Sobre se colocar acima das leis

Autor Mensagem
One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12 · Editado por: One More Red Nightmare


Não, este não é um tópico políticos, banqueiros ou emissoras de televisão.

O exemplo mais óbvio que eu poderia dar é de Crime e Castigo, do Dostoiévski, quem já leu entenderá mais rapidamente o tópico, mas basicamente o personagem se considera acima das leis mundanas que regem pessoas mundanas, resolve cometer um crime e acaba por se entregar à justiça, por não suportar as recriminações que ele mesmo se impõem e etc (não vou ficar contanto o livro, procurem um resumo se quiserem)

Como vocês julgariam a atitude de alguém que transgride qualquer lei de qualquer natureza em nome da própria grandeza?

As leis existem ou deveriam existir somente para pessoas medíocres (a maioria)?

Esse é um assunto que eu sempre quis criar um tópico sobre, mas nunca consegui reunir todas as informações que eu gostaria, então decidi simplificar para nos aprofundarmos com o decorrer da discussão.

Não desvirtuem, fiquem com Deus.

Viciado em Guarana
Veterano
# fev/12
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Como vocês julgariam a atitude de alguém que transgride qualquer lei de qualquer natureza em nome em nome da própria grandeza?
É um iludido.

qew
Veterano
# fev/12
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Acho que conformismo deveria ser item de fabrica.

Black Fire
Gato OT 2011
# fev/12
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Abriu esse tópico só pra dizer que leu um livro manjado.

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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Black Fire
Pior que eu li só a metade

Black Fire
Gato OT 2011
# fev/12
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Mas ele só se entrega no finzinho.

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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Black Fire
Eu vi o filme.

Atom Heart Mother
Veterano
# fev/12
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As leis existem ou deveriam existir somente para pessoas medíocres (a maioria)?

Os não medíocres fazem a lei para os medíocres, que burlam essas leis, logo os medíocres são os não medíocres que não conseguem manter a ordem.

fiquem com Deus.

Rosélio devolve a senha dele.

Scrutinizer
Veterano
# fev/12
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Minhas idéias têm influências das de Raskólnikov.

Eu acho errado, porque crime é feio, e bandido bom é bandido morto.

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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Scrutinizer
Você está errado.

megazord
Veterano
# fev/12
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Ler Nietzsche é um bom complemento pras idéias do Raskólnikov.Belo livro,por sinal.

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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megazord
Sua opinião é importante, não se furte em expô-la.

Atom Heart Mother
Veterano
# fev/12
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Se não tivesse nem condição, muito menos dinheiro para conseguir comer, é claro que entraria pra criminalidade. A culpa não é do bandido, mas sim da sociedade que dá margem para que se criem pessoas em situações deploráveis cuja a única saída é entrar pro crime.
O bom não é que matem todos os bandidos, mas que parem de fabrica-los.

The Laughing Madcap
Veterano
# fev/12 · Editado por: The Laughing Madcap
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ler O estrangeiro do Camus.


você está numa vibe meio absurdista (ou existencialista), tá fácil ficar empurrando camus (talvez Sartre também) pra você.

Volunteer
Veterano
# fev/12
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Atom Heart Mother
Eu prefiro não culpar ninguém e só aceitar como as coisas são, mas acho que esse não é o assunto do tópico.

The Laughing Madcap
Veterano
# fev/12
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ps: eu acho que lei boa é lei quebrada


abç, excel_mg

___

ousadia e alegria

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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Atom Heart Mother
Que fique claro que o sujeito não ''entrou pra criminalidade" nem cometeu o crime por estar passando fome..

The Laughing Madcap
Estou na mesma vibe neurótica de sempre que as mina pira..

Atom Heart Mother
Veterano
# fev/12
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As mina pira muito num ladrão.

neologist_
Veterano
# fev/12
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você está numa vibe meio absurdista (ou existencialista)

Vibe dos desajustados.

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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neologist_
Por um acaso você está demonstrando sua aversão à filosofia sem usar de muita hostilidade?

megazord
Veterano
# fev/12 · Editado por: megazord
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One More Red Nightmare
De um modo relativo,eu concordo com o Raskólnikov.Os exemplos que se cita no livro,de Júlio César e Napoleão são bem adequados sobre como é relativo ser um vilão ou não para a sociedade.

Minha opinião é que as regras e costumes são necessários para a massa geral para que as coisas não se desenrolem de um modo caótico,(lembrando que não há verdades absolutas,pensamento de Nietzsche,e o que é crime e condenável hoje pode não o ser no futuro)mas não necessariamente essas regras e costumes são válidos para alguns que veem o absurdo de algumas delas e o absurdo da sociedade(por sinal,acho que esse é o único modo de relacionar o absurdo da obra do Camus,como o Laughing Madcap citou,com o tema).

Mas novamente,não penso isso de um modo extremista como o Raskólnikov,nem aprovo o homicídio pelos motivos que ele tomou,longe disso.Só não acredito na moral cristã de que somos todos iguais,e sim que deveriamos ter chances iguais de ser,e que cada homem deveria investir em se tornar um ser único e honesto consigo mesmo(outro pensamento de Nietzsche) e não ser materializado pela tradição da sociedade.

neologist_
Veterano
# fev/12
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One More Red Nightmare
Aversão ao absurdismo e ao niilismo, mais especificamente. Do existencialismo, tenho uma dívida com Kierkegaard, mas confesso que filosofia agora é a última coisa que quero ver pela frente, com exceção de Aristóteles.

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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neologist_
Legal, eu gostaria de poder entender melhor seu ponto, quando tiveres afim.

The Laughing Madcap
Veterano
# fev/12
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One More Red Nightmare
neologist_

venham pra sampa, encontro ot na fflch pra discutirmos sobre latinidade, MPB, Los Hermanos, buscetas (sic), Dostô, Fucô e Niti

Konrad
Veterano
# fev/12 · Editado por: Konrad
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One More Red Nightmare

Na verdade, em minha leitura do romance, não há em nenhum momento, de forma clara, a presunção ou a intenção de se por acima da lei, per se. Raskolnikov tem posturas muito mais amorais do que imorais; se elas são mais um máscara literária intencional, já é outra história.

Os debates morais do Raskolnikov são muito mais frequentemente baseados em questionamentos morais ligados ao microcosmo dele - da sua condição de estudante, da sua condição de pobre, da condição de preferido da família, daquele por quem se sacrificam a mãe e irmã - do que a qualquer tipo de revolta aberta e clara com o exterior. O grande plano do romance é a cisão que acontece nas bases morais dele, nas intermináveis discussões interiores, nos frequentes monólogos, na própria certeza de que seria capaz de suportar o fardo do assassinato. Nunca num questionamento macro, por assim dizer.

Sem dúvida o livro foi uma grande inovação na parte técnica da escrita, e da formulação do texto e sem dúvida é magnânimo na polifonia que introduz na literatura mas no geral eu acho um livro arrastado demais, mesmo para padrões de romance russo, parado demais, dependente demais do leitor. Dostoiveski escreveu coisa muito melhor, muito mais perspicaz e relevante do que o Crime e Castigo. O meu all time favourite é Mémorias do Subterrâneo, pau a pau com Recordações da Casados Mortos.

E para dizer a verdade prefiro L'Etranger do Camus nesse aspecto, muito mais focado, objetivo e impactante.

E quanto à discussão indivíduo x sociedade, sistema legal x vontade individual no contexto da filosofia moral/política proposta pelo tópico, uma página de Rawls vale mais do que 100 de Dostô.

Konrad
Veterano
# fev/12 · Editado por: Konrad
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One More Red Nightmare
Como vocês julgariam a atitude de alguém que transgride qualquer lei de qualquer natureza em nome da própria grandeza?

Isso tem nome: megalomania.

Edit: Descartes definiu melhor do que eu:

Le bon sens est la chose du monde la mieux partagée ; car chacun pense en être si bien pourvu [122] que ceux même qui sont les plus difficiles à contenter en toute autre chose n'ont point coutume d'en désirer plus qu'ils en ont.

Gansinho
Veterano
# fev/12
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As leis existem ou deveriam existir somente para pessoas medíocres (a maioria)?

Sim, só o Batman está acima das leis.

Black Fire
Gato OT 2011
# fev/12
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Tudo plagiador do Max Stirner.

One More Red Nightmare
Veterano
# fev/12
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Konrad
Que bom que comentou!

Sim, você está certo ao dizer que não houve um debato no/do macrocosmo, mas a impressão que eu tive foi a de que o personagem se acreditava verdadeiramente superior à algo que eu não tenho certeza do que seja; com efeito eu li apenas até a metade, pois, como você mesmo disse, achei uma narrativa extremamente lenta (e olha que é um dos meus gêneros preferidos). E sim, Memórias do subterrâneo é excelente.

Talvez o enfoque natural de psicólogo do Dostoiévski o impediu de explorar os pontos que eu propus no tópico, talvez eu tenha lido porcamente o livro, mas a contradição entre a "superioridade" do indivíduo versus a mediocridade que molda a vivência em sociedade me é emblemática quando lembro desse livro.

megazord
Veterano
# fev/12
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Sério,como vocês conseguiram achar o livro lento?Eu não conseguia parar de ler pela tensão.
E sobre isso de macrocosmo,acho que fica bem óbvio na parte que cita Júlio César e Napoleão,numa análise histórica da sociedade,e no artigo que o Raskólnikov escreveu.

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