Condução das aulas de piano

    Autor Mensagem
    soruji
    Veterano
    # fev/14


    Pessoal, estou num dilema:

    Depois de quase uma década estudando música por conta própria, eis que aparece a oportunidade de fazer aulas numa escola convencional.

    Estou lá há duas semanas, vou todo sábado e tenho aula de teoria e prática. Logo no primeiro dia meu professor perguntou se eu já tocava, o que eu gostava de ouvir, enfim, pergutas triviais.

    Como estudava por conta até então, claro que surgiram os vícios com relação a várias coisas, inclusive na execução de escalas. Certo, percebido isso, meu professor decidiu começar corrigindo minha técnica. Até aí tudo bem, mas acontece que parece que não vamos prosseguir nos estudos enquanto eu não estiver "especialista" como ele me disse, nesses exercícios em todos os tons. Eu tenho plena consciência que devo corrigir várias coisas relacionadas a técnica, pelo menos na parte de solos, mas não tem como trabalhar isso paralelamente? Ou seja, não tem como deixar isso em segundo plano, ou trabalhando em conjunto com outras coisas, tipo harmonia dissonante, reharmonização?

    Porque, na verdade, eu tenho esses tópicos como prioridade no momento. Bem mais do que escalas maiores. Não tem exercício pra eu treinar acordes, inversões e cadências, por exemplo?

    Devo conversar com o meu professor sobre isso? ou deixo ele conduzir as aulas na base do Hanon? Tenho receio de estar investindo em algo que só me trará retorno bem mais tarde, algo que realmente eu não gostaria que acontecesse, ainda mais se tratando de que me matriculei com o intuito de estudar harmonia a principio e depois partir para as escalas.

    Artref
    Veterano
    # fev/14 · Editado por: Artref
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    Ele está realmente conduzindo aulas baseado no Hanon? Especificamente, quais são os vícios em você apontados por ele? Qual a base técnica que ele utiliza?

    Técnica é muito, muito importante. Fundamental. E vício é algo que pode fazer um estrago imenso, inclusive causar dor e te limitar bastante musicalmente, chegando ao ponto de te impedir de tocar por mais de alguns minutos (experiência própria) Mas o problema é que tocar vários exercícios de Hanon e fazer escalas não é exatamente estudar técnica..

    Tem mais informações?

    soruji
    Veterano
    # fev/14
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    Artref

    Ele está realmente conduzindo aulas baseado no Hanon?

    Nessas duas aulas ele citou e mostrou alguns exercícios e pediu para que eu fizesse também.


    Especificamente, quais são os vícios em você apontados por ele?


    Dedos dobrados, basicamente. Não possuo uma boa independência das mãos para arpegiar com uma e solar com outra, por exemplo. Não consigo executar tétrades com rapidez, ou seja, preciso fortalecer a musculatura dos dedos.



    Qual a base técnica que ele utiliza?


    Acredito que o Hannon. Mas o curioso é que meu professor comprou um Privia com teclas mais pesadas semana passada. Até então ele só tinha um Motif e um Korg X50 e ele mesmo disse que não tava "acostumado" a dar aula naquele piano. (?)


    Sei que estudar técnica é importante, mas não sei se estou trilhando o caminho mais longo ou mais curto, pois já toco faz uma década.

    TG Aoshi
    Veterano
    # fev/14
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    Mas o problema é que tocar vários exercícios de Hanon e fazer escalas não é exatamente estudar técnica..

    Depende essencialmente de como for feito esse trabalho. Mas também concordo que existem maneiras mais objetivas de melhorar a técnica.

    soruji
    ou seja, preciso fortalecer a musculatura dos dedos.

    Depois comento com mais calma, mas olha... Claro que a musculatura precisa ser desenvolvida, mas o princípio fundamental da técnica é o relaxamento. Focar o treino técnico em aplicar força (do jeito errado), criando qualquer tipo de tensão é a fórmula perfeita pra conseguir algum problema de saúde mais tarde.

    soruji
    Veterano
    # fev/14
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    Acho que preciso repensar melhor sobre o direcionamento que essas aulas estão tomando.

    Até hoje nunca tive nenhum problema com o jeito que eu toco.

    Greenwood
    Veterano
    # fev/14
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    soruji
    Acho que preciso repensar melhor sobre o direcionamento que essas aulas estão tomando.

    Fuja deste professor!!!

    Encontrar um bom professor pra vc que já toca há anos, vai ser a sua nova missão!!!

    Boa sorte!

    soruji
    Veterano
    # fev/14
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    Greenwood

    Eu queria ver se cabia uma conversa franca com ele sobre isso, mas você já pensa que não tem jeito mesmo?

    Eu, particularmente, não o considero um exímio pianista, mas sendo um bom professor, pelo menos pra mim era o mais importante, e não sei se tá cedo ou não pra chegar a alguma conclusão. Todavia, confesso que estou um pouco preocupado.

    fernando tecladista
    Veterano
    # fev/14
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    pelo menos na parte de solos, mas não tem como trabalhar isso paralelamente? Ou seja, não tem como deixar isso em segundo plano, ou trabalhando em conjunto com outras coisas, tipo harmonia dissonante, reharmonização?

    qual o tempo estimado pra resolver isso?
    porque entendo que a coisa é bem matematica, se você tem de tempo 2 horas por dia você vai se dedicar essas duas horas a isso (claro que tem as fugidinhas) e isso pode por exemplo durar 2 meses
    se fazer uma aula meio a meio, na teoria você vai deixar 1 hora pra isso e outra 1 hora pra parte de harmonia, mas todos sabemos que você vai treinar 1:30 de harmonia e 1/2 hora disso já incluindo as fugidinhas
    então essa reeducação de técnica vai durar 6 meses e se tornar um porre

    Até hoje nunca tive nenhum problema com o jeito que eu toco.
    mas uma certa hora você vai encontrar o limite
    falo por conta própria, eu comecei com aulas de orgão com aqueles métodos de estagio 1, 2 3....
    eu tocava com o dedo de qualquer forma não respeitava o dedinhado e como era coisa de começo dava pra ir passando se eu tocava bem do re mi fa sol la sol fa mi re do usando o dedo 5 no sol e também no lá porque eu preocuparia em com começar o dó com 2 e usar o 1 no ré...
    depois de 2 anos resolvi pegar coisas mais cabeludas pra estudar, eu não conseguia, tiver que pegar meus livros por conta própria e refazer todos os exercicios pra deixar a mão boa

    dom de Deus
    Veterano
    # fev/14
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    soruji

    como trabalhar isso paralelamente?

    pó! se o professor meu ficasse cobrando todas dificuldades e não me passasse outra coisa até conseguir superar tal dificuldade, estaria frito porque muitas são as dificuldade.

    na minha opinião ficar batendo na mesma tecla, fadiga a gente essas dificuldades tem que ser trabalhada paralelamente. um grande professor escreveu um bom livro de conselhos sobre como estudar, e ele diz pra não ficar muito ligado numa assunto só e sim revesar assuntos pra não cansar a mente. que proveito teria eu ficar dez horas matutando numa coisa que não quer entrar na cabeça? mais proveitoso seria eu dividir um tempo pra essa dificuldade e interagindo com outras. sei que se trata de postura e coordenação, mas acho que o conselho é valido pra isso também.

    Mas claro que o bom senso vem a calhar, devemos usar o bom senso! se meus dedos e postura está muito errado não adianta eu fazer uma infinidade de coisas antes de corrigir isso. Agora se dificuldade de postura não é aquela coisa tão absurda acho que tem que ser trabalhado com prudência e não estacionando só em exercícios!

    Artref
    Veterano
    # fev/14
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    Então o seu professor está tentando te ensinar técnica pianística, mas nunca tocou em um piano acústico e só comprou RECENTEMENTE um PIANO DIGITAL? E para tal, está baseando-se no Hanon? Amigo, não tô botando fé não, rsrsrs. Acho que ele não tem muita idéia do que está fazendo..rs

    Além do quê, como disse o TG Aoshi, técnica não é força. Técnica não significa ter mais força nos dedos: significa fazer o trabalho da melhor maneira possível, com o menor esforço possível, poupando energia e relaxando.

    E só não tem problema com o jeito que toca aquele que consegue tocar tudo que existe de piano sem dificuldade! rs

    soruji
    Veterano
    # fev/14
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    Estou um pouco desanimado. Sei que é um processo demorado, mas não queria ficar focado somente nisso. Tenho muita coisa de harmonia pra estudar e de fato, embora eu goste muito de improvisação, minha paixão é arranjo, reharmonização. Eu queria mesmo partir pra essa praia, até porque é o fundamental conhecimento que precisamos ter pra improvisar.

    O engraçado é que meu professor dá aula em escola sendo que ele mesmo não fez aula em escola, e sim com professor particular. Ele ainda salientou que é bem melhor porque você aproveita mais. Bom, foi uma das deixas que ele deu pra eu pensar melhor se queria mesmo fazer aula em escola convencional ou com um professor particular, mas aqui em Guarulhos tá difícil demais de encontrar, por isso fui buscar a duas horas de viagem da minha casa. rsrsrs

    TG Aoshi
    Veterano
    # fev/14 · Editado por: TG Aoshi
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    soruji
    Bom, concordo com o Artref, também não tô botando muita fé nesse professor... Mas enfim.

    Sobre a questão de trabalhar outras coisas paralelamente e a correção de vícios, fica meio difícil adivinhar o que seu professor tá pensando. Por exemplo, não adianta nada você pegar um estudo mais simples pra corrigir a passagem de polegar, e na hora que for trabalhar em outro assunto (e.g. pegando uma música - onde você tem milhares de coisas pra se atentar), ficar persistindo no mesmo erro.

    Agora, no caso de um assunto TOTALMENTE desvinculado, aí é meio óbvio que dá pra trabalhar paralelamente.

    Fora o que o dom de Deus comentou sobre "cansar a mente".

    enquanto eu não estiver "especialista" como ele me disse, nesses exercícios em todos os tons.
    Puxando aquilo que disse logo no começo, é isso que me faz não botar muita fé... Tem cara de "vamos treinar isso mecanicamente até você melhorar".

    Estudo de técnica NÃO É malhação, não é academia. Técnica é uma relação do seu corpo com o instrumento. A grosso modo, uma técnica refinada é fruto de muita reflexão e de um bom senso de obervação. Ficar tocando escalas (troque aqui por Hanon, ou qualquer outra coisa) mecanicamente todo dia vai te fazer um pianista melhor? Talvez um pouco, a longo prazo, mas é na cagada, você nem vai saber o porque melhorou.

    Veja que o problema não é o que você vai usar pra estudo (seja escalas, Hanon, etc...), e sim como você vai estudar. Tem que ver onde focar, onde estão os possíveis erros ou empecilhos; formular hipóteses e soluções; estudar e estar pronto pra voltar a estaca zero, quantas vezes necessário.

    Eu queria ver se cabia uma conversa franca com ele sobre isso
    Se você não está satisfeito, acho que é uma das primeiras coisas a se fazer. No caso de largar as aulas, explique o porque, afinal não é só você que precisa melhorar, o professor também merece (Desde que você esteja sendo humilde e respeitoso, se ele vai levar numa boa ou não, aí o problema é dele).

    soruji
    Veterano
    # fev/14
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    Então pessoal,

    Semana passada eu levei pra aula meu material de estudo particular para o meu professor dar uma olhada. Ele avaliou, disse que eu tenho um bom material e me incentivou a continuar estudando eles.

    Não precisei falar sobre os exercícios, pois ele mesmo falou que vamos trabalhar paralelamente. Apenas salientou que eles são necessários, e perguntou se eu sabia disso. Disse que sim.

    Agora vamos começar a estudar um pouco de aberturas de acordes para deixar o som mais "limpo". Posição aberta, fechada. Distribuir as notas nas mãos e procurar não repeti-las. Além disso, também comentou sobre o segundo cadencial (II - V - I), e também sobre o uso de acordes escondidos, que seriam aqueles acordes no qual eu não toco a tônica, para deixar exclusivamente para o baixista fazer. Confesso que achei bacana essa técnica. Deixa o som mais "jazzy". Enfim, decidi que não vou parar, pois eu tenho duas horas de aula (uma de teoria com um saxofonista famoso no meio jazz/funk/black gospel, e outra de prática). E percebi que pelo preço que pago não vou achar escola melhor, porque geralmente por escola, é uma hora de aula apenas. Portanto, agora vou começar a explorar algumas coisas harmonicamente falando, e tentar, ao máximo me mostrar interessado, pois querendo ou não, isso também auxilia o professor a se empenhar e estudar mais pra te passar vários truques, macetes.

    ckavernoso
    Membro
    # mar/14
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    Ele, como professor, não pode negligenciar as suas falhas e passar adiante com as aulas. Alias, as aulas para quem já sabe tocar é justamente para tirar os 'vícios' e dar andamento de forma progressiva. Por mais chato que seja, e já passei por isso, irá funcionar. Tente pensar assim: preciso treinar bastante essa parte chata para passar adiante. Fiz isso e deu certo. Por mais desanimado que esteja, não pare os estudos. Pois de qualquer forma o tempo passará, você estudando ou não. Bons estudos.

    ckavernoso
    Membro
    # mar/14
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    Ele, como professor, não pode negligenciar as suas falhas e passar adiante com as aulas. Alias, as aulas para quem já sabe tocar é justamente para tirar os 'vícios' e dar andamento de forma progressiva. Por mais chato que seja, e já passei por isso, irá funcionar. Tente pensar assim: preciso treinar bastante essa parte chata para passar adiante. Fiz isso e deu certo. Por mais desanimado que esteja, não pare os estudos. Pois de qualquer forma o tempo passará, você estudando ou não. Bons estudos.

    pliscki
    Membro
    # mar/14
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    soruji
    Até hoje nunca tive nenhum problema com o jeito que eu toco.

    Só vim comentar pois esse seu comentário me chamou atenção.

    Cuidado com pensamentos do tipo: "Eu sempre fiz assim e sempre deu certo"

    Muitas vezes a gente só vai descobrir que estava utilizando a técnica errada quando precisar executar algo com exigência maior.

    Eu era acostumado a usar só os três primeiros dedos em escalas cromáticas. Quando comecei a aprender peças de piano mais difíceis comecei a sentir dificuldades nessa parte. Aí você domina 95% da peça, e fica emperrado naqueles 5% por falta de técnica.

    PianistaMeioTecladista
    Membro Novato
    # mar/14
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    Concordo com o que o ckavernoso é pra resolver problemas técnicos. Eu acho meio que óbvio que o professor não vai te ensinar coisas que você mesmo possa aprender sozinho, já que tem tanto tempo que você toca. Por que não sugeri para ele juntar repertório com técnica? Sei lá, alguma música que trabalhe muito arpejos e escalas. Eu faço assim pra "tapear" meus alunos kkkkk

    soruji
    Veterano
    # abr/14
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    Bom dia pessoal,

    Como alguns já sabem, comecei a fazer aulas de piano. Meu professor vai começar a trabalhar com pauta agora. Eu sei identificar as notas na clave de sol, mas não tenho familiaridade com a de fá. Meu professor comentou que o melhor mesmo é começar pela de sol e depois partir para de fá, mas aí eu fiquei pensando: se a clave de sol é uma continuação da de fá, não teria mais lógica começar estudando a de fá e ir subindo a escala, do que começar do meio do piano para o grave??

    Acredito que até mesmo pra assimilar as notas seria mais fácil já que o aluno estará enxergando como uma extensão, ou seja, é como se fosse uma única clave, digamos assim.

    O que vocês pensam a respeito?

    fernando tecladista
    Veterano
    # abr/14
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    soruji
    O que vocês pensam a respeito?
    cada um tem sua maneira de ensinar, o importante é que após algum tempo você saiba as duas, porque tem "professor" por ai que só ensina a de sol

    até com livros já vi das duas maneira
    por exemplo o "meu piano é divertido" começa com as duas claves uma nota de cada vez, abrindo do dó central para as pontas

    outro metodo como o "Schmoll" o primeiro volume é todo em clave de sol nas duas mãos

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