Edward Blake Membro Novato |
# nov/15 · Editado por: Edward Blake
· votar
Por um libertarianismo festivo By Luciana Lopes
O Pondé que me perdoe, mas seu artigo é muito anos 90. Desde os tempos das passeatas fora-FHC-fora-FMI, ninguém mais vê graça num revolucionário com a camisa do Che. O que não faltam hoje em dia são meninas direitas para os meninos da direita, principalmente com a ascensão nos últimos dois anos.
Como sempre, quem sobra são os libertários e, mais ainda as libertárias, segunda menor minoria depois dos indivíduos. Como se não bastasse a batalha diária de viver nesse mundo de constante violação ao PNA, o desafio mor da mulher libertária é pegar homens. Eu mesma tive que importar o meu, apesar de toda a barreira alfandegária do Brasil. Acho que esse problema com os homens é o motivo pelo qual somos tão poucos liberais no mundo. As mulheres mais de esquerda, românticas e sonhadoras, dialogam bem com o ideal feminino do homem comum, de princesa inocente e angelical. No fim, as esquerdistas outfuck as liberais, cuja racionalidade espanta o homem médio. Resultado: esse povo vai se reproduzindo, e mais e mais crianças vão sendo educadas por mulheres da esquerda, aprendendo desde o berço a não razoar economicamente.
Situação comum entre as queridas Dagny: a libertária lá numa festa com suas amigas. Os caras normais começam a falar sobre banalidades: “pois é, a vida não é só lucrar não, tem que aproveitar, divertir. Eu não vou perder minha vida toda igual o povo do meu trabalho, tem que ter a quarta-feira do futebol, cervejinha com os amigos…”. É claro que a menina está já engasgando para falar, ai meu filho… valor subjetivo! E lucro não é só monetário, já ouviu falar de Escola Austríaca? E sem se dar conta já está falando sobre psychic profits. Pronto, brochante. Melou a conversa, a coitada. Os caras normais já deram as costas e estão completamente voltados para as amigas. Já basta ter que pensar no trabalho. Na hora do lazer o homem normal acha terrível sair do estado cerebral Homer Simpsom.
A amiga esquerda light não se importa muito; é Homer, vai, mas é bonitinho. Recomeça o papinho: “ai, no meu trabalho é assim tambéeem, não aguento mais… Tou pensando em sair um tempo, passar um ano fazendo trabalho voluntário na África… ter experiência de vida, conhecer uma realidade diferente…”. O cara todo interessado: “que foda, viver outra realidade assim é foda, acho muito doido quem faz isso”. Aí a libertária se segura novamente para não ser desagradável e falar que ajuda externa não funciona. Nem que é um pouco incoerente, porque, sabe, sendo brasileira, não é que se precisa ir muito longe para conhecer uma realidade diferente. Talvez se a esquerdista convivesse mais com pobres ao invés de apenas ter dó deles de longe, saberia… Ok, falar isso com a amiga que está se dando bem já é muito bitchy. Aí a libertária se contém com um, “já viram o Kiva? É tipo microcrédito online. Você pode financiar projetos de pobres em países subdesenvolvidos e ganhar juros.” O primeiro cara já se espanta com a insensibilidade: “pô, cobrar juros de pobre é sacanagem”. O outro já faz cara de não-conheço-não-gosto-e-vai-dar-errado-com-certeza. Homens são controladores por natureza e confiar em organizações complexas e ordens espontâneas é quase impossível para a mente masculina não treinada. “Como assim qualquer um emprestando dinheiro? Tipo agiota? Quem organiza isso? Ah, não, aí vira bagunça!”. O assunto morreu mesmo. Dagny respira fundo e vai pegar uma bebida. Os caras falam com as amigas: “ela é toda do contra, né?” E aí ela sabe que caiu na weirdzone, a área mais peganínguem do zoneamento humano.
Isso, num lugar normal, com os homens que não estão a fim de ter um papo cabeça. Quando os homens são interessados em um papo mais cabeça, a situação pode piorar bastante. Isso porque o “papo cabeça” em geral é papo de política partidária, esse substituto mais maquiavélico dos times de futebol. Aí 50% deles são petistas e anti-tucanos, 30% são tucanos e anti-petistas; 10% são direitistas, anti-petistas e o restante é tão confuso que fica difícil encaixar em algum adjetivo. O que seria um encontro vira uma chatíssima e repetidíssima discussão de termos – não, livre mercado não é capitalismo de estado… não, o PSDB não me representa, não é liberal, é socialista… não, neoliberalista não existe… Se a libertária der muita, muita, mas muita sorte (a não ser que esteja em um encontro do EPL) tem uma chance infinitesimal de topar um libertário em alguma balada. Mas quando se topa um libertário ela normalmente já o conhece. E os dois mutuamente podem preferir se jogar na friendzone, afinal, são tão poucos, vão se ver sempre, enfim.
A solução para as moças libertárias é, concordo, virar mais festiva. Recomendo focar menos em lógica, epistemologia e economia e falar um pouco mais sobre os assuntos que interessam aos rapazes, como futebol, cerveja e times, digo, partidos. É melhor deixar passar as incoerências tão vibrantes dos meninos. E lembrar que nem tudo que se lê deve ser levado tão à sério, que misandria pouca é bobagem e que a zuera never ends.
|