamos a chance de digerir as que já existem.
De uns tempos para cá, tenho percebido que fechei meus ouvidos para as novas (?) bandas que surgem, como cogumelos após uma chuva muito forte, no cenário do heavy metal nacional e interncacional. Em princípio, imaginei que isso fosse o resultado natural do meu recente flerte com o jazz, que começa a tomar ares de paixão, mas pensando um pouco melhor sobre o assunto, me dei conta de que as razões pelas quais venho recusando o trabalho desses grupos recém criados têm sua gênese dentro do próprio estilo, e não em fatores externos.
Parafraseando a célebre máxima de Hobbes, segundo a qual o homem é o lobo do homem, eu diria que o heavy metal vem se tornando o lobo do próprio heavy metal, uma vez que a criação constante e ininterrupta de um número de grupos muito maior do que podemos assimilar tende a um esvaziamento precoce do gênero, que resulta em um mar de sargaços onde a inovação e qualquer rasgo de originalidade acabam por se afogar em si mesmos.
O que assisto nos dias de hoje são bandas imaturas clamando para si mesmas os direitos sobre a criação do que consideram novas vertentes dentro do heavy metal, como se esses direitos fossem atribuídos por reivindicação, pela mera adoção de um novo rótulo, e não por aclamação. Na ânsia de parecerem novas, acabam por tornarem-se iguais, irreconhecíveis, quer seja por seus timbres, quer seja por suas letras, quer seja por sua aparência.
Essa explosão demográfica das bandas heavy apressa determinados processos de amadurecimento de propostas e sonoridades que julgo indispensáveis à sua solidificação. Meses após seu surgimento, o entusiasmo de seu público as eleva ao mesmo status dos grupos que fundamentaram as bases do estilo há décadas. E ao serem elevadas ao nível de referência pelas gerações que as seguem imediatamente, essa fonte ainda incompleta e em desenvolvimento irá alimentar uma nova safra de bandas, que brevemente estarão elas próprias influenciando uma terceira geração, enfraquecendo paulatinamente o genótipo do gênero, até o ponto em que teremos meros arremedos do que ele foi um dia.
Os valores essenciais de uma arte são construídos aos poucos e raramente em um trabalho solitário. Ídolos não se forjam da noite para o dia. Ícones, muito menos.
Quando o vinho estiver por demais aguado e já não for suficiente para insuflar em nossas veias a mesma emoção de outros tempos, prevejo uma daquelas longas e cansativas viagens de volta às origens, prejudiciais, no meu entendimento, já que, por seu radicalismo, tendem a jogar fora muitos pontos positivos da evolução dos movimentos que tentam defender, em nome dessa busca de raízes.
Apreciem o novo, mas nunca percam a real perspectiva do todo: Seguir um general inexperiente pode ser contagiante e atear fogo aos nossos corações, mas o entusiasmo exacerbado e a ruína sempre flertaram um com o outro, e andam de mãos dadas.
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Grosskopf
Veterano |
# fev/04
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Sinto o mesmo que o texto, mas não sei se concordo realmente com tudo, principalmente no uqe diz respeito que HOJE sem se lebrar que no passado muitas vezes também foi assim, ou pior. Podemos citar exemplos onde num mesmo espaço de tempo e lugar surigiram milhares de bandas iguais. Mas antigamente existia uma seleção natural, onde apenas as "melhores" sobreviviam, hoje essa seleção geralmente ocorre apenas depois do primeiro cd lançado. Além do que a divulgação ou a gravação de uma demo pela banda se tornou muito mais fácil que anos atrás.
E realmente, não consigo citar nenhuma banda realmente inovadora no metal deste 88\89, até por que vocë só notará a importancia de uma banda para uma época, anos após o surgimento dessa, mas que estamos passando por um momento de criatividade zero, estamos.
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