Cassio Veterano |
# out/03
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3.) POSTURA E POSICIONAMENTO - ODILON
A importância de dominar um posicionamento correto de todo o corpo ao tocar um instrumento reflete diretamente em três fatores: conforto, menor desgaste e eficácia. É claro que, ao receber benefícios nestes três ítens, principalmente para o iniciante, tornar-se-á muito mais fácil o aprendizado, pois o instrumentista terá que se preocupar somente com o aprendizado da técnica, esquecendo problemas como dores, cansaço e até o aparecimento de problemas ortopédicos com o passar dos anos.
Todas as informações deste artigo estão padronizadas para instrumentistas destros; se você for canhoto, por favor, inverta tudo, OK? (sem preconceito - minha esposa e meu filho são canhotos...)
NOTA IMPORTANTE: Estes padrões são universais e proporcionam benefícios comprovados. Para o iniciante e intermediário, recomenda-se o seu uso, a menos que aconteçam incômodos de origem física, quando deverá ser consultado um ortopedista. É claro que alguns dirão: Keith Richards toca com o dedão da mão esquerda sobre o braço; Pat Mettheny usa a parte redonda da palheta; Eddie Van Hallen segura a palheta com o polegar e 3o. dedos, e o cigarro aceso com o anelar e o dedinho, e o Slash do Guns usa uma correia com 3m de comprimento porque não necessita ver a escala (tb. com aquele cabelo...), e mais blá, blá, blá....Tudo bem. Quando você estiver tocando 50% do que eles tocam, tb. poderá desprezar este artigo...
3.1.) POSIÇÃO DO CORPO
A postura correta do corpo influencia diretamente em seu rendimento; além de facilitar o acesso às partes do instrumento, evita o cansaço e dores.
Deve-se sentar preferencialmente em um banquinho, sem encosto, de assento redondo, cuja altura permita que, ao sentar, suas pernas tenham um ângulo reto desenhado ao joelho. Isto evita dois problemas: se o banco for mais baixo, a articulação do joelho ficará dobrada em excesso, causando dor; se for mais alto, as pernas ficarão "penduradas", pressionando a parte trazeira da coxa, impedindo a livre circulação do sangue, causando dor, cansaço e "dormência" da perna.
O assento deve ser redondo (preferencia às bordas arredondadas - tb. por causa da circulação sanguínea ) para possibilitar um posicionamento correto na abertura das pernas, sem incomodar-se com pontas.
Você deve sentar-se à beira do banquinho, numa posição confortável e que forneça equilíbrio. As pernas devem ficar ligeiramente afastadas, para que se posicione o instrumento entre elas. Alguns músicos usam e recomendam um apoio para a perna esquerda - um pequeno banquinho, encontrado em lojas especializadas, de uns 8 a 10cm de altura. Experiemnte com alguns livros. Após posicionar o instrumento, caso se adapte melhor, utilize-o.
Sua coluna deve ficar "encaixada": costas retas, ombros para trás, barriga retraída. NUNCA empine o "trazeiro", e NUNCA fique "corcunda" - estes procedimentos podem trazer sérios riscos à saúde com o passar dos anos, causando sifose, escoliose e outros males à coluna. (Sente-se assim sempre, não só ao tocar !!!).
LEMBRE-SE: em pé, a posição do instrumento deve ser semelhante àquela obtida sentado. Pode ser super-fashion andar pelo palco com a guitarra pendurada no joelho, mas isso vai acarretar uma série de problemas que serão demonstrados com os benefícios da correta postura. Após dominar o instrumento, você vai adaptar estes conselhos ao seu próprio estilo - mas os prós e contras, principalmente ortopédicos não mudarão. Pese, então, sua aparência e sua saúde, antes de adotar novas condutas.
3.2.) POSIÇÃO DO INSTRUMENTO
Sempre use a correia - evita quedas, mesmo sentado.
O instrumento deverá ser apoiado na perna ESQUERDA, encostado ao abdômen; o braço deverá ficar a um ângulo aproximado de 45 graus para cima, em relação ao solo. Embora a princípio seja esteticamente um tanto quanto ridículo (he,he..), você notará que nesta posição é possível alcançar o 1o. traste com facilidade, enxergar toda a extensão do braço e posicionar cômodamente a mão direita. Ao tocar de pé, o intrumento DEVE ficar nesta mesma posição - para isso, regule corretamente o comprimento da correia.
Se o posicionamento acima não permitir alcançar o 1o. traste, impossibilitar você de enxergar a escala e, no caso das meninas, incomodar o seio esquerdo, é muito possível que você esteja usando um instrumento grande demais para o seu tamanho. Tente, então, um instrumento menor (violões para crianças, guitarras e contrabaixos de corpo pequeno e escala curta), ou apoie o instrumento um pouco mais para a direita, ainda sobre a perna ESQUERDA.
3.3) POSIÇÃO DA MÃO ESQUERDA
Aqui começa a parte BOA da coisa... O posicionamento da mão esquerda é talvez o aspecto técnico mais importante e mais difícil a ser dominado pelo iniciante (e talvez até por intermediários...), e por isso mesmo deve ser treinado com afinco e gerar uma auto-cobrança permanente, até tornar-se um hábito comum.
Como padrão universal, temos como dedos da mão esquerda:
1=indicador; 2=médio; 3=anelar e 4=mínimo.
3.3.1.) Posição do polegar
Veja os esquemas abaixo:
fig.1
e|---|---|---|---| Posicione seus dedos de acordo com a fig.1, nas quatro
B|---|---|---|---| primeiras casas. Com os dedos nesta posição, a POLPA
G|---|---|---|---| (digital)deve estar no MEIO do braço, diretamente atrás
D|---|---|---|---| da corda (G). Lembre-se:a pressão é feita com a POLPA do
A|---|---|---|---| polegar, e não com o NÓ do dedo. Tb. não é padrão colo-
E|-1-|-2-|-3-|-4-| car o polegar SOBRE o braço, embora existam técnicas do
uso do polegar para prender notas - mas isto é mais avançado
e exige um domínio muito maior do posicionamento total da mão
esquerda.
fig.2
e|-1-|-2-|-3-|-4-| Agora, com seus dedos posicionados como na fig.2, o
B|---|---|---|---| polegar deverá estar atrás da corda (e), diretamente
G|---|---|---|---| atrás de seus dedos. Lembre-se, pressione o braço com
D|---|---|---|---| a POLPA do polegar.
A|---|---|---|---|
E|---|---|---|---|
3.3.2.) Posição do pulso
O pulso deverá ficar, em qualquer ocasião, reto. Você deve ser capaz de traçar uma linha imaginária que passe pela parte de fora de seu antebraço e alcance a articulação de seus dedos com as costas da mão. Além disso, a palma da mão NUNCA deve apoiar-se no braço.
Os benefícios do correto posicionamento de polegar e pulso são comprováveis. Com o polegar do meio para baixo do braço, uma pessoa pode ter acesso de 8-10 casas da escala. Com o polegar posicionado na parte de cima do braço, pode-se alcançar no máximo 5 casas. Têm-se ainda alcance melhorado das cordas superiores, sem ocasionar "muting" (abafar as notas) inidesejado. E ainda é saudável, porque com o passar dos tempos, especialmente utilizando-se alguma velocidade, existe obstrução de tendões e nervos da mão, podendo levar a ocorrência de L.E.R. (Lesão por Esforços Repetitivos).
3.3.3.) Posição da Palma da Mão
A palma da mão esquerda deve sempre permanecer paralela ao lado de baixo do braço do instrumento. Imagine uma linha passando entre o encontro de seus quatro dedos (excluindo o polegar) e a palma da mão. Esta reta deve ficar paralela ao lado de baixo do braço do instrumento. Principiantes tendem a deixar o lado da palma da mão próxima do indicador mais perto do braço do instrumento do que o lado do dedo mínimo. Um bom exercício para treinar esta postura é tocar os exercícios pseudo-cromáticos (colocarei alguns ao final deste artigo) com o lado da palma da mão próxima ao dedo mínimo ENCOSTADA à parte inferior do braço do instrumento. Este não é o procedimento correto, mas como exercício pode ajudar muito na correção da má postura da palma da mão esquerda.
3.3.4.) Posição do Dedo Mínimo
O posicionamento do dedo mínimo é um problema comum entre principiantes; é normal que ele se posicione distante da escala. Treine seu dedo mínimo para que ele fique SEMPRE a uma distância máxima de 1 polegada (aprox. 2,5 cm) da escala.
Isto torna o seu retorno mais rápido, e auxilia no desenvolvimento da digitação com ele, já que é um dedo geralmente mais fraco do que os outros, pela falta de seu uso em outras atividades corriqueiras. Se o problema tornar-se um verdadeiro desafio, tente efetuar os exercícios pseudo-cromáticos da seguinte maneira: ao descer da 6a. para a 1a. corda, mantenha seu dedo pressionando a nota, até que você tenha que descê-lo para a corda seguinte; ao subir, posicione o mínimo na corda superior imediatamente após tocar a nota da corda em questão. (veja TAB no final). Na verdade, todos os dedos devem exercitar manter esta distância, mas na prática, o simples controle do mais rebelde - o mínimo - mantém os outros nos seus devidos lugares.
3.3.5.) Posição do Cotovelo Esquerdo
O posicionamento do cotovelo tem uma importância especial no contexto geral da "mão esquerda". Seu posicionamento influi diretamente na posição do pulso e palma da mão, além de ser diretamente relacionado com a posição da coluna. Ele é como um "pêndulo" entre o corpo e sua mão esquerda. Seu posicionamento terá de ser encontrado individualmente, mas ficará num ponto nem muito perto e nem muito afastado da lateral de seu corpo. LEMBRE-SE: o braço deverá ficar relaxado, e você não deve sentir o peso do cotovelo como uma carga, e sim, como um ponto de equilíbrio.
NOTA: As unhas da mão esquerda devem estar sempre bem cortadas, o mais rente possível, e bem lixadas, para que haja perfeito contato das pontas dos dedos com as cordas.
3.4.) POSIÇÃO DA MÃO DIREITA
Se o seu posicionamento corporal e do instrumento estiver conforme foi descrito no início deste artigo, seu antebraço direito deverá estar formando um ângulo de aproximadamente 160 graus com o braço do instrumento. Este ângulo pode variar um pouco - alguns músicos tocam com o braço quase paralelo às cordas, como uma continuação delas - mas deve-se evitar é que seu braço direito fique perpendicular às cordas. Por este motivo, começamos posicionando o instrumento à altura do abdômen - mesmo quando de pé. Quanto mais baixo, mais perpendicular ficará seu braço direito.
Agora, dois enfoques básicos: o uso dos dedos e o uso da palheta.
3.4.1.) Usando os dedos da mão direita
Antes de continuarmos, outro conceito, os nomes dos dedos da MD:
p=polegar; i=indicador; m=médio; a=anular
em inglês, respectivamente: t=thumb; p=pointer; m=medium; r=ringer
Qualquer que seja seu instrumento - violão, baixo ou guitarra - existem técnicas para o uso dos dedos da mão direita ao tocar, sem a palheta. Para isto, devemos primeiro adequar a mão direita a isto.
Um ponto importantíssimo para o uso dos dedos da MD (mão direita) são as unhas. O seu uso é primordial para que se obtenha um som claro e definido; sem elas, o som ficará "abafado", além da formação de calos nos dedos, o que pode interferir tb. no som, pela irregularidade da superfície.
Os dedos i,m,a DEVEM ter as unhas com tamanho adequado. A unha do polegar pode ou não ser usada, de acordo com o gosto e estilo de cada músico; como o polegar geralmente trabalha com a marcação dos bordões (baixos), é até lógico que o som seja obtido de maneira diferente dos outros dedos. Alguns músicos utilizam um acessório chamado "dedeira" (feita de plástico ou osso-encontrada em music shops), que substitui a unha do polegar, dando assim uma variedade no som obtido pelo músico.
O uso do dedo mínimo não é muito popular, embora não seja descartado de forma alguma - músicos clásssicos, flamencos e até baixistas usam este dedo. Se vc/ estudar ou desenvolver técnicas com sua utilização, mantenha a unha deste dedo como as dos i,m,a.
As unhas do i,m,a devem estar com um comprimento tal que, ao olhar o dedo pelo lado da digital, seja possível enxergar um pedaço mínimo de unha. Na prática, o comprimento deve ser tal que ao passar o dedo pela corda, seja ouvido o som obtido pela unha com facilidade, mas nunca comprida demais para dificultar a passagem do dedo pela corda (ou seja, não pode "prender" na corda).
As unhas devem ser lixadas e polidas, acompanhando a forma da ponta dos dedos, sem nenhuma irregularidade, para que não "prendam" na corda ou façam barulhos indesejáveis. Mantenha-as assim para que elas o ajudem, e não o contrário.
3.4.2.) Tocando com os dedos da MD
A técnica para tocar utilizando os dedos baseia-se muito no seu estilo; basicamente, a posição da mão direita será a seguinte: o pulso ficará a uma pequena distância do tampo do instrumento; a mão se posicionará sobre o aro, no violão, e na guitarra, de acordo com o som que se deseja obter (escolha de captadores e timbre) - mas numa posição semelhante.
O polegar ficará separado dos outros dedos da MD, fazendo uma linha quase reta com o lado superior do antebraço. No caso de se tocar utilizando a unha, ele se posicionará da mesma forma, só que um pouco mais virado para o instrumento.
Os dedos i,m,a ficam perpendiculares às cordas, semi-curvados, com as pontas dos dedos prontas para tocar as cordas.
Os dedos da MD podem tocar utilizando duas técnicas: com ou sem apoio. Com apoio, eles tocarão a corda e "descansarão" na corda seguinte, sem tocá-la;
sem apoio, tocarão a corda e não encostarão em corda nenhuma após o fato. Alguns músicos utilizam o apoio para o polegar e sem apoio para o resto dos dedos, como uma forma de localizar a MD relativamente às cordas. Embora diversos professores adotem esta técnica para iniciantes, a fim de obter um condicionamento para o posicionamento da MD, deve ser utilizado por um tempo limitado, porque, embora facilite a localização das cordas, cria um vício na necessidade de um "guia" para os dedos. O guia para os seus dedos deve ser a sua técnica e o seu cérebro.
Se vc. tocar baixo, defina bem seu estilo para deixar ou não as unhas da MD crescerem. O som da unha nas cordas do contrabaixo realça o som agudo, mais metálico. Se esta for sua intenção, tudo bem. Mas lembre-se: para tocar contrabaixo com as unhas vc. terá que ter cuidado dobrado com elas - as cordas são muito mais prejudiciais ao seu formato, exigindo manutenção contínua, e podem até quebrá-las.
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