Marlboro LP Veterano |
# mai/08
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Esse tema é um tipo de "Starway to Heaven" dos fóruns, mas resolvi dar meu pitaco na esperança de ajudar a diminuir um pouco a confusão. Tem tópicos q o pessoal manda as mensagens legais, mas estão espalhadas. Então resolvi dar uma resumida e tentar pegar vários aspectos. Não vai sair curto... É o seguinte: Perguntar qual o melhor "neck joint" em termos de bolt-on ou set-in simplesmente não procede. Vou pegar duas das coisas falsas que o pessoal mais cita nesse tipo de comparação: -Set in necks têm mais sustain; -Set in necks têm melhor acesso às notas mais altas do braço.
A do sustain, na minha opinião, é a mais triste. Acho engraçado ver esses anúncios de guitarras que o cara escreve "Braço Colado – Mais Sustain". E às vezes vc vê isso em anúncios de guitarras de 400 paus! Para ficar bem claro, vamos estabelecer uma coisa: Sustain é a capacidade da guitarra de sustentar uma nota. Mais especificamente, é o tempo entre o fim do "decay" (q ocorre após o ataque) e o momento em q a nota se torna inaudível, ou seja, sustain numa guitarra é o tempo q a corda permanece vibrando após o ataque, caso ninguém mexa com ela. Agora, o q faz a corda vibrar mais ou menos tempo tem a ver com uma porção de fatores, sendo os mais importantes: Tipos de madeiras e combinação entre elas, qualidade e densidade das cordas e tipo de ponte. Imagine p. ex, a diferença entre uma ponte fixa e uma flutuante q já dá para ter uma idéia de q a importância do neck-joint é bastante relativa. Isso tudo fora, é claro, a qualidade construtiva do instrumento. Como o q ouvimos é a vibração da corda captada eletromagneticamente, os captadores em específico e toda a parte elétrica em geral entram na equação, e com muita importância. Ou seja, o tipo de conexão entre braço e corpo vai ter um papel perceptível no sustain se vc estiver comparando um serviço porco com um serviço bem feito. E outra: para quem vai pegar a guitarra e passar por pedais de efeito, distorção e especialmente por multi-efeitos digitais, a discussão é mais descabida ainda. Se o cara quer comprar uma shelter ou epiphone q seja, para passar por um zoom e ligar num Solid State para tocar metal e punk, pelamordedeus, essas história de sustain é completamente descabida! É como discutir qual o comportamento nas curvas de um Celta 1.0 rodando a 250km/h. Vc não precisa se preocupar pq não vai acontecer. Vc vai precisar se preocupar com sustain se estiver tocando...Sei lá...Hendrix (q aliás usava principalmente Stratocasters) ou blues. E tocando limpo. Eu tenho uma daquelas Epiphone LP Std com braço bolt-on (foi minha primeira guitarra decente e pretendo guardá-la, até pq é meio mosca branca) e uma Gibson LP Studio, q obviamente é Set-in. Pois bem, eu coloco uma do lado da outra, desligadas, e, no silencio da minha casa, toco a mesma nota. Sinceramente, não noto diferença no tempo q a nota soa. Para deixar a coisa mais interessante, faço o mesmo teste colocando minha outra guita, q é uma Fender Strat americana do lado, e às vezes tenho a impressão q ela ganha das LP. Mas isso pode ser parcialidade minha já q eu prefiro atualmente tocar com a strat. Não, não estou surdo. Fui ao otorrino outro dia e minha audição está perfeita.
Qto ao acesso às notas mais altas, basta ir à uma loja e testar guitarras diferentes para ver q não é verdade. Uma SG tem ótimo acesso à parte de cima do braço e é set in. Uma Les Paul já perde feio para Ibanez, Music Man (John Petrucci Signature, p.ex.), algumas PRS bolt-on, entre muuuitas outras. Usando o exemplo das minhas guitarras, se eu tivesse que classificar a facilidade de acesso às notas mais altas, eu colocaria a Strat em primeiro, a LP Epi em segundo e a Gibson em terceiro. Acesso às notas mais altas tem a ver com o design da guita e não com o tipo de conexão braço-corpo!
Então qual a diferença? Em princípio, timbre. Guitarras com braço colado TENDEM a ter um som mais quente e redondo, com relativa menor definição quando comparados a guitarras bolt-on, que TENDEM a ter mais brilho e definição. Essa diferença se dá pela diferença entre a velocidade de propagação das ondas na conexão braço-corpo. EM PRINCÍPIO, a propagação é mais rápida em uma conexão set-in, o q faria com q o som saísse mais "cheio", redondo. De novo, como a propagação depende da densidade das madeiras, a conexão é apenas um dos fatores. Para ficar nos standards, pensem na diferença de timbre entre uma Fender Strat e uma LP. Mesmo isso só serve de referência já q as configurações e madeiras são completamente diferentes. Um exemplo mais útil: O som da minha Epi é quase um rugido, apesar de ser bolt-on. Ela tem um som bem quente e muuuito cheio, tão cheio q embola. É claro q os caps não são lá essas coisas e não dá para comparar com a Gibson, mas me parece q se eu colocasse os 490 e 498 da Studio na Epi, ela ganharia a definição q lhe falta e não soaria tão diferente da Gibson. Perceberam? Ela é bolt-on, mas tem exacerbadas as características atribuídas normalmente à construção set-in. Resumindo: Um bolt-on porco vai soar pior q um Set-in bem feito e vice versa. Se o bolt-on for bem ajustado vai ser até mesmo difícil perceber alguma diferença para configurações iguais, a não ser q vc tenho um ouvido muuuuuuito bom. Fora isso, o q resta é a facilidade de manutenção: Um braço bolt-on quebrado só exige uma troca. Um braço set-in quebrado pode ser o fim da guitarra e um preju danado.
Qdo comprei minha primeira guitarra (Dolphin!) eu não tinha grana pra nada, então sei muito bem o q é procurar uma boa opção com os bolsos vazios. Então vai aí meu conselho: Se eu estivesse nesta situação, eu compraria uma bolt-on. Não dá para esperar qualidade de produtos chineses. Acreditem, o Controle de Qualidade das fábricas chinesas ainda é um lixo até para produtos muito mais importantes do que guitarras. E um set-in mal feito é bem pior q um bolt-on mal feito. No bolt-on, ainda q haja alguma folga entre braço e corpo, vc vai ter pelo menos os parafusos apertando um contra o outro. Já se o set-in não for perfeito, vc pode acabar com problemas mais sérios do q o diabo da porcaria do sustain. Eu escolheria isso pq acho q a gente deve buscar a máxima qualidade possível com o orçamento disponível e só depois ir atrás das outras coisas. Agora, se o importante para o camarada é ter uma cópia de uma Gibson LP, vai fundo e compra Shelter, Condor, ou sei lá o q quer q tenha braço colado. Tb não acho errado não!! No fundo o importante é se sentir bem com a guita. Mas deixem os preconceitos em casa!
Pra quem lê em inglês, saiu um artigo sobre isso na Guitar Player americana de 10/07, o link é http://www.guitarplayer.com/article/all-about-bolt/oct-07/31687.
É isso aí, espero ter contribuído para diminuir as dúvidas e ter dado uma mão para quem está escolhendo sua guitarra.
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