Qual a utilidade das pesquisas feitas no Brasil?

    Autor Mensagem
    Black Fire
    Gato OT 2011
    # set/12


    Não sei, mas sempre que surge um debate sobre o ensino superior público, alguém argumenta sobre a necessidade da pesquisa para o desenvolvimento do país. No entanto, reparei que todos os livros que eu uso na faculdade ou são de autores gringos, o que se publica no Brasil em geral é ruim demais, ou são cópias descaradas de trabalhos gringos (vide normas da ABNT).

    Expliquem abaixo.

    Viciado em Guarana
    Veterano
    # set/12
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    Black Fire
    O Brasil não investe em pesquisas de verdade e você sabe disso.

    ¬¬

    Black Fire
    Gato OT 2011
    # set/12
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    Balanço
    Somente em 2010, o CNPq atendeu a 80 mil bolsistas, num aporte de R$ 1,85 bilhão na formação de recursos humanos.

    http://www.consecti.org.br/2011/02/01/cnpq-deve-dobrar-o-volume-de-inv estimento-diz-novo-presidente/

    The Blue Special Guitar
    Veterano
    # set/12
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    As pesquisas servem apenas para a obtenção de títulos e são arquivadas após terem sido aprovadas em suas respectivas bancas finais.

    Black Fire
    Gato OT 2011
    # set/12
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    The Blue Special Guitar
    Concordo. As de mestrado geralmente são pedaços picotados de livros gringos com alguns experimentos meia-boca, e muitas vezes claramente manipulados, pra dar legitimidade.

    viniciusra
    Veterano
    # set/12
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    Restart > Educação no Brasil

    McBonalds
    Veterano
    # set/12
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    Me corrijam se eu estiver errado, mas pelo que eu sei, os cientistas se formam no Brasil e vão trabalhar no exterior, onde fazem as pesquisas que realmente importam.

    xXCarolXx
    Veterano
    # set/12
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    Acho que tem grupos fortes (os poucos com bom financiamento) em algumas universidades que produzem de verdade. Mas a maioria fica presa a estudos que podem ser comparados aos dos anos 90 em outros países mais avançados...é dificil trabalhar com pouco dinehiro, embora seja mais difícil ainda ver que os pesquisadores brasileiros, em geral,tem medo de publicar antes de ter embasamento em algum trabalho publicado no exterior.
    A produtividade realmente é baixa, pra provar isso é só observar como está o manejo das doenças que só ocorrem em paises pobres, como a dengue por exemplo... acham que se muita gente morresse de dengue nos EUA a vacina já não estaria prontinha pra uso? além do mais, quando algum grupo consegue uma boa solução, como por exemplo a vacina pra leishmaniose que já foi feita e aprovada, o ministério da saúde não tem interesse de investir... se faz, mas não se aplica.... o resultado são milhões de papers e currículos cheios.

    Viciado em Guarana
    Veterano
    # set/12
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    Agora eu entendo porque que, apesar de ser a sexta maior economia do mundo, o Brasil continua sendo um país subdesenvolvido que funciona como um grande celeiro onde os gringos vem buscar alimentos e putas.

    :)

    Joseph de Maistre
    Veterano
    # set/12
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    Black Fire
    Qual a utilidade das pesquisas feitas no Brasil?

    Esta aqui:

    Distância imensurável
    Olavo de Carvalho
    Zero Hora, 7 de agosto de 2005

    O movimento de idéias no mundo acadêmico americano é tão rico, tão intenso, tão variado, que torna inviável qualquer comparação, mesmo atenuada, com as universidades brasileiras. É a distância intelectual entre Platão e um sagüi. Um jornalista do Rio me conta que, no ano passado, os EUA registraram 50 mil novas patentes de inventos; o Brasil, 270, e, destas, somente doze geradas nas universidades. Inscrito na reunião anual da American Political Science Association (uma só entre milhares de instituições eruditas), leio o programa e noto que em meio século o conjunto do establishment universitário brasileiro não produziu nada que chegue aos pés daquilo, seja em quantidade, seja em importância. A diferença é monstruosa, desproporcional e, vista desde o Brasil, inimaginável.

    Cinqüenta anos atrás ainda era possível falar de Brasil e EUA como espécies do mesmo gênero, levadas em direções diferentes pelas circunstâncias históricas. O escritor gaúcho Vianna Moog tentou isso. Reler seu Bandeirantes e Pioneiros, hoje, é ver que as diferenças produzidas nas últimas cinco décadas transcendem infinitamente as que se acumularam desde Cabral até a publicação do livro (1954). Desistam. O abismo que se abriu entre o Brasil e os EUA jamais será transposto. E a culpa disso incumbe diretamente à classe dos professores universitários, que, com as inevitáveis exceções honrosas, abdicaram em massa de seu dever para dedicar-se em tempo integral à produção (financiada com dinheiro público) de desculpas esfarrapadas para os vexames hediondos do seu querido socialismo.

    É verdade que nos EUA também muita gente se ocupa disso. Mas há tantos fazendo outras coisas que essa turma desaparece no conjunto. Em todo o programa da APSA, as lágrimas das viúvas de Stalin não ocupam senão um espaço irrisório. E, nos setores onde essas criaturas ainda têm algum prestígio – por exemplo entre os historiadores –, sua estatura diminui dia a dia, esmagada sob toneladas de documentos desmoralizantes que seus críticos não cessam de descobrir. O mais importante desses documentos foi, na década passada, o Código Venona – decifração das mensagens de rádio e telex entre Moscou e a embaixada soviética em Washington. Depois da publicação desses papéis, nenhum historiador profissional pode ter a cara de pau de choramingar contra a “perseguição macartista” dos anos 50. McCarthy jamais acusou um inocente. Ele disse que havia 57 agentes soviéticos no governo americano. Hoje sabe-se que eram mais de trezentos. No Brasil, dizer isso ainda causa escândalo. Claro. O país ficou totalmente à margem de toda uma década de descobertas e debates sobre o assunto. E sobre mil outros assuntos. Por isso, na terra de Macunaíma, quem cite a bibliografia atualizada é acusado de basear-se em “autores desconhecidos”. A obrigação número 1 de um professor universitário brasileiro é jamais humilhar os seus pares sabendo o que eles não sabem. A obrigação número 2 é empinar o narizinho ante quem sabe. Sim, a máxima prova de erudição no Brasil é um nariz-de-cheirar-peido empoleirado num barril de ignorância.

    Também é verdade que nem todos, entre os professores universitários brasileiros mais falantes, se declaram abertamente comunistas. Muitos apresentam-se como ex-comunistas, ex-esquerdistas, às vezes como socialdemocratas, e isso lhes dá autoridade bastante para posar de neutros e superiores. Mas a principal manifestação do seu ex-esquerdismo consiste em dar respaldo ao comunismo em todos os fronts culturais – a começar pelo ateismo militante – e em reprimir severamente qualquer veleidade de anticomunismo. Seu “ex-comunismo” é sobretudo uma arma de guerra contra o anticomunismo. São o tipo de ex-militantes que qualquer partido comunista implorou ao diabo.

    É por causa dessa gente que o Brasil saiu da história intelectual do mundo, já não servindo senão para abrilhantar com sambinhas estúpidos as festas de franceses bêbados e chamar isso de “cultura”.

    inlovewithmyguitar
    Veterano
    # set/12
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    Pergunta: Qual a utilidade das pesquisas feitas no Brasil?

    Resposta: Demonstrar o quão inútil é se fazer uma pesquisa no Brasil.

    Viciado em Guarana
    Veterano
    # set/12
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    Joseph de Maistre
    Infelizmente eu li.
    E agora eu tenho certeza que não vou com a cara desse Olavo de Carvalho.

    ¬¬

    Bog
    Veterano
    # set/12
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    Não apenas no Brasil, mas em todo mundo, apenas uma pequena porcentagem do que se pesquisa encontra utilidade no mundo "lá fora". Isso não é um defeito da pesquisa do Brasil, é uma característica do mundo acadêmico. Muita coisa que se usa hoje em dia (incluindo o computador que está aí na sua frente) teve início com algum exercício mental "inútil". Muitos exercícios inúteis jamais deixarão de sê-lo. Outros só ajudam a reforçar uma tendência mais geral (por ex, da necessidade de abordagens não-determinísticas para o mapeamento de redes de computadores dinâmicas). Mas aí, no meio de 1000 trabalhos que só fazem volume ou seguem o líder, aparece algo como isso:

    http://www.lua.org/

    O que é bom é saber que o OT é cheio de gente muito foda, inteligente, capaz e competente, que logo estará produzindo coisas tão ou mais relevantes que isso. Afinal, seria um desperdício ver tanto talento sendo usado exclusivamente para resmungar.

    Snakepit
    Veterano
    # set/12
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    Viciado em Guarana
    Infelizmente eu li.

    Pq?

    luckitto
    Veterano
    # set/12
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    McBonalds
    Me corrijam se eu estiver errado, mas pelo que eu sei, os cientistas se formam no Brasil e vão trabalhar no exterior, onde fazem as pesquisas que realmente importam.

    Está correto mano.

    Fonte: Revista Veja.

    O Fire é que deveria morar na Finlândia e viver em paz (bebebdo vodka). Só isso.

    Em vez disso ele insiste em viver no Brasil e acha que o FCC é o melhor lugar para extravasar seu ódio pelo Brasil.

    Tadim.

    Black Fire
    Gato OT 2011
    # set/12
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    Bog
    Tudo bem que nem tudo o que se produza seja útil, mas pô, milhares de pessoas recebem títulos de mestre e doutores todos os anos e, pelo menos na minha área, não surge uma única bibliografia nacional aproveitável. E as poucas coisas que surgem são de caras que transcrevem a experiência prática, muito pouco a ver com pesquisa feita em faculdade.

    Black Fire
    Gato OT 2011
    # set/12
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    Joseph de Maistre
    Pois é cara, acho que o título de mestre/doutor está sendo socializado também. Todo mundo tem direito a um. Já peguei dissertações que nego não tem nem noção de outro idioma que nao seja o português (fica muito claro pelos horrendos abstracts), não produz absolutamente nada que já não estivesse na bibliografia consultada e recebe título de mestre. Existe mestre monoglota fora do Brasil?

    luckitto
    Veterano
    # set/12
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    Black Fire
    Existe mestre monoglota fora do Brasil?

    Cara, eu sinto pena de você.

    Nem pesquisar você sabe e ainda quer abordar temas complexos como este?

    Se toca cara!

    Tá achando que eu não falo sério?

    Já ouviu falar no ex-presidente americano George W. Bush?

    Apesar do seu MESTRADO em Administração e negócios, falava espanhol com graves erros de pronúncia e sequer escrevia uma frase corretamente.

    Leia mais...

    tambourine man
    Veterano
    # set/12 · Editado por: tambourine man
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    livros que eu uso na faculdade

    para existir o livro é preciso algo mais além do autor. Porque você nao abre uma editora? Te garanto que o que não falta é autor

    Bog
    Veterano
    # set/12
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    Black Fire

    Eu não posso falar da tua área, porque não conheço. Na minha área, eu conheço este esquema por dentro, e isso inclui os seus defeitos. Para você ter uma idéia, uma das discussões na lista da SBC, formada principalmente por professores, tem o sugestivo título "Artigos brasileiros, será que não servem para nada?"

    Alguns pontos interessantes:

    1. Na minha área, os melhores alunos vão fazer doutorado no exterior ou em umas poucas universidades brasileiras. O cara que vai fazer doutorado em certas federais é o cara que não conseguiu ir para fora, ou pelo menos para a Unicamp. Eu realmente conheço casos de alunos de doutorado que não conseguem escrever um parágrafo que preste em inglês, e outros que não têm a menor noção de metologia científica. E por razões muitas vezes políticas, injustas ou "camaradágicas", o cara acaba
    com o título de doutor.

    2. A produção do pessoal mais capaz é voltada para congressos e journals internacionais. Se eu fizer um trabalho e publicar apenas no Brasil, automaticamente o trabalho é visto como sendo de menor qualidade. Quem pode, evita.

    3. As abobrinhas do texto postado pelo Joseph de Maistre talvez façam algum sentido para certas áreas de humanas ou algo do tipo. Em computação, o problema não tem nada a ver com aquilo.

    4. Ao meu ver, o principal problema é que no fim da pesquisa acadêmica tem um abismo. O que realmente falta é uma ponte que ligue este mundo da universidade ao mundo real. Existem iniciativas isoladas - como é o caso da linguagem Lua do link que eu coloquei (ela foi desenvolvida pela PUC-Rio para a Petrobrás) - mas não existe uma cultura de empreendedores que pegam as idéias geradas na universidade e investem nelas. De forma geral, as empresas brasileiras não são grandes inovadoras, querem investir em algo testado, que dê retorno seguro - aparentemente, fabricar vale mais a pena do que inventar. Existe uma burocracia enorme (e cara) para registrar patentes. E as universidades também não oferecem facilidades para fechar o ciclo.

    O resultado é que mesmo que no meio de 100 teses tenha uma com uma idéia realmente interessante, essa idéia acaba num volume que vai ficar juntando poeira numa estante de uma biblioteca. Sem ter sequência no mundo real, a idéia, por melhor que seja, vai desaparecer.

    4. Para você ter uma idéia do quanto o sistema todo pode ser irracional, vou dar dois exemplos:

    4.1. Em 2002, a ANEEL estabeleceu uma norma para monitorar o serviço das concessionárias de energia elétrica. O problema é que nenhum medidor disponível no mercado fazia o que era preciso. No instituto de pesquisa onde eu trabalhava, criamos um medidor que atendia à norma. Em vez de investir nisso, as grandes empresas pressionaram o governo para afrouxar os requisitos, para que eles pudessem vender o produto que já tinham pronto. Eles ganharam. Só 1000 unidades do nosso medidor foram vendidas, para um projeto piloto da COPEL, que nunca foi implantado por causa da mudança de governo.

    4.2. Este mesmo instituto fez um projeto para a mesma COPEL com idéias inovadoras. Valeu um cabeça de série dos bons. Implantaram o piloto na COPEL, deu certo, beleza. Proém, o produto em si só é economicamente viável se a produção for em larga escala. Mas eles não conseguem desamarrar a burocracia para vender o negócio, em grande parte porque a COPEL é uma empresa pública.

    5. Enfim, é muito ingênuo colocar toda a culpa em alguma generalização ignorante, do tipo "os pesquisadores que ficam no Brasil são todos uns idiotas" ou "os professores brasileiros são todos uns comunistinhas". Existe toda uma estrutura, com problemas por todo o caminho.

    Voltar para o Brasil foi até traumático para mim em certos pontos. Mas eu pretendo, dentro dos meus limites, tentar ajudar a melhorar esta estrutura capenga - em especial, no que diz respeito a fazer as idéias chegarem ao mundo real. Infelizmente, sei que certas coisas eu não tenho como mudar. Para mim, teria sido muito mais cômodo ficar no Japão enquanto posto choramingos num fórum de Internet. Às vezes, me pergunto se não teria sido também mais esperto...

    Cavaleiro
    Veterano
    # set/12
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    A mesma de pesquisas feitas em qualquer lugar no mundo, a diferença pode estar no volume e quantidade de trabalhos feitos, que é consequencia direta da falta de investimentos em educação e P&D.

    A maior parte do que temos hoje surgiu em sua raiz com várias pesquisas "inúteis" (sem aplicação prática), mas que ao longo de suas evoluções começaram a ser exploradas ou utilizadas futuramente em uma pesquisa aplicada.

    brunohardrocker
    Veterano
    # set/12 · Editado por: brunohardrocker
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    Qual a utilidade das pesquisas feitas no Brasil?

    Serem usadas pelo candidato que está na frente como forma de marketing político.

    /só li o titulo.

    Cavaleiro
    Veterano
    # set/12
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    Lembrei dessa camisa:

    http://jdebates.wordpress.com/2008/12/19/pra-que-serve-um-intelectual/

    Vitalogy
    Veterano
    # set/12
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    /só li o titulo.

    Que deselegante /Ó.ò\

    The Laughing Madcap
    Veterano
    # set/12
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    sei lá, só quero ser chamado de doutô

    The Laughing Madcap
    Veterano
    # set/12
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    e ai de quem perguntar que porra de aplicação prática (além de ser chamado de doutô) terão minhas pesquisas

    ficarei no hermético ambiente académico, batendo ******* intelectual e fingindo dar aula, ta sert0

    Snakepit
    Veterano
    # set/12 · Editado por: Snakepit
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    luckitto
    Existe mestre monoglota fora do Brasil?

    Cara, eu sinto pena de você.

    Monoglota pode existir, desde que seja amerciano ou Ingles, como o Bush.

    Não que seja impossivel, mas acho que ingles é primordial hoje em dia.

    Meio off topic, mas resolvi pesquisar sobre os mangustos pela sua habilidade de matar cobras. Eles são uns bichinhos bonitinhos e pequeninhos, parecido com a nossa capivara, que simplesmente consegue comer cobras venenosas como a Naja Africana. É muito foda.

    Onde eu quero chegar, no Wiki em PT se quer existe uma pagina sobre ele, somente sobre a familia. Agora em ingles tem tudo. Isso é só um exemplo, pode dizer que seja até tosco.

    Mas não saber ingles voce perde muito conhecimento, basicamente fica preso ao portugues, tendo que viver de livros traduzidos, muitos toscamente, e sem nunca poder aproveitar a verdadeira fonte.

    The Laughing Madcap
    Veterano
    # set/12
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    Snakepit

    maior parte dos originais que leio estão em francês, ingles ou alemão

    infelizmente ainda arrego no alemão

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