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Autor Mensagem
Fidel Castro
Veterano
# dez/16 · Editado por: Fidel Castro
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brunohardrocker

mesmo em Ciências Socias na FFLCH, a grade de professores e assuntos abordados era bem plural

o movimento estudantil que não era, mas os professores sérios nem se envolviam com aquele vespeiro

essa 'doutrinação' que tanto se fala ocorre no P2P mesmo, no âmago dos movimentos estudantis, passando até pelas festas

ocorre pois é evidente que o mundo tá todo cagado e é um puta de um absurdo, além do choque de expectativas natural entre adolescência e vida adulta. a crítica a tudo e todos é sempre atraente, infelizmente ela fica por aí mesmo e se institucionaliza afinal, os agentes críticos precisam comer também.

além de que, entre liberdade individual e libertação coletiva, fica meio óbvio qual é mais atraente na retórica. fica fácil jogar pro campo da mesquinharia e egoísmo contra empatia e altruísmo

One More Red Nightmare
Veterano
# dez/16
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Eu parto do axioma da virtude inata, esse papo de beber de diversas fontes é coisa de poucos, de quem é intelectualmente inconformado por natureza.

Acaba que essa virtude é uma va normalmente distribuída, e a conclusão é que a maioria tenderá a viver num eterno confirmation bias.

brunohardrocker
Veterano
# dez/16
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Fidel Castro
One More Red Nightmare

Boa!

Leo Zanon
Veterano
# dez/16
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dr. Rey

Por que você não faz um mês do curso de filosofia dele?

Pagando?? Nem fodendo!

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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brunohardrocker
Eu acho que seria melhor que as pessoas tivessem uma grande quantidade de fontes, uma preocupação em compará-las, formassem suas opiniões apenas depois de muito estudo, etc, etc, etc, o que eu não acho é que alguém vá conseguir que isso ocorra por força de lei.
Uma lei desse tipo só iria servir pra desestimular o estudo altamente especializado e criar uma generalização do relativismo doutrinário/epistemológico, uma geração de professores de cursinho.
Eu estudo numa quantidade enorme de fontes, mas, quando eu assisto uma aula opto pelas ministradas por professores altamente especializados, que, dificilmente são sujeitos imparciais, essa neutralidade que exigem só é possível em professores ruins.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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Eu fico imaginando algumas coisas, tipo, se o Scruton fosse professor de estética no Brasil, ele ia ter que usar metade da aula pra explicar como a teoria da estética marxista é igualmente boa? Ou o Mises ia ter que usar 50% do tempo demonstrando os pontos positivos do intervencionismo?

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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Acho que rola meio que uma presunção de desonestidade intelectual do professor, tipo, o sujeito não pode ensinar marxisticamente, ou liberalmente porque ele estudou marxismo ou liberalismo a vida inteira e tem milhares de razões coerentes para tal. Se ele ensina assim é porque ele quer doutrinar todo mundo.
Vamos chamar o Keynes pra professor convidado, mas metade do tempo ele vai ter que ficar explicando porque a visão dele está errada. (eu sei que ele morreu, One More Red Nightmare)

brunohardrocker
Veterano
# dez/16
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Black Fire

Na minha defesa ao Escola Sem Partido, por exemplo, eu deixei claro que não espero mudança alguma por força da lei. Mas por força do burburinho que está se levantando em torno disso.
Num porão abandonado e empoeirado, qualquer movimento para sacudir a poeira é válido.

Não espero mesmo que professores sejam isentões. Mas também que não sejam bunda moles. Defendam o caralho em sala, mas estimulem a buscar o contraditório.

Fidel Castro
Veterano
# dez/16
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brunohardrocker

vale lembrar que se eu fiz minha pós em batata frita do Burger King, significa que em algum momento passado eu defendi a dita batata contra uns 5 catedráticos com PhD argumentando contra usando a batata do Mc Donald's

e passei.

é isso que o BF quer dizer

brunohardrocker
Veterano
# dez/16
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Fidel Castro

contra uns 5 catedráticos com PhD em batata do Burger King

One More Red Nightmare
Veterano
# dez/16
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Bernie sanders ftw

brunohardrocker
Veterano
# dez/16
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Tenho uma amiga professora de história. Foi cursar lá no interior do uruguay do norte.

Conversa vai, conversa vem, eu entrei nos bastidores. E a parada é com todas as letras: É entrar na faculdade com o sonho de lecionar, e sair com a missão de formar militantes da revolução. Olhei para seus colegas, e tudo se repetia. Iguaizinhos.

E isso atropela qualquer ideia de resolver a parada por outras vias, como estar no ensino médio com planos de sair dali e se tornar um burguês fedido que pensa em si mesmo. Isso é pecado. A não ser que, por sorte, você conheça o outro lado num curso tecnico ou de exatas.

Enfim, eu não consigo admitir que se fale sobre um assunto (economia) ignorando os autores (de economia) que você não gosta ou não passaram pra você na faculdade. Não questão de ser isentão ou imparcial, é que você está ignorando informações e ocultando conhecimento mesmo.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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brunohardrocker
Se você é a favor do burburinho, deveria apoiar o burburinho, se apoia uma lei é bom pensar bem nas consequências de uma canetada.

Sobre a professora de história, realmente eu desconheço historiografia séria que não seja marxista ou, pelo menos, meio marxista, e olha que eu já tentei achar, qual é a alternativa? Fiquei curioso.

One More Red Nightmare
Veterano
# dez/16
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Black Fire
A bibliografia pré aprovada pelo OdC contém vários, po.

alanis morre7
Membro Novato
# dez/16
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Eu admiro o poder de argumentação do Black Fire. Gostei especialmente desses trechos:

Não, eu acho que o professor quanto mais parcial melhor. Não acredito em ninguém que estuda a vida inteira e sai por aí dizendo que todas as teorias são boas e merecem ser ensinadas, isso aí é coisa de hippie, ou de professor de cursinho. Professor de faculdade bom dificilmente se especializa em mais de um autor, imagina ser versado em todas as escolas de pensamento pra poder ensiná-las de forma imparcial. Meu charlatômetro não me deixa acreditar nisso.

Acho que rola meio que uma presunção de desonestidade intelectual do professor, tipo, o sujeito não pode ensinar marxisticamente, ou liberalmente porque ele estudou marxismo ou liberalismo a vida inteira e tem milhares de razões coerentes para tal. Se ele ensina assim é porque ele quer doutrinar todo mundo.
Vamos chamar o Keynes pra professor convidado, mas metade do tempo ele vai ter que ficar explicando porque a visão dele está errada
.

Concordo plenamente.

dr. Rey
Membro Novato
# dez/16 · Editado por: dr. Rey
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Black Fire
Não acredito em ninguém que estuda a vida inteira e sai por aí dizendo que todas as teorias são boas e merecem ser ensinadas

"[...] my husband surely advised the students to read what their professor asked them to read. 'But read not only that,' he must have said, 'read more. Read everything about the subject from every point of view, be it socialist-Marxist, liberal, libertarian. Read with an open mind. Learn to think. Only when you know your subject from all sides can you decide what is right and what is wrong. Only then are you ready for a discussion, because you can answer all questions, even those your opponents will throw at you'".

(MISES, Margit von. My years with Ludwig von Mises. New York: Arlington House, 1976, p. 173.)

Eu fico imaginando algumas coisas, tipo, se o Scruton fosse professor de estética no Brasil, ele ia ter que usar metade da aula pra explicar como a teoria da estética marxista é igualmente boa? Ou o Mises ia ter que usar 50% do tempo demonstrando os pontos positivos do intervencionismo?

Cada caso é um caso. Quanto mais controverso um tema, maior o ônus do professor de justificar a sua opção por uma teoria em particular e não pelas demais.

Você aceitaria que o Carl Schmitt pregasse o nazismo em sala de aula como se estivesse falando a um congresso da Juventude Hitlerista?

, isso aí é coisa de hippie, ou de professor de cursinho.

No Instituto Rio Branco (academia diplomática do Itamaraty e referência mundial na área), os alunos são obrigados a, antes mesmo de ingressarem lá, conhecerem de cor e salteado todas as teorias da área (realismo, neorrealismo, realismo periférico, idealismo, institucionalismo, construtivismo, etc.).

Em Harvard, o curso de filosofia mais badalado é o ministrado pelo Michael Sandel, que ensina sobre o tema da justiça explorando o ponto de vista de diversas correntes (aristotélica, kantiana, libertária, utilitarista e socialista).

Acho que rola meio que uma presunção de desonestidade intelectual do professor, tipo, o sujeito não pode ensinar marxisticamente, ou liberalmente porque ele estudou marxismo ou liberalismo a vida inteira e tem milhares de razões coerentes para tal.

"My reasons for hating National Socialism from the time I first got acquainted with it in the 1920s can be reduced to very elementary reactions. There was in the first place the influence of Max Weber. One of the virtues that he demanded of a scholar was 'intellektuelle Rechtschaffenheit,' which can be translated as intellectual honesty.

I cannot see any reason why anybody should work in the social sciences, and generally in the sciences of man, unless he honestly wants to explore the structure of reality. Ideologies, whether positivist, or Marxist, or National Socialist, indulge in constructions that are intellectually not tenable. That raises the question of why people who otherwise are not quite stupid, and who have the secondary virtues of being quite honest in their daily affairs, indulge in intellectual dishonesty as soon as they touch science.

That ideology is a phenomenon of intellectual dishonesty is beyond a doubt, because the various ideologies after all have been submitted to criticism, and anybody who is willing to read the literature knows that they are not tenable, and why. If one adheres to them nevertheless, the prima facie assumption must be that he is intellectually dishonest. The overt phenomenon of intellectual dishonesty then raises the question of why a man will indulge in it.

That is a general problem that in my later years required complicated research to ascertain the nature, causes, and persistence of states of alienation. More immediately, on the overt level that imposed itself, it caused my opposition to any ideologies -- Marxist, Fascist, National Socialist, what you will -- because they were incompatible with science in the rational sense of critical analysis. I again refer back to Max Weber as the great thinker who brought that problem to my attention; and I still maintain today that nobody who is an ideologist can be a competent social scientist".

(VOEGELIN, Eric. Autobiographical reflections. Columbia: University of Missouri, 2006, pp. 73-74).

Uma lei desse tipo só iria servir pra desestimular o estudo altamente especializado e criar uma generalização do relativismo doutrinário/epistemológico, uma geração de professores de cursinho.

Estudo especializado só rende bons resultados até um certo ponto. Passou desse ponto, transforma-se em viseira de burro.

Rednef2
Veterano
# dez/16
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dr. Rey
Malzão! Posso andar com você no recreio? Deixa, deixa, deixa *-*

Rednef2
Veterano
# dez/16
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Black Fire
eu desconheço historiografia séria que não seja marxista

Escola dos Annales>>>>>>>

alanis morre7
Membro Novato
# dez/16 · Editado por: alanis morre7
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dr. Rey

Eu acho que ter conhecimentos satisfatórios sobre diversas correntes de pensamento é diferente de se especializar a ponto de ensiná-las de maneira igualitária e imparcial. Os cursos de medicina, por exemplo, primeiro são generalistas e depois a pessoa escolhe alguma área e se especializa nela. Um cardiologista sempre vai ser um melhor professor de cardiologia do que um neurologista, embora o neurologista saiba muito mais sobre o coração do que uma pessoa leiga. Professores de cursinho conseguem fazer um apanhado geral de todas as ideologias que marcaram o desenvolvimento do ocidente porque o conhecimento que eles passam aos alunos é superficial. Aprofundar-se em uma área específica, a ponto de ser o melhor naquele assunto, sempre implica em deixar as outras teorias meio de lado, e é normal o sujeito se apaixonar pelo objeto de seu estudo a ponto de defendê-lo com unhas e dentes em sala de aula, influenciando multidões. O que deve haver em toda instituição de ensino é a pluralidade de pensamentos e o estímulo à leitura para que os estudantes possam buscar suas próprias fontes, ou até contestar o conteúdo que foi apresentado no curso. Eu acredito que as melhores universidades brasileiras já fazem isso, mas é verdade que existem faculdades onde a pessoa literalmente sai mais burra do que quando entrou.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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dr. Rey
Uma coisa é o Mises incentivar os seus alunos a comparação de fontes e o estudo independente, outra coisa seria ele dizer que elas todas podem estar corretas, ou, por força de lei, o que é mais bizarro, o Mises ter que ensinar em sala de aula o lado positivo do intervencionismo, ou coisa do tipo.

Cada caso é um caso. Quanto mais controverso um tema, maior o ônus do professor de justificar a sua opção por uma teoria em particular e não pelas demais.

É, por isso uma lei que interfira na opção do professor, presumindo sua desonestidade, é algo que eu me oponho.


Você aceitaria que o Carl Schmitt pregasse o nazismo em sala de aula como se estivesse falando a um congresso da Juventude Hitlerista?


Isso é uma extrapolação sem sentido, guarde a retórica pra usar no trabalho, cara, que vexaminoso.


No Instituto Rio Branco (academia diplomática do Itamaraty e referência mundial na área), os alunos são obrigados a, antes mesmo de ingressarem lá, conhecerem de cor e salteado todas as teorias da área (realismo, neorrealismo, realismo periférico, idealismo, institucionalismo, construtivismo, etc.).


Os alunos serem obrigados a conhecer é diferente de querer que um simples professor tenha uma formação tão fodida que possa ensinar tudo isso em uma cadeira de faculdade.
Além do mais, é outra extrapolação sem sentido, você não pode esperar que a metodologia de um instituto de ponta como esse seja utilizado no ensino de massa.

Em Harvard, o curso de filosofia mais badalado é o ministrado pelo Michael Sandel, que ensina sobre o tema da justiça explorando o ponto de vista de diversas correntes (aristotélica, kantiana, libertária, utilitarista e socialista).


Tá bom, quando conseguirmos nivelar todos os professores universitários do país ao nível desse senhor, eu apoiarei o ESP.

Uma opinião pessoal do Voegelin tem alto valor de verdade, hein?

Rednef2
Bem lembrado.

alanis morre7
Obrigado.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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Art. 4º. No exercício de suas funções, o professor:

IV - ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas,
apresentará aos alunos, de forma justa, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito;

Vão aumentar a carga horária de história e sociologia pra 80 horas semanais?

Vão impedir que professores especializados em determinados autores ou escolas ministrem aulas?

Vão impedir a especialização?

brunohardrocker
Veterano
# dez/16
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Black Fire
Se você é a favor do burburinho, deveria apoiar o burburinho, se apoia uma lei é bom pensar bem nas consequências de uma canetada.

Quais seriam as consequencias dessa canetada?
Processos, adEvogados e o pau torar?
Sou curiosos para ver tudo isso acontecer.


Sobre a professora de história, realmente eu desconheço historiografia séria que não seja marxista ou, pelo menos, meio marxista, e olha que eu já tentei achar, qual é a alternativa? Fiquei curioso.

Não temos materias de economia no EM. Mas quando a história se toca a falar de economia? Por que os economistas e as escolas da economia não são lecionadas da mesma forma?

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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Só pra brincar de extrapolação:

A justificativa do Projeto de Lei diz que:

9 - Ao estigmatizar determinadas perspectivas políticas e ideológicas, a
doutrinação cria as condições para o bullying político e ideológico que é praticado pelos próprios estudantes contra seus colegas. Em certos ambientes, um aluno que assuma publicamente uma militância ou postura que não seja a da corrente dominante corre sério risco de ser isolado, hostilizado e até agredido fisicamente pelos colegas. E isso se deve, principalmente, ao ambiente de sectarismo criado pela doutrinação;

e o Projeto de Lei:

Art. 4º. No exercício de suas funções, o professor:

V - respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação
moral que esteja de acordo com suas próprias convicções;

Então se a criança foi criada por pais adeptos do supremacismo ariano? Ou forem membros de alguma seita maluca, tipo Meninos de Deus?

brunohardrocker
Veterano
# dez/16
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Black Fire

Lembramos aqui que professor não é o cerne do estudo. O cerne é a leitura.
Não é necessario aumentar cargas horarias para indicar leitura/pesquisa.

Outra proposta seria rever a programação da disciplina e descartar o que é supérfluo ou sobressaliente.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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brunohardrocker

Não é necessario aumentar cargas horarias para indicar leitura/pesquisa.


O PL não diz que o professor será obrigado a indicar leitura/pesquisa, mas que será obrigado a devotar a mesma atenção a cada uma das correntes existentes.

Quais seriam as consequencias dessa canetada?


Insegurança jurídica aos professores, inibição ao ensino especializado, perseguição ideológica, generalização do relativismo doutrinário,debandada de bons professores que são especialistas em determinadas escolas e autores, possibilidade de interferência descabida e totalitária no ensino pelo Estado.


Não temos materias de economia no EM. Mas quando a história se toca a falar de economia? Por que os economistas e as escolas da economia não são lecionadas da mesma forma?


Ilustre tais situações, pra que eu possa pensar a respeito.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16 · Editado por: Black Fire
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Eu acho que o negócio fica ainda mais bizarro, quando nós saímos do genérico e damos nome aos bois.
Vou pegar por exemplo, um dos professores que colaboraram na tradução de um dos livros que estou lendo atualmente, o Professor Ronaldo Vielmi Fortes. Fortes é um dos grandes especialistas em Lukács (que é um autor quase pré-aprovado pelo Olavo de Carvalho, como pode ser visto aqui: https://www.facebook.com/olavo.decarvalho/posts/10153136413307192 , o que lhe confere, presumo, alto valor). Pois bem, esse sujeito passou a vida estudando Lukács, dedicou-se a obra do autor inclusive na sua produção de mestrado e doutorado, como pode ser visto no seu currículo Lates. Se tal professor fosse contratado, digamos, para ministrar uma cadeira de Ontologia, alguém, em sã consciência, espera que ele não vá ministrar uma cadeira influenciada primeiramente pela obra lukácsiana? Mas que, ao invés disso, gaste toda uma cadeira simplesmente mostrando um aparato geral da Ontologia, indicando as infinitas escolas possíveis e, se a cadeira durar menos de uma década, não chegando sequer a tocar o problema?
É difícil de perceber que todas as cadeiras de economia, história e sociologia deveriam ser reduzidas a "histórias de x"?

dr. Rey
Membro Novato
# dez/16 · Editado por: dr. Rey
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alanis morre7

Eu acredito que a função da educação é preparar o aluno para entender o mundo onde vive.

Quando o professor, ao tratar de um tema altamente complexo, controverso e polarizado, com especialistas de todos os cantos do mundo arrancando o rabo um do outro em debates para ver quem está certo, omite-se de ensinar a maior parte daquilo que é debatido sobre esse tema e resolve ensinar apenas a sua opinião pessoal, ele não está preparando o aluno para entender o mundo onde vive.

Está preparando o aluno apenas para entender sua cabecinha egocêntrica -- o que, obviamente, não tem nada a ver com educação e é, na verdade, um grande desserviço prestado a quem está pagando pela aula desse incompetente.

Black Fire
Uma coisa é o Mises incentivar os seus alunos a comparação de fontes e o estudo independente, outra coisa seria ele dizer que elas todas podem estar corretas,

Ele deixou bem claro no trecho que a atitude honesta e prudente é estudar "com a mente aberta", i.e., não tomar partido de teoria nenhuma até conhecê-la em profundidade e compará-la com todas as demais teorias alternativas. Todas as teorias podem, em princípio, ser a teoria correta, até que se prove o contrário.

ou, por força de lei, o que é mais bizarro, o Mises ter que ensinar em sala de aula o lado positivo do intervencionismo, ou coisa do tipo.

Eu não vejo nada de bizarro em o professor ensinar mais de um ponto de vista, quando se trata de um tema controverso. Em absoluto. Na minha área, é a coisa mais comum do mundo.

Em direito civil, por exemplo, aprendemos duas teorias da posse: a subjetiva de Savigny e a objetiva de Jhering. Em direito penal, aprendemos duas teorias do crime: a finalista de Welzel e a funcionalista de Roxin-Jakobs. Em direito internacional, aprendemos duas teorias do reconhecimento de governos ditatoriais: a negacionista de Estrada e a neutralista de Tobar.

Não sei em outros cursos, mas um professor de direito que não conhecesse essas versões concorrentes do mesmo tema jamais seria visto como um estudioso "ultraespecializado", tão erudito na sua própria teoria que não precisasse saber teorias alternativas. Seria apenas um incompetente mesmo.

Mises é um caso diferente. Ele nunca foi professor universitário propriamente dito. Nunca teve uma cátedra. Dava aulas em um seminário particular frequentado por estudantes que o procuravam já cansados da ladainha intervencionista que ouviam dos professores na universidade. É óbvio que não faria sentido ele ficar lá repetindo essa mesma ladainha.

Isso é uma extrapolação sem sentido

Não, não é.

Caso você não saiba, Carl Schmitt é o "jurista maldito", uma espécie de Lorde Voldemort da minha área, que dá calafrios em todo mundo que fala dele.

O cara foi um gênio que deixou contribuições fundamentais em direito constitucional, direito internacional e ciência política (pegue qualquer livro de autoridade nessas áreas e conte quantas páginas demoram até o nome dele aparecer), mas, também, ao mesmo tempo, um nazistão convicto (defendeu apaixonadamente o III Reich e não se arrependeu nem mesmo depois que o Eixo perdeu a guerra e a Alemanha foi ocupada pelos Aliados).

Agora responda à pergunta: o que você acharia de um sujeito com o intelecto dele pregar em sala de aula a Solução Final, à luz exclusivamente de sua ideologia nazista (que ele certamente exporia de maneira competentíssima), sem se dar o trabalho de analisar o mérito das correntes favoráveis à preservação da vida dos judeus? Acharia que isso é educação? =)

Os alunos serem obrigados a conhecer é diferente de querer que um simples professor tenha uma formação tão fodida que possa ensinar tudo isso em uma cadeira de faculdade.

Se até os alunos são obrigados a ter esses conhecimentos, qual você acha que é o nível exigido dos professores que elaboram as provas do concurso que testa esses conhecimentos neles?

Além do mais, é outra extrapolação sem sentido, você não pode esperar que a metodologia de um instituto de ponta como esse seja utilizado no ensino de massa.

Uma escola de massas não precisa ensinar todas as teorias alternativas com o mesmo detalhismo e profundidade que um instituto de ponta.

Mas, se existe controvérsia e se existem teorias alternativas com relevância similar para a disciplina, a escola de massas tem o dever de informar isso aos alunos. O professor que não cumpre esse dever é um vagabundo. Simples assim.

Uma opinião pessoal do Voegelin tem alto valor de verdade, hein?

Bem, eu nunca perdi nada seguindo os conselhos dele sobre integridade acadêmica.

Na graduação, por exemplo, fiz uma monografia no estilo "metralhadora giratória", com o capítulo final reservado somente, somente, somente para criticar uns 7 ou 8 pontos de vista contrários à minha ideia. Calei a boca dos três professores da banca. Quando terminei de falar, um deles disse: "Olha, eu vou te fazer uma pergunta besta e bem idiossincrática aqui, só para não quebrar a isonomia e os outros alunos não virem me acusar de favorecimento...".

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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dr. Rey
Então tá.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16
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dr. Rey
Não é bizarro ensinar mais de um ponto de vista, bizarro é ter que se posicionar de "forma justa" frente a cada ponto de vista que aparecer. O que isso significa?

Sobre alguém pregad a Solução Final em sala de aula, isso é apologia ao ctime, não diz respeito a liberdade de cátedra. Ainda acho issi aí um enxerto retórico, equivale ao sujeito que diz que nao existe liberdade de expressão porque ele pode ser preso se falar bem da Al Qaeda.

Informar que existem teorias alternativas é o que o projeto de lei preconiza? Não parece não, hein.

Black Fire
Gato OT 2011
# dez/16 · Editado por: Black Fire
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De qualquer forma, não consigo deixar de pensar nos efeitos malucos dessa lei. Tipo, outro dia eu assisti uma palestra do Ruy Braga, no canal da Boitempo. O Ruy Braga, pra quem não sabe, é um professor da USP, socialista, ligado, ao que me consta, à Conlutas, que é basicamente o braço sindical do PSTU. A Boitempo é uma editora especializada em escritores de esquerda.
Pois bem, nesse vídeo, ele está explicando o socialismo na URSS, basicamente o que ele diz é que, até o fim do Stalinismo, o socialismo funcionou bem na URSS, basicamente porque estava ancorado em um sistema de escravidão e terror em massa, e que, depois da desestalinização, o regime colapsou porque, pasmem, não havia estímulo ao trabalho, não havia como formar preços e mais coisas que pareciam ter saído diretamente do site Mises Brasil.

Eu fico pensando, se essa lei estivesse em vigor, e se Miguel Nagib, o homem preocupado com a imparcialidade do ensino, idealizador do ESP, estivesse na plateia (ou na sala de aula, onde o Ruy Braga deve ensinar coisas equivalentes) ele ia levantar a mão e solicitar ao professor que, pelo bem da não-doutrinação, ensinasse alguma teoria alternativa para o colapso da URSS, como, sei lá, as ideias do Hoxha?

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