Sobre o solipsismo

    Autor Mensagem
    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: Cavaleiro


    "Se o barulho é uma sensação, esta tem uma causa. No mundo sensível (que é o mundo da física de Newton e Einstein), os fenómenos físicos estão sujeitos a um determinismo (o que não acontece da mesma maneira no mundo quântico, mas agora não vem ao caso).

    Um exemplo: na ética cada ser humano tem uma sensibilidade própria em relação a ela (existem criaturas humanas que nem sequer são capazes de sentimentos empáticos, e contudo, a ética terá que existir para eles também), as regras da ética têm que ter em conta não a subjectividade individual, mas a “intersubjectividade” ou “subjectividade colectiva”.

    A noção de intersubjectividade foi introduzida pela fenomenologia (Husserl) , segundo a qual existe um “tecido” de relações anterior e preliminar à definição dos sujeitos unidos por tais relações — o que significa que um sujeito não está sozinho mas unido a priori ou à partida a um tecido ou rede de sujeitos. Através da intersubjectividade, os sujeitos comunicam num idêntico nível da realidade. Quando eu estou a escrever isto e a tentar comunicar, parto do princípio de que o leitor vai apreender o sentido do texto — não literalmente segundo a minha subjectividade, porque isso seria impossível na medida em que existem dois sujeitos analisando o mesmo texto; mas pelo menos existe a possibilidade de uma comunhão intersubjectiva sobre algumas ideias do texto.

    O género humano apareceu no planeta Terra há cerca de 2 milhões de anos, e a espécie humana moderna há cerca de 130 mil anos. Antes de existir o homo sapiens sapiens, não existiam “árvores que caíam na floresta” ? Antes de o género humano aparecer na Terra, não existiriam outros animais com tímpanos (por exemplo, o macaco) ? Será que um surdo pode afirmar, com toda a legitimidade e racionalidade, que os barulhos não existem porque ele não os ouve, e ainda assim ter razão ?

    As vibrações do ar, que produzem os sons da natureza, são traduzidas ou interpretadas pela nossa mente, mas essas vibrações do ar existem independentemente da percepção da nossa mente. Dizer o contrário disto é um exercício de solipsismo. "

    Além da questão religiosa, vocês acreditam em algo que não é interpretado em nossa mente? Exemplifique.

    Dissertem, ou não.

    O poder é de vocês.

    http://espectivas.wordpress.com/2010/05/29/solipsismo/

    redstratocaster
    Veterano
    # abr/12
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    First!

    EternoRocker
    Veterano
    # abr/12
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    redstratocaster

    O que significa "First!" ???

    redstratocaster
    Veterano
    # abr/12
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    EternoRocker

    Não faço idéia

    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # abr/12
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    As vibrações do ar, que produzem os sons da natureza, são traduzidas ou interpretadas pela nossa mente, mas essas vibrações do ar existem independentemente da percepção da nossa mente. Dizer o contrário disto é ser retardado.

    dibass
    Veterano
    # abr/12
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    EternoRocker
    é uma declaração pública do homosexualismo.

    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # abr/12
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    algo que não é interpretado em nossa mente? Exemplifique.

    Ondas sonoras de frequência maior que 20 KHz.

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/12
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    Será que um surdo pode afirmar, com toda a legitimidade e racionalidade, que os barulhos não existem porque ele não os ouve, e ainda assim ter razão ?

    Ao menos não deveria poder.

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    “Se uma árvore cair na floresta, e não existir ninguém por perto para ouvir o ruído causado pela sua queda, será que a sua queda causa ruído?”

    1. A pergunta / proposição parte de um princípio: o de que a árvore existe — quando pergunta: “Se uma árvore cair na floresta (…)”. Portanto, é assumido que a árvore existe. O problema é saber se a sua queda causa ruído.

    2. Quem diz que o ruído da queda da árvore só existe na medida em que é percebido pelos sentidos (neste caso, a audição) parte do princípio de que os ultra-sons e os infra-sons, que são percebidos pelos cães, por exemplo, no primeiro caso, e pelas baleias, no segundo caso — mas que não são percebidos pelo aparelho auditivo do Homem — não existem. Os ultra-sons e os infra-sons são assim entendidos como concepções ilusórias, coisas que não existem porque não podem ser entendíveis pelos sentidos humanos.

    3. Não pode haver, na abordagem desta proposição, uma separação entre a ciência e a filosofia. Vou mais longe: qualquer teoria filosófica que não tenha em atenção a ciência, por mínima que seja essa atenção, descamba em delírio interpretativo da realidade. Isto não quer dizer que a ciência contenha em si a verdade; quer apenas dizer que a verdade também se encontra na ciência. Porém, não podemos utilizar argumentos científicos — como é o caso da proposição/pergunta — de uma forma subjectiva; a ciência é objectiva. O que a ciência nos diz é que todas as leis da física, necessárias para que o ruído (da árvore que cai) seja ouvido, existem, com excepção da adaptação do nosso aparelho auricular para o ouvir (neste caso concreto da “árvore na floresta”.

    4. Por outro lado, não podemos partir do princípio de que todos os aparelhos auriculares de todos os seres humanos são iguais, e excluir qualquer possibilidade de existirem fenómenos extraordinários de audição. A ciência pode provar que uma coisa existe, mas não pode provar que uma coisa não existe ou não possa existir. Quando se diz que “é impossível ouvir o ruído daquela árvore que cai na floresta”, parte-se de um pressuposto acientífico: o de que se pode provar que uma coisa não existe ou que existe a impossibilidade de uma coisa acontecer — coisa que a ciência não pode fazer.

    5. Portanto, a proposição/pergunta parte de um princípio científico para elaborar uma teoria subjectivista. Ela é falaciosa.

    6. A proposição / pergunta poderia ser analisada à luz da filosofia quântica que implica um não-determinismo nos processos da “não-localidade” quântica. Mas esta abordagem não se coloca, porque a proposição baseia-se e tem apenas em conta as leis da física aplicáveis, de uma forma determinista, no mundo macroscópico ou macrocosmos.


    Que viagem.

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/12
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    Bom tópico, aguardo posts surpreendentes.

    François Quesnay
    Veterano
    # abr/12
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    vocês acreditam em algo que não é interpretado em nossa mente?

    a priori, acredito em tudo.

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    Pra revirar o hipotálamo.

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    Acho que existe muita coisa que nossa mente não consegue ver, ouvir, sentir, pressentir, elaborar, explicar.

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/12
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    snowwhite

    Quais exemplos?

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    brunohardrocker

    Quais exemplos?

    Sons, cores, realidades, coisas que eu não posso afirmar e nem atribuir características porque justamente não sei e não percebo como reais.

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/12
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    snowwhite

    Então é tudo ilusão?

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    brunohardrocker

    Então é tudo ilusão?

    Não sabemos se o que percebemos como realidade assim o é de fato e nem que outras características a realidade têm. Há percepção de apenas uma parte do que existe e mesmo assim limitado a nossos aparelhos sensoriais. Por isto as pessoas percebem e descrevem a realidade de diferentes formas. Junatmos um pouco do que elaboramos como cogniscível e do que o outro nos expressa, mais aquilo que foi descoberto através da ciência ( como fenômenos físicos e químicos imperceptíveis) e temos um apanhado de informações. Se a isto se chama realidade ou ilusão é só questão de conceituação.

    Vick Vaporub
    Veterano
    # abr/12
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    snowwhite

    Não sabemos se o que percebemos como realidade assim o é de fato e nem que outras características a realidade têm. Há percepção de apenas uma parte do que existe e mesmo assim limitado a nossos aparelhos sensoriais. Por isto as pessoas percebem e descrevem a realidade de diferentes formas. Junatmos um pouco do que elaboramos como cogniscível e do que o outro nos expressa, mais aquilo que foi descoberto através da ciência ( como fenômenos físicos e químicos imperceptíveis) e temos um apanhado de informações. Se a isto se chama realidade ou ilusão é só questão de conceituação.

    Por isso eu amo psicotrópicos.

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: snowwhite
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    Vick Vaporub

    Por isso eu amo psicotrópicos.

    Eu não. Já viajo demais quando sonho. Acordo com muita minhoca na cabeça. Imagina se eu drogaditasse.

    redstratocaster
    Veterano
    # abr/12
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    dibass

    Eu esperava alguem dizer "pau no cu do first", mas vc foi mais educado

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/12
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    snowwhite
    Imagina se eu drogaditasse.

    Mas bah, tá cheio de guri drogadito por aí.

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    brunohardrocker

    Mas bah, tá cheio de guri drogadito por aí.

    Sempre esteve. Uma vez um colega meu chegou na sala de aula dizendo que o Ipiranga ( arroio que corta a cidade com avenida de cada lado) estava brilhante. Isto ele me contou agora depois qeue nos reencontramos. Também cheirava limpa-tipos. Sabe o que é isto? Um líquido a base de querosene que se comprava nas livrarias para limpar tipos ( tipografia). Ficava zoado demais. Ele toca guitarra numa banda ainda hoje. Pela cara dele deve chapar ainda. hahaha

    wild.man
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: wild.man
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    Obviamente a percepção de realidade por parte do ser humano é limitada pelas suas capacidade sensoriais e racionais. Nós vivemos de interpretações e convenções, nunca da visão concreta dos objetos de investigação.
    Por isso prefiro respeitar outras concepções (até certo ponto). Mesmo sabendo que o escopo que eu determino é falho.

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