Do Anti-Olavismo Cultural

    Autor Mensagem
    General Patton
    Membro Novato
    # mar/16


    Fenômenos culturais significativos provocam reações das mais diversas. Dos maiores apologistas aos mais ferrenhos críticos, muitos falam e agem referenciados ao fenômeno em causa. No Brasil atual, um fenômeno cultural que tem causado as mais acesas controvérsias desde pelo menos os anos 90 do século passado é o filósofo Olavo de Carvalho.

    Não analisarei aqui a obra de Olavo de Carvalho em conjunto pois nem tenho ainda a qualificação necessária para tal empreendimento e nem esse é o objetivo deste texto. O que farei aqui é tentar traçar um esboço do anti-olavismo que, se é uma constante à medida em que o filósofo desenvolve e divulga o seu trabalho, reveza-se em tempos de erupção e agressividade relativamente passiva.

    Quem acompanha o trabalho de Olavo de Carvalho há algum tempo certamente já topou com alguns detratores e suas críticas ao seu trabalho e à sua pessoa. Algo que chama atenção nisso, além da habitual passionalidade dos críticos, é o fato de que eles não tem um perfil ideológico, intelectual ou religioso único. Há nesse meio marxistas, liberais, tradicionalistas, protestantes, católicos, anarquistas, fascistas, eurasianos, perenialistas, muçulmanos, ateus, centristas, etc. Não há como negar: o anti-olavismo é plural.

    Como, porém, a identidade grupal é para eles um tesouro muito esmerado, não raro a crítica opera no sentido de ver no filósofo campineiro a bête noir que suas identidades determinam. Assim, dentre os juízos negativos que emitem sobre ele, contam-se os seguintes:

    – Olavo não presta porque é um fanático católico;
    – Olavo não presta porque é um católico meia-boca/liberal;
    – Olavo não presta porque é filoprotestante;
    – Olavo não presta porque é perenialista/ecumenista;
    – Olavo não presta porque é muçulmano/pró-islâmico;
    – Olavo não presta porque é sionista/judaizante;
    – Olavo não presta porque é ultraconservador/de extrema-direita;
    – Olavo não presta porque é liberal/neoliberal;
    – Olavo não presta porque é marxista (sic!!!);
    – Olavo não presta porque repudiou o Brasil;
    – Olavo não presta porque é americanólatra;
    – Olavo não presta porque é eurocêntrico (sic!!!);
    – Olavo não presta porque é autoritário;
    – Olavo não presta porque fala palavrão;
    – Olavo não presta porque não tem diploma;
    – Olavo não presta porque é chefe de seita;
    – Olavo não presta porque é militante demais e não tem qualificações para o trabalho intelectual sério;
    – Olavo não presta porque é um intelectual nefelibata que só fala em cultura porque tem medo de agir e organizar uma militância;
    – Olavo não presta porque é “um perigoso agente provocador” que está preparando “uma guerra civil no Brasil” (sic!!!).

    E por aí vai. Vês-se por esta amostra que os anti-olavistas não são nada concordes em suas tentativas de explicar o fenômeno Olavo de Carvalho. Afinal de contas alguém, em sã consciência, pode mesmo acreditar que alguém possa ser tudo isso ao mesmo tempo? Tantos predicados não só diferentes mas auto-contraditórios e auto-excludentes assumidos por uma só pessoa que, juram, não tem muita importância nem muito valor, embora falem dele de maneira quase obsessiva. Quem pode acreditar nisso e ainda ser considerado alguém sério, inteligente e sensato?

    Interessante notar que nisso o filósofo brasileiro está na mesma situação de outras grandes figuras do pensamento, como Hans Kelsen e Eric Voegelin. A Teoria Pura do Direito já foi apodada de liberalismo democrático por fascistas e de posto avançado do fascismo por liberais-democratas, bem como de ser uma teoria protestante do Estado e do Direito, dentre outros. No que respeita a Voegelin, deixemos que o autor das Reflexões Autobiográficas fale por si mesmo:

    “Por causa desta atitude [a independência intelectual], fui chamado, por partidários desta ou daquela ideologia, de todos os nomes possíveis e imagináveis. Tenho em meus arquivos documentos tachando-me de comunista, fascista, nacional-socialista, liberal, neoliberal, judeu, católico, protestante, platônico, neo-agostiniano, tomista e, é claro, hegeliano; registre-se, ainda, que eu era, supostamente, muito influenciado por Huey Long, Dou grande importância a esta lista, pois os vários rótulos permitem identificar a bête noir do respectivo crítico e dão, assim, um retrato bastante fiel da corrupção intelectual que caracteriza o universo acadêmico contemporâneo. Entende-se porque eu nunca respondi a críticas desse tipo: seus autores podem ser objetos de estudo, mas jamais interlocutores numa discussão.” (RA, págs. 80-81).

    Penso que já se pode concluir o que o anti-olavismo NÃO É: ele não é “pura inveja”, nem “clara perseguição esquerdista”, nem “academicismo incurável”. Afinal de contas, como vimos, o perfil ideológico, intelectual e mesmo religioso dos detratores não tem qualquer uniformidade. Ele é tudo isso ao mesmo tempo e muito mais: é uma unidade numa negação, cuja multiformidade reflete o caos mental de muitos diante de um fenômeno que desprezam mas que não podem compreender. No dia que a obra de Olavo de Carvalho foi melhor avaliada, estudada e meditada (e creio que isso deve levar ainda algumas décadas), o fenômeno do anti-olavismo será, sem dúvidas, estudado como um exemplo de que vivemos hoje numa época doente e impulsiva, mas que não foi capaz de ofuscar o brilho da inteligência quando este insistia em iluminar a escuridão reinante.

    Fábio V. Barreto

    sallqantay
    Veterano
    # mar/16
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    o anti-olavismo NÃO É ... “pura inveja”

    JdM discorda

    Black Fire
    Gato OT 2011
    # mar/16
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    Cara, supere essa fase de OdC, na moral. Leia outros autores, além dos recomendados por ele, o cara está gagá, arrumando treta com Deus e o mundo, se contradizendo a todo momento.
    Acontece com qualquer autor de ser lido, estudado, ficar obsoleto e ser abandonado pelos seus leitores, assim que eles adquirem maturidade intelectual pra ir a diante (ainda mais o Olavo, que até hoje não vejo um leitor dele discutindo os pontos originais do autor, a obra propriamente dita, só as crônicas de jornal e opiniões políticas e culturais quibadas de outros caras, o resto é sempre um: "não tenho capacidade para discutir tal coisa" ou "não conheço o suficiente") mas o OdC é o único que acha que se o sujeito leu um livro dele, ou foi influenciado por ele em algum momento da vida, passa a ter uma dívida de gratidão e de fidelidade vitalícias e que qualquer discordância deve ser punida por um ataque do exército de psicopatas do COF.

    Xeper
    Veterano
    # mar/16
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    o resto é sempre um: "não tenho capacidade para discutir tal coisa" ou "não conheço o suficiente"

    reductio ad glorian peresum

    sallqantay
    Veterano
    # abr/16
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    up

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/16
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    anarco-olavismo.

    Izzy Dragon
    Veterano
    # abr/16
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    Generalizou bem à moda do Olavo.

    Juntar todas as críticas contraditórias que alguém recebe online pra montar um argumento é um caminho fácil e vazio pra embasar falsamente absolutamente qualquer idéia.

    Em comentários/twitter/blogs/vlogs tem todo tipo de gente falando as mais absurdas coisas sobre qualquer um e qualquer assunto.

    Agrupar tudo num "anti-[insira seu gurú/ideologia aqui]" e desqualificar todo mundo por tabela requer o mesmo esforço intelectual que mijar contra o vento.

    Wade
    Membro Novato
    # abr/16
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    maturidade intelectual
    General Patton

    Escolha um.

    Edward Blake
    Membro Novato
    # abr/16 · Editado por: Edward Blake
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    General Patton

    Cara, você se inscreveu no último curso do Olavo?

    Até pensei em me inscrever, mas achei um absurdo pagar 400 reais por 4 aulinhas (com esse dinheiro eu compro dois tomos de 800 páginas de literatura europeia state-of-the-art em qualquer área) que ele claramente lançou para lucrar em cima do caos político (como o pessoal libertário também anda fazendo).

    O que é que ele falou sobre o estamento burocrático tupiniquim? Alguma novidade ou apenas mais do mesmo (p. ex., brasileiros seguindo bibliografia desatualizada, teorias moderninhas sem comprovação empírica, etc.)?

    General Patton
    Membro Novato
    # abr/16
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    Edward Blake

    Não me inscrevi. Mas quando a atual potaria começou no Brasil, o mestre liberou um material que fala sobre:



    Acredito que o curso tenha a mesma pegada.

    Edward Blake
    Membro Novato
    # abr/16
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    General Patton

    Obrigado.

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