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Piano ON GRACE Veterano |
# mai/12
Era quando os dedos de Clara passavam pelo Si bemol que o Lá começava a dar sinais de ciúme.
A nota seguinte seria ele, mas não queria soar. Não daquela vez. Protesto pelo silêncio. “Onde já se viu…” – pensava a tecla. Os dedos pálidos da menina sempre acariciavam com mais intensidade aquela nota preta. Ouvira a professora de piano dizer “Chamam-se acidentes, os sustenidos e bemóis. São essas pretas. As notas da oitava são as naturais, as brancas. Dó ré mi fá sol lá si dó. Repita!” E lá ia o toque delicado da Clara espalhar-se pelo teclado, horas a fio depois do lanche da tarde.
Acidentes…
Naturais?
Ela costumava errar na segunda linha da página 2 do exercício 5. Acidentalmente previlegiava os acidentes. Pulava o Lá, indicado na partitura logo depois do Si bemol. “O Lá, olha o Lá, cabeça de vento!” Repetia para si mesma a garota com sua voz aguda. Tentava mais uma vez, mas perdia o ritmo. Batia na própria testa com as mesmas pontas de dedos que tornavam aquele maldito Si bemol bem sonoro, ao invés do Lá.
Si bemol sorria. Lá chingava. Mi sentia Dó, que lamentava a situação. Ré e Fá dormiam, e o Sol ficava lá fora, além da janela.
Era para a janela que Clara olhava na tentativa de clarear as idéias.
Mas só vai brincar na rua depois de estudar todas as escalas, dizia a mãe.
Agora essa. O Lá sem soar. Mããããe, o piano tá quebrado, lá não tá tocando mais! Já posso ir andar de bicicleta?
Não, não podia. Começou a bater no Lá para que destravasse e terminasse logo com o tormento.
A textura do dedo indicador da garota satisfazia a tecla teimosa. Conseguira a sua atenção! O Lá chegou a mostrar a língua pro Si bemol. “Toma essa, acidente!”
Pronto, missão cumprida. Já poderia destravar.
Teclas de marfim, teclas de ébano. Oposição de cores.
Harmonia?
O certo é que para tocar a valsinha preferida, Clara passeava por todas elas, acidentando-se nas naturais e naturalizando-se nos acidentes.
Música girando nos dedos pálidos. Nas teclas brancas. Nas teclas pretas.
Todas apaixonadas.
Por Clara.
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Wanderer on the Offensive Veterano |
# mai/12
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Por isso que eu tenho medo de comprar um teclado. O tecladismo pode tomar conta da minha cabeça e eu ficar igual o amigo aí. =)
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fernando tecladista Veterano |
# mai/12
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Ébano e Marfim Vivem juntos em perfeita harmonia, Lado a lado no teclado do meu piano. Oh, Senhor, por quê nós não?
Ébano, Marfim, vivendo em perfeita harmonia. Ébano, Marfim..
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Alexander DeLarge Veterano |
# mai/12
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Literatura é perda de tempo.
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tambourine man Veterano |
# mai/12
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ana clara aprova
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Wanderer on the Offensive Veterano |
# mai/12
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tambourine man ana clara aprova Pensei nisso tb. :)
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brunohardrocker Veterano |
# mai/12
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Teclas pretas, teclas brancas Piano dedos palidos Clara
Muito familiar.
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guizimm Veterano |
# mai/12
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isso não seria uma cronica?ou um conto?
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Bob Mauley Veterano |
# mai/12
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tetas pretas, tetas brancas
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elyts Veterano |
# mai/12
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interessante
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Scrutinizer Veterano |
# mai/12
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2012 não usando um piano microtonal Pleb
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snowwhite Veterano |
# mai/12
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chingava
Parei aqui.
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guizimm Veterano |
# mai/12
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Era quando os dedos de Clara passavam pelo Si bemol que o Lá começava a dar sinais de ciúme.
A nota seguinte seria ele, mas não queria soar. Não daquela vez. Protesto pelo silêncio. “Onde já se viu…” – pensava a tecla. Os dedos pálidos da menina sempre acariciavam com mais intensidade aquela nota preta. Ouvira a professora de piano dizer “Chamam-se acidentes, os sustenidos e bemóis. São essas pretas. As notas da oitava são as naturais, as brancas. Dó ré mi fá sol lá si dó. Repita!” E lá ia o toque delicado da Clara espalhar-se pelo teclado, horas a fio depois do lanche da tarde.
Acidentes…
Naturais?
Ela costumava errar na segunda linha da página 2 do exercício 5. Acidentalmente previlegiava os acidentes. Pulava o Lá, indicado na partitura logo depois do Si bemol. “O Lá, olha o Lá, cabeça de vento!” Repetia para si mesma a garota com sua voz aguda. Tentava mais uma vez, mas perdia o ritmo. Batia na própria testa com as mesmas pontas de dedos que tornavam aquele maldito Si bemol bem sonoro, ao invés do Lá.
Si bemol sorria. Lá chingava. Mi sentia Dó, que lamentava a situação. Ré e Fá dormiam, e o Sol ficava lá fora, além da janela.
Era para a janela que Clara olhava na tentativa de clarear as idéias.
Mas só vai brincar na rua depois de estudar todas as escalas, dizia a mãe.
Agora essa. O Lá sem soar. Mããããe, o piano tá quebrado, lá não tá tocando mais! Já posso ir andar de bicicleta?
Não, não podia. Começou a bater no Lá para que destravasse e terminasse logo com o tormento.
A textura do dedo indicador da garota satisfazia a tecla teimosa. Conseguira a sua atenção! O Lá chegou a mostrar a língua pro Si bemol. “Toma essa, acidente!”
Pronto, missão cumprida. Já poderia destravar.
Teclas de marfim, teclas de ébano. Oposição de cores.
Harmonia?
O certo é que para tocar a valsinha preferida, Clara passeava por todas elas, acidentando-se nas naturais e naturalizando-se nos acidentes.
Música girando nos dedos pálidos. Nas teclas brancas. Nas teclas pretas.
Todas apaixonadas.
Por Clara
parei aqui
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Nai drummmeeeeeeeer Veterano |
# mai/12
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o forum de tecladistas é outro....... ou estou enganado ?
...........-----------]]
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