De fato, Monteiro Lobato não era racista: as provas

    Autor Mensagem
    fabricio92
    Veterano
    # out/12


    Textos longos atrapalham alguns leitores.

    Vou pinçar, da carta aberta a Ziraldo, dios fragmentos “gloriosos” indicando como Monteiro Lobato via o mundo, percebia os negros e descrevia o povo brasileiro.

    Em carta ao amigo Godofredo Rangel: “(…)Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!…” (em “A barca de Gleyre”. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133).

    Para quem possa ter dúvida sobre o seu compretimento, um carta ao amigo e médico eugenista Renato Kehl, esclarece tudo: “Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. (…) Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade precisa de uma coisa só: póda. É como a vinha”.

    Para quem possa não saber o que significa eugenismo (teoria racista de valorização da raça pura), até a wikipédia ajuda: ” O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a ter um movimento eugênico organizado. A Sociedade Eugênica de São Paulo foi criada em 1918. O movimento eugênico no Brasil foi bastante heterogêneo, trabalhando com a saúde pública e com a saúde psiquiátrica. Uma parte, que pode ser chamada de ingênua ou menos radical, do movimento eugenista se dedicou a áreas como saneamento e higiene, sendo esses esforços sempre aplicados em relação ao movimento racial.

    Em 1931 foi criado o Comitê Central de Eugenismo, presidido por Renato Kehl e Belisário Penna. Propunha o fim da imigração de não-brancos, e “prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração“. Medidas que visavam impedir a miscigenação.[8] Higienismo e eugenismo se confundem, no Brasil.

    A Revista Brasileira de Enfermagem passa por três fases em relação à eugenia; conceituação (1931-1951), conflitos éticos, legais e morais (1954-1976), e eugenia como tema do começo do século XX (1993-2002). Expressa três categorias de conceitos:

    1 – luta pelo aperfeiçoamento eugênico do povo brasileiro
    2 – responsabilidade do enfermeiro em relação ao tema
    3 – não há solução para os males sociais fora das leis da biologia“.
    Hitler também pensava assim.

    Mais: “Nos EUA surgiu a eugenia negativa – aliança entre as teorias eugênicas européias e o racismo já existente naquele país -, que consiste na eliminação das futuras gerações de incapazes (doentes, de raças indesejadas e empobrecidos) através da proibição de casamento, esterilização coercitiva e eutanásia”.

    A exterminação dos negros americanos era o que propunha o romance, “O presidente negro”, de Monteiro Lobato, ambiente no ano de 2028, nos Estados Unidos.

    Edgar Smaniotto resume o Presidente negro de Lobato: “É então que um inventor americano John Dudley propõe uma solução. Alisar os cabelos dos negros através do uso de raios ômegas. Milhões de negros, na verdade a totalidade destes, passam pelo processo de alisamento, sendo que em todos os bairros de todas as cidades americanas filiais da empresa de Dudley são abertas. Monteiro Lobato então revela a grande saída americana, o genocídio, os ditos raios omegas, além de alisarem os cabelos dos negros, provocam a esterilização de toda à raça negra. Lobato saúda a grande solução americana”

    Nessa mesma carta, se lê um dos trechos mais chocantes dentro do conjunto de missivas ao qual a Revista BRAVO! teve acesso exclusivo. Lá, num trecho repleto de termos em inglês, Lobato descreve uma história abjeta como se fosse uma experiência positiva: "Nos Estados Unidos, a eugenia está tão adiantada que já começam a aparecer 'filhos eugênicos'. Uma senhora da alta sociedade meses atrás ocupou durante vários dias a front page [primeira página] dos jornais mexeriqueiros graças à audácia com que, rompendo contra todos os preceitos da ciência e sem se ligar legalmente a nenhum homem, escolheu um admirável tipo macho, fê-lo estudar sobre todos os aspectos e, achando-o fit [adequado] para o fim que tinha em vista, fez-se fecundar por ele. Disso resultou uma menina que está sendo criada numa farm [fazenda] especialmente adaptada para nursery [creche] eugênica. E lá vai ela conduzindo a sua experiência de ouvidos fechados a todas as censuras da bigotry [fanatismo]". Esse trecho impressiona porque mostra Lobato entusiasmado por uma prática adotada na Alemanha nazista. Por ideia de Heinrich Himmler, um dos asseclas delirantes de Hitler, implantou-se no país um programa conhecido como Lebensborn ("fonte da vida", em alemão arcaizado). Pelo programa, mulheres "arianas" solteiras eram incentivadas a engravidar de líderes "arianos" com o objetivo de expandir, nos dizeres de Himmler, uma "raça líder e pura".

    Ah, esse Lobato. Achava a ocupação hispânica da América Central uma “infecção”.

    Para quem se defende com o argumento pífio dos ” valores da época”, convém dizer:

    1) Joaquim Nabuco escreveu antes de Monteiro Lobato e condenou o racismo.

    2) O argumento do contexto da época é hiperlógico. Funciona como uma absolvição geral. Vale dizer, em se tratando, por exemplo, de racismo que não houve racismo, pois na época em que existiu era o valor dominante, sendo, portanto, aceito pela maioria. Nesse sentido, ninguém seria racista. Basta, no entanto, que uma pessoa ido além da sua época para invalidar essa racionalização. Os negros sempre souberam que era vítimas de racismo no Brasil. Não foram afetados pela época. Sempre sentiram a infâmia das mais infame das instituições humanas.

    O resto é conversa para salvar ídolos, mitificar o passado e tapar o sol com a peneira.

    As crianças precisam saber quem foi Monteiro Lobato.

    Os adultos ainda mais.

    juremir machado

    bravo

    SODAPOP
    Veterano
    # out/12
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    título do tópico tá errado?

    Viciado em Guarana
    Veterano
    # out/12
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    Esse pseudo-nazismo é vergonhoso.
    Um bando de tupiniquins querendo copiar os erros da Alemanha. Que vergonha!

    fernando tecladista
    Veterano
    # out/12
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    o mundo no século 21 e discutindo pensamentos de uma geração de um século atras
    quem falou, ou não falou, está certo ou está errado.... estão todos a 7 palmos

    falta pouco pra querer aplicar a lei maria da penha no homem das cavernas porque arrastavam mulheres pelos cabelos

    Shredder_De_Cavaquinho
    Veterano
    # out/12
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    Oh não! Agora toda a obra dele não tem absolutamente valor nenhum! QUEIMEM TUDO! RAPIDO!

    Snakepit
    Veterano
    # out/12 · Editado por: Snakepit
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    Fico imaginando o que realmente tem por tras disso tudo, qual a verdadeira intenção.

    Pela reportagem de Juremir, de fato, ele era racista. Mas até que ponto isso interferiu em suas obras?

    Sinceramente são duas coisas absolutamente separadas.

    Todo brasileiro teve contato com suas obras, de uma hora pra outra vira racismo. Muitas vezes o racismo esta em quem le, e não na obra.

    SODAPOP
    Veterano
    # out/12
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    minha vó odeia "preto", "queimado", acha que é coisa do capeta
    não adianta explicar com calma, desenhar, ministrar uma palestra... ela acha isso e pronto

    ps.: ela é mó índia :P

    Bizet
    Veterano
    # out/12
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    Grande bosta, o cara morreu na década de 40, estranho seria ele não ser racista.

    SODAPOP
    Veterano
    # out/12
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    só falei isso pra ilustrar o que o Fernando Tecladista disse

    The Laughing Madcap
    Veterano
    # out/12
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    relevante como meus pentelhos

    cafe_com_leite
    Veterano
    # out/12
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    O certo é saber os dois lados, um cara que escreveu obras importantíssimas para literatura e um cara que não gostava de negros.
    Nas escolas só falam do lado bom dele...

    RafaelValeira
    Veterano
    # out/12
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    cafe_com_leite
    E qual seria a grande valia pras crianças saber que Monteiro Lobato era racista?

    Msess
    Veterano
    # out/12
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    pela época até que era normal.

    tambourine man
    Veterano
    # out/12 · Editado por: tambourine man
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    dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara

    classe média sofre avant la lettre

    som
    Veterano
    # out/12
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    http://24.media.tumblr.com/tumblr_lheioyLHgn1qhbkbjo1_500.jpg

    Scrutinizer
    Veterano
    # out/12
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    Sempre achei chatão os livros dele.
    Neil Gaiman é melhor.

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