Exercícios de técnica de piano - Hanon e Lemoine

    Autor Mensagem
    Daniel_tecladista15
    Membro Novato
    # fev/15


    Pessoal,
    Alguém conhece ou pratica os exercícios de Lemoine que vem nas edições do The Virtuoso Pianist (Charles Hanon e Henry Lemoine)?

    A minha edição contém apenas os 60 exercícios de Hanon.

    Gostaria de saber como são esses exercícios para independência dos dedos e intervalos simultâneos do Lemoine e se são eficazes.

    Obrigado!!

    Artref
    Veterano
    # fev/15
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    Só conheço o Hanon original, que se feito sem uma boa orientação é um excelente caminho para aluno se machucar, pegar vícios de postura, deixar a forma da mão errada, ter dificuldade para tocar mais dentro do piano e entre as teclas (principalmente pretas) e aprender a tocar só com os dedos, sem falar na sonoridade e a musicalidade que são bem prejudicadas por algo que não é música e muito menos estudo de técnica.

    Sério, você não precisa disso. Você precisa é de um bom professor pra te orientar (aí ele pode até usar Hanon se souber muito bem o que está fazendo).

    Inclusive o termo "independência" dos dedos é bem perigoso. Nossos dedos não são totalmente independentes e nunca serão, por questões anatômicas. O que nós conseguimos é chegar a um nível de independência próprio para tocar, porém fuja desses métodos que afirmam que você precisa de "total independência".

    Daniel_tecladista15
    Membro Novato
    # fev/15
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    Artref
    Obrigado pelas suas dicas e comentários!! Concordo com algumas colocações suas, mas também discordo de outras!!!

    Dizer que o Hanon não é provido de musicalidade e sonoridade é a mais pura verdade, mas dizer que não é estudo de técnica, é equivocado.

    Hanon é simplesmente um método de estudo voltado ao aperfeiçoamento do sincronismo, agilidade, destreza e fortalecimento da musculatura dos dedos. Além de possuir exercícios voltados para domínio de técnicas específicas da execução pianística como, trill, tremolos, saltos, baixo dobrados, etc...

    Isso é técnica pura e simples!!! (mas com o ônus da falta de musicalidade).

    porém fuja desses métodos que afirmam que você precisa de "total independência".
    O Lemonie não se propõe a esse nível de independência, porque como você mesmo citou, existem questões físicas que limitam a independência dos dedos. O propósito dele é simplesmente melhorar a inter-dependência entre os dedos, principalmente o 4o e 5o.

    O motivo da minha pergunta sobre o método de Lemonie é justamente por recomendação do meu professor de piano (não sou autodidata). Como eu não encontrei muita literatura acerca deste estudona Internet, perguntei aqui no fórum se alguém conhecia para tecer comentários pessoais sobre
    o que achou deste método.

    Enfim, obrigado pela sua ajuda, Artref. Todos os comentários sempre são bem-vindos para que possamos evoluir (da forma correta) no mundo da música!!

    TG Aoshi
    Veterano
    # fev/15 · Editado por: TG Aoshi
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    Artref
    Daniel_tecladista15
    Não conhecia, nunca tinha ouvido falar no H. Lemoine, mas deve ser esse opus aqui. Me lembra os estudos do Czerny, Burgmüller e afims.

    Sei que não era exatamente sua proposta com o tópico (peço desculpas), mas minhas reservas são quase as mesmas as do Artref.

    Não acho que exista um jeito certo de descrever técnica, mas certamente visões mais "pobres" são mais prejudiciais ao músico. Entender que técnica e musicalidade são entidades separadas, é empobrecedor e ainda dá margem a erros e ideias bizarras.

    É bom evitar fórmulas mágicas, preguiça mental e "exercícios academia". Boa técnica não é apenas fruto de empenho e perseverança, mas também de muita reflexão e precisa de muita atenção, o tempo todo. Pensar "quero estudar trilos" ou "melhorar independência dos dedos x e y" são muito vagos. No mínimo tem que se ter em mente como tal estudo tem que soar (quero dizer, como você quer que soe – e são centenas de maneiras possíveis) e como se deve (e não se deve) atingir tal objetivo.

    Acho que independência cai na categoria de estudos perigosos. Além do que o Artref já alertou, sobre ter uma concepção errada do que é independência total, é o tipo de treino que tem muita tendência a criar tensão.

    Pode pegar Hanon, os estudos de Chopin, Le Piano, Mikrokosmos ou qualquer outra coisa no meio ou além, se não tiver bases (princípios) e objetivos bem definidos a tendência é não ir muito longe. O Hanon talvez seja o conjunto de estudos mais mal falado hoje em dia – e com razão –, mas antigamente (não sei se continua assim) a escola russa de piano o utilizava extensivamente. Já li numa entrevista com o Rachmaninoff que era comum saber o Hanon inteiro de cor (por conta do uso). Num teste pedia-se o número e o andamento (em bpm), e o aluno tocava o tal número do exercício do Hanon no devido andamento. Acho o pianismo dele à altura da sua fama como compositor, a técnica era primorosa, tirava um som do piano que não se vê mais hoje em dia. Pra mim é um dos pianistas lendários do séc. XIX/XX.

    Bom, tenha um pouco de cautela ao pegar estudos mais técnicos, especialmente aqueles intitulados métodos. Refletir um pouco sobre o material, sobre si mesmo e saber que não existe fórmula mágica também são sempre práticas saudáveis.

    freitas_silva
    Veterano
    # fev/15
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    Conhe bem Hanon e Czerny, que foi mencionado aqui. Os dois são ótimos métodos e já falei algumas características em um post parecido com esse a uns meses atrás.

    Simplificando...

    O Hanon é seco e sem musicalidade, porém didático por apresentar "dicas" no de como o exercício deve ser executado e suas variações, além de desenvolver capacidades específicas pontuais.

    O Czerny é rico em musicalidade, porém nada pedagógico. Cada exercício é uma "verdadeira música" se for executado perdeitamente. O pecado está em não possui uma orientação específica, apenas os exercícios vão aumentando de dificuldade, com acréscimos de saltos, figuras de expreção, floreios e outros elementos.

    Já o Lemoine, não tenho experiência com método, então posso opinar.

    Esse papo de método ruim ou bom é muito complicado. É igual aquela velha história que rola em todos os fóruns: quem é o mehor, motif, kronos ou jupiter?
    Não existe melhor ou pior, existe aquele que você mais se identifica e/ou atende suas necessidades no momento.

    Em vários anos estudando teclado, piano e violão julgo que se você tem um bom professor, aliado a uma boa maturidade musical, o método X, Y ou Z é o de menos. O importante é pegar um e seguir até o fim. Se no meio do caminho você precisar de algo que ele não te oferece, busque outro e trabalhe em paralelo com os dois.

    Artref
    Veterano
    # fev/15
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    Bem, é para isso que serve um fórum, para termos opiniões diversas acerca de um assunto.

    Uma definição preguiçosa de quem está com sono sobre técnica seria "a maneira de se fazer algo no piano/teclado que seja o mais natural possível para o corpo, que gaste a menor quantidade de energia, e que obtenha a melhor sonoridade".

    Eu abro os Hanons (tenho 2 deles, acreditem) e ali não há explicação de como eu devo fazer o exercício. Ele não me diz como deve estar meu ombro, meu corpo, como está o som, quais movimentos do braço devo usar, quais movimentos dos dedos devo evitar.. ele não oferece sugestão de fraseado, ele não está corrigindo o meu legato, ele não alerta para a forma da mão, ele não está me ensinando a usar o peso do braço e outras coisas. São simplesmente notas ali que prometem coisas como "força nos dedos" (o que é preocupante) e outras coisas sem a menor justificativa. Então, pra mim não é técnica.

    Porém, como eu falei, um bom professor pode instruir o aluno através do Hanon, embora seja muito mais útil ao meu ver fazer isso com algo que seja na verdade música.

    É igual as velhas escalas. Repeti-las diariamente sem o menor critério, não é estudar técnica. Agora, buscar igualdade e qualidade de som, buscar naturalmente o aumento da velocidade, propor novos dedilhados (como por exemplo fazer todas as escalas com dedilhado de dó maior, já tentaram?), usar movimentos graduais, testar diferentes dinâmicas, acentuações, usar o peso do braço, rotação do antebraço, fazer um legato bem bonito ou um stacatto que não pareça uma agulhada na orelha, enfim, essas coisas sim são um estudo de técnica.

    Enfim, respeito a opinião dos amigos, mas continuo não recomendando Hanon. Fiz esse negócio diariamente durante anos e só me serviu para dar dor no ombro e vícios que tenho que tirar até hoje, como por exemplo tocar só com os dedos. Sem falar que tornava meu estudo a coisa mais cansativa, repetitiva e entendiante do planeta.

    Daniel_tecladista15
    Membro Novato
    # mar/15
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    TG Aoshi
    Não é o Opus 37. Parece que são apenas 6 ou 7 exercícios dentro do livro do Hanon.
    E não há motivos para pedir desculpas!! Eu que agradeço muito pelos seus comentários e dicas!!

    Concordo em gênero, número e grau quando você diz que: "Refletir um pouco sobre o material, sobre si mesmo e saber que não existe fórmula mágica também são sempre práticas saudáveis."

    Acho que não existe nenhum método, exercício ou estudo mágico. Todos possuem o seu valor. Alguns mais, outros menos.

    Acredito que alguns estudos são muito bons para determinados objetivos bem específicos enquanto outros focam em outras habilidades ou dificuldades. E é aí que entra a experiência do professor em observar estas dificuldades nos seus alunos e orientar o melhor caminho a ser seguido.

    O Hanon é um verdadeiro enigma. Tantos amam, tantos odeiam. Mas prefiro ainda acreditar que deve existir algo ali dentro que seja útil para alguma coisa. Não acredito que seja necessário estudar e muitos menos decorar os seus 60 exercícios. Mas acredito que alguns dos seus exercícios possam ser recomendados para dificuldades específicas.

    Artref
    Você está certíssiímo quando afirma que o Hanon apenas diz o "que deve ser feito", mas não detalha o "como deve ser feito". E é aí que mora o perigo da execução dos seus exercícios sem orientação adequada. Mas será que não dá pra extrair alguma coisa de proveitosa no Hanon?

    Para algumas pessoas, talvez sim. Para outras, talvez não. Ou seja, acredito que algumas pessoas aprendem melhor com determinadas metodologias que talvez não sejam adequadas para tantas outras. E cito isso não apenas no meio musical, mas para quase tudo na vida.

    Eu me lembro no meus idos tempos de decoreba de tabuada na escola (sim, sou desse tempo!!), alguns decoravam através das sequências das colunas de cada número, outros pelas linhas, alguns através da soma dos anteriores, enfim, cada um tinha o seu método que lhe era mais adequado para a árdua tarefa!!

    e só me serviu para dar dor no ombro e vícios que tenho que tirar até hoje, como por exemplo tocar só com os dedos
    Você queria o quê? Tocar com a cabeça, com o nariz??!!! heheheheh Brincadeira, Artref!! Só para descontrair mesmo. Entendi o que você quis dizer com tocar só com os dedos.

    Mais uma vez, obrigado pelos seus comentários!! Acompanho o fórum há algum tempo e sempre leio os seus bons comentários e ressalvas em outros tópicos.

    freitas_silva
    Não existe melhor ou pior, existe aquele que você mais se identifica e/ou atende suas necessidades no momento.
    Concordo com sua afirmação. Apesar de achar que essa tarefa de analisar o que é adequado para às suas necessidades deve ficar a cargo de alguém com mais experiência. O iniciante, por exemplo, não tem condições de fazer esta escolha.

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