Sversut Veterano |
# jan/03
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19.) ACORDES COM PESTANA
Alguns guitarristas/violonistas sentem-se marginalizados por terem que procurar todo o tempo versões "café-com-leite" de músicas - ou simplesmente evitar tocar certas músicas - simplesmente pela presença "maligna" de acordes com pestana.
Eu garanto a vocês que (os mais experientes concordarão) aprender e entender acordes com pestana é um dos "pulos-do-gato" do aprendizado do instrumento. Além do mais, não representa, como muitos pensam, uma dificuldade extrema - embora exija perseverança e muita prática, pelo menos no início. A grande vantagem dos acordes com pestana é que, aprendendo algumas simples formas, você será capaz de montar acordes, e o melhor, é muito mais fácil alterar o tom sobre pestanas do que sobre acordes abertos. Então, depois deste artigo, quando você pegar uma música cifrada e ver aquele C#m7+, não sairá mais correndo gritando "Mãããnheeeeeeeee!!!!!!!
A grande "chave" para tocar acordes com pestana (vou chamar só de pestana, OK?) é desenvolver a habilidade de prender todas as cordas, numa só casa, com um só dedo: o indicador da M.E. E, é claro, fazer isto de maneira rápida, limpa e com bom som em todas as 6 cordas.
Vou voltar a salientar os artigos de Postura: se você não consegue fazer pestanas com eficiência, tente começar a treiná-las na posição clássica: sentado, pernas semi-abertas, instrumento a 45 graus, blá, blá, blá... DEPOIS de adquirir a técnica necessária, você pode tocar até de cabeça pra baixo - citei no artigo Postura diversos ases da guitarra/violão que tocam de maneira totalmente anti-eclética; você também pode inventar seu estilo, DEPOIS de dominar todas as técnicas. Na posição clássica, o alcance é muito maior, o posicionamento de ombro, braço, cotovelo, ante-braço, pulso, mão é muito mais propício para montar qualquer coisa sobre a escala - infelizmente, quando adquirimos alguma técnica, esquecemos dos princípios básicos e, geralmente, fazemos esforços desnecessários, só pra criar "estilo" (?).
O posicionamento básico da Mão Esquerda (M.E.) para montar pestanas é o seguinte:
1- polegar ATRÁS do braço do instrumento (e não ao redor dele), apertando as costas do braço aproximadamente no meio, com a POLPA do polegar (não é a ponta nem a junção da falange);
2- como o polegar de cada um tem um formato diferente, infelizmente cada um tem que encontrar a melhor maneira de conseguir contato IDÊNTICO do dedo em todas as cordas. Normalmente (por experiência em ensinar MUITA gente) é muito mais fácil encontrar um ponto de contato do dedo com as 6 cordas simultaneamente usando a lateral do dedo, e não a parte frontal. Vou detalhar mais ainda: quando você aperta seu polegar contra o seu indicador, sem nada no meio, é comum os dedos NÃO se tocarem de "frente" - o normal é o indicador tocar sua parte lateral na polpa do polegar. Logo, se colocarmos o braço do instrumento entre esses dedos, e o polegar estiver com a polpa apoiada nas costas do braço, o indicador invariavelmente estará tocando as cordas com a sua parte lateral. Tente, então, prender todas as cordas, ao mesmo tempo e com a mesma intensidade, com a lateral de seu indicador.
3- o indicador dificilmente se posicionará de maneira ereta. Diferentemente do que muitos pensam (até por quê nos desenhos de cifras aparece um risco bem retinho...), é difícil encontrar quem faça pestanas com o dedo indicador totalmente reto. É muito mais comum encontrar músicos que apoiem o dedo indicador, lateralmente contra as cordas, numa posição meio "arqueada" - como numa forma de "parênteses". Além de aumentar a área de contato, este tipo de posicionamento deixa os outros 3 dedos da M.E. numa posição mais confortável para apertar as cordas mais precisamente com a parte correta da ponta dos dedos. Mas, como já disse, estou dando a forma mais comum - isto não quer dizer que você tenha que fazer desta maneira.
4- não monte nenhum acorde no início; faça somente a pestana "sêca" - só com o indicador. Toque arpejos usando as 6 cordas, escute o som obtido - a pestana deve soar limpa, em todas as 6 cordas. Tente entre a 5a. e a 12a. casa - onde é mais fácil fazê-las (menor tensão nas cordas). Você precisa de FIRMEZA e TÉCNICA - só força não adianta.
Nas primeiras tentativas, talvez você não consiga muito êxito (mentira: você NÃO VAI conseguir fazer direito...). Fazer pestanas exige muita força na M. E. (o que não quer dizer que você tenha que fazer força!) - e a força necessária para termos firmeza e precisão vem de fazer "musculação" com a M.E. - e musculação é exercício.
Abaixo, um pequeno exercício para você "sofrer" um pouquinho; vale a pena - os resultados aparecem em uma semana - se feito diariamente:
1- faça uma pestana, na 5a. casa, somente com o indicador, e toque o arpejo com a Mão Direita. O som deve sair limpo em todas as 6 casas;
2- repita o procedimento, na 6a, 7a, 8a, 9a, 10, 11a, 12a casas e depois volte, uma a uma, até a 5a. Repita o ciclo completo por 5 vezes;
3- faça uma pestana simples (só indicador) na 3a. casa - toque uma corda de cada vez, na seguinte ordem: 6,5,4,3,2,1,2,3,4,5,6 - todas devem ser ouvidas claramente. Vá para a 7a. casa e faça o mesmo. Volte para a 5a. casa repita. Finalmente, faça o mesmo na 9a. casa. O som deve sair limpo e soar por algum tempo. Repita o ciclo completo 5 vezes.
Faça a sequência de exercícios acima 5 vezes por dia - após uma semana você vai notar a diferença na habilidade da M.E. em montar as pestanas com rapidez e precisão, sem muito cansaço. (Obs.: nos 2 primeiros dias, você vai me xingar... ai que dor na M.E.!!!!!! - isso é normal, já que estaremos trabalhando musculaturas que devem estar meio "atrofiadas"; se a dor continuar no decorrer de algumas semanas, procure um ortopedista - algumas pessoas podem ter problemas ortopédicos que dificultam alguns posicionamentos essenciais à prática do instrumento (meu irmão é destro e toca em posicionamento de canhoto por ter o osso cúbito do braço esquerdo mais curto do que o osso rádio: isso impossibilitava a montagem de alguns acordes, incluindo pestanas. Uma visita ao ortopedista e veio a proibição de tocar violão. O teimoso toca até hoje com o instrumento invertido... o braço direito é normal, e ele continua fazendo suas pestaninhas...).
19.1.) Formando Acordes com Pestana
A grande vantagem das pestanas - e é por isso que devemos adorá-las, e não odiá-las - é que alguns simples diagramas podem mostrar formas básicas dos acordes mais utilizados. E, como estamos falando de uma formação que utiliza as 6 cordas "freted" (ou seja, estamos apertando todas as 6 cordas), movendo para cima ou para baixo, estamos trocando a tonalidade com muita facilidade. Além do que, temos as vantagens dos BOXES de escalas: se aprendemos uma forma, ela vale por 12 acordes - é só sabermos montá-las a partir da tônica. Outra grande "sacada" das pestanas é que, na maioria das vezes, é muito mais fácil construir progressões utilizando as pestanas do que com acordes abertos - e dominando as duas técnicas, você pode intercalar acordes abertos e com pestans, conforme a necessidade. A prática vai trazer o que chamamos de "economia de movimento" - seu cérebro perguntará automaticamente: "O que é mais econômico? Sair de uma pestana de Gm para outra de C ou montar um acorde de C aberto?" Esta rapidez na troca de acordes é outro benefício do domínio das pestanas.
Existem duas formas padrão de pestanas, baseadas na tônica da 6a. corda e da 5a. corda. Estas posições básicas são a formação dos acordes Maiores. Destas formação partem, com facilidade, as formações mais utilizadas: X7, Xm, Xm7, X7+, Xm7+ (onde "X" é a tônica).
Vamos analisar as pestanas com tônica na 6a. corda (os exemplos estão no tom G - que é a tônica dos acordes, correspondente à nota da 6a. corda na 3a. casa):
- (G):
note a pestana, feita com o dedo [1] - a tônica do acorde está na 6a. corda (G).
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