Pedro Pastorius
Veterano |
# fev/04
· votar
Quem foi John Francis Pastorius???
Venho ao mundo em 1º de dezembro de 1951 na cidade de Norristow, PA nos Estados Unidos sob o cunho de John Francis Anthony Pastorius III. Uma criança normal no seu anonimato social, mas que despertava exentrismos de genialidade. Jaco por façanha do destino, aos 15 anos teve seu primeiro contato com o contra-baixo, por ventura de ser baterista de uma banda que necessitava de um baixista. O jovem Jaco não hesitou e tão lógo adquiriu um baixo,sendo que ele mesmo fez um pequeno amplificador para os ensaios.
E nestes anos da sua adolescência ele poderia se prostar em frentre à TV e criar sons, como um alquimista musical.
Jaco tinha uma predilação especial pelos clubes de Jazz, o baixo era uma extensão do seu corpo, pois como nínguem o fez, ele imprimia voz ao instrumento.
Progrediu de maneira voluptosa e aos 18 anos já se deslocava para os auditórios e as pessoas começaram a comentar sobre este gênio precoce. Tocou em todos lugares possíveis no seu tempo de banda. Ele viveu, respirou, extasiou e dormiu música, ouvindo Jazz. Casou-se com uma linda moça chamada Tracy,a qual deu o nome a uma de suas maiores obras,“Portrait of Tracy”, na qual levou o uso de harmônicos a níveis nunca vistos, de rara beleza e sutileza celestial. Quando teve seu primeiro filho, decidiu que a música teria que lhe dar o devido retorno financeiro almejado, pois agora tinha a responsabilidade de uma família. Em um de seus shows com a banda ele resolve de maneira inusitada mostrar um solo desenvolvido por ele. Os seus colegas pensaram que ele estava louco, pois o contra-baixo até então era um instrumento de ritmo e marcação, o efeito sobre o público e a própria banda foi devastador, pois surgia ali algo novo, nunca tentado antes. Com Jaco no baixo a banda obteve sucesso e reconhecimento.
A Indústria Fonôgrafica viu em Jaco um diamante bruto, pronto a ser lapidado, um filão de ouro a fazer fortuna da noite para o dia. Um gênio toca por amor, e este amor é incompatível com a sagacidade material, começou aí o cálvario do gênio atormentado. Alcançou o mundo de pólo a pólo como membro do grupo Weather Report, ícone do Jazz Fussion, sua história com o Weather Report se resume neste diálogo que teve com Joe Zawinul, fundador do Weather Report, isto em meados de 1975. Joe se apresentara com o Weather no Gusman Theater em Miami, e ao final do show saiu e se posicionou no canto de fora, quando se aproximou dele um rapaz de cabelos longos e roupas da moda, Joe tinha 43 anos e vivia na América desde 1954, era austríaco da cidade de Vienna e Jaco apenas 24 anos.
- Joe: “Hey garoto, você toca contra-baixo?”
- Jaco: “Eu tenho sido seguido por músicos como Cannonball Adderley, e eu realmente amo isto.”
- Joe: “Então o que você quer?”
- Jaco: “Meu nome é John Francis Pastorius III e sou o maior baixista do mundo!”
- Joe: “Vai se danar, fora daqui!” Jaco insistiu, e Joe o admirava por sua maneira.
Como um jovem de 24 anos tinha tanta convicção em se afirmar como o melhor do mundo. Joe foi para Jaco uma espécie de volta, pois quando se tornava grosseiro costumava sair por aí dizendo que era o pior. Joe perguntou pela sua fita Demo. Na manhã seguinte Jaco trouxe-lhe a fita, mas a banda já tinha outro baixista. Jaco deixou o hotel abatido, pois uma faca o cortou de maneira profunda o seu ego, mesmo assim continuou a enviar as fitas para Joe. Jaco era de uma personalidade agressiva, relembra o guitarrista John Abercombrie. Batia de porta em porta e tocava seu baixo para personalidades como Keith Jarrett e Tony Willians. Jack Dejohnette também lembra: -“Nos encontramos no festival de Woodstock, ele não podia ser desmentido, estava sempre faminto por música, ele veio para o sótão de minha casa e nós tocavamos por muitas horas.” Em janeiro de 1976, Alphonso Johnson anuncia que deixá-ra o Weather Report para formar um novo conjunto. Alguns membros da banda comentaram sobre Jaco e resolveram chamá-lo para tocar. Jaco é recebido oficialmente em 1º de abril de 1976. Joe afirma que Jaco está muito melhor que Alphonso, pois Jaco possuia uma mágica especial. Jaco se torna um herói para os jovens. Era tão poderoso que transforma-va o ritmo harmônico de Miroslav Vitous em punk.
Com seu comportamente de vanguarda, rapidamente conquistou carisma e curiosidade.
- Joe: “Estavamos em nosso primeiro concerto no Japão em 1978, quando Jaco olhou para mim, sorriu e disse:-“Cheque tudo”. Enquanto eu e os outros tocavamos, Jaco começou um solo que era um tributo aos mestres do Jazz, a multidão foi ao delírio com o virtuosismo de Jaco. - Joe: “Jaco podia ouvir outros sons ao mesmo tempo que produzia os seus.” Em 1977 começou os seus problemas no casamento com Tracy, Jaco era altamente possessivo. Tracy disse que era hora de assumir um lugar no relacionamento. A família dizia:-“É difícil ter um marido que se ausente 9 meses em uma turnê”. Neste tempo Jaco encontra Ingrid, filha de alemães e nascida na Indonêsia. Ingrid tinha seu próprio estilo de vida, trabalhava com artistas, e já tinha sido casada. Ingrid o conheceu em uma festa e se interessou por Jaco, assim que o viu, ficaram conversando e Jaco demostrou interesse por ela, mesmo ainda sendo casado.
Em um bar Joe Zawinul bebia vodka e ofereceu para Jaco, ele recusou, Joe insistiu até ele aceitar e gostar. Joe disse:-“O erro foi meu”. O preço da tão almejada fama é mais que apenas perder a privacidade. Há sempre pessoas esperando a oportunidade para oferecer drogas, sexo e bebidas. Joe:-“Nas viagens quando Jaco bebia era por diversão, mas houve vezes que chegou embriagado na gravadora”. Em 1978 Jaco estava definitivamente no topo do mundo, soberano, era chamado de o número um. Suas brigas com Tracy eram verbais e físicas, causando traumas nos filhos, Mary de 8 anos e John de 5 anos. E Jaco começou a podar Ingrid agressivamente, como ela relembra (Ingrid).-“Um dia no verão de 1978 ele me chamou e me convidou para ir com ele, eu disse que precisava pensar, mas acabei indo. Obviamente não era certo o que estavamos fazendo”. Ela continua:-“Eu sei que era muito traumático para Tracy, mas senti que era a resolução certa, como um caminho espiritual. A esposa de Jaco estava se dissolvendo e eu realmente achava que ela estava acabada”. Ele sentiu força para manter seu casamento, talvez pela frustação pela separação de seus pais. Tracy pediu o divórcio no fim de 1978, ganhando a casa e a custódia das crianças. Jaco ficou sem rumo, isso o tornou mais drogado e bêbado, acelerando seu estado de depressão. Jaco estava sentado na porta do hotel em Barcelona falando sobre os filósofos Schopenhauer, Spinoza, Nietzche, e disse;-“Eu não tenho 35 anos, mas sim 105 anos!”
Era evidente que durante este período (por volta de 1979) alguma coisa muito estranha se passava com Jaco. Ele já não tinha muito a fazer como músico. Havia alguma coisa acontecendo em sua mente, não se sabe o que era, mas era alguma espécie de idéia dele mesmo, de que ele tinha que fazer o que sentia, estava disposto a fazer e assim o fez. Seguindo a teoria do bruxo inglês Aleister Crowley.
“Faça o que quiseres que tudo será na lei”. Como a Sociedade de Alternativa de Raul Seixas. Ele estava realmente louco. Era triste, na viagem para Havana em Cuba, aconteceu a primeira manifestação de que Jaco estava fora de controle.
Jaco é para o baixo elétrico o que Pelé foi para o futebol, o que Muhammed Ali foi para o box, como Babe Ruth no beisebol, Jimi Hendrix, Charlie Parker e John Belushi, ele era mais que uma viva figura, vivia com satisfação doentia para o execesso e era seguido tenazmente pelas multidões. Jaco através da Comunidade Internacional de Música, ainda soa como autoridade testamental que deixou com seu poder e o seu carisma. O ápice e o declínio, a própria aclamação como o maior baixista. Ele estava fora de controle, e não havia como suportar o sistema. Ninguém conseguia aconselhá-lo e oferecer-lhe ajuda. Mesmo sua própria família e amigos estavam incapazes de mudar a percepção de Jaco em relação ao mundo que o cercava. -" Ele é um louco
varrido!". Assim muitos diziam. Não soubemos lidar com a loucura, não entendemos a potologia mental. O maior baixista do mundo começava a delinear por um caminho que a tudo indicava ser terrívelmente macabro. Ele bebia a si mesmo, se consumia em um estupor de queda livre rumo a morte. Jaco ia para os bares e arrumava brigas, era como que procurasse alguém que o matasse. E então em um dia funesto ele encontrou um jovem de 25 anos num clube noturno, o rapaz era instruído em artes marcias, foi sua última briga. No verão de 1986, Jaco já tinha consumido com tudo, exacerbado pelo álcool em sua condição de maníaco depressivo, vivia mais como um exêntrico indigente, os comentários sobre o seu comportamento eram como veneno e nada parecia apaziguar a decadência de Jaco. Peter Enskine, seu baterista disse certa vez:-“Quando um sujeito esté fora do Jazz, ele acaba com a sua vida.” Uma vez gigante na indústria da música, falado mundialmente. Jaco tinha sido reduzido a uma pessoa ingrata, ele parecia ter o que Graham Greene uma vez chamou de “complexo” uma emoção de pessoas de baixa classe. Mesmo que seus velhos amigos o ajudassem, havia algo que o mantia deprimido. O que causou essa deteriorização ? Como pôde um astro de grandeza ímpar, um bom amigo, uma pessoa espirituosa, tornar-se um doente degenerado vagando ao esmo pelas ruas de Nova Iorque. A resposta é tão longa e ambígua quanto de extrema complexidade, nos mostrando o nosso total desconhecimento da mente humana. A pequena resposta é simples, como os esteriótipos assim o são, droga, álcool, sexolátria, má conduta alimentar e vida muito intensa, que catalizaram a morte de outros gênios como Charlie Parker, Charlie Christian, Jimi Hendrix , Janis Joplin, Jim Morrinson e Billie Holiday.
Os desencontros constantes entre os entes queridos, levam a concluir que ele agia como se estivesse pagando por pecados. Jaco também sentiu a pressão de manter a sua declaração de ser o maior do mundo e outros profundos medos. Ele refugiou-se, com respeito aos bandos de “clones de Jaco”, e mesmo que outras pessoas fizessem sucesso com o que ele inventou, ele dizia com um tom de indignação:-“Eu inventei eu sei que eu inventei!” Ele tinha problemas com o álcool e a cocaína, e como era maníaco depressivo, sua debilidade mental o fazia ficar totalmente fora de controle. A soma dos fatores levaram a uma probabilidade inevitável de um fim trágico. Andava pelas ruas com um comportamento bizarro e provocativo. Toda semana surgia um novo comentário sobre seu comportamento. E os únicos comentários sobre o mito, eram em tom pejorativo sobre o que ele havia feito. Disse Victor Bailey, um dos baixistas que tocaram no Weather Report:-“Algumas pessoas vêem um grande sorriso em sua face, mas ignoram que ele precisava de ajuda.” O guitarrista Brian Melvin viveu com Jaco por 4 meses no seu período escuro da vida.-“Todo mundo estava dizendo que Jaco estava maluco”. Dizia Melvin. As pessoas faziam piorar de maneira malidicente esta imagem de “bad boy”do Jazz. O guitarrista Pat Metheny, acreditava que Jaco contaminava seu próprio mito. Numa entrevista em 1984, Metheny , disse:-“Isso é tudo o que Jaco quer, que as pessoas falem sobre ele o tempo todo.” Muitos fãs fora de Nova York percebiam os dolorosos anos finais de Jaco. E quando o triste detalhe, tornou-se conhecido, eles poderiam somente balançar a cabeça e dizer:-“Como , pôde uma terrível coisa ter acontecido com alguém tão presenteado, tão famoso e bem quisto?”Claro que sim. Em 1978, Jaco estava sentado em seu trono no topo do mundo, era uma notória personalidade do show bissenes, badalado em todos veículos de comunicação. Ele era a maior coisa do mercado da música, como Michael Jackson, ele tinha o mundo e o futuro aos seus pés. Com mãos largas, dedos longos e com dupla união de polegares, Jaco parecia ter nascido para tocar contra-baixo. Em sua obra-prima, ele tinha a determinação e velocidade na criação de solos, ele criou melodias, acordes, usando o seu amplificador, como cumprimento ético de uma performance de rock star.
Para mihares de fãs, Jaco antes de tudo é um educador, o mestre que uniu o rock, jazz, clássico e a música latina, ele era a personificação da fusão de ritmos do mundo. É comparado a grandes gênios do naípe de Johan Sebastian Bach. Nínguem antes de Jaco exerceu tantos indiomas, seu instrumento por assim dizer era poliglóta. -“Punk não é uma palavra ruim.” Dizia Jaco em uma entrevista. Da simplicidade de três acordes do punk ao outro extremo intríncado de milhares de notas do seu virtuosismo exacerbado. A maneira como tocava, a força incomum que sua presença se fazia nos ambientes. Sempre se pensou em Jaco como alguém invencível, inabalável. Quando se soube que ele estava em coma, acreditava-se que ele poderia voltar, afinal ele era Jaco. mas o que significa ser Jaco? Era uma personalidade criada por seu eu. E se pergunta se ele ainda estivesse vivo e se contentasse em ser apenas John Francis Pastorius em vez de Jaco?
Talvez ele não pudesse conviver com a expectativa do que fazer na próxima vez, foi o que o destruiu. Todos estão falando de você, então você vê o efeito da fama. Em seus anos de glória Jaco tinha orlas de ávidos seguidores pelo mundo. Jaco uma vez confidenciou: “Eu não sou um astro, eu nunca serei um Frank Sinatra, um Elvis Presley ou um Ray Charles.” Então um raro momento de revelação ele disse:-“Eu nem mesmo sou realmente Jaco.” Enquanto os otimistas esperavam pela volta triumfal de Jaco, que fazia um tratamento psquiátrico, outros já viam o inevitável. E o guitarrista Hiram Bullok disse:-“Eu estou chocado, mas não surpreso.” O maior baixista do mundo dormiu profundamente em 21 de setembro de 1987, faltando dez semanas para o seu 36º aniversário. Mesmo tendo encontrado uma violenta e triste morte, será lembrado como o gênio, o fenômeno. John Francis Pastorius se foi, mas seu espírito permanece eternamente na música. Apenas, ouça...
|