Nietzsche - "O valor da vida e o eterno retorno"

Autor Mensagem
Leo Zanon
Veterano
# ago/15


Boa noite galera!

Aventuro-me aqui na tentativa de explanar algumas ideias do filósofo que estudo na atualidade: Nietzsche.

Meu objetivo é ser o mais breve possível, pois assim conseguirei mais visualizações e, por isto, haverá uma maior discussão.

Inicialmente, Nietzsche parte de uma ideia de que deve-se viver a vida sem que haja negação do "mundo da vida", por ser exaltar ideais, formas de como a vida deveria ser. Portanto, considera-se um niilista para Nietzsche, por exemplo, o cristão (nega o "mundo da vida" em prol de um "paraíso", "céu", etc).

Por isto, Nietzsche ataca os padrões (aqui entra o "martelo") que estipulam como a vida deve ser para que seja boa. Nesta toada, o autor defende que qualquer juízo de valor feito sobre a vida não é propriamente um juízo de valor, mas sim um "sintoma" (termo usado por Nietzsche), ou seja, se digo que a vida é boa porque consegui uma promoção no trabalho, não significa que a vida seja realmente boa, mas sim de que a promoção me trouxe satisfação.

Cito um trecho da obra "Crepúsculo dos Ídolos":

"Juízos, juízos de valor sobre a vida, a favor ou contra, não podem, afinal, jamais ser verdadeiros: apenas possuem valor como sintomas, apenas como tal entram em consideração - em si, tais juízos são bobagens [...] o valor da vida não pode ser apreciado. Não por um vivente, porque ele é parte envolvida, inclusive objeto de disputa, e não juiz. não por um morto, por outra razão".

Conclui-se que Nietzsche considera que os juízos de valor sobre a vida são apenas reflexos de bons ou maus momentos do vivente.

Aonde entra o "eterno retorno" então? Vale ressaltar que esse conceito possui inúmeras interpretações e não pretendo estabelecer uma verdade sobre ele.

Na minha concepção, em síntese, o eterno retorno é o desejo de que os sintomas mencionados, caso positivos, sejam eternos, não acabem.

Enfim, discorram!

Abraços e boa noite.

sallqantay
Veterano
# ago/15
· votar


juízos de valor sobre a vida são apenas reflexos de bons ou maus momentos do vivente

opa, foi daqui que o josefo tirou o recalque

Thiago Livgren que toca mais ou menos
Membro Novato
# ago/15
· votar


Nietzsche


mjcmello
Veterano
# ago/15
· votar


Gosto muito desse filosofo também. Já li algumas coisas legais (O Anticristo) e outras que não compreendi (Assim Falou Zaratustra).

Uma de suas frases mais famosas ("O evangelho morreu na cruz") saiu do livro o Anticristo, onde ele discorre que o verdadeiro cristianismo foi totalmente deturpado por Paulo (segundo ele o verdadeiro anticristo).

Jesus veio contra toda a religião instituída vigente. Era contra os sacerdotes que exploravam o povo em troca da salvação. Quando Jesus morreu, Paulo praticamente reinseriu no cristianismo a ideia de paraíso e punição, que para Nietzsche era justamente a negação da vida atual em troca da felicidade futura.

E aí temos hoje a igreja novamente (sem entrar em detalhes de quais) querendo explorar a fé das pessoas em troca de poder, e as pessoas aceitando serem exploradas porque acham que Deus irá recompensá-las futuramente por darem seu "dinheirinho" na igreja.

Uma pequena observação, não sou contra as igrejas. Faço parte de uma delas. Acho importante o trabalho delas e sei que precisam de dinheiro para sobreviver e realizar seu propósito. Sou contra a exploração das pessoas.

landlord
Veterano
# ago/15 · Editado por: landlord
· votar


Ah não, logo logo começam a responder uns puta texto enorme. Cada um com uns quotes de textos dos evangélicos,de padres e etc...
Mó perda de tempo.

Black Fire
Gato OT 2011
# ago/15
· votar


Sei lá, acho que Nietzsche é aquele tipo de autor que só faz sentido depois que você tem uma bagagem literária muito boa, depois que você compreendeu razoavelmente o pensamento das escolas que ele critica. Eu, pelo menos, só entendi o Crepúsculo dos Ídolos quando li pela segunda vez, uns 5 anos e muitos livros depois da primeira.
Não vejo sentido nessa gurizada que nunca leu nada e é fã de niti. Mas posso estar enganado.

sallqantay
Veterano
# ago/15 · Editado por: sallqantay
· votar


Black Fire
Não vejo sentido nessa gurizada que nunca leu nada e é fã de niti.

Esse é o eterno retorno: a primeira leitura é sempre imersa no mimimi adolescente revolts

Eventualmente o leitor volta ao texto, dessa vez para entender a partir do contexto da filosofia pré-socrática e do cristianismo, e não a partir do egocentrismo pueril.

Esse retorno pode levar 10, 05 ou 30 anos. Ou nunca vir em absoluto...

FELIZ NATAL
Veterano
# ago/15
· votar


Sinceramente gostaria de ver o rednef2 dissertando sobre este assunto.

ele manja

mjcmello
Veterano
# ago/15 · Editado por: mjcmello
· votar


Me desculpa landlord , mas se você pesquisar melhor sobre Nietzsche vai ver que a filosofia dele girava em torno da superação do homem e obviamente envolvia a questão da religião.

Mas se o tema incomoda, saio agora da "discussão". Pelo visto eu é que perdi meu tempo.

sallqantay
Veterano
# ago/15 · Editado por: sallqantay
· votar


mjcmello

nem leva ele a sério, ele é café com leite

FELIZ NATAL
Veterano
# ago/15 · Editado por: FELIZ NATAL
· votar


landlord

ei dá a mãozinha, vamo brincar lá no parque, deixe os adultos conversarem

mjcmello
Veterano
# ago/15
· votar


sallqantay
FELIZ NATAL

Rsrsrsrsrsrs.

sallqantay
Veterano
# ago/15 · Editado por: sallqantay
· votar


mjcmello

Quando vc diz que Niti se voltou contra a instituição religiosa (e não a religião em si), abre-se um problema muito grande. Como pode existir algo sem uma instituição? O problema é a instituição ou os indivíduos que a compõe? Como pode existir um sistema social ético/moral sem a existência de uma instituição, somente com uma fé?

quem tenta responder isso é Roger Bastide, em "O sagrado selvagem"

mjcmello
Veterano
# ago/15
· votar


Como pode existir algo sem uma instituição?

O que Niti combatia não era a instituição. Mas o como era (ou é) constituído.

Como no post original, as pessoas se "conformam com o sofrimento" porque a religião ensina que se nós sofrermos agora iremos ser recompensados com "a felicidade eterna". Por isso ele diz que o cristianismo é uma religião dos fracos.

landlord
Veterano
# ago/15
· votar


FELIZ NATAL

Me leva lá, por favor.
Não tenho nenhum amigo imaginário para me acompanhar.

sallqantay
Veterano
# ago/15
· votar


mjcmello

ok, então ele combatia a institucionalização do sagrado. O que nao resolve a questão

mjcmello
Veterano
# ago/15
· votar


sallqantay
ele combatia a institucionalização do sagrado

Não sou expert no assunto. Mas acho que não era bem isso que ele combatia não.

sallqantay
Veterano
# ago/15
· votar


mjcmello

poxa cara, então explique o que vc quis dizer. Não precisa ser expert em nada, somente dar uma leitura sincera

FELIZ NATAL
Veterano
# ago/15
· votar


landlord
Me leva lá, por favor.
Não tenho nenhum amigo imaginário para me acompanhar.




mjcmello
Veterano
# ago/15 · Editado por: mjcmello
· votar


É difícil explicar em palavras escritas... rsrsr

E quando disse que não era expert é porque realmente o Niti era muito difícil de se entender, e posso acabar misturando o que eu "acho" com o que ele realmente pensava.

Mas vamos lá. As religiões existem como instituições. Isso é inegável. Niti não combatia diretamente a religião, mas os valores vigentes. A transvaloração. Mudar tudo.

O que ficou claro pra mim lendo o Anticristo, era que Jesus era contra os sacerdotes porque eles exploravam o povo, e estes se deixavam explorar.

Quando ele morreu ("o evangelho morreu na cruz") Paulo instituiu tudo isso de volta. O que Cristo pregava ("sois deuses", "o reino de Deus está dentro de vós") foi tudo por água abaixo porque Paulo defendia a salvação dependente de seguir Cristo, ou seja novamente ficar dependente de alguém para chegar ao reino dos céus.

Por isso, para Niti, os fracos devem ser eliminados pelos fortes, porque estes querem continuar dependentes de alguém para salvá-los.

distrito09
Veterano
# ago/15
· votar


Para ilustrar o tópico:

Niti

mjcmello
Veterano
# ago/15
· votar


distrito09

Bela charge.... kkkkkk

mjcmello
Veterano
# ago/15
· votar


"Deus está morto" (Nietzsche)

.
.
.
.

"Nietzsche está morto" (Deus)

brunohardrocker
Veterano
# ago/15
· votar


mjcmello
Como no post original, as pessoas se "conformam com o sofrimento" porque a religião ensina que se nós sofrermos agora iremos ser recompensados com "a felicidade eterna". Por isso ele diz que o cristianismo é uma religião dos fracos.

O que você teria a dizer sobre a experiencia que temos hoje, no pós Nietzsche, onde a religião já não atua mais no coletivo como já atuou e onde o hedonismo impera, e a frustração, o ressentimento, andam de mãos dadas com todo mundo?

Seria coisa de fraco aceitar que o sofrimento, o sacrificio por recompensas (seja durante a vida ou numa crença pós morte, material ou imaterial)?

Hoje as pessoas estão em busca de um ideal de felicidade ilusório. Juram que ela pode ser permanente e não sabem lidar com o sofrimento, com a frustração. Sei lá, é a experiencia que temos, em séculos que um ideal de felicidade está sendo buscado e tentamos evitar o sofrimento a todo custo, sendo que ele é real. Que prejuizos mesmo essa religião do sacrificio trouxe?

sallqantay
Veterano
# ago/15
· votar


mjcmello
Por isso, para Niti, os fracos devem ser eliminados pelos fortes, porque estes querem continuar dependentes de alguém para salvá-los.

Proposta problemática, dá para justificar o nazismo facilmente com um negócio desses, assim como praticamente qualquer atrocidade.

Quer dizer, é bem óbvio que os valores mudam, que estão inseridos em um fluxo histórico e não são passíveis completamente de uma formalização em termos de lógica formal (onde a identidade A=A se mantém). Eles devem ser entendidos nos termos de Heráclito, do rio que nunca é o mesmo (em termos de lógica dialética, onde A é também não-A em um fluxo temporal).

A própria noção de compaixão vai por água abaixo quando se colocar as coisas em termos de fracos/fortes, assim como qualquer divisão simplista entre grupos.

Eu só consigo ver nisso um retorno ao estado de natureza hobbesiana, onde a lei inexiste e os fortes prevalecem

john s mill
Membro
# ago/15
· votar


brunohardrocker

Mas de onde que você chegou na conclusão de que hedonismo e frustração são provenientes da queda da influência da igreja?

E de que hoje e maior que antes?

sallqantay
Veterano
# ago/15
· votar


john s mill

na real essa tese se sustenta mesmo sem o argumento histórico ou da causalidade com a religião.

hedonismo e frustração são coisas presentes e pronto (Statement empírico). Existem a despeito de tudo isso (história e religião)

Konrad
Veterano
# ago/15
· votar


Black Fire
Sei lá, acho que Nietzsche é aquele tipo de autor que só faz sentido depois que você tem uma bagagem literária muito boa, depois que você compreendeu razoavelmente o pensamento das escolas que ele critica. Eu, pelo menos, só entendi o Crepúsculo dos Ídolos quando li pela segunda vez, uns 5 anos e muitos livros depois da primeira.
Não vejo sentido nessa gurizada que nunca leu nada e é fã de niti. Mas posso estar enganado.


Subscrevo.

john s mill
Membro
# ago/15
· votar


sallqantay

Exato, assim como Friedman faz a relação com o egoísmo, por isso que acredito não ser suscetível a qualquer moral, ele só fica em evidência com as redes sociaisq

mjcmello
Veterano
# ago/15
· votar


sallqantay
Proposta problemática, dá para justificar o nazismo facilmente com um negócio desses, assim como praticamente qualquer atrocidade.

Mas alguns dizem que o Niti teria influenciado (e muito) o Nazismo.

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a Nietzsche - "O valor da vida e o eterno retorno"