Função social da música?

Autor Mensagem
J. S. Coltrane
Veterano
# mai/08


Partindo de algumas discussões que rolaram aqui [principalmente em http://forum.cifraclub.com.br/forum/13/120706/
http://forum.cifraclub.com.br/forum/13/176394/], proponho uma pequena reflexão:

- Qual a função da música? Ela deve ter uma função?
- Para que [ou quem] ela serve?
- Se a idéia de uma arte revolucionária ainda tem lugar no presente.

Entre a idéia grega da música das esferas e de uma harmonia universal até o mero suporte ideológico [no sentido de falsa consciência] que faz da música um anestésico, o que temos hoje?

E aí?

Ricnach
Veterano
# mai/08
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Hoje em dia podemos escutar musica porque ela expressa um sentido musical, e tão somente isto.

O uso que ideologias podem fazer da musica, que a industria cultural e mesmo outros ramos, é muito vasto, pois o ser Humano é capaz de agregar valor a qualquer atividade ou objeto no mundo.

Sim, a Jovem guarda serviu como uma luva para o propósito de alienar a população de questões políticas da época.

O dodecafonismo, sem aludir a uma concepção politica foi mais revolucionaria do que o pensamento anarquista..

E assim vai, mas, para mim, o que interessa, é manter minha percepção sempre mais e mais amplas, capaz de entender mais e mais e de pensar mais e mais sobre a matéria musical.

Jabijirous
Veterano
# mai/08
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- Qual a função da música? Ela deve ter uma função?

Tem!! ao meu ver é uma forma de se comunicar, seja ela de uma forma positiva ou negativa!

- Para que [ou quem] ela serve?

Isso é complicado, hj em dia serve pra ganhar dinheiro, afinal é um produto e vivemos num pais capitalista, ou seja, se eu produzo eu tenho que vender!!


Entre a idéia grega da música das esferas e de uma harmonia universal até o mero suporte ideológico [no sentido de falsa consciência] que faz da música um anestésico, o que temos hoje?

Um simples produto! só!

é por isso que viver de música é complicado! :P tem gente que não quer fazer produto para ser consumido para classe X só para y, só que o y tem 2% de consumidores, e X tem 98%! ou o cara desiste da música, ou ele vai fazer o produto para ser consumido para classe X para manter o produto da classe y!

J. S. Coltrane
Veterano
# mai/08
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Ricnach
Jabijirous

Realmente, a questão da comunicação eu vejo como o mais importante. Sendo universal, a música pode nos tirar das mônadas que diversos mecanismos sociais nos colocam. Isso é potencialmente revolucionário.

Um simples produto! só!

Aí não estamos falando de arte. Aí o que teremos é simplesmente falsa consciência.

Não acho que a arte possa se colocar do lado de fora, pois ela nunca esteve em tal lugar. Ela, como o pensamento, deve ser uma insurgência, um incômodo...

Ricnach
Veterano
# mai/08
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J. S. Coltrane


Mônada não significa enclausuramento, a mônada é um conceito, em Leibniz, que diz ser a mônada o elemento mais simples do universo, mais simples que o atomo em sentido moderno, pois é o elemento do qual não se pode subtrair nada, e exatamente porque o universo é composto por este elemento, cada unidade destas reflete também tudo aquilo que não é ela, ou seja, tudo está nela na mesma medida em que não está, micro e macro se implicam neste conceito.
A partir de uma mônada podemos ler todo o destino daquilo que não é ela, neste sentido, a musica me parece se comportar de modo similar, de repente apenas uma simples peça solo, possui um universo absurdamente inesgotável, e mesmo sendo apenas uma peça que apenas se significa, acaba significando todo o nosso mundo... ou seja, se nos privarmos das experiências musicais, estaremos nos privando da mundo e da vida.

J. S. Coltrane
Veterano
# mai/08
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Ricnach

Essa foi boa!

Eu queria dizer mônada no sentido de claustro mesmo. Mas o que voce colocou foi muito bom!

Jabijirous
Veterano
# jun/08 · Editado por: Jabijirous
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Aí não estamos falando de arte. Aí o que teremos é simplesmente falsa consciência.

a arte não pode ser vendida?? coitado do artista então, faz arte pra ele mesmo!! ninguem vê, ninguem escuta, ninguem sabe o q existe!! ah mas ele tem outra profissão?? não? como ele sobrevive?

beethoven, coitado, ta fora do teu pensamento, junto com mozart e haydn pois todos vendiam suas músicas para o sustento!

J. S. Coltrane
Veterano
# jun/08
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Jabijirous

Se a arte é só [e somente só] um produto e não vai além dessa condição, simplesmente não é arte. Como a arte vai se reproduzir se não há nada além da mercadoria?

No tempo desses falecidos citados por você, mesmo que eles fizessem por dinheiro, ainda podiam fazer exigências e ter um mínimo de autonomia. Essa autonomia virou pó na atualidade.

Echo Delta
Veterano
# jun/08
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Autonomia? O mecenato não permitia tais frescuras.

Beethoven "só" manifestou seu desconforto.

Wagner foi quem rompeu com as amarras.

E, por favor, sem essa de jogar a culpa no "capitalismo" e clamar por "políticas de estado"...

Mônada? A arte + pessoal e única, por ser tão íntima e particular, acaba por harmonizar-se com cada um de nós, individualmente e, portanto, com todos.

Jabijirous
Veterano
# jun/08
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J. S. Coltrane

Claro que é, eu faço uma música geral gosta, mas eu não vendo pq ela é taxada de arte??

Hj em dia é sim dificil de fazer algo rebuscado pq o povo não vai entender, não tem cultura ou conhecimento para entender algo além da ivete sangalo, isso é FATO!

pó, pó ainda não virou! ainda temos alguns grupos que tenta segurar a barra!

Echo Delta

impossivel não colocar culpa no capitalismo, afinal foi ele quem tirou as músicas das escolas, as praticas de coro das empresas e por ai vai. as empresas precisam cortar gente, o primeiro a sair é o setor de música, o regente do coro! as escolas precisam cortar gastos, a primeira a sair é o curso de artes que envolte, música, teatro e por ai vai!

se você vive de música, ainda mais sendo compositor, você precisa ter algo pra vender! se você vive de tocar, voce tem que ter algo pra vender! senão você morre de fome

Bicho, a gente saiu fora do tópico legal ehauehiauhea mas ta bonito, o papo ta bom então vamos continuar!

Echo Delta
Veterano
# jun/08
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Jabijirous

Estamos falando do mesmo capitalismo? Não sei...

Se combinarmos q capitalismo é um sistema econômico fundamentado na propriedade privada, q visa o lucro, em q a competição e o mercado regulam os preços, etc... bem, acho q tu está errado.

Por outro lado, se combinarmos q capitalismo é o "selvagem" sistema econômico em que prevalecem as regras do lucro sob qualquer pretexto e onde as manobras regulam os preços... bem, aí acho q tu está bem próximo da verdade.

De qualquer forma, teus argumentos são respeitáveis e coerentes.

O "problema" é q não existem opções fora do capitalismo... outros sistemas falham em gerar e distribuir riqueza... sequer sustentam as mordomias da elite por tempo históricamente palpável... o PC Chinês q o diga.

Enfim... arrisco palpitar q a "vulgarização" da arte tb pode ser atribuída à ascenção social/econômica das massas ao mercado de consumo. Então, benefícios para o povão gerando malefícios para a cultura? HEhehehe...

J. S. Coltrane
Veterano
# jun/08
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A função social da música seria também uma forma de educação, como o Jabijirous colocou. Na medida em que a pressão por remunerar a propriedade aumenta, a arte cai fora. Quando ela cai fora, toda a proposta de educação vai para o ralo. Porque ciência e arte não podem ser separadas, só no reino da técnica capitalista e da razão instrumental. Mas a beleza ainda persiste, e isso é o mais legal.

Se combinarmos q capitalismo é um sistema econômico fundamentado na propriedade privada, q visa o lucro, em q a competição e o mercado regulam os preços, etc... bem, acho q tu está errado.

Isso leva à selvageria do mercado. Acreditar na "mão invisível" é acreditar em uma teologia barata e ideológica. O capital não visa o lucro, ele visa reproduzir a si mesmo. O lucro é só o meio.

Echo Delta
Veterano
# jun/08 · Editado por: Echo Delta
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J. S. Coltrane

Pois é... falta combinar o q é o tal capitalismo.

E depois de colocar chifrinhos, rabo e orelhas pontudas no dito cujo, vamos falar da "teologia barata e ideológica" q tu mencionou, ok?

Dogs2
Veterano
# jun/08
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- Qual a função da música?

Expressão, não comunicação: para o músico
Apreciação: para o ouvinte e para o músico

Ela deve ter uma função?

Tudo tem uma função.

- Para QUEM ela serve?

Cruamente, para quem ouve e quem a faz. Mas dependendo do contexto histórico, da letra, etc. ela pode servir pra mais coisa como unir pessoas para uma revolução política

- Se a idéia de uma arte revolucionária ainda tem lugar no presente.

A vanguarda deixou um imenso buraco entre a música "normal" e o total experimentalismo. O que músicos como Frank Zappa estavam fazendo é preenchendo esse buraco, até surgir outra "revolução" (nem sei se é esse o termo)

Echo Delta
Veterano
# jun/08
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Dogs2
O que músicos como Frank Zappa estavam fazendo é preenchendo esse buraco, até surgir outra "revolução"...

F. Zappa:
"Falar sobre música é como dançar sobre arquitetura"

...

Dogs2
Veterano
# jun/08 · Editado por: Dogs2
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Echo Delta
eu também sou adepto dessa frase hahah
por isso demorei pra postar aqui, e mesmo postando falei pouca coisa e só o óbvio

J. S. Coltrane
Veterano
# jun/08
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Echo Delta

Eu não coloquei rabinho em nada. Só digo que os problemas da arte [e da sociedade] não serão resolvidos pelo mercado. Isso é ideologia [no sentido de falsa consciência]. E fique tranquilo porque eu não quero "políticas públicas" porque também não acredito no estado.

Mas ainda acredito no potencial revolucionário da música.

Frank Zappa falava muito sobre a música, acho que ele gostava de "dançar sobre arquitetura".

Echo Delta
Veterano
# jun/08
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J. S. Coltrane

Só digo que os problemas da arte [e da sociedade] não serão resolvidos pelo mercado.

Sim, certíssimo... e nem poderia ser de outra forma.

E fique tranquilo porque eu não quero "políticas públicas" porque também não acredito no estado.

Eu ficaria + tranquilo se a maioria das pessoas tb compartilhassem desse mesma lucidez. Parabéns!


Dogs2

Sim, ele gostava de "dançar sobre arquitetura, como bem salientou o J.S.Coltrane... mas tb deixou bem clara a dificuldade da tarefa.

Um abração aos amigos...

Zero Zen
Veterano
# jun/08 · Editado por: Zero Zen
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Jabijirous

impossivel não colocar culpa no capitalismo, afinal foi ele quem tirou as músicas das escolas, as praticas de coro das empresas e por ai vai. as empresas precisam cortar gente, o primeiro a sair é o setor de música, o regente do coro! as escolas precisam cortar gastos, a primeira a sair é o curso de artes que envolte, música, teatro e por ai vai!

se você vive de música, ainda mais sendo compositor, você precisa ter algo pra vender! se você vive de tocar, voce tem que ter algo pra vender! senão você morre de fome


MEU DEUS !!!!

Como o capitalismo tem as costas largas !

Se patrocina a arte é porque ela é alienante.

Se não patrocina o ensino e a arte é porque ela não dá lucro.

VALHA-ME DEUS !!!!

Bom é o Comunismo e o Socialismo com sua arte utilitária, ou seja, aquela que serve para doutrinar e dominar os povos.

Se o artista for divergente ou tiver idéias próprias ou libertárias vai ficar esperando sentado o financiamento estatal.

Isso se ele não cair na lista negra do Partidão, ou amanhecer com a boca cheia de formiga.

Quem tiver tempo e boa vontade leia os seis volumes de Memórias de Ilya Ehremburg, um comunista de primeira hora, que inobstante tal fato, depois de velho, reconheceu o "tratamento" dado aos artistas que não compactuavam com o Libertário Regime Soviético.

Para a arte, como para tudo, Winston Churchill tinha razão:

A DEMOCRACIA CAPITALISTA É O PIOR DOS REGIMES, EXCETUADOS TODOS OS OUTROS.

Quem divergir pode ir fazer sua produção cultural em CUBA, isso se o Comandante Castro concordar com o teor dela e resolver financiá-la.

T+.

Jabijirous
Veterano
# jun/08
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a música tem uma função que é pouco conhecida, é a músicoterapia, esse mercado vem crescendo aos poucos, ainda não virou um bum, mas ta chegando lá, é só o povo saber realmente que música não é só pra dançar pular, da clima de comer a namorada, nada contra, até pq é uma das funções tb, pq não?

sobre musicoterapia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Musicoterapia

Echo Delta
Veterano
# jun/08
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Zero Zen

Excelente. Objetividade e clareza para enterrar a ladainha anti-capitalista...


Jabijirous

"a música tem uma função que é pouco conhecida, é a músicoterapia, esse mercado vem crescendo aos poucos, ainda não virou um bum, mas ta chegando lá"

Q beleza... a expressão "mercado" em um contexto positivo. Boa lembrança.

Mas, atribuir previamente uma função ou encargo objetivo para a música, contaminaria o processo criativo?

Jabijirous
Veterano
# jun/08
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Echo Delta

Mas, atribuir previamente uma função ou encargo objetivo para a música, contaminaria o processo criativo?

e pq contaminaria??

Echo Delta
Veterano
# jun/08
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Jabijirous

Foi uma pergunta... Melhor, uma divagação estúpida, pq a reposta é SIM, na caso da "música pop" + rasteira, pq a resposta é NÃO, no caso da musicoterapia, pq uma resposta razoável depende de inúmeros fatores... Sorry.
...

Mas a "sessão divagação" anterior é interessante...

"a "vulgarização" da arte tb pode ser atribuída à ascenção social/econômica das massas ao mercado de consumo. Então, benefícios para o povão gerando malefícios para a cultura?"

_music_4_ever_
Veterano
# jun/08
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J. S. Coltrane
- Qual a função da música? Ela deve ter uma função?
- Para que [ou quem] ela serve?


Eu acho que actualmente a Música tem muito a função de implementar uma mensagem. Vemos por exemplo na publicidade, que ela é quase sempre usada, por várias razões. Primeiro, serve para chamar a atenção do público (se reparmos bem, quando passa de um programa qualquer que estamos a ver para os anúncios até parece que o volume da tv aumenta - na realidade não é o da nossa tv, mas o da estação televisiva). Depois, há a mensagem. Sabe-se que memorizamos qualquer coisa mais facilmente através de uma melodia. Assim é muito mais fácil passar a sua mensagem anexa.

Vemos também o fenómeno acontecer maioritariamente na designada música comercial, em que o que interessa quase sempre é o estilo e a mensagem que a canção transmite. Sendo assim, a música torna-se um importante "identificador de estilos". Criaram-se estereótipos à volta da personalidade das diferentes pessoas que ouvem estilos distintos. Daí que saber o estilo de música que a pessoa prefere seja importante no nosso dia-à-dia, porém, muitos dos estereótipos ligados a isso são erróneos e limitam o crescimento e desenvolvimento da personalidade das crianças e jovens, inibindo muitas vezes parte desta.

A Música, enquanto transmissora de ideias, é também um factor a considerar na política. Através dela é mais fácil o demagogo fazer com que a sua ideia seja implementada e mais dificilmente "arrancada" da mente, estando o público anestesiado por ela. Num Regime ditatorial, este tipo de Arte é também bastante controlada, devido a este poder, a esta poderosa função que ela exerce sobre nós. Na Antiga China acreditava-se que se a música de um país é calma e harmoniosa, consonante, então o reino também o é; mas se sucede o contrário e a música é ruidosa, dissonante, sedutora, servindo os propósitos da vida material, o reino está em perigo de ruptura.

Assim, a Música hoje em dia, tem uma função capitalista, comercial, de definição da personalidade e da expressão da mesma, de simplicação aquando do acto do conhecer, devido aos estereótipos a associados aos diversos estilos de música. Tem também uma função terapeutica.


- Se a idéia de uma arte revolucionária ainda tem lugar no presente.

Gostava que me esclarecesse melhor o que quer dizer com "arte revolucionária".

Entre a idéia grega da música das esferas e de uma harmonia universal até o mero suporte ideológico [no sentido de falsa consciência] que faz da música um anestésico, o que temos hoje?

Acho que o que temos hoje é essencialmente a vertente da música como "anestésico", visto que temos a publicidade a fazer uso dela e os demagogos, tornando a música num acessório puramente comercial. Enquanto houver esta sede de capitalismo, a música continuará a funcionar assim.

J. S. Coltrane
Veterano
# jun/08
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_music_4_ever_

Ao meu ver, "arte revolucionária" seria uma redundância. Ela deveria estar fora do esquema que voce apontou, mais isso é [quase] impossível. Algo como:

"E é verdade que a vida às vezes nos traz alguma coisa surpreendente, fresca, que não se entende, que é bela, bela porque nos agrada, bela porque espanta o pó do pensamento, bela mesmo porque resiste ao nosso domínio"

[in http://cidadedosonho.blogspot.com]

john_joao
Veterano
# jun/08
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há um pensamento de Heideger que diz mais ou menos:
" a cultura deve estar impregnada de arte, mas a arte, por si só, é totalmente desvinculada da cultura."

Ricnach
Veterano
# jun/08
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john_joao

Concordo.


Acho que o pessoal perdeu um pouco o foco da questão.

É claro que a função social da música sempre vai se modificar, dependendo do momento cultural presente. Hoje tem função terapeutica, mistica, de propaganda, função industrial (produto de venda) etc...

Porém, os músicos não se interessam por estas funções, mesmo que possa fazer uso deles, o ouvido musical, artistico, é aquele dedicado a um conteúdo musical próprio a uma experiência que alguns momentos culturais acabam por cobrir... mas que outros momentos culturais já facilitaram sim, o Romantismo por exemplo, foi um momento cultural muito propicio para os musicos.. até maior que o classicismo!

Não considero Wagner maior que Beethoven ou Bach, a questão não são os problemas materiais que os musicos enfrentam mas sim como superam... imagine só um Mestre de Capela, um operário da igreja como foi Bach construir a obra monumental que criou.. ao mesmo tempo Wagner ganhou todo o conforto da nobreza que antes desprezava... condições opostas mas ambas bem sucedidas.

_music_4_ever_
Veterano
# jun/08
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john_joao
mas a arte, por si só, é totalmente desvinculada da cultura

não sei se será isso totalmente verdade...Vemos os estilos dos compositores serem influenciados pela sua própria cultura de fundo, por exemplo, temos VillaLobos com a sua música inspirada em rítmos e harmonias brasileiras, ou Bach (já que Ricnach tocou nele) que era bastante influenciado pela música alemã (compositores como Buxtehude, Fisher, Pachelbel, etc).

O compositor, enquanto pessoa, durante o seu desenvolvimento social é primariamente influenciado pela música das suas raízes, do seu background cultural, ou seja, pela música que os seus pais ouvem ou tocam e por aquela que lhe é dada a conhecer, nomeadamente tv, rádio, concertos, arraiais...Nesta etapa, está o compositor a formar a sua própria individualidade, o seu próprio estilo. Depois disso, ele continua a ser influenciado pelos factores culturais, principalmente dos do país que ele habitar.

Sendo um compositor, ele necessita continuamente de novas fontes de inspiração para que o processo de criação musical tenha por produto algo original (pois actualmente no campo erudito, a "batalha" é para ver quem é o mais original e excêntrico). Então, muitas vezes ele recorre ao estudo de música de outras culturas, sendo assim influenciado por estas outras culturas.

Logo, considero que tanto a cultura como a arte se influenciam numa interacção mútua e contínua.

_music_4_ever_
Veterano
# jun/08
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J. S. Coltrane

"Arte Revolucionária"...sinónimo de originalidade, ruptura de ideias predefinidas e de estereótipos?

Acho que isso será sempre possível de existir, na medida em que o Homem progride com o passar dos tempos...Mudam-se as mentalidades, os ângulos de visão sobre determinado aspecto...Basta olharmos para a nossa História, para o nosso Passado Musical para vermos que ainda podemos evoluir bastante.

john_joao
Veterano
# jun/08 · Editado por: john_joao
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_music_4_ever_

concordo plenamente com tudo que tu escreveu, porém quando Heideger fala em ser desvinculada da cultura. é com referência ao ver da arte. por exemplo: o pensador de rodin, é uma obra de arte independente do tempo, e do lugar, capaz de provocar um "rasgo"(riss) . é essa desvinculação, isenção e choque que para ele toma algo como obra de arte.

quanto a questão do processo de criação como você expôs eu também considero corretíssimo.

afinal, somos ou não produtos do meio? e a arte também não será fruto dessas inclinações?

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