A metafísica da amplificação da guitarra

Autor Mensagem
Casper
Veterano
# mai/08


Meu primeiro contato com amplificação
não convencional de guitarras foi com uma
Zoom 9030. Confesso que fiquei empolgado.
Tinha um preset BOMB que era uma coisa
jamais vista em processadores. Eu era jovem
e facilmente me impressionava com as coisas.

Na época eu tinha um overdrive BOSS,
um flanger DOD e um Marshall 8080.

Meu colega, possuidor do Zoom tinha um 8080
também. Ele tinha muitos mais possibilidades sonoras
que eu, claro, mas duas coisas me chamavam a atenção:

a) O eterno chiado de fundo da Zoom,
mesmo usando o noise reduction;

b) A sensação de "desconexão" ou "distância"
entre a guitarra e o ampli.

Hoje eu sei o que causava isso: Os primeiros DSP's
eram muito inferiores aos de hoje, a latência era
muito maior, etc... Latência parecia ser a palavra chave.

Vieram outras gerações de DSP's, cada vez melhores.
Particularmente o Digitech Valve-FX me impressionou
muito. Não se percevia a latência, porque parte do sinal
atravessava direto se misturando com a parte do DSP.

Mas isso é só passado. Os DSP's atuais tem latência
desprezível, amostragem mais que necessária, etc...
Mas em alguns casos eu percebo ainda esse "vão"
entre a guitarra e o amplificador. Tenho duas teorias.

Vamos pegar a Boss G8 como exemplo.
Tirando os usuários que usam ela somente com fone
de ouvido (que imagino ser a minoria), existem dois
grupos de usuários:

a) Os usuários que ligam ela direto em PA's com
resposta de freqüência plana.

b) Os usuários que ligam ela em um amplificador
de guitarra convencional.

O caso a) é simples de explicar. A própria distância
que o guitarrista fica das caixas de PA, os problemas
de fase entre diferentes alto-falantes, etc... causa essa
sensação de "desconexão".

O caso b) é mais complicado. Como explicar? Bom...
Duas coisas. No caso da G8, todos os presets me parecem
otimizados para usar com fones de ouvidos. Pode conferir,
o timbre sempre fica bom no fone. A resposta de frequência
de um bom fone de ouvido é praticamente plana.
Agora, ligando esse preset "perfeito" em um alto falante de
guitarra (minha referência é um celestion 10"), através
de um amplificador típico, esse preset fica péssimo.
Lógico. O preset não foi feito para isso. Eu sento, retiro
o simulador de alto-falante, mudo o pre amplificador do DSP,
brigo um pouco com o equalizador... pronto. Ficou bem
melhor. Mas longe do resultado obtido no fone de ouvido.
Um dos vilões da coisa é sobrepor um simulador de alto-falante
sobre um alto-falante real. Isso eu percebi logo. Um outro erro
é tentar "consertar" a curva de um alto falante de guitarra
com o equalizador do DSP. No celestion 10", por exemplo,
dar um reforço em torno dos 70 Hz é catastrófico.
Eu sinto que usar o equalizador do próprio amp, que geralmente
é passivo, é mais efetivo. Para reforçar os graves, atenua-se os
agudos e vice versa. Isso, deixo claro, é a minha opinião, na
busca de um timbre específico.

O resumo é o seguinte:

Os melhores resultados, na minha opinião, que eu testei,
são conseguidos com um DSP ligado a um amplificador
de resposta plana. O mais neutro possível. Eu já usei uma
G8 em um amplificador Roland KC-350 e foi a melhor
combinação. E a série KC é para teclado. Eu não tive a
oportunidade de testar com dois, para testar o stereo,
mas eu não faço questão de Guitarra stereo. O que eu
acho fundamental é o amplificador estar o mais próximo
possível. Seja qual for o amplificador.

Mas pode ser que eu esteja velho e falando bobagens.
Ficar velho é uma merda, como diria o Sr Manson...

felippecg
Veterano
# mai/08
· votar


DSP's (do inglês Digital Signal Processor) são microprocessadores especializados em processamento digital de sinal usados para processar sinais de áudio, vídeo, etc.,

Latência é a diferença de tempo entre o início de um evento e o momento em que seus efeitos tornam-se perceptíveis.

Casper
Veterano
# mai/08 · Editado por: Casper
· votar


A metafísica da amplificação da guitarra - parte dois.


Caro felippecg : Obrigado pelas observações.
Elas deveriam estar em meu texto. Falha minha.


Prosseguindo.

Outra questão de comportamento diferente entre
a amplificação convencional e modelos de amplificação
é como a microfonia acontece. Usando a acima citada
G8 e um amplificador comum, em volumes altos, é
claro que a microfonia aparece. O que acontece,
entretanto, é um comportamento diferente de um
amplificador valvulado, por exemplo.

Uma microfonia "controlada", em um amp valvulado,
oferece um certo tipo de modulação em amplitude,
que de certa forma é previsível. Com DSP's, eu tenho
a impressão que a microfonia é mais "estourada",
e isso não quer dizer que é pior nem melhor. Eu não
tenho certeza do motivo pelo qual isso acontece.
Provavelmente o mais importante é em relação
à fase do sinal da realimentação, mas isso depende
muito da cadeia de efeitos entre o amplificador
e a guitarra.

Certamente o aparecimento dos harmônicos na cadeia
de realimentação é importante. Na geração atual de DSP's,
isso não deve ser um problema como nas primeiras gerações
de processadores, que simplesmente no final da cadeia, depois
do conversor digital-analógico, ou mesmo nesse, tinham
filtros passa-baixa bem drásticos. Essa, aliás, pelo que lembro,
era a principal reclamação dos compradores desses
primeiros processadores. Hoje, tirando alguns xiitas, que
propõem taxas de amostragens de 410Khz / 24 bits (o que eu
particularmente acho exagero, mas se vier é bom), os
DSP's da atual geração fazem bem seu trabalho.

Eu percebo também que a microfonia é diferente, quando vc
tem um sistema com um só, ou alto falantes iguais
(amplificador de guitarra) ou sistemas de resposta plana
(com woofer, tweeter, etc). A microfonia com um só alto
falante é muito mais controlável. Com sistemas de
resposta plana, existe uma tendência para o
agudo-ensurdecedor ou para o grave-terremoto.
Essa característica aparece em sistemas com ou sem DSP.

Novamente lembrando que esse texto é sobre a metafísica
da coisa, não passa de minhas observações pessoais.

Slowhand-
Veterano
# mai/08
· votar


Muito interessante seu texto. Confesso que não sei o suficiente para argumentar e talvez nem para ter uma opinião sobre, mas apreciei bastante a leitura :)

Falen
Veterano
# mai/08
· votar


Muito bom o texto.
Show de bola (y)

felippecg
Veterano
# mai/08
· votar


Casper
Tamos aki pra ajudar né..
belo testo valew!!!!

Fernando de almeida
Veterano
# mai/08
· votar


Casper
Pode conferir,
o timbre sempre fica bom no fone. A resposta de frequência
de um bom fone de ouvido é praticamente plana.

Se vc tiver um bom aparelho de som (3x1) dos novos, ligue tb pra vc ver ... esse patche que fica top no fone fica muito true no som tb ... (tanto que pra algumas gravações, pretendo qq dia usar um aparelho 3x1, só pra ver no que dá ...

Roland KC-350 e foi a melhor
combinação. E a série KC é para teclado.

Já notei tb bom timbre usando ampli de teclado ...

Uma microfonia "controlada", em um amp valvulado,
oferece um certo tipo de modulação em amplitude,

Algo próximo de um tremolo, né???

Com DSP's, eu tenho
a impressão que a microfonia é mais "estourada",
e isso não quer dizer que é pior nem melhor. Eu não
tenho certeza do motivo pelo qual isso acontece.

Cara vc tem um sinal que sofreu conversão A/D e depois D/A ... O feedback disso seria mais uma passagem em A/D e depois D/A, ou seja uma segunda passagem já do sinal "mudado", isso pode ser uma motivo do som estranho ... Outra é natural do feedback, sofre modulação em frequência (nas somatórias frequências cancelam outras, muda até o timbre e chega a oitavar, logo o dobro da frequência - fora as harmonicas ...), será que o projeto da pedaleira foi feito para atuar bem com isso??? Será que a parte digital "entende" bem isso??? Infelizmonte eu não sei te responder ....

esse texto é sobre a metafísica
São pareceres que tem certo nexo ... com certeza não é só vc que fica remoendo com isso ...

MontanhaSong
Veterano
# mai/08 · Editado por: MontanhaSong
· votar


Casper

Ótimo texto...

Os melhores resultados, na minha opinião, que eu testei,
são conseguidos com um DSP ligado a um amplificador
de resposta plana. O mais neutro possível. Eu já usei uma
G8 em um amplificador Roland KC-350 e foi a melhor
combinação. E a série KC é para teclado. Eu não tive a
oportunidade de testar com dois, para testar o stereo


Bem...essa é a configuração que uso atualmente...um Roland VG-99 ( que na realidade possui duas GT-Pro embutidas) com o acréscimo de duas Roland CM-30...é questão de opção mesmo, já que preferí trabalhar com simuladores...entre tudo o que eu testei a melhor resposta encontrada foi realmente em amplificadores o mais flat possível...nesta mesmo configuração às vezes ligo uma Korg AX-3000....ou um Pocket Pod...prá mim funciona muito bem assim...mas requer realmente uma boa regulagem no mixer do próprio ampli....já a resposta estéreo testei apenas nos dois CM-30, uma vez que possuo só um KC-350...na minha opinião ficou bom, embora a potência dos CM-30 seja baixa ( 30 W)...ligando os dois CM-30 em um canal e a KC-350 em outro não ficou ruim...mas há uma grande diferença de resposta entre a KC( 120 W falante de 12´) e a CM-30 ( falante de 6.5´)...
Enfim...a questão é realmente de opção com o que se pretende trabalhar....prá mim funcionou bem assim....

Abraços...

Casper
Veterano
# mai/08
· votar


Caro Fernando de Almeida:

Algo próximo de um tremolo, né???
Exatamente!

É o que eu imagino também, sobre a reentrada do sinal
por essa cadeia de A/D - processamento - D/A... que é
muito mais complexa e tem resultados mais difíceis de
prever que uma amplificação sem DSP's.

Caro MontanhaSong:

Muito boa sua configuração. Eu gosto dos CM-30.
Seu sistema é bem flexível.

Uma coisa que eu tenho vontade de experimentar
uma G8 ou uma G10 em um par de Mackie HR824.
Nessa faixa de preço, eu não conheço monitor neutro
como esse. Deve ficar show de bola com um sistema,
se for com a sua VG-99 então deve beirar a perfeição.

thigsm
Veterano
# mai/08
· votar


Casper
Porque você escreve em forma de poema? hehe.
Brincadeira cara, eu li os dois textos e gostei bastante, mais tarde eu vou ler denovo com calma pra entender direitinho.

Valeu ae pela contribuição =)

MontanhaSong
Veterano
# mai/08
· votar


Casper

Pois então...esse, prá mim, é o grande lance dessa configuração que estou com ela hoje...versatilidade...funciona mais ou menos assim...uma mesa Staner S-8 ( que será trocada em breve...ainda não sei por qual) que recebe os dois canais do VG-99...um teclado Korg PA-50 ( que às vezes toco( diretamente ou pela função " Guitar to Midi do VG-99 com o modo "full upper" acionado - o que me permite fazer bases na guitarra e ter os acompanhamentos automáticos do Korg " me acompanhando" - ou solto uma sequência midi)...já liguei também nesta configuração um baixo e uma V-Drum Roland TD-6 ...e com boas regulagens em cada um dos instrumentos e na mesa fica bastante bom...levando-se em conta que a coisa tá mais prá hobby do que prá profissionalismo...mas fica bastante aceitável...
Nunca testei essas Mackie HR824...o que são exatamente?

Abraços...

Casper
Veterano
# mai/08
· votar


Caro Thiago:

Eu escrevo em uma janelinha, enquanto
trabalho, por isso o formato de poema...

Caro MontanhaSong:

Mackie HR824 é um monitor muito usado em
mixagem e até em masterização. Olhe a versão
atual dele:

http://www.mackie.com/products/hrmk2series/index.html

Veja as especificações. É um monitor muito preciso,
colore muito pouco o som. Transparente é a palavra.

Dr Jivago
Veterano
# mai/08
· votar


Casper

Muito boa explicação. Para acrescentar segue um texto (em inlgês) que acho bastante explicativo sobre os problemas da utilização de multi-efeitos com amplificadores.

I'd Like to know what is James' opinion about multi-effect procesors and a set of single effect boxes and how they affect the quality of the sound?
BYRD: It's a potentially complex issue and the answer depends on several things: First, how do you define "Effect"? I define it as any sort of processing which alters pitch, or time. So (for example), a reverb, an echo, or a harmoniser or chorus would be an "effect", but an overdrive or wah-wah pedal would not. The latter alter gain and EQ, but do not "Process" information into "NEW" information, merely altered information. That said, multi-effects devices almost always run at +4 unity gain and have what in layman's terms is called "Low impedance" operating voltages. This means that when taken by them-self, and within them-selves, they are quieter, and have better fidelity. Now, if you are using an ordinary guitar amplifier, the use of a multi-processor can become problematical for a number of reasons: Firstly, the input stage of the standard guitar amplifier is high impedance, not low impedance.
Attempting to use a multi-effects processor in front of the amp, will require an increase in gain beyond unity -as within the device-, which will increase the noise. Secondly, if you use such a device with an "effect" -as defined earlier- in front of the amplifier, and the amplifier is used in such a way as to create distortion, the distorted tubes or mosfets circuits of the amplifier will collapse, or attempt to "sine" the -now- more complex content being fed into the amp. The result will be -pardon my crudeness- shit.

Por essa razão que os multiefeitos se dão bem com PA´s, fones ou mesmo amplificadores que não geram qualquer distorção (como de teclados)

Lak Lak
Veterano
# mai/08
· votar


bom topico, eu nunca soube explicar pq eu sempre amei as coisas "do jeito antigo", axo q vc me ajudou hehe...

abraços

DotCom
Veterano
# mai/08
· votar


Secondly, if you use such a device with an "effect" -as defined earlier- in front of the amplifier, and the amplifier is used in such a way as to create distortion, the distorted tubes or mosfets circuits of the amplifier will collapse

Isso também acontece ao colocar PEDAIS de chorus, flanger, delay no input do ampli... Não é uma coisa só de multiefeitos.
E depois, guitarra clean não significa que ela só manda uma senóide... Essa parte do texto tá meio furada.

rafaelbretas
Veterano
# mai/08
· votar


Casper

Finalmente, a PRIMEIRA crítica funcional às modernas pedaleiras que eu acredito proceder: a microfonia é realmente diferente. Não imagino e sequer ouso tentar explicar o porque, mas ao vivo sempre utilizei a pedaleira ligada simultaneamente no PA e no amplificador SEM MICROFONAR (para eu ter um controle mais apurado do volume do meu retorno, feito pelo amp e pelo pa TAMBÉM). O que me intriga é que quando 'faço' microfonia com a caixa do PA, o som sai DIFERENTE (não sei se chega a ser suficiente pra considerar PIOR) de quando a microfonia é provocada pelo amplificar (não microfonado, como já disse).

Infelizmente nunca tentei fazer microfonia através do PA recebendo o som de um amp microfonado, mas deve ser semelhante à com a pedaleira ligada direto.


Reforçando: o som não é PIOR, apenas DIFERENTE.

rafaelbretas
Veterano
# mai/08
· votar


E é só isso.

Todas as outras 'críticas' (não que sejam coisas ruins) eu achei equivocadas. Mesmo procedendo, as vezes não fazem sentido: como falar sobre o som da pedaleira ligada em um amp de guitarra sendo que ela não foi feita para esse tipo especifico de uso.

marcioguita
Veterano
# mai/08
· votar


A sensação de espaço que me dá ligar a pedaleira com "Y" é um pouco igual a fones ,

texto legal, valeu!

CaioPrimo
Veterano
# mai/08
· votar


Casper
Sou Leigo no assunto, essa distancia que voce fala dos amplificadores tem a ver com dinamica, latencia como 1 tipo de atraso?

Casper
Veterano
# mai/08
· votar


Caro Rafael Bretas:

Eu disse que os "presets" da G8 são feitos para soarem
bem em fone de ouvido. E disse que uma G8 soa melhor
em um amplificador de teclado que em um amplificador
de guitarra. São as minhas impressões.

Caro Caio Primo:

Essa distância que eu cito é uma sensação
que parece que não sou eu tocando esse amplificador.
É no fundo a união de todos esses fatores: latência,
distância física, etc...

Casper
Veterano
# mai/08
· votar


A metafísica da amplificação da guitarra - parte três.

"O meu é grande, o seu é pequeno"


Cena 1.
SP, Guarulhos, há muitos anos.

O pequeno Casper na frente de um JCM900.
Pronto para experimentar toda a lenda Rock and Roll,
pronto para ter a chance de tocar na frente de um dual
stack de verdade. Preparado para ter uma experiência
extra-orpórea, atingir o nirvana. Para completar,
uma Les Paul Studio preta. Liguei direto, sem
passar por nenhum efeito, para a experiência ser total.
Mas não foi nada disso. O JCM900 não é ruim, o drive
estava lá, mas não foi nada do que eu imaginei.
As ondas do Rock and Roll não atravessaram meu corpo.
Naquela noite, dormi chorando (risos).

Cena 2.
NY, Loja da SamAsh, há poucos anos.

Era meio de semana, loja vazia. Eu estava
de bobeira, e tinha um Princeton, desses novos,
na sala isolada. Ele estava em cima de um outro
amplificador que eu nem lembro qual era.
O vendedor perguntou se eu queria experimentar.
Ele trouxe uma Ibanez com Floyd, tudo que
eu mais abomino em uma guitarra. Pensei, lá vem
o sofrimento. Nas primeiras notas, eu não acreditei.
Aquele combo com 15W e alto falante de 10"
foi toda a experiência mística-extra-corpórea
que o JCM900 não foi. Fechando os olhos,
eu parecia estar em frente a uma parede
de furiosos amplificadores saturados.Tudo que
eu imaginava saber sobre a vida desmoronava de vez.
Naquela noite, dormi chorando (risos).



A questão é: Qual fator realmente produz a
sensação de "grandeza" em um amplificador?

Na minha opinião, primeiro, não deve-se ver o
amplificador como o final da cadeia do som.
Ele é apenas um elo da cadeia. Vou dar um
exemplo de um erro bastante comum. O cara quer
um som de distorção com chorus. Ele pega um chorus
liga a guitarra nele e ele em um, por exemplo
Mesa Triple Rectifier. Certo?

Na minha opinião é errado. Esse chorus devia
ser colocado posteriormente na gravação, ou
no máximo devia estar no loop. Colocando esse
chorus na frente, ele transformou esse amp que
sua gigante em um amp anão. Quase toda
modulação de alguma forma faz isso.

Mas, na minha opinião, o segredo está no
posicionamento do microfone. Por exemplo, um
SM57 colado no alto falante dá impressão
completamente diferente de esse mesmo
microfone a 2 metros do amplificador.

Eu tenho a convicção que, com o cuidado
necessário, se consegue fazer um amplificador
pequeno soar enorme. E o oposto é tão ou
mais verdadeiro: Fazer um amp enorme soar
minúsculo.

georginho_gallagher
Veterano
# mai/08
· votar


Eu sinto que usar o equalizador do próprio amp, que geralmente
é passivo, é mais efetivo.


Bom texto, inclusive sobre o comentário acima costumo praticamente fechar os agudos no amp mesmo (uso pelo 3 aprox.) abro os médios e graves a gosto. Se abrir os agudos no amp n tem equalização na pedaleira que dê jeito (ou até tem, mas aí ter paciência de configurar são outros 500...). Uso uma gt8 no input do tf300, que tb tem celestion (70/80' de 12").

ah, e não costumo usar simulação de falante na gt8, o que no seu texto seria um erro. Já testei, fica até legal mas não me dá a variedade de timbres desejada, parece que todas as simulações soam como simulação de marshall, inclusive as de fender bassman.

abçs

Casper
Veterano
# mai/08
· votar


A metafísica da amplificação da guitarra - parte quatro

Simuladores de amplificadores.
Qualquer pessoa que já tenha tentado gravar
o som da guitarra diretamente, usando alguma
saida "line out" ou algo parecido, sabe que
isso simplesmente não funciona.

Alguns produtos ficaram clássicos, tentando
resolver essa situação. Os dois mais populares,
eu acho que foram:

Red-box, da The Hughes and Kettner, simulador de caixa.
SansAmp, da Tech21 (hoje é o 'classic").

Os dois são bons produtos, mas tentam emular
equipamentos de forma muito simplista.
Existem alguns produtos analógicos de qualidade,
que funcionam como os dois acima citados,
como por exemplo o PSA1 da Tech21, que é
um produto muito interessante, mas com um preço
proibitivo.

Essa é uma das áreas onde os processadores
digitais de sinais superaram (e muito) os analógicos.
Eu penso que a forma de gravar, hoje, com
o melhor custo-benefício, para a grande maioria
dos não-profissionais, é usar algum tipo de
emulador digital. Microfonar é um esquema mais
flexível, mas que sai bem mais caro. E é bem mais
complicado, manter um ambiente acusticamente
aceitável para microfonar decentemente. E usar
microfone é um tipo de arte que demanda tempo,
experimentação, calma, uma esposa paciente
e um filho que não jogue playstation na sala ao
lado usando subwoofer.

Bog
Veterano
# mai/08
· votar


Casper
a forma de gravar, hoje, com
o melhor custo-benefício, para a grande maioria
dos não-profissionais, é usar algum tipo de
emulador digital.


Polêmicas e confusões à parte (quanto ao papel de um DSP, quanto ao significado de "metafísica"), concordo 100% com esta afirmação.

Casper
Veterano
# set/08 · Editado por: Casper
· votar


A metafísica da amplificação da guitarra - parte cinco

A busca pelo timbre XXX

Toda essa evolução tecnológica nos trouxe até um ponto
em que compramos uma pedaleira que é capaz de
emular n amplificadores e n efeitos. Nos aproximamos
cada vez mais do ponto em que, se eu quero o som, por
exemplo de um Marshall JCM800 com um TS,é só escolher
o preset certo, fazer pequenos ajustes e ser feliz.
Isso é bom e ruim.

É bom porque permite a qualquer pessoa ter acesso
aos timbres consagrados sem ter que vender o carro.
O lado estranho disso é que a experimentação com
novos timbres é algo que ficou para segundo plano.

Quando os primeiros pedais de efeito surgiram, a
idéia inicial era de extrair novos sons dos instrumentos.
Todas aquelas experimentações, os flangers doidos
com gravador de rolo, os delays de fita, os phasers
psicodélicos, tudo era uma tentativa de criação de novos
sons.

A tecnologia evouluiu muito, e trouxe o DSP, que eu
pessoalmente considero uma ferramenta maravilhosa.
Mas parece que os fabricantes de pedaleiras se
satisfazem simplesmente tentando recriar os timbres existentes.

Por exemplo, um multiefeito digitech atual permite,
entre outras, as escolhas de:

...Ibanez Tube Screamer, Guyatone Overdrive, ProCo Rat, MXR,
Boss DS-1, Boss Metal Zone, Roger Mayer Octavia,
Demeter Fuzzulator, Arbtier Fuzz Face, EH Big Muff p,
Dunlop Cry Baby, Vox, Clyde McCoy Wah, Boss CS-2,
MXR DynaComp, Boss CE-2 Chorus, TC Electronic Chorus,
MXR Flanger, EH Electric Mistress, MXR Phase 100,
EH Small Stone, Boss OC-2 Octaver, Unicord Uni-Vibe,
Fender Opto Tremolo, Vox Bias Tremolo, Boss DM-2,
Maestro EP-2, EMT 240 Plate, Fender Tweed Deluxe,
Fender Tweed Champ, Fender Tweed Bassman,
Fender Blackface Twin Reverb, Fender Blackface
Deluxe Reverb, Marshall JTM-45, Marshall Super Lead, ...

A lista é muito maior que isso. Na primeira vista, parece
que a escolha é infinita, mas na verdade, os parâmetros
que podem são alterados são os parâmetros encontrados
nos equipamentos originais.

Fazendo uma comparação com os primeiros DSPs,
por exemplo o 9030 da Zoom, os de hoje estão bem
mais conservadores. Os DSP's atuais poderiam, por
exemplo, ter ferramentas de construçãp de novos
parâmetros e ferramentas para construção de
distorção baseadas em algoritmos de manipulação de
onda por Graintable, por exemplo, mas esse tipo
de experimentação, comum nos sintetizadores,
parece não ser do agrado dos guitarristas.
O que é uma pena.

Na minha opinião, estamos somente arranhando as
capassidades e possibilidades do DSP.

Bog
Veterano
# set/08
· votar


Casper

Rapaz, algo me diz que você ainda faz confusão quanto a o que é um DSP. Não tem "DSP conservador" nenhum aí. DSP é somente uma peça de hardware. Se tem algo que pode ser considerado "conservador" aí, são os algoritmos que estão rodando sobre os DSPs, não os próprios DSPs. Afinal de contas, são os algoritmos que simulam (ou não) coisas que já existem. DSP não simula nada, DSP roda programa.

Casper
Veterano
# set/08
· votar


Quandoi eu digo DSP, eu considero o hardware
(microcontrolador ou FPGA) + o Software
(assembler ou verilog). É evidente que o
hardware não é conservador. Eu trabalho
profissionalmente com FPGA da Altera e sei
das possibilidades do mesmo. A parte conservadora
se relaciona com o algoritmo, obviamente, implementado
nas pedaleiras.

Bog
Veterano
# set/08
· votar


Casper

Quase! DSP não é exatamente microcontrolador ou FPGA, DSP é um tipo específico de processador que usa arquitetura Harvard, com barramentos independentes para dados e programa, além de fazer multiplicação e soma em um único ciclo. O propósito disso é fazer transformadas rápidas de Fourrier. O software também não precisa ser necessariamente (assembler ou verilog) - para muitas coisas, usa-se o bom e velho C mesmo, ou uma mistura de C e assembler.

Só estou falando isso para esclarecer. ;) Eu já trabalhei programando DSP.

No geral, concordo com algumas das coisas que você disse. Mas note que, mais do que tecnológico, o motivo para os fabricantes simplesmente simularem o que já existe é comercial. Eles tentam vender o que as pessoas querem comprar. Tanto que a minha pedaleira Digitech inclui um bom punhado de "simulações" de coisas que não existem, e estas são muitas vezes melhores do que as de equipamentos renomados. Mas se a Digitech deixasse apenas essas, certamente seria criticada. No fim das contas, se não tiver nominhos como JCM800 e Dual Rectifier, o povo não compra. Mesmo as simulações analógicas da Tech21 (SansAmp), que não se referem a modelos específicos, costumam fazer referência clara a uma ou outra marca. A maior parte das pessoas quer mesmo, afinal de contas, ter um som de [amplificador predileto] por um preço mais baixo, ou com mais praticidade... =/

Casper
Veterano
# set/08
· votar


Eu uso o microcontrolador da Microchip DSPIC33FJ256MC710,
que é uma mistura de microcontrolador RISC e DSP,
por isso é conhecido como dsPIC. Ele é um lixo para
ser empregado em áudio, mas eu citei microcontrolador
só para ilustrar. Onde o algoritmo é implementado
não é um fator tão primordial.

Concordo com você. Comercialmente, seria inviável
lançar um produto sem o apelo de emulação de equipamentos
existentes.

André Arraiano
Veterano
# set/08
· votar


e eh porisso tudo q eu AMO o som q sai soh da guitarra ligada no amp...

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a A metafísica da amplificação da guitarra