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Alvaro Henrique Veterano |
# mar/10
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/03/20/diversa oearte,i=181020/MAESTRO+IRA+LEVIN+CRITICA+INSTRUMENTISTA+POR+PARTICIPA R+DE+OPERA+BUFA+QUE+IRONIZA+EURIDES+BRITO.shtml
Maestro Ira Levin critica instrumentista por participar de ópera-bufa que ironiza Eurides Brito
Nahima Maciel
Publicação: 20/03/2010 16:36 Acostumado a participar de apresentações da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS), o clarinetista Félix Alonso se diz vítima de perseguição política por parte do maestro Ira Levin, regente da orquestra. Alonso alega ter sido dispensado de tocar na sinfônica porque participou da ópera-bufa Auto do pesadelo de Dom Bosco, do maestro Jorge Antunes. A peça, encenada em fevereiro no Conic, é uma sátira com a crise política do Distrito Federal e, entre outros, ironiza a deputada Eurides Brito, sogra do maestro.
Alonso não é funcionário da orquestra, mas costuma completar o quadro de clarinetas e realizar concertos eventuais mediante cachê de R$ 600. Há duas semanas, recebeu telefonema do maestro Levin no qual era dispensado de todas as apresentações com a orquestra deste ano. "Ele me deu uma bronca e disse: 'Você não vai tocar mais uma nota comigo nesta orquestra. Você ia ganhar muito dinheiro este ano, mas não vai ganhar mais'", conta. "Ele estava irritado porque eu tinha tocado numa ópera que estava criticando a sogra dele. Ele disse que não mistura trabalho com política? Mistura, porque se não misturasse permitiria que fosse contratado na orquestra."
O maestro não nega o telefonema, mas afirma que queria apenas dar uma opinião sobre a ópera de Antunes. "Disse a ele que ele não estaria tocando com a orquestra e tomei a liberdade de dar minha opinião pessoal, de artista para artista, sobre o assunto da ópera, algo do qual creio ter direito a dar. Não tem a ver com minha declaração na entrevista (concedida ao Correio na última terça), em que digo: 'Eu separo política e trabalho, não faço parte de nenhum partido'. Há dúzias de músicos que participaram da orquestra em anos passados, que não participarão este ano, e que podem participar ainda se a oportunidade e a necessidade aparecerem", diz Levin.
O maestro destaca ainda que a programação de 2010 está fechada e que suspendeu a participação de Alonso em um concerto em julho porque a apresentação foi cancelada. %u201CEstava considerando não só o Felix, bem como outros clarinetistas, porém foi cancelado por causa de mudanças na programação, pois perdemos um concerto com o adiamento do início da temporada que deveria ter ocorrido em nove de março. Como todos os outros solistas já estavam confirmados, tivemos que adiar o concerto em que não tínhamos certeza de quem seria o solista%u201D, diz Levin.
Decepção Para Alonso, a decisão do maestro é fruto de perseguição política. "Eu admiro o maestro porque acho que é um bom músico. Mas essa ligação dele me decepcionou demais. Além do mais, como pode dizer que não mistura política com trabalho depois de ter acontecido isso comigo?" O clarinetista está acostumado a tocar com a orquestra brasiliense desde 1997, quando pisou em Brasília pela primeira vez a convite da maestrina Elena Herrera. Cubano, 34 anos, Alonso deixou o país natal para se casar no Brasil. Desde então, deu aulas na Escola de Música de Brasília (EMB) e hoje tem alunos particulares de clarineta e ensina iniciação musical em escolas particulares.
Naturalizado brasileiro, colaborou com a sinfônica da capital em peças como Sinfonia nº 3, de Schumann, Sinfonia nº 7, de Beethoven, e Bachianas brasileiras, de Villa-Lobos. No fim do ano passado, foi convidado por Levin para ensaiar a Sinfonia nº 9, de Mahler. Chegou a participar de dois ensaios para fazer a leitura da peça, meses antes de participar da ópera no Conic. "Sou um simples músico que tocou na ópera, não fiz a ópera, a ópera é do maestro Jorge Antunes, que é meu amigo e isso ninguém pode tirar. Vivo num país livre."
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makumbator Moderador
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# mar/10
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Alvaro Henrique
Infelizmente é o normal...
Chega a ser ridículo o maestro dizer que não tem fundo político.
Já morei em Brasília(nasci lá), e se em qualquer lugar do Brasil tal fato já poderia provocar essa reação, por aquelas bandas então é certeiro. Tudo que é evento ou projeto tem um político ou poderoso por trás(para o bem e para o mal).
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Freddie Freeloader Veterano |
# mar/10
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Lembram do Ira Levin na propaganda do Banco Santos!?Esse é bem relacionado..kkkkkkk
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Alvaro Henrique Veterano |
# mar/10
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Olha, Makumbator, a situação é realmente vergonhoso, mas olhe só:
- Quando o Neschling usava e abusava do poder na OSESP, ninguém comentava que "viu só, São Paulo é foda".
- Quando o governo fechou a Orquestra da Rádio e TV Cultura, ninguém veio com o "é, essa politicagem de São Paulo é uma merda."
- Quando em Florianópolis o maestro da orquestra local foi flagrado como protagonista de um escândalo que custou ao herário alguns bons milhares, ninguém veio com "é, esse pessoal de Santa Catarina rouba que só".
Se você realmente nasceu em Brasília, você deveria saber melhor que ninguém que a capital está sendo usada como bode expiatório de más escolhas políticas feitas por toda a população brasileira. Gente boa e ruim existe em qualquer lugar do mundo. Os envolvidos no caso mesmo nem brasileiro são: o maestro é estadosunidense e o clarinetista é cubano. Por acaso estão em Brasília, mas esse maestro mesmo acabou de sair da Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo.
Então, vamos com calma. Brasília não faz porra nenhuma. A cidade fica paradinha, no mesmo lugar, como sempre esteve antes de ser construída. Quem faz alguma coisa são pessoas. Critique as pessoas, não faça comentários generalistas que ofendem quem não tem nada a ver com a merda que fulano ou sicrano andam fazendo.
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Dogs2 Veterano |
# mar/10
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Ira Levin: "Há dúzias de músicos que participaram da orquestra em anos passados, que não participarão este ano" Clarinetista: "Ele me deu uma bronca e disse: 'Você não vai tocar mais uma nota comigo nesta orquestra. Você ia ganhar muito dinheiro este ano, mas não vai ganhar mais'
Pô, e o Ira trata todo mundo dessa forma? ou então o Félix que tá aumentando
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makumbator Moderador
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# mar/10
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Alvaro Henrique
Quando o Neschling usava e abusava do poder na OSESP, ninguém comentava que "viu só, São Paulo é foda".
- Quando o governo fechou a Orquestra da Rádio e TV Cultura, ninguém veio com o "é, essa politicagem de São Paulo é uma merda."
Eu sempre achei isso, mas a mídia paulista é MUITO protetora ao estado e suas coisas(e a mídia paulista, se tornou a "grande mídia" que representa e define o país).
Caso esse tipo de coisa acontecesse no Rio, por exemplo, seria muito mais explorado negativamente( inclusive pela própria imprensa carioca, que é mais crítica). Mas isso já é de praxe(eu assino um jornal paulista, a Folha de SP, e estou bem acostumado com essa característica...hhehe). Sinceramente não me surpreendeu em nada a cobertura nos dois casos por vc citados.
Se você realmente nasceu em Brasília, você deveria saber melhor que ninguém que a capital está sendo usada como bode expiatório de más escolhas políticas feitas por toda a população brasileira. Gente boa e ruim existe em qualquer lugar do mundo.
Claro, mas o que eu quis dizer, é que a cidade de Brasília(por motivos óbvios) é mais impregnada pelos tentáculos do poder(principalmente da esfera federal), além de ser uma cidade bem "estranha" em diversos aspectos para quem é morador.
Lá, a chance de uma ópera como essa dar esse tipo de merda para um mero músico que participou da montagem, é exponencialmente maior, pois os poderosos(e seus parentes, amigos ou correligionários) estão em quase todos os lugares.
Não dá para montar esse tipo de coisa e sair impune em Brasília. E a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco(o músico de cachê da orquestra). Não quer dizer que eu concorde ou ache certo, mas novamente não me surpreende em nada.
Então, vamos com calma. Brasília não faz porra nenhuma. A cidade fica paradinha, no mesmo lugar, como sempre esteve antes de ser construída.
Hashsha! Quando eu digo "Brasília", me refiro evidentemente às pessoas, e não ao universo físico da cidade ou coisa que o valha. Aliás, sempre que me refiro à uma cidade qualquer, penso mais nas pessoas(e no espírito que essas pessoas imprimem no lugar).
Acho que deixei a impressão que eu odeio a cidade, mas não é isso(apesar que ainda a acho estranha, e sempre achei, mesmo quando criança). Mas realmente não moraria mais por lá, caso pudesse escolher. Mas é mais uma questão de relação pessoal minha com o espírito da cidade. Tem gente que adora e se dá super bem com Brasília.
Normalmente eu retorno quase todo ano para o festival de música, e a impressão continua a mesma. Mas agora ela está ainda mais degradada fisicamente em relação ao tempo em que morei por lá(metade dos anos 70 e quase todos os anos 80). Mas isso não é nem culpa dos moradores "comuns", é mais dos limites do próprio projeto inicial e das decisões políticas na área social.
Não sei como era esse tipo de influência da estrutura da esfera federal quando o Rio era capital federal, pois não vivi essa época, mas talvez fosse até parecido.
Critique as pessoas, não faça comentários generalistas que ofendem quem não tem nada a ver com a merda que fulano ou sicrano andam fazendo.
Novamente, eu me referia às pessoas envolvidas, e não ao conjunto da população, obviamente. Só pontuei, que muito provavelmente é devido à esfera federal pesada na cidade, que o caso chegou aonde está.
O próprio maestro se sentiu a vontade para agir daquela forma. Faria isso nos EUA ou SP? Não sei, talvez sim. Mas acho que em Brasília a pressão dos atingidos para que ele atua dessa maneira é maior(a pressão e a carta branca para responder à altura também é maior). O poder de retaliação dos atingidos pela obra, é muito maior em Brasília. E novamente, me refiro às pessoas que comandam e não à população em geral. E sejam elas de onde forem(Brasilienses de nascimento, ou não).
Espero que eu tenha sido claro! Acho que vc também é Brasiliense(ou não...heheh), e talvez tenha ficado ofendido pela forma com que tratei a cidade. Desculpe se foi o caso, mas como expliquei antes, não igualo todos os moradores da cidade no meu comentário. Mas como já me acostumei a me referir às pessoas do centro do poder federal como "Brasília", vc acabou não entendendo.
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Alvaro Henrique Veterano |
# mar/10
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Mas como já me acostumei a me referir às pessoas do centro do poder federal como "Brasília", vc acabou não entendendo.
Como as duas coisas são totalmente diferentes, acho que você faz um bem enorme pra todo mundo se chamar cada grupo de pessoas pelo nome certo.
Quanto ao resto do seu comentário, me atenho a dizer que não concordo com o que você disse. Há coisas que aconteceram que não devo escrever nesse fórum sobre o que algumas pessoas citadas fizeram no passado que contradizem seus argumentos.
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makumbator Moderador
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# mar/10
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Alvaro Henrique
Como as duas coisas são totalmente diferentes, acho que você faz um bem enorme pra todo mundo se chamar cada grupo de pessoas pelo nome certo.
Eu sei disso, mas é o costume já de muitos anos(não consciente)...esse é o problema de se conversar pela internet. Pessoalmente esse tipo de mal entendido não aconteceria.
Quanto ao resto do seu comentário, me atenho a dizer que não concordo com o que você disse. Há coisas que aconteceram que não devo escrever nesse fórum sobre o que algumas pessoas citadas fizeram no passado que contradizem seus argumentos.
Acho que vc se refere à esse comentário aqui, não é?
O próprio maestro se sentiu a vontade para agir daquela forma. Faria isso nos EUA ou SP? Não sei, talvez sim. Mas acho que em Brasília a pressão dos atingidos para que ele atua dessa maneira é maior(a pressão e a carta branca para responder à altura também é maior). O poder de retaliação dos atingidos pela obra, é muito maior em Brasília.
Bem, caso vc ache prudente revelar mais alguma coisa(mesmo que sem citar os nomes de suas "fontes"), sinta-se convidado.
Mas se vc diz que tem maiores detalhes, de dentro, eu acredito. E talvez não seja mesmo muito bom ficar revelando coisas que prejudique outras pessoas, ou agrave a situação de quem já está com problemas(como o clarinestista do episódio).
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Alvaro Henrique Veterano |
# mar/10
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Fonte: http://www.stj.myclipp.inf.br/default.asp?smenu=noticias&dtlh=107839&i ABA=Not%EDcias&exp=
Qui, 25 de Março de 2010. 07:14:00. CORREIO BRAZILIENSE | POLÍTICA NO DF (34) STJ | SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Sob a batuta de Eurides
CAIXA DE PANDORA
Deputada distrital destina R$ 10,5 milhões em emendas parlamentares à entidade que paga o salário de R$ 40 mil do seu genro
Lilian Tahan
A ingerência da distrital Eurides Brito (PMDB) ultrapassa a esfera política. Filmada guardando dinheiro entregue por Durval Barbosa na bolsa, motivo pelo qual é investigada por quebra de decoro parlamentar, Eurides tem forte influência na cena cultural de Brasília. Mais precisamente na Orquestra Sinfônica da capital. Nos últimos três anos (incluindo 2010), ela destinou R$ 10,5 milhões, em emendas parlamentares, uma espécie de orientação de gastos sugerida pelos deputados ao governo, para a manutenção do trabalho dos instrumentistas profissionais. Entre os quais, seu genro, maestro de renome internacional, Ira Levin.
Dos mais de R$ 10 milhões destinados por Eurides, R$ 5,9 milhões se confirmaram em pagamentos bancários endereçados à Orquestra Sinfônica. Cada distrital tem a oportunidade de indicar R$ 5 milhões por ano com emenda para até 40 projetos. Mas Eurides concentrou média anual de R$ 3,5 milhões para a manutenção da orquestra. O curioso é que antes de chegar ao seu destino final, os recursos fizeram escala na Associação de Amigos Pró-Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Por ser considerada de utilidade pública, abre-se a brecha para que a entidade tenha condições de receber o dinheiro sem a necessidade de licitação, procedimento criado justamente para evitar direcionamento de verba pública. A autoria do projeto que confere essa qualidade à associação também é de Eurides Brito. Em 14 de maio de 2008, a distrital conseguiu a aprovação da Lei nº 4.145, que declara de utilidade pública à entidade. Entre as obrigações contratuais da associação está a de pagamento do salário de R$ 40 mil ao maestro Ira Levin.
Mesmo diante da natureza diferenciada da associação, três pareceres elaborados pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal em 2007, 2008 e 2009 orientaram que o vínculo entre a associação e a Orquestra Sinfônica deveria ser feito por meio de licitação, a menos que se apresentassem argumentos capazes de justificar a assinatura de convênio com a dispensa de concorrência pública. "A proposta apresentada nos autos poderia ser levada a efeito, todavia, há de se comprovar comunhão de ações voltadas para o alcance do objeto do convênio, do contrário, restaria configurada uma relação meramente contratual em que uma das partes presta o serviço e a outra processa a remuneração. E, nesse caso, o caminho apropriado seria o da licitação. Esses pareceres foram endossados pela própria assessoria jurídica-legislativa da Secretaria de Cultura, que orientou "cumprimento integral" dos documentos.
Material gráfico Apesar da suspeita de contrariedade legal, os convênios foram celebrados. E desde novembro do ano passado são objeto de investigação do Ministério Público do Distrito Federal. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) se debruça sobre o caso para conferir, por exemplo, despesas da associação com material gráfico. Em 2009, a intenção da entidade era a de gastar quase R$ 1 milhão para a impressão de 152,2 mil revistas com informações sobre os concertos da Orquestra Sinfônica. Todo o material foi rodado na gráfica Reigraf Editora e Gráfica, que também está sob a mira do MP.
Uma outra desconfiança da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social paira sobre o sistema de contrapartida estabelecido entre a associação e o GDF, que repassa o dinheiro das emendas propostas por Eurides. Uma das obrigações descritas no convênio firmado entre o poder público e a entidade é a de oferecer uma compensação para os repasses autorizados. Essa contrapartida é o pagamento do salário do maestro Ira Levin, conforme está registrado no contrato assinado pelo presidente da Associação de Amigos Pró-Orquestra, Guilherme Quintas. Mas, em vez de bancar o valor, a associação conseguiu patrocínio do Banco de Brasília (BRB) para custear os pagamentos ao maestro. No entendimento do MP, essa triangulação contém indícios de irregularidade, já que repassa ao banco ligado ao GDF o compromisso atribuído à entidade sem fins lucrativos.
Manutenção de atividades
A Associação de Amigos Pró-Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro foi criada em 2007 para receber os repasses de emendas e as doações destinadas às atividades da orquestra. Entre 2007 e 2009, recebeu R$ 5,9 milhões, dinheiro destinado a realizar concertos sinfônicos semanais, concertos didáticos e populares, todos dentro do quadro da temporada da orquestra. De acordo com a deputada Eurides Brito, autora das emendas que autorizam os repasses, o dinheiro era destinado aos pagamentos de maestros e solistas convidados e ao programa de apresentações didáticas para estudantes da rede pública, projeto no qual 20 mil alunos são levados ao Teatro Nacional para assistir a concertos matinais.
A atuação da associação, no entanto, é alvo de questionamento. Além do parecer contrário da Procuradoria do Distrito Federal sugerindo a inviabilidade de realização de convênios com a Pró-Amigos, o próprio secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, admite que já foi aconselhado pelo Ministério Público a deixar de lado a associação. "A associação surgiu na tentativa de criar uma entidade que pudesse receber patrocínios", explica Gorgulho. Em 2010, os repasses já não serão mais feitos por meio da Pró-Amigos e sim diretamente na secretaria, mas a prestação de contas de 2008 e 2009 está sendo investigada pelo MP.
Na orquestra, a dúvida é quanto ao destino dado às emendas de Eurides. Gorgulho alega que os R$ 5,9 milhões aprovados para 2008 e 2009 são pouco para manutenção das atividades da orquestra. Como é um órgão público, os salários dos músicos são pagos pelo GDF e não estão incluídos nesses repasses, que seriam dedicados exclusivamente à contratação de solistas e maestros convidados, pagamento de lanche e ônibus aos alunos dos Concertos Didáticos, impressão de material gráfico para as apresentações semanais da orquestra, renovação de repertório, concertos populares e pagamento de cachês de músicos. "Essa orquestra tem um custo muito maior. Começamos a fazer apresentação nas satélites, isso é custo. Quando você tem uma orquestra apenas para tocar na terça-feira, é uma coisa, mas quando você tem uma orquestra que participa mais da vida cultural das cidades, ela tem um custo", diz Gorgulho.
Repasses Eurides defende que o valor é mínimo diante da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), cujo orçamento chega a R$ 43 milhões. No entanto, a orquestra paulistana não é um órgão público e o orçamento, também mantido com repasses do governo estadual, inclui pagamento dos músicos, manutenção de uma academia de aperfeiçoamento profissional, entre outros.
A Pró-Amigos também é responsável pelo pagamento do salário do maestro, que, segundo Gorgulho, não passaria de R$ 25 mil. Esse valor estaria incluído nas contas da associação como uma contrapartida de patrocínio para o convênio firmado pela Pró-Amigos com o BRB, cujo logotipo aparece estampado nos banners que ornamentam o palco nos concertos semanais. "A associação obteve patrocínio para o maestro através do BRB, tal como ocorre com outras orquestras. O patrocínio foi aprovado em todas as instâncias do banco, que exige relatórios mensais documentando todas as atividades para reavaliação do retorno social", diz Guilherme Eduardo Quintas, presidente da Pró-Amigos de 2007 a 2009.
Ira Levin, genro de Eurides Brito, assumiu a regência da orquestra em janeiro de 2007. Maestro experiente com passagem pela Ópera de Frankfurt e de Bremen, nascido em Chicago (EUA), Levin já foi regente da Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo. "O maestro é profissional internacional e casou-se em Nova York com a minha filha. A vinda dele para Brasília se deu a convite do então governador Arruda, que tem um filho que estuda música nos Estados Unidos e assistia muito aos concerto de Ira Levin no Teatro Municipal", diz Eurides, em nota enviada ao Correio. "As intrigas, invejas, ciúmes existem em todos os meios e sempre crescem quando há trocas de governos. Então estamos em momento propício para tal."
O secretário de Cultura lembra que houve um impasse na escolha do maestro durante a troca de governo em 2007. Gorgulho sugerira o maestro Júlio Medaglia, mas um compromisso político impediu a nomeação. "O Arruda me falou 'tenho um compromisso com a Eurides, conheço o genro dela, ele está vindo para Brasília e é um maestro de primeira grandeza e gostaria que fosse ele'", diz o secretário. "Não tem cargo de maestro. Quando ele veio pra cá, criei um cargo de assessor para assuntos artísticos, que era de R$ 5 mil. Ele nem tomou posse porque ainda não tinha visto. Ficou dois, três meses sem receber e encontramos a forma do BRB." O maestro Ira Levin não quis se pronunciar sobre o assunto. (LT)
A "deputada da bolsa"
A distrital Eurides Brito (PMDB) foi um dos três deputados que mais se desgastaram com a Operação Caixa de Pandora. Ela aparece em vídeo gravado pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa guardando dinheiro de origem suspeita em sua bolsa, o que lhe rendeu a pecha de a "deputada da bolsa". Ao se reunir com Durval com o objetivo de apanhar o dinheiro, Eurides tomou o cuidado de trancar a porta da sala onde o ex-secretário costumava distribuir as notas reunidas em maços. Em função do flagrante e da citação no Inquérito nº 650, que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eurides responde a um processo por quebra de decoro parlamentar na Câmara. Diferentemente dos outros dois distritais — Júnior Brunelli e Leonardo Prudente —, que também são filmados recebendo dinheiro, Eurides não renunciou ao mandato. Diz que vai enfrentar o processo até o fim e em entrevistas recentes tem afirmado que o dinheiro teria sido enviado por Joaquim Roriz para ajudá-la a quitar dívidas de campanha. (LT)
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