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erico.ascencao Veterano |
# set/14 · Editado por: erico.ascencao
Vamos lá a mais uma resenha de brinquedo novo. Pra quem não conhece, trata-se de uma pedaleira para ser utilizada com instrumentos de captação hexafônica (captação individual para cada uma das cordas do instrumento e cujo sinal é transmitido para a pedaleira através de um cabo de 13 pinos) e que possibilita assim tocar sons PCM (ou seja, “sons de teclado”) e sons COSM (ou seja, sons de modelagem de instrumentos de cordas e sintetizadores).
Equipamentos de referência para comparação: - Zoom G9.2tt (referência para recursos para guitarra) - Line6 POD X3 Live (referência para recursos para guitarra)
Recursos: Basicamente, em cada patch da pedaleira podem ser configurados dois timbres PCM (timbres de teclado), um timbre COSM (modelagem de guitarras, baixos, violões e sintetizadores) e também como será trabalhado o sinal do captador normal da guitarra.
Além dos timbres em si, a pedaleira conta com módulos de efeitos: AMP (simulação de amplificadores de guitarra e baixo), MOD (pedais de efeitos para guitarra e baixo), MFX (efeitos diversos, dentre os quais estão também algumas simulações de amplificador), CHORUS, DELAY, REVERB e EQ. É possível configurar quais dos timbres do patch passarão por cada módulo e até é possível mexer na estrutura de ligação dos módulos, porém de forma mais limitada do que em pedaleiras de guitarra tradicionais.
Apesar de a pedaleira só ter 4 footswitches (3 para seleção de um dos três patches do banco e o CTL para controlar algum parâmetro), ela extremamente flexível em termos de configuração dos controles. Em cada patch é possível configurar as funções de controle para o CTL, pedal de expressão, switch do pedal de expressão, volume do GK e switches do GK. Existem duas formas de se configurar estes controles: através do menu PEDAL/GK CTL ou através do ASSIGN, sendo que nesta segunda forma é possível controlar muitos parâmetros específicos dos timbres, dos efeitos e afins – por exemplo, pode-se assinalar o controle da frequência de um dos filtros de um timbre PCM para o pedal de expressão.
Eu poderia escrever aqui uma tese de doutorado sobre os recursos desta pedaleira, porém nada melhor do que ler o manual de instruções e baixar o GR-55 Floor Board (software desenvolvido por entusiastas da pedaleira para fazer a configuração dela por computador).
Som: Pra um iniciante no mundo dos timbres de teclado como eu, os timbres PCM são maravilhosos. É só plugar a pedaleira numa caixa full range que os timbres já estão prontos, sem precisar ficar futricando muito na equalização. Existem muitos parâmetros editáveis nos timbres PCM, o que mostra o poderio desta ferramenta para se tirar os sons que você imaginar. O que eu achei legal é que alguns destes parâmetros editáveis contam com a opção TONE, que representa um valor padrão para aquele timbre e evita que você se perca ao experimentar diferentes valores e não consiga voltar ao valor original.
No lado guitarrístico da pedaleira (lado este que é novidade neste modelo em relação aos modelos antecessores da Roland), as simulações no geral são boas. As guitarras soam bastante convincentes, apesar de a Stratocaster e a Les Paul soarem mais fechadas do que as guitarras de verdade – as demais simulações eu não pude testar contra os instrumentos reais por não tê-los. Os violões de cordas de aço me soaram magros demais logo de cara, então terei que trabalhar bastante pra chegar num resultado semelhante a um violão com captação piezoelétrica plugado. Os baixos também me soaram convincentes testados com simulações de amplificador de baixo e com a pedaleira ligada em linha numa caixa full range.
Falando agora dos efeitos, aqui está o ponto forte da Roland/Boss. A parte dedicada à guitarra é basicamente um apanhado dos recursos da Boss GT-10. Pra um cara como eu que há mais de 3 anos não tinha contato com pedaleiras, voltar a programar tudo isso é meio sacal, mas no fim das contas deu pra conseguir timbres convincentes de clean (Fender Twin) e overdrive (Marshall 1959). No campo do high gain eu estou usando um Soldano e ainda não estou plenamente convencido devido a algumas frequências que sobram e tornam o timbre um pouco “ríspido”, sem a maciez que o timbre de um valvulado tem. Os demais módulos de efeitos são fantásticos, possuem várias opções de efeitos com regulagens bastante detalhistas. O único pecado dos efeitos é o fato de o módulo MOD vir depois do AMP, ou seja, se você for usar um wah-wah ele terá que vir depois do AMP, o que deixa o efeito meio xoxo. Ligando a saída da pedaleira numa caixa full range e configurando a saída da pedaleira para tal, o som final é bastante aceitável num contexto de banda ao vivo, o que para a minha aplicação é adequado.
De modo geral, os sons PCM e os efeitos jogam a nota deste quesito pra cima, enquanto a simulação de violão e o timbre high gain jogam pra baixo. Então, em resumo, dou um 7,5. Nota: 7,5.
Acabamento: Não tem muito que dizer aqui, tudo parece muito bonito e no lugar. Peguei o modelo na cor preta, que me pareceu mais discreto. Nota: 10,0.
Confiabilidade e durabilidade: Muitos elogiam a Boss neste quesito. Em se tratando da prima com teclas, acredito que também sejam válidos os comentários. A estrutura é bem similar à Boss ME-70 do meu amigo. Já ouvi relatos de um cara que toca na noite que a Boss GT-5 é o Santo Graal da parrudez (este cara tem duas pra tocar na noite, uma titular e uma reserva), sendo que o mesmo trabalhou com a Boss e teve acesso a todos os lançamentos. Enfim, só o dia-a-dia trará uma resposta mais definitiva. Nota: 8,0.
Impressão geral: Assim como comentei no review da Fender GC-1 Stratocaster, vi nesta pedaleira uma alternativa mais simples, versátil e barata para compor um set para ensaios e pequenas apresentações. Os timbres das simulações de guitarra e de amplificador não são maravilhosos como os equipamentos “de verdade” que eu pretendo deixar reservado para situações mais “gloriosas”, mas num contexto de banda em ensaio ou em apresentação ao vivo o timbre encaixa bem com o resto da banda. No fim das contas, ela atendeu muito bem o meu objetivo inicial de simplificar o set de guitarra, pedaleira e violão que eu tinha anteriormente.
Outro ponto interessante foi como esta pedaleira me reposicionou nas funções da banda. Sempre me incomodei muito com o formato de banda com dois guitarristas-só-guitarristas, pois acho que em muitas músicas os dois acabam tocando de forma muito parecida e são poucos os momentos que pedem duas guitarras distintas tocando. Com os recursos de teclado em mãos, hoje eu consigo preencher melhor os arranjos das músicas que possuem teclados “não-miguezáveis” e também os horizontes de repertório se ampliam. Meu luthier mesmo me alertou para que eu não “virasse tecladista”, mas não tenho tanto este receio por enquanto – pelo contrário, acho que este é um equipamento que me torna mais versátil pra me adaptar conforme o grupo em que estou tocando. Desta forma, hoje minha banda chegou quase à formação que eu considero ideal: vocalista, guitarrista, guitarrista/tecladista, baixista e baterista. Nota: 8,0.
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rafael_cpu Veterano |
# set/14
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erico.ascencao
Excelente review! Parabéns, amigo.
T+
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Lord-g Veterano |
# set/14
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erico.ascencao Wow, show hein cara! Belíssimo review e parabéns pelo brinquedo.
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erico.ascencao Veterano |
# jan/15 · Editado por: erico.ascencao
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Aproveitando que comecei a gravar uns vídeos, vou postar aqui um que gravei usando esta pedaleira.
Equipamento utilizado: - Fender GC-1 Stratocaster - Roland GR-55 (simulações de Les Paul, Soldano SLO100 e strings) - Staner SR-315A
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erico.ascencao Veterano |
# set/15
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Uma atualização da resenha...
Hoje eu estava tocando durante a tarde aqui em casa e, em função de uma corda da minha Ibanez ter estourado, toquei algumas músicas usando a simulação de humbucker na ponte de Stratocaster da Roland GR-55. Então aí vai uma comparação desta simulação com o som do humbucker da ponte da Ibanez, um Seymour Duncan TB-4 (JB).
No geral, o timbre da simulação seguiu a linha dos timbres das demais simulações de Stratocaster e Les Paul, ou seja, um pouco mais fechado que o som "de verdade". O som limpo fica bem legal e as distorções soam bem definidas. O único detalhe que eu não gostei muito foi a falta de ataque ao executar palm-mutes - está aí um problema sobre o qual já li a respeito para as antigas Variax, por exemplo.
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gL. Veterano |
# out/15
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erico.ascencao tu deu quanto nela na época? porque aí no tópico tu falou que era "barato", mas uma nova aqui ta 6k hduaihuashda
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erico.ascencao Veterano |
# out/15
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gL. É cara, eu peguei antes do boom do dólar. Acho que paguei R$3k. No ML tem por R$4k. Ainda assim seria mais barato do que levar guitarra, pedalboard grande, violão...
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gL. Veterano |
# out/15
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erico.ascencao 3k só o pedal ou com o gk3 e o cabo?
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erico.ascencao Veterano |
# out/15
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gL. 3k só o pedal ou com o gk3 e o cabo?
R$3k só a pedaleira. Com na época eu peguei uma Fender GC-1 Stratocaster, que vem com o GK-3 embutido, não precisei comprar o GK-3. o cabo eu comprei à parte também.
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Ramsay Veterano |
# nov/17
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Reabrindo o tópico, eu estava até meio inclinado a comprar uma GR-55, mas, após consultas diversas em fóruns gringos, especificamente no fórum da Amazon me deparei com esse comentário de um usuário que comprou uma GR-55: "I sold my gr 33 and my vg 88 v.2 to buy this thing and now I'm in depression because the sounds of the gr 33 and the vg 88 v.2 are far better and realistic than those in the gr 55. Roland sacrificed the quality of the sounds to put a bunch of features that in normal playing you are not going to use."
E também esse comentário de outro usuário: "I'd say the tracking is similar to the other two Roland synths... maybe slightly better..., Aqui fica claro quando ele fala que o tracking (velocidade da captação das palhetadas nas cordas pelo processador) é similar e talvez levemente melhor na GR-55 que o de outros sintetizadores de guitarra anteriores da Roland, tipo GR-20 e GR-33.
Depois disso, e levando em conta que possuo uma Roland GR-33 que comprei há muito tempo atrás, o que vcs acham?? Compro ou não a GR-55 que é atualmente é um elefante preto, mas, que brevemente vai se tornar um elefante branco, pq vai ser descontinuada pela Roland em 2018.
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sobrevivente Veterano |
# nov/17
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Ramsay De fato é algo a se pensar antes de fazer este upgrade. Se fosse possível fazer um bom test drive antes seria o ideal, né.
O que você acha da tua GR-33 atualmente, no aspecto de qualidade de som (tanto ao vivo quanto em casa)? Eu me lembro que eu tinha uma GAS absurda pra pegar um.
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Buja Veterano |
# nov/17
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Ramsay A GR33 hoje custa metade do valor ne. Um upgrade de 50%, que pelo que voce postou ai, nao upgrada seu setup em 50%. Se ja tem uma, nao faria o upgrade. Justamente porque, logo a gr55 sairá de linha, ficará baraterma, e pode perder grana.
Mas eu que sonho com uma, qualquer que seja, gr20, gr33 ou gr55, assim que baratear vou comprar!
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EduJazz Veterano
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# nov/17
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Eu tenho a GR55. Gosto muito dos sons. Mas, no seu lugar, ficaria quieto.
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Ramsay Veterano |
# nov/17
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Agradeço aos colegas pelas respostas. Vou seguir o conselho de vcs e manter a GR-33. Apesar de eu possuí-la há muito tempo, só agora me dispus a estudar o Manual com calma, e aprendi a modificar e agrupar no 1º banco os sons da minha preferência que são os de jazz organ, violino, saxofone (esses três são excelentes e muito próximos dos instrumentos reais) e gr-300 e no 2º banco coloquei um synth pad, trompete, piano e um que não lembro o nome. Aprendi também a modificar os parâmetros dos patches ao meu gosto tornando-os ainda melhores do que já são. Com isso a Gr-33 se tornou bem prática pra tocar ao vivo, se bem que o meu "ao vivo" é só dentro de casa mesmo.
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