O conceito de "banda" está acabando?

Autor Mensagem
renatocaster
Moderador
# fev/19


No mainstream, há pouco espaço para gente nova penetrar. O que vemos é que na pratica vem se mantendo um feudo solidificado pelas bandas mais consagradas (algumas inclusive que estão se arrastando há tempos, mas ok).

Na cena mais "underground" ou "independente", como se já não bastassem os problemas mais corriqueiros, que qualquer banda que está começando e que quer galgar coisas maiores tem que enfrentar, agora estão surgindo outros problemas. Galera desanimando, bandas se dissolvendo. Por esses e outros motivos.

E na produção, composição, gravação? Galera cada vez mais voltada para o modo "standalone", se beneficiando dos avanços tecnológicos que vem sendo bastante significativos nos últimos anos. Ou seja: "Será que preciso mesmo montar uma banda para gravar uma música?"

E na distribuição, execução? Será que os shows com bandas presenciais irão acabar daqui há algum tempo? Mídias físicas foram/estão indo pro saco. Streaming e seus derivados? Como será?

Mas, e o lado sentimental? do prazer em estar junto com os amigos tocando, gravando, etc? Está "morrendo"?

Reflitam.

Buja
Veterano
# fev/19
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renatocaster

Grande topico. É de se refletir mesmo. Com mais tempo volto aqui pra dialogar.

sandroguiraldo
Veterano
# fev/19
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Eu já toquei em várias bandas e digo uma coisa, acho que o mais importante é a amizade. Tocar em banda onde a galera não é amiga... vou te falar... é embaçado.

É por essas e outras que não tenho mais banda. Toco com uns amigos na igreja, mas não é uma banda, é o grupo da igreja. Nós fazemos algumas apresentações fora e até compomos, mas não é banda no sentido clássico da palavra... não sei se estou conseguindo me expressar.

Banda, com finalidade de fazer sucesso, cair na estrada, gravar cd...

The Man Who Sold The World
Veterano
# fev/19
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renatocaster
acho que ter banda hoje em dia é a mesma coisa que jogar futebol
as pessoas o fazem por diversão, se reúnem no fim de semana pra tirar um som com os amigos, apenas um ou outro raramente desponta nesse mercado

na distribuição, execução? Será que os shows com bandas presenciais irão acabar daqui há algum tempo? Mídias físicas foram/estão indo pro saco. Streaming e seus derivados? Como será?
acho que não, na distribuição realmente, o cd virou apenas o cartão de visitas do artista/banda/dupla, serve pra divulgar o trabalho pra alguns poucos, como donos de casas noturnas, contratantes e para as radios
agora show realmente acho difícil acabar, por mais que o mercado esteja inundado de "djs" o publico de bandas segue na ativa, um pouco mais underground mas segue, e como disse, são pessoas que tem vidas comuns durante a semana e tocam/gravam/ensaiam no fim de semana

Mas, e o lado sentimental? do prazer em estar junto com os amigos tocando, gravando, etc? Está "morrendo"?
ao meu ver não, apenas foi pro lado underground, fora que hoje é muito mais facil e barato ensaiar e gravar
lembre-se alguns investem a sobrinha do salario em chuteiras, camisetas de time e cerveja
outros investem em ensaios, guitarras e cerveja hahahhahaha

entamoeba
Membro Novato
# fev/19
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renatocaster
E na produção, composição, gravação? Galera cada vez mais voltada para o modo "standalone", se beneficiando dos avanços tecnológicos que vem sendo bastante significativos nos últimos anos.

Acho que esse modelo deve fracassar.

O bom da banda é o diálogo, o encontro de visões. Acho que isso deve se resolver em duos ou trios. Questão de tempo.

renatocaster
Moderador
# fev/19
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The Man Who Sold The World

outros investem em ensaios, guitarras e cerveja hahahhahaha

Isso não pode deixar de existir, jamais! Nem que seja o único motivo para manter uma banda, hehehehe!

entamoeba

O bom da banda é o diálogo, o encontro de visões.

Há controvérsias, não?

entamoeba
Membro Novato
# fev/19
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renatocaster
Há controvérsias, não?

Há! Muitas!

Mas as grandes bandas, em geral, surgiram de grandes encontros.

The Man Who Sold The World
Veterano
# fev/19
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entamoeba
os artistas viraram produtos de vez (estou falando do mainstream, ok?)
é muito mais facil e barato manter uma "Anitta", e ter uma banda de apoio com musicos contratados, qualquer problema os caras saem e são substituídos, fora que o musico contratado é mais profissional, tem o ego menor, ele despiroca menos hahahahahha
a relação artista e gravadora é assim
o artista depende da gravadora/empresário pra divulgação, gravação, shows e dinheiro
e o empresário depende do artista do momento pra ter dinheiro tbm
se ela relação com artista se limita a 1 pessoa apenas, é muito mais facil lidar com 1 ego, 1 agenda e etc... esse mercado é feito pra girar, deu problema, tchau, tem mais 10 batendo na porta com fita demo e um rostinho bonito

The Man Who Sold The World
Veterano
# fev/19
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estamos colocando lado a lado cenarios muito diferentes
creio que 90% das pessoas aqui sonharam em ter uma bandinha, tocar na radio, na mtv, por amor a musica mesmo, se dedicaram, independente da condição financeira, cada um sabe a sua história com a musica
agora comparar com o mercado "grammy", vou chamar assim, é muito dificil
quantos dos artistas pop americanos realmente amam a musica? quantos se dedicam? quantos ganham milhões e revertem isso para aprimorar o seu trabalho?

MatheusMX
Veterano
# fev/19
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Esses dias assisti Bohemian Rhapsody, e numa determinada cena o "Freddie", no reencontro com o Queen, diz que gravar solo com músicos contratados não é a mesma coisa, porque eles simplesmente te obedecem, não se opõem, não criticam, etc.
Acho que um dos principais pontos positivos de uma banda "legítima" é justamente essa questão da discussão, a troca de ideias, influências, experiências.

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# fev/19
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renatocaster
Minha banda, Sr. Vilão, continua firme e forte.
Até assaltos sofremos juntos...
Kkkkkkkkkkkkkk

MatheusMX
Veterano
# fev/19
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Mauricio Luiz Bertola
Minha banda, Sr. Vilão, continua firme e forte.
Até assaltos sofremos juntos...
Kkkkkkkkkkkkkk


No caso, quem foi o vilão da história?
kkkk

makumbator
Moderador
# fev/19
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MatheusMX
No caso, quem foi o vilão da história?
kkkk


Hahaha! Pois é! Propaganda enganosa isso aí!!! Se fossem vilões mesmo, eles não apenas não teriam sido assaltados como ainda roubariam as armas dos bandidos!

Só rindo pra não chorar!!!
:)

renatocaster
Moderador
# fev/19
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Mauricio Luiz Bertola

Sr. Vilão
Até assaltos sofremos juntos...

Rapaz, esse mundo tá virado de ponta a cabeça mesmo. Até o vilão não passa mais batido, kkkkkkkkk!

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# fev/19
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renatocaster
makumbator
MatheusMX
Só rindo mesmo galera!!
Abçs

JJJ
Veterano
# fev/19
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boa discussão

marcando pra ler com calma

Lelo Mig
Membro
# fev/19 · Editado por: Lelo Mig
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renatocaster

Acho que o mais broxante é a falta de perspectivas.

Antigamente íamos a casa de um amigo com violão embaixo do braço, ouvíamos o novo álbum de uma banda legal, ficávamos cheios de tesão e sonhos.

Aprendiamos um novo acorde com fulano, uma escala com beltrano, íamos conhecendo musicos do bairro, íamos ao ensaio dos caras mais velhos primos do irmão do vizinho... os caras tocavam pra caraí, voltávamos cheios de tesão e sonhos.

Montavamos uma banda de garagem, iamos tocar na escola... Queríamos viver de música, gravar nosso álbum, tocar nas rádios... cheios de tesão e sonhos.

Existe isso ainda? Se existe não vejo...

Meu filho por exemplo, lamentavelmente, nem amigos têm....

Del-Rei
Veterano
# fev/19
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Cara, acho que isso dá brecha pra papo de horas... Muitas variáveis aí.

Eu não diria que o conceito de banda está acabando.

No meio mais underground (eu considero tudo que não é mainstream como underground, independente de ser profissional ou não, mas não sei se é exatamente esse o termo correto) as bandas estão bem firmes.

Mainstream é meio foda, eu não posso opinar muito porque eu confesso que não sei o que tem tocado em rádio, novelas... Eu atualmente busco músicas em plataformas por demandas (Youtube, Deezer, Spotfy), e nem sei se essas plataformas teriam um conceito de mainstream, já que é você quem busca seus conteúdos... Mesmo que tenham conteúdos patrocinados, ainda assim esses só aparecem pra você se a plataforma achar que você faz parte do público alvo daquele conteúdo... Enfim, muito complicado afirmar coisas.


Mas, e o lado sentimental? do prazer em estar junto com os amigos tocando, gravando, etc? Está "morrendo"?

E acho que isso, desde sempre, teve uma tendencia a acontecer mais com bandas cujos integrantes são mais velhos, quando cada um tem seu trabalho, sua família, e o tempo pra banda é o pouco que sobra. Mas a galera mais nova tende a continuar se mantendo mais unida mesmo fora de ensaios.

Quando eu "só" estudava, no segundo grau, dava tempo até de ensaiar duas vezes durante a semana. Depois que todos começam a faculdade as coisas vão desandando porque surgem estágios, trabalhos e outras atividades paralelas além do estudo, o que toma tempo e fica difícil todos conciliarem. Quando começa a trabalhar então...


Ou seja: "Será que preciso mesmo montar uma banda para gravar uma música?"

Claro que não precisa. Eu faço minhas gravações toscas, que só não têm vocal porque não sei cantar, rs. Mas se eu te mostrar as primeiras gravações de estúdio que tenho, antigas com banda, e comparar com as minhas em casa de hoje, você cai pra trás.

Mas não acho que a tecnologia esteja afastando as pessoas. Eu acho que está ajudando a produzir sem gastar horrores em estúdios. Eu tenho meus momentos de diversão com gravação caseira, mas nunca pensei em substituir uma banda por isso. Cara, eu não consigo nem cogitar a hipótese.

Um aceno de longe!!!

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# fev/19
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Lelo Mig
Meu filho por exemplo, lamentavelmente, nem amigos têm....
Como pai e educador tenho visto muitos jovens assim...
Abç

sandroguiraldo
Veterano
# mar/19
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Mas não acho que a tecnologia esteja afastando as pessoas. Eu acho que está ajudando a produzir sem gastar horrores em estúdios.

Há um lado também que é daqueles que SÓ tinham uma banda porque precisam de alguém para tocar os outros instrumentos...

Músicos que são bons compositores / arranjadores porém ou eram limitados como instrumentistas ou gostavam da vibe "gravando banda ao vivo" e por isso dependiam de outras pessoas.

Já vi nego que entrou pra uma banda porque tinha a bateria (e o cara era baixista) porque tinha sistema de som, porque tinha irmã bonita...

JJJ
Veterano
# mar/19 · Editado por: JJJ
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OK... vamos dar uns pitacos...

Havia uma "mística" em torno da coisa de ser músico, de empunhar uma guitarra ou um baixo, de estar atrás de uma montoeira de teclados ou de tambores. Essa mística desapareceu completamente. A graça de hoje pra galerinha é estar na frente de um console de videogame. Eles já existiam nos anos 80, mas, obviamente, não eram nem de longe tão atrativos e imersivos quanto hoje.

Outra coisa era o objetivo: gravar um LP, depois um CD. Hoje, você pode gravar um CD em casa, se quiser, rapidinho. E faz o que com ele? Nada.

Tinha o lance "artístico". Estar em um palco. Ainda há palcos, mas mesmo estes, vem sendo substituídos gradualmente por espaços virtuais (youtube, spotify, caralivro, redes sociais em geral). E estes espaços são muito mais pra indivíduos do que pra grupos.

Some-se a isso o interesse da audiência, que é muito menor que no milênio passado e temos o panorama pouco interessante de hoje.

renatocaster
Moderador
# mar/19 · Editado por: renatocaster
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Lelo Mig

antigamente íamos a casa de um amigo com violão embaixo do braço, ouvíamos o novo álbum de uma banda legal, ficávamos cheios de tesão e sonhos.

Aprendiamos um novo acorde com fulano, uma escala com beltrano, íamos conhecendo musicos do bairro, íamos ao ensaio dos caras mais velhos primos do irmão do vizinho... os caras tocavam pra caraí, voltávamos cheios de tesão e sonhos.

Montavamos uma banda de garagem, iamos tocar na escola... Queríamos viver de música, gravar nosso álbum, tocar nas rádios... cheios de tesão e sonhos.

Existe isso ainda? Se existe não vejo...


Se a gente se balizar pela faixa etária que corresponde à adolescência e um pouco do início da fase adulta, eu diria que as chances dessas coisas acontecerem hoje no meio da garotada são ínfimas. Primeiro que para se comunicar nem precisa sair de casa mais, então muita coisa que vc citou aí se resumiria em mandar uma msg no Zap. Meio deprimente, mas...

Fora os vários outros atrativos que o mundo mais globalizado e tecnológico oferece a esse público para ocupar o tempo livre, acho que falta inspiração também. E no cenário local, de bandas brasileiras, pior ainda.

Del-Rei

Quando eu "só" estudava, no segundo grau, dava tempo até de ensaiar duas vezes durante a semana. Depois que todos começam a faculdade as coisas vão desandando porque surgem estágios, trabalhos e outras atividades paralelas além do estudo, o que toma tempo e fica difícil todos conciliarem. Quando começa a trabalhar então...

Cara, não sei. A questão da falta de tempo acho que sempre existiu de certa forma, para mais ou para menos dependendo das circunstâncias. Pelo menos comigo, teve um momento em que eu tocava numa banda e era militar. Então tinha aquela coisa de escala, tirar serviço, etc.

Mas a vontade, pelo menos no meu caso, sobrepujava qualquer restrição de tempo ou de datas. Eu sempre dava um jeito de conseguir ir para os ensaios, tocar, etc...

Mas não acho que a tecnologia esteja afastando as pessoas. Eu acho que está ajudando a produzir sem gastar horrores em estúdios. Eu tenho meus momentos de diversão com gravação caseira, mas nunca pensei em substituir uma banda por isso. Cara, eu não consigo nem cogitar a hipótese.

Eu tendo a achar que a praticidade de hoje se sobrepõe. Existem umas questões com bandas que são meio complicadas de se lidar em certos momentos. Principalmente no que se diz respeito à produção, composição. Existiu um tempo onde um dependia do outro, então algumas coisas vc tinha que tolerar. Mas essa barreira não existe mais, então o que sobra essencialmente é a questão do convívio.

sandroguiraldo

Há um lado também que é daqueles que SÓ tinham uma banda porque precisam de alguém para tocar os outros instrumentos...

Exato. Claro que existe um componente emocional aí, de tipo vc estar criando sua música sozinho, mas que chega um momento em que vc sente falta de um elemento aqui ou ali que aquele amigo seu poderia acrescentar na sua música. Mas fora isso, como falei, essa barreira se quebrou. Nesse exemplo sempre me vem à cabeça o do Buckethead. O cara tem trocentos discos de estúdio lançados com ele fazendo tudo sozinho.

T-Rodman
Veterano
# mar/19 · Editado por: T-Rodman
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nesses últimos 10 anos, como andam aqueles tributos aqui do FCC?
- salvo engano os ultimos que participei foram os do RHCP, Tributo Brasil e Titãs.
Bora brincar de novo? rs

--- edit ---
no mais, sim, acho que a maioria que teve banda é meio como quem jogava futebol com os amigos na época do colégio.
Vai passando o tempo, vão indo embora, casando, e se vc continua praticando, vai acabar se enturmando com a galerinha mais nova, e só jogar nos finais de semana, rs.
Com os amigos que estão na música, fazem a mesma coisa - a maioria toca com gente mais nova, nos finais de semana.
Eu até tinha parado de tocar em casa, mas voltei. A minha 'banda' ainda toca 1x por ano em alguma festa de aniversário. é. mesmo tocando nada, eu subi cantar uns meses atrás e deu vontade novamente, rs.

no mainstream o que sumiu foram as guitarras, rs. em algum vlog acho que o ultimo disco de grammy que se contou 'guitarra' foi o do Mumford and Sons em 2013 (e esse ano aquele led cover) - nem música em si ando acompanhando nesses últimos anos, lol.

sandroguiraldo
Veterano
# mar/19
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Mas a vontade, pelo menos no meu caso, sobrepujava qualquer restrição de tempo ou de datas. Eu sempre dava um jeito de conseguir ir para os ensaios, tocar, etc...

É bem por aí... eu morava em Salto durante minha adolescência. Eu saía de casa 13:30 para encontrar com um amigo no bairro dele, e íamos a pé até a igreja onde ensaiávamos.

Com guitarra nas costas e pedaleira nas mãos, algumas vezes carregando ampli. Andávamos uns 4 km a pé pra chegar e ensaiar a tarde toda.

Quando eu mudei de cidade, continuava indo de ônibus, descia na rodoviária subia a pé, ensaiava, voltava a pé, pagava busão, chegava em INDAIATUBA e ia pra igreja tocar a noite ainda.

Hoje... meus equipos ficam tudo na igreja onde toco; tenho preguiça até de trazer a guitarra pra casa, exceto raras ocasiões que posso ter dois ou três dias em casa, e ainda penso seriamente se vale a pena levar tudo pra casa, sendo que tenho carro etc...

Acho que o que ficou pra trás foi aquela VONTADE que o Lelo mencionou.
Hoje, mal tenho vontade de tocar, embora toque de 3 a 4 vezes por semana e goste muito disso.

renatocaster
Moderador
# mar/19
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JJJ

Tinha o lance "artístico". Estar em um palco. Ainda há palcos, mas mesmo estes, vem sendo substituídos gradualmente por espaços virtuais (youtube, spotify, caralivro, redes sociais em geral). E estes espaços são muito mais pra indivíduos do que pra grupos.

Isso corrobora um pouco com o que falei sobre os shows que ocorrem da forma que a gente conhece hoje irem minguando com o tempo...Eu tenho notado que os grandes festivais vem sendo muito mais temáticos do que antes. Parece uma estratégia para angariar um público que não está interessado apenas em ficar horas em pé vendo um grupo tocando.

Outra coisa que reparei também ultimamente. Quando tem show de bandas famosas, tenho visto que quase não colocam mais uma banda de abertura, coisa que era muitíssimo comum. Posso estar completamente enganado, pode ter sido pontual, não sei...

MMI
Veterano
# mar/19
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renatocaster

Renatão... A verdade é que o mundo mudou de uma forma radical. Muitos aqui vão se lembrar de um tempo que o telefone fixo era quase um luxo, caro... Não tinha internet, então o convívio era maior, até porque era meio obrigatório. Hoje existe um convívio bem impessoal, vide este fórum mesmo, que a gente conversa com gente que nunca vai ver na frente, escondido atrás de um nick...

Há pouco dias eu conversava com um guitarrista dos grandes, que tocou com artistas renomados brasileiros, tem até um Grammy... O mercado mudou, o perfil das bandas e guitarristas também mudou muito. Até algumas bandas e artistas mais consagrados, na hora de chamar um sideman acabam achando um rapaz, guitarrista de quarto muitas vezes, mas que toca pra caramba - pode não ser um dos nossos ídolos nacionais, mas vai lá e resolve por 1/10 do preço. É só ensaiar um pouco e dar um pouco de prática de banda para o rapaz.

Tinha uma gravadora, eu conheço a dona e toda a gerência... Minguou de uma forma que praticamente fechou agora.

Um outro amigo, grande músico, tem um estúdio entre outras coisas que faz... De uma praia jazz/MPB principalmente... Diz que cada vez mais é música de um nicho, cada vez menor. Ele até andou mexendo na mesa e equipamento do estúdio, mas a pressão do mercado é que cada vez se grave menos e baixe os preços em estúdios e produtores deste tipo. Na verdade, muita gente ficou grande em outros tempos, estes continuam grandes artistas, renomados, mas sofrendo uma pressão do mercado diminuindo e baixando preços/rentabilidades. O problema que hoje quem cresce e ganha mais espaço para crescer é um pop bem raso... Tem grandes artistas que se voltaram para aulas ou que trabalham por mixaria.

Sei lá o que vai ser daqui uns 10-15 anos quando se desejar ouvir e ver uma banda de qualidade tocando... Quando esta geração que ainda pegou o embalo das bandas mais famosas (que conseguiram crescer), for parando... Claro que tem garotos que tocam muito, vira e mexe nos deparamos com uns vídeos no Youtube que são assombrosos - mas tocando sozinhos, geralmente, sem um mercado, sem divulgação, apenas para receber uns likes. Estranho, né?

gpeddino
Veterano
# mar/19 · Editado por: gpeddino
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O conceito de "banda" está acabando?

Eu diria que sim.

O conceito de "banda" se baseia em uma série de fatores que o fizeram ser como ele é. Era um encontro de pessoas marcado por uma amizade em comum, uma valorização da música (tanto da criação dela quanto da execução dela) e um desejo/sonho de transformar a própria vida através daquilo (tipo ser um "rockstar").

Hoje o conceito de amizade mudou. As pessoas se veem cada vez menos e as relações interpessoais estão cada vez mais rasas, apesar das redes sociais. A valorização da música (falando de maneira geral) também praticamente desapareceu, num mundo de oferta total e barata via streaming e cada vez menos demanda por substância. E a ideia do "rockstar" também desapareceu, num mundo em que o rock se reduz cada vez mais a um segmento de pessoas mais velhas e desinteressadas por novidades, enquanto os jovens ignoram as guitarras e encontram seus ídolos no hip-hop e no pop massificado (curiosamente, em geral formados raríssimas bandas e sim artistas solo e produtores). A única exceção que enxergo nesse sentido é o k-pop, formado por bandas.

Também dá pra pensar no fator econômico. Em momentos de crise, a maioria das pessoas vai desencanar de gastar fortunas em instrumentos e equipamentos pra ter um hobby musical enquanto pode gastar 20 reais em Netflix e ter entretenimento à vontade. Sem contar o investimento de tempo e foco pra aprender um instrumento.

E como já falaram acima, no mainstream é muito mais proveitoso manter um artista solo do que uma banda.

Enfim, acho que bandas são um produto de seu zeitgeist. Estamos entrando num momento diferente e sinto que a tendência é que isso tenha cada vez menos relevância. Eu mesmo já não tenho mais banda fixa (a não ser um tributo ao Radiohead, que também está parado) e produzo meus discos com músicos contratados e amigos. Não é ideal, mas é o que funciona melhor pra mim.

Lelo Mig
Membro
# mar/19
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gpeddino

"A única exceção que enxergo nesse sentido é o k-pop, formado por bandas."

Que, mesmo assim, são fabricadas para agradar coreaninhas no cio. Estas bandas são montadas por empresários, não são o velho esquema de banda formada por amigos, são apenas um produto fabricado e embalado.

Julia Hardy
Veterano
# mar/19
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O pessoal é muito fatalista por aqui.

TendTudo
Membro Novato
# mar/19
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Lelo Mig
Tu tem o mesmo apelido do meu obstetra e posso dizer que ele nunca diria coreanas no cio...bad bad bad

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