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Zwipek Membro Novato |
# dez/20
Olá pessoal. Tudo em ordem?
Estive acompanhando alguns vídeos do nobre Maurício Alabama, muito bons por sinal, recomendo para quem está nessa aventura chamada música, e principalmente estudantes de guitarra.
Mas no material dele soube de umas coisinhas tidas como máximas e que são desconstruídas ao menor envolvimento com a teoria musical.
Ele fala do Mi sustenido, por exemplo. Que muitos negam a existência, mas existe de fato. Ou do Fá Bemol, Si sustenido, etc.
No entanto isso ainda é clichê, pegadinha de vestibular.
Confesso, porém, que sempre fiquei na dúvida em questões como empregar as tonalidades de Sol sustenido menor e Lá bemol menor.
Antes que alguém fala pra pesquisar antes, que fique claro que não estou falando de ré sustenido e mi bemol dentro de uma escalinha, isso aí a gente sabe que depende da tonalidade e tudo mais.
Mas...
Qual a diferença de aplicar de fato um tom ou outro em uma música? Apenas a nomenclatura nesses casos? Então pq Bach compôs o Prelúdio e Fuga Número 3 em Dó sustenido Menor e não Ré bemol menor?
Em suma, o que define se começarei uma composição em C sharp minor ou D flat minor?
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Schelb Veterano |
# dez/20 · Editado por: Schelb
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Cara, dá uma estudada no ciclo de quintas e, se tiver disposto, em construção de armadura de clave que você vai entender. O que vai acontecer aí é que é muito mais fácil você trabalhar com Ab do que com G# por conta dos acidentes que cada tonalidade gera. Na verdade você provavelmente nunca vai ver uma música usando o campo harmônico de sol sustenido, porque isso resultaria em usar as seguintes notas: Sol#, Lá#, Si#, Do#, Ré#, Mi#, Fá##(dobrado sustenido, ou sustenido duas vezes, o símbolo não é esse mas não achei ele aqui). Veja o quão complicado que fica, porque além de usar os infames Mi# e Si# ainda tem tds as outras notas sustenidas e o Fá dobrado sustenido. Já o Ab teria as notas: Láb, Sib, Dó, Réb, Mib, Fá, Sol; ou seja, bem mais fácil não é?
Edit: Entre C#m e Dbm você sempre vai usar o C#m pelo mesmo motivo, no caso em C#m você teria sustenidos nas notas Fá, Dó, Sol e Ré, enquanto em Dbm você teria bemol em todas as notas e dobrado bemol no Si.
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AndreSchlaepfer Membro Novato |
# dez/20
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Primeiro é importante dizer, que na verdade Dó# e Réb (por exemplo) NÃO são a mesma nota. O que ocorre atualmente é uma aproximação por conveniencia das duas notas para os instrumentos temperados (piano, violão, etc). Quem comecou a fazer isso foi o próprio Bach por sinal. Entretanto, essa aproximação ainda não é perfeita. Um exemplo é Scar Tissue do Red Hot, na qual o Frusciante ajusta um pouquinho a afinação pra soar mais afinado (naquele tom). Então, a primeira resposta mais facil e curta seria dizer que são tons diferentes.
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makumbator Moderador
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# dez/20
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Zwipek
Bach praticamente não usava temperamento igual (assim como todo mundo na época, que preferiam outros temperamentos). Então, em temperamentos desiguais (como o werckmeister III, que era o preferido dele) um tom homônimo realmente soa diferente um do outro.
O próprio nome da obra “o cravo bem temperado”, remete justamente aos temperamentos refinados (que são temperamentos desiguais não regulares, ao contrário do mesotônico).
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Werckmeister_temperament
https://cic.unb.br/~lcmm/mus/am1/a20/a20.html
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Lelo Mig Membro
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# dez/20 · Editado por: Lelo Mig
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Zwipek
O principal a galera já disse acima.
Apenas tome sempre muito cuidado com "teoria" (informação teórica) dada por músico popular. Rockeiro, Jazzista, MPBista e o caralho... Guitarrista, principalmente, hoje em dia é louco prá se achar letrado em música mas não são capazes de tocar uma peça mediana lendo a partitura.
Dos anos 80 prá frente, virou moda "entender de teoria", mas no fundo essa galera sabe é muito pouco. (Não estou dizendo que é o caso do Alabama, estou dizendo via de regra).
Priorize recorrer a músicos eruditos, quando tiver dúvidas relativas a teoria. Guitarrista? metade sabe menos do que acha e a outra metade não sabe nada.
Rockeiro piorou. Decora uma pentatônica de blues acha que é maestro. Decora uma escala menor e uns arpejos acha que é o Vivaldi.
obs: Sou guitarrista.
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Zwipek Membro Novato |
# dez/20 · Editado por: Zwipek
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Agradeço aos usuários do fórum que responderam a questão.
Como o nobre colega @Lelo Mig mencionou, estou defasado na teoria musical, sobretudo, por ter destinado excessiva atenção aos ensinamentos de guitarristas e obviamente registro aqui também um mea culpa por não ter procurado incansavelmente nos lugares certos. Minha curadoria não foi das melhores, porém estou condicionado a mudar isso.
Sou verdadeiramente apaixonado pelo instrumento em questão, porém é impressionante a verdadeira surra que estou levando da teoria musical, quando recentemente decidi me aprofundar no tema.
Tenho estudado por conta e o contraste da abordagem tradicional dos guitarristas se comparado com músicos avançados em conhecimento teórico é abismal. Obviamente existem exceções, mas prefiro me ater a regra.
Dito isso, o @makumbator citou os diferentes temperamentos, os quais quase sempre são mencionados por cima em aulas de guitarristas. Algo como "se não usa, não aprenda". Estou curioso por música e sedento por conhecimento musical, mas essa pegada engessa o processo um pouco.
Gostaria de agradecer ao @AndreSchlaepfer por mencionar Scar Tissue como um exemplo de micro-alteração que respeita a sonoridade de um tom corretamente. Desconhecia essa qualidade do Frusciante, me encanta saber disso.
E para o @Schelb digo que irei me aprofundar no ciclo de quintas e também na construção de armadura de clave. Obrigado pela dica, eu tenho flertado com o primeiro tema, mas sempre deixo para depois. Acho que está mais do que na hora de dar a devida atenção para o assunto.
No mais, fica aqui meu apreço pela comunidade CifraClub que só cresce a cada vez que venho até aqui. Devemos valorizar sempre o que é bom e admito que me surpreendi com o nível de qualidade das postagens desde o primeiro momento em que postei por essas bandas.
Se puderem me recomendar algum curso livre ou uma forma de aprofundar o conhecimento de teoria musical com método, agradeço imensamente. Invariavelmente entro sempre nos materiais de guitarra que não me ajudam muito nesse quesito.
E passei da fase em que o rock de pentatônicas e riffs básicos me saciava o espírito, tenho cada vez mais apreciado Erudito e Jazz. E como vocês já devem ter reparado, me sinto perdido e ignorante.
Obrigado novamente. Vocês são ótimos! ;)
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Buja Veterano |
# dez/20
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Se puderem me recomendar algum curso livre ou uma forma de aprofundar o conhecimento de teoria musical com método, agradeço imensamente.
Sugiro o metodo do Mateus Starling. Ele sim é um guitarrista com aprofundado conhecimento musical, com duploma e gabarito. Pesquise sobre.
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Schelb Veterano |
# dez/20
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Cara, se você quiser material gratuito aí na internet até tem bastante gente .. sendo que vale muito a pena ver aulas de tecladistas .. que costumam dar mais importância pra esses temas e visualizar um pouco diferente de nós guitarristas. O Buja falou do Starling que tem muito vídeo mesmo, tem o canal do Nelson Faria (Fica a Dica Premium), um que eu gosto muito e que tem o material separadinho é o Lê Santana (Canal João Bemol), um canal pequeno cheio de coisa bacana é o do Marcelo Amazonas também .. Negócio é ir estudando por temas, porque é mais fácil achar material. E um tema vai puxando o outro, então não é tão difícil se guiar, apesar de parecer muita coisa a princípio. Quando você gostar da didática e estilo de um, daí pensa se compensa comprar material ou fazer aula online.
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LeandroP Moderador |
# dez/20
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Zwipek
https://forum.cifraclub.com.br/forum/3/155325/
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