Opinião de um evolucionista sobre vida extra-terrestre inteligente

Autor Mensagem
Morgenstern
Veterano
# out/09


Entrevista da Veja com o paleontólogo Peter Ward , se tiver paciencia leia kkkk , autor do livro Rare Earth – Why Complex Life Is Uncommon in the Universe (Terra Rara – Por que a Forma Complexa de Vida é Incomum no Universo)

Veja – Por que o senhor é tão pessimista em relação à existência de vida fora da Terra?

Ward – Primeiro é preciso esclarecer sobre que tipo de vida estamos falando. Se você estiver pensando em micróbios ou bactérias, há toda a probabilidade de que possamos encontrá-los fora da Terra, mesmo em nosso sistema solar. Acredito que existam microrganismos no subsolo de Marte ou embaixo da camada de gelo de Europa, uma das luas de Júpiter. Vida inteligente, porém, é outra história, muito mais complicada. Para chegar até ela, é preciso que os micróbios evoluam para formas de vida animal e depois desenvolvam inteligência. Tudo isso leva milhões e milhões de anos. A maior parte dos sistemas planetários hoje conhecidos não teve tempo para que isso acontecesse. Outro problema é que a manutenção de formas de vida mais complexas que uma lesma exige que um planeta atenda a uma série longa de requisitos, todos muito raros fora do sistema solar.


Veja – O astrônomo Carl Sagan, que tinha opinião contrária a sua, dizia que o fato de haver bilhões e bilhões de galáxias tornava muito provável a existência de vida inteligente em outros planetas. O senhor não leva esse dado em conta?

Ward – Não é só uma questão de probabilidade estatística. Para começar, são pouquíssimas as galáxias que podem hospedar formas superiores de vida. Tome como exemplo as de forma irregular. Elas surgem quando duas galáxias colidem. O resultado dessa colisão é um ambiente infernal. Seria impensável a existência de qualquer forma de vida num lugar desses. As galáxias elípticas também não servem, porque ali as estrelas são pobres em metais e substâncias químicas essenciais para a vida. Pequenas galáxias devem ser igualmente descartadas porque o interior delas é muito instável. Por fim, podemos esquecer as galáxias muito distantes, que são novas demais, ainda não tiveram tempo para formar planetas sólidos, como a Terra e Marte, e cuja composição química não favorece em nada a existência de vida. Então, sobra pouca coisa: apenas as galáxias em espiral, como a nossa Via Láctea.


Veja – Mesmo assim, há bilhões e bilhões de estrelas nas galáxias espirais.

Ward – Mas nem todas poderiam abrigar vida. O núcleo das galáxias é congestionado demais. A altíssima freqüência de explosões e colisões de estrelas faz dessas regiões um ambiente estéril do ponto de vista biológico. Se você pegar o lado oposto, mais próximo das bordas de uma galáxia, também não funciona. Nessas áreas, é muito baixa a concentração de elementos pesados, como carbono, ferro e sódio, todos fundamentais para a formação de planetas sólidos e para iniciar a fusão que aquece o interior desses planetas. Nossa galáxia tem um diâmetro aproximado de 85.000 anos-luz. O Sol está a cerca de 25.000 anos-luz do núcleo, na zona intermediária de um dos braços da Via Láctea. É uma combinação única, extremamente favorável à existência de formas de vida como a nossa. Tivemos muita sorte.


Veja – Por que essa combinação é única?

Ward – Para sustentar vida, um planeta não pode orbitar qualquer estrela. Muitas pessoas acreditam que o Sol é uma estrela comum. Isso está errado. Cerca de 95% de todas as estrelas têm massa menor que a do Sol. As mais numerosas em nossa galáxia têm apenas 10% da massa solar. São todas más candidatas a hospedar vida evoluída porque emitem pouca energia. Para conseguir calor suficiente, um planeta precisaria estar tão perto dessa estrela que entraria no que chamamos de rotação sincrônica. Um lado do planeta estaria sempre de frente para a estrela. A temperatura no lado escuro seria tão baixa que toda a atmosfera congelaria, impedindo a formação de vida animal.


Veja – E se a estrela for maior do que o Sol?

Ward – Também não serve. Nosso Sol tem o tamanho exato para ficar praticamente estável durante 10 bilhões de anos, tempo suficiente para a evolução de formas complexas de vida. Se a massa do Sol fosse apenas 50% maior, ele queimaria toda sua energia em apenas 2 bilhões de anos. No estágio final, antes de virar um gigante vermelho, seu brilho e calor aumentariam 1 milhão de vezes, incinerando os planetas mais próximos, inclusive a Terra.


Veja – Digamos que, garimpando muito bem, sobrem ainda cinco ou seis estrelas do tamanho do Sol. Apenas isso já não bastaria para derrubar sua teoria?

Ward – Ainda não. Há uma infinidade de outros fatores que contribuem para a existência de uma forma superior de vida como a nossa. É preciso que o planeta não esteja sob bombardeio freqüente de cometas e meteoros. Isso só não acontece na Terra porque os planetas vizinhos lhe servem de escudo. O enorme campo gravitacional de Júpiter atrai boa parte da sujeira espacial que poderia destruir a Terra. Resolvido esse problema, a órbita do planeta candidato a abrigar vida precisa estar na distância correta em relação à estrela, de modo a manter água em estado líquido. A maior parte dos planetas está muito longe ou perto demais. Aqueles com pouca água não podem ter formas avançadas de vida. Os inteiramente cobertos por oceanos profundos também não são ideais.


Veja – Por que a água é tão essencial?

Ward – O fato de haver águas rasas na Terra pode ter sido vital, em um certo momento de sua história, para o processo químico que formou grandes quantidades de calcário e retirou gás carbônico da atmosfera. Se isso não tivesse acontecido, a atmosfera de nosso planeta teria concentrações muito elevadas de gás carbônico. Como resultado, a temperatura seria excessivamente alta, acima de 100 graus Celsius. Num ambiente assim, os oceanos evaporariam e a vida na Terra terminaria de maneira catastrófica. Nosso planeta levou cerca de 2 bilhões de anos para formar oxigênio em quantidade suficiente para permitir a sobrevivência de animais. Além disso, a superfície passou por um longo período de estabilidade, que permitiu a existência contínua de água. A Terra só conseguiu desenvolver um ecossistema tão rico porque vem mantendo seus oceanos por mais de 4 bilhões de anos. E sempre em grau de acidez e salinidade que permite a formação de proteínas, a estrutura básica dos seres vivos.


Veja – Então, tudo se resume a uma questão de sorte?

Ward – Sorte é, sem dúvida, uma razão para existirmos, mas há outros fatores. Veja o papel desempenhado pela Lua nessa história. Ela mantém um perfeito jogo de forças gravitacionais com a Terra e evita que nosso planeta oscile demasiadamente enquanto gira em torno do próprio eixo. Se não fosse pelo efeito estabilizador da Lua, não estaríamos aqui. Isso é muito raro. Em nosso sistema solar, só Terra e Plutão têm um satélite natural de bom tamanho. A diferença é que Plutão é um freezer perdido na escuridão, onde provavelmente a vida nunca florescerá.


Veja – E quanto às outras formas de vida, mais elementares, é possível haver seres não inteligentes em outros planetas?

Ward – A respeito disso eu tenho poucas dúvidas. A forma mais antiga e abundante de vida na Terra é a microscópica. Ela surgiu há cerca de 4 bilhões de anos, tão logo o planeta resfriou e começou a apresentar as condições mínimas para a existência de vida. O fato de as primeiras bactérias terem aparecido aqui tão cedo sugere que não é difícil que elas brotem em qualquer outro lugar com a mesma facilidade.


Veja – Quais são as possibilidades de encontrarmos vida microscópica em Marte?

Ward – Muito boas. Há 4 bilhões de anos, as condições em Marte eram bem mais favoráveis à vida do que são hoje. O planeta vizinho era mais quente, tinha uma atmosfera e até mesmo água na superfície. E, uma vez que formas microscópicas de vida se formam, é difícil que desapareçam. Uma das grandes descobertas recentes é que os micróbios podem ser encontrados em camadas profundas do solo, até a 1 quilômetro abaixo da superfície. Eles conseguem viver em material rochoso, a altíssimas temperaturas, e não precisam de muita energia. Por isso, o melhor lugar para procurar vida em Marte é no subsolo. Como a temperatura lá é mais alta do que na superfície, provavelmente há uma boa quantidade de água aprisionada no interior das rochas, inclusive em estado líquido. O Pólo Sul marciano tem um bom volume de água, embora em quantidade bem menor do que na Terra, é claro.


Veja – E em Europa, a lua gelada de Júpiter, é possível haver vida lá?
Ward – Europa tem uma superfície coberta por uma camada de gelo. Há evidência de que, no fundo dessa crosta gelada, exista um oceano, com água em estado líquido. Lá também há boas chances de se encontrar microrganismos extraterrestres. Mas é praticamente impossível existir alguma forma mais evoluída de vida. Como a superfície é inteiramente coberta de gelo, não há como a luz chegar ao oceano líquido embaixo. O brilho do Sol nas imediações de Júpiter já é muito pálido. A única fonte de calor seria a atividade vulcânica no interior da própria lua.


Veja – Ao mostrar-se tão cético em relação à vida fora da Terra, o senhor não está subestimando a capacidade dos seres vivos de se adaptar a condições hostis?

Ward – Até hoje não se descobriu um modelo tão eficiente para gerar e sustentar a vida quanto o DNA, código genético que compõe a base de todos os seres vivos na Terra. Nem a ficção científica conseguiu imaginar uma estrutura molecular tão maravilhosa para metabolizar energia, se reproduzir e evoluir. É preciso levar em conta também a anatomia. Veja o ET do cineasta Steven Spielberg. Biologicamente, a criatura que ele inventou não faz nenhum sentido. Era um bichinho muito fofo, sem dúvida. Mas um ser com uma cabeça tão grande e um pescoço tão fino para sustentá-la não poderia sobreviver. Os ficcionistas dariam péssimos cientistas.


Veja – O que lhe vem à cabeça quando contempla um belo céu estrelado?

Ward – Eu sempre me pergunto se há alguém lá fora. Diante de um céu estrelado, é fácil entender por que tantas pessoas acreditam em ETs e discos voadores. Como cientista, porém, eu tenho de lidar com fatos e dados concretos. E todos eles até agora nos dizem que provavelmente estamos sós no universo.


Veja – Nos Estados Unidos, cientistas sérios e renomados, ligados ao Programa de Busca de Inteligência Extraterrestre, Seti, tentam escutar sinais de rádio emitidos por seres extraterrestres. É dinheiro jogado fora?

Ward – A principal característica de nossa espécie é ser otimista e explorar o desconhecido. Da mesma forma como nos dedicamos à arte e à literatura, precisamos persistir em pesquisas arriscadas, de futuro incerto. Mas é preciso definir certas prioridades. A biodiversidade da Terra nunca correu risco tão grande como hoje. Antes de gastar muito dinheiro procurando ETs, deveríamos investir prioritariamente para manter as espécies de nosso planeta. O governo americano está gastando mais de 60 milhões de dólares no Seti, além dos 100 milhões de dólares investidos pela iniciativa privada. Esse dinheiro poderia ser mais bem aplicado em projetos que ajudem a proteger as florestas tropicais e os ecossistemas ameaçados.


Veja – Como o senhor reagiria se, amanhã ou depois, o projeto Seti realmente captasse sinais de vida inteligente fora da Terra?

Ward – Antes de tudo, eu teria de pedir desculpas ao pessoal do projeto. Além disso, acho que nossa espécie seria profundamente transformada. Poucas questões filosóficas são tão instigantes e têm implicações tão profundas quanto aquela relacionada ao nosso papel no universo. Se estamos sós, é surpreendente. Se tivermos companhia lá fora, é mais chocante ainda.

fill.zanchez
Veterano
# out/09
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putz... mas to sem nada pra fazer, vou ler!

Sedank
Veterano
# out/09
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paleontólogo?

não seria astrônomo?

Morgenstern
Veterano
# out/09
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Peter Ward

r2s2
Veterano
# out/09
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Morgenstern

Caceta, procuro essa entrevista há anos! Valeu cara!

Sedank
Veterano
# out/09
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Morgenstern

estranho, muito estranho

fill.zanchez
Veterano
# out/09
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Veja – O que lhe vem à cabeça quando contempla um belo céu estrelado?

Ward – Eu sempre me pergunto se há alguém lá fora. Diante de um céu estrelado, é fácil entender por que tantas pessoas acreditam em ETs e discos voadores. Como cientista, porém, eu tenho de lidar com fatos e dados concretos. E todos eles até agora nos dizem que provavelmente estamos sós no universo.


HAHA! EU SABIA QUE AQUILO ERA UM DIRIGÍVEL... ¬¬

Veja – Nos Estados Unidos, cientistas sérios e renomados, ligados ao Programa de Busca de Inteligência Extraterrestre, Seti, tentam escutar sinais de rádio emitidos por seres extraterrestres. É dinheiro jogado fora?

Ward – A principal característica de nossa espécie é ser otimista e explorar o desconhecido. Da mesma forma como nos dedicamos à arte e à literatura, precisamos persistir em pesquisas arriscadas, de futuro incerto. Mas é preciso definir certas prioridades. A biodiversidade da Terra nunca correu risco tão grande como hoje. Antes de gastar muito dinheiro procurando ETs, deveríamos investir prioritariamente para manter as espécies de nosso planeta.


ESSE CARA MERECE UM BEIJO!!! (ÚI)


r2s2
Veterano
# out/09
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Muito legal, eu havia lido uma resenha desse livro acho que na superinteressante há alguns anos. Toda vez que alguém vem com essa de vida abundante no universo eu lembro disso.

Link para comprar o livre

Morgenstern
Veterano
# out/09
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Sedank

Não entendi o duplo sentido ? xD
ele teria de ser astronomo para entender mecanica celeste ou biologia ?

Vamos lembra que antes de Darwin escrever "On the Origin of Species by Means of Natural Selection" ele foi Medico e Teologo ...

Bog
Veterano
# out/09
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Morgenstern

Não entendi o porquê do "um evolucionista" no título. E daí que ele é um evolucionista? Por que não dizer que ele "tinha bigode", que é "um cara grisalho", ou que é "um americano"? Talvez poderíamos dizer que é a "opinião de um bípede sobre vida extra-terrestre inteligente"... =P

Em suma, o "um evolucionista" ali quase convida este tópico a ser mais um daqueles infinitos sobre religião, hehehe.

Morgenstern
Veterano
# out/09
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Bog
Em suma, o "um evolucionista" ali quase convida este tópico a ser mais um daqueles infinitos sobre religião, hehehe.

Convenhamos que qualquer topico com titulos "Evolução , Astronomia , Criacionismo , Vida Extraterrena e Futebol"
Causa uma "Guerra dos mundos" no OT, sempre desvirtuando o principal assunto para o assunto "Deus existe ?"...

Coloquei que ele é evolucionista, por que se você ler a pesquisa , verá que ele fala sobre conceitos da teoria da evolução.
E se ele citasse conceitos Criacionistas, os Evolucionistas do OT (cerca de 90 %) iriam me apedrejar xD kkkkkkkk

Se alguem quiser discutir o assunto temos que falar sobre negar o fato de existir vida inteligente fora da terra ...
Agora se isso é vontade de Deus ... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

parei aqui ... =P

Clauber guns
Veterano
# out/09
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Ward – A principal característica de nossa espécie é ser otimista e explorar o desconhecido. Da mesma forma como nos dedicamos à arte e à literatura, precisamos persistir em pesquisas arriscadas, de futuro incerto. Mas é preciso definir certas prioridades. A biodiversidade da Terra nunca correu risco tão grande como hoje. Antes de gastar muito dinheiro procurando ETs, deveríamos investir prioritariamente para manter as espécies de nosso planeta.


Issae \o

Antes de tentar achar vida lá fora, devíamos nos preocuparmos com a vida aqui dentro da Terra
:S

adnz
Veterano
# out/09
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tl;dr

Eu vi uma mulher explicando que é possível que exista vida em um satélite de Saturno pois as formações de lá são bem parecidas com a da Terra, mas ao mesmo tempo diferentes... Mas ao mesmo tempo podem ter vida... :P

Se existe a possibilidade de vida em outros planetas no mesmo sistema solar eu acho que é idiota negar que possa ter existido em algum outro lugar uma raça mais inteligente que a nossa. u.u

E outra coisa, esse cara só considera o NOSSO tipo de vida. Não existem outras maneiras de que a vida possa se formar que a gente talvez não conheça?

Sempre aparece alguma coisa pra acabar com as minhas esperanças. = =

Bog
Veterano
# out/09
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Morgenstern
temos que falar sobre negar o fato de existir vida inteligente fora da terra

Eu acho difícil negar. Mas também acho difícil confirmar. Acho pouco provável, mas não impossível. Principalmente porque ninguém sabe exatamente qual é a probabilidade de um planeta qualquer ter vida inteligente. Muito menos, quais são as chances de isso existir AGORA. Por isso, qualquer estatística não faz sentido aqui. Apesar de gostar dos trabalhos do Carl Sagan, não vejo como usar a afirmação de que existem bilhões e bilhões de estrelas. A probabilidade pode ser muito menor do que uma em bilhões e bilhões.

Já que esbarramos no tema "religião", é mais ou menos como o Richard Dawkins afirmando que a probabilidade de existir um deus é muito pequena. Como diabos (hehe) o cara pode afirmar isso, se esta probabilidade não é computável?! O.o

adnz
Veterano
# out/09
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Bog
é mais ou menos como o Richard Dawkins afirmando que a probabilidade de existir um deus é muito pequena.

Como meu professor de probabilidade fala: "A probabilidade está nas nossas mentes!"

r2s2
Veterano
# out/09
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Bog
Principalmente porque ninguém sabe exatamente qual é a probabilidade de um planeta qualquer ter vida inteligente.

Mas há esse tipo de estatística. É uma pena que eu não tenha tudo isso guardado aqui no pc, mas há muita estatística sobre isso sim.

Essa coisa de uma galáxia espiral que ele diz, já se sabe que só há possibilidade de vida em 20% de sua área, assim como em um sistema solar, que só há possibilidade em uma certa distância do sol. Chamam essa área de "cachinhos dourados", citado pelo Dawkins que vc citou.

Cachinhos dourados

Além disso há a questão do ciclo da região. Nosso sistema solar tem elementos pesados pq aqui antes já houve outra estrela supermassiva que colapsou, e no fim de sua vida que ocorre a síntese de elementos mais pesados que o Lítio.

Ou seja, uma estrela que seja a primeira de seu locus no universo não é capaz de gerar vida.

Além disso tem a questão das outras formas de galáxia, dos sistemas binários (se com um sol só, a terra inclina um pouquinho e já muda todo o clima, imagina com dois sóis! As diferenças serão monstruosas). Ainda existem muitas outras variáveis, como a questão da idade do planeta, a dos cometas etc que já foram citadas na entrevista.

Claro, nem todas apresentam valores de probabilidade bem definidos, mas dá para fazer uma estimativa grosseira. Pelo que lembro da resenha desse livro, ele apresenta esses valores.

E, para piorar, Stephen Hawking disse uma coisa muito legal, e com certeza vc leu esse livro dele, pq sei q vc curte. Ele diz, acertadamente no meu ponto de vista, que a inteligência não é o melhor caminho evolutivo, haja vista como 150 anos de evolução tecnológica quase nos levaram a uma hecatombe nuclear e está nos levando a um aquecimento global catastrófico.

Morgenstern
Veterano
# out/09
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Bog
Eu acho difícil negar. Mas também acho difícil confirmar

Não podemos confirmar nada , isso concordo plenamente ,
Mais podemos dizer que a massa que diz :" Não Existe Vida (inteligente ou não) Fora da TERRA" esta com vantagem muito superior ...
Levando em consideração que não há nada que comprove a exobiologia , seja ela inteligente ou não .... isso é fato ...

Já que esbarramos no tema "religião", é mais ou menos como o Richard Dawkins afirmando que a probabilidade de existir um deus é muito pequena. Como diabos (hehe) o cara pode afirmar isso, se esta probabilidade não é computável?! O.o

Vou tentar responder entrando em uma outra questão...
Conseguiriamos computar um dado tão inconsistente para a ciencia como a fé ?
Alguem provou a existencia de Deus ? de Anjos e Demonios ?
Convenhamos ,se fosse provado cientificamente seria uma revolução na ciencia , moral e sociedade.

Tudo é baseado na fé ... E isso perturba a ciencia que as vezes usa desse mesmo artificio para distribuir "verdades" pelas escolas.

O evolucionismo , criacionismo e a existencia de Deus não é provada e a probabilidade pode somente ser calculada se vc levar em consideração a area da ciencia chamada design inteligente.
Que procura na natureza dizer que tudo foi criado por um arquiteto.

Tudo é baseado na fé , ja que nada é provado.
Por isso acho ridiculo da parte dos Evolucionistas/Ateus acharem que fé é irrelevante.
Pois até mesmo para ser ateu tem que ter fé ... (ou seja acredita que Deus não existe).

r2s2
Veterano
# out/09
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Bog
Já que esbarramos no tema "religião", é mais ou menos como o Richard Dawkins afirmando que a probabilidade de existir um deus é muito pequena. Como diabos (hehe) o cara pode afirmar isso, se esta probabilidade não é computável?! O.o

O Dawkins é bem conceituado e talz. Li apenas o "Deus, um delírio" e achei bem mais ou menos.

Ele em nenhum momento provou que Deus não existe, mas acho que ele foi extremamente feliz em mostrar que, independente da existência de Deus, os argumentos pela existência são ridículos, e que, mesmo que Ele exista, Ele é inútil.

r2s2
Veterano
# out/09
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Só para complementar o post acima da zona habitável:

Zona habitável

JowR
Veterano
# out/09
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Deus rlz.

Bog
Veterano
# out/09
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r2s2
dá para fazer uma estimativa grosseira

Heheh, o problema é exatamente o quão grosseira é a estimativa. É grosseira a ponto de que, dependendo de um ou outro fator que se leve em conta, eu posso concluir que é MUITO provável e ao mesmo tempo que é MUITO POUCO provável que haja vida inteligente fora da Terra.

Este é um dos problemas de sistemas complexos, que têm um número muito grande de variáveis, sendo que boa parte delas é desconhecida.

Afinal de contas, qual será que é a metodologia usada para estimar a possibilidade do surgimento de vida INTELIGENTE em um dado ponto do espaço-tempo?

Ele em nenhum momento provou que Deus não existe, mas acho que ele foi extremamente feliz em mostrar que, independente da existência de Deus, os argumentos pela existência são ridículos

Na verdade, ele tenta dizer que Deus é extremamente improvável. Mas é muito difícil fazer essa estimativa. Na verdade, é impossível, se esse Deus não estiver contido na física - o que quer dizer que para ele coisas como "tempo" e "causa e efeito" não se aplicariam!

Eu concordo com ele que algumas concepções de "Deus" são mesmo muito pouco prováveis, em especial quando chegamos em implicações diretas no mundo material (exemplo: se você rezar com fé, será curado de qualquer doença). Mas a chance de existência de um deus metafísico não é computável.

r2s2
Veterano
# out/09
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Ah, sei que isso entra em Ainda existem muitas outras variáveis, como a questão da idade do planeta, a dos cometas etc , mas só para complementar, ainda há a questão do núcleo metálico que cria um "guarda-chuva eletromagnético" que nos protege das radiações mortíferas do sol, assim como o tamanho do planeta, se ele é gasoso ou sólido, se tem água abundante na superfície, os gases da atmosfera e agora sim um etc final!

Dogs2
Veterano
# out/09
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Valeu pelo texto ae, muito interessante, dá vontade até de estudar astronomia hauhaua

Bog
Veterano
# out/09 · Editado por: Bog
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Morgenstern
podemos dizer que a massa que diz :" Não Existe Vida (inteligente ou não) Fora da TERRA" esta com vantagem muito superior ...

Não acho que ela esteja com vantagem.

O que tem vantagem indiscutível é: Não há qualquer evidência concreta de que que exista vida (inteligente ou não) fora da Terra.

Talvez um dia exista. Talvez não. Não é uma questão de probabilidade 50%/50%. É uma probabilidade desconhecida.

Conseguiriamos computar um dado tão inconsistente para a ciencia como a fé ?

Na verdade, existe essa possibilidade, se no futuro a neurologia for capaz de apontar com precisão onde no cérebro a fé se manifesta. Neste caso, poderíamos ter um "fezômetro" objetivo. Claro, isso não quer dizer que o objeto da fé é falso - ou verdadeiro. Só poderíamos medir a fé do sujeito.

se fosse provado cientificamente seria uma revolução

Cientificamente, é IMPOSSÍVEL provar a existência de um deus metafísico. E o deus cristão é necessariamente metafísico - só assim ele poderia ter criado a física, hehehe.

sso perturba a ciencia que as vezes usa desse mesmo artificio para distribuir "verdades" pelas escolas.

Aí você já está andando em terreno pantanoso e escorregadio. "A ciência" não usa nada. Não confunda "a ciência" com este ou aquele cientista. São coisas diferentes. Este ou aquele cientista são seres humanos, sujeitos às mesmas limitações de qualquer pessoa. A ciência é apenas um método. Aliás, um método onde a fé não tem peso de evidência. A ciênica não se incomoda, a ciência não pensa, a ciência não tenta...

a probabilidade pode somente ser calculada se vc levar em consideração a area da ciencia chamada design inteligente.

Não pode. A probabilidade não pode ser calculada com base na hipótese do design inteligente. Que, por definição, não é científica, já que parte de uma premissa metafísica.

Atenção ao fato de que existem muitas coisas que não podem ser (ou simplesmente não são) estudadas cientificamente no mundo. Muitas delas têm valor inestimável. Dizer que "design inteligente" não pode ser estudado cientificamente não quer dizer que esteja errado.

Agora, você se engana ao afirmar que a teoria da evolução se baseia apenas em fé. Ela se baseia em observação empírica e evidências. E falo aqui de evidências tangíveis e materiais, não de hipóteses metafísicas e intangíveis.

A propósito, eu não sou ateu, e nem acredito que a teoria da evolução, no seu estado atual, seja uma explicação completa e exata. Nem adianta tentar me catequizar, hahah

r2s2
Veterano
# out/09
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Bog
Na verdade, ele tenta dizer que Deus é extremamente improvável. Mas é muito difícil fazer essa estimativa. Na verdade, é impossível, se esse Deus não estiver contido na física - o que quer dizer que para ele coisas como "tempo" e "causa e efeito" não se aplicariam!

Pois é, mas a questão de Deus existir ou não, em termos físicos, é inútil, pois a experimentação, considerando ou não essa existência, corresponde à teoria, concorda? Claro, algumas teorias estão erradas, ou com lacunas, mas ainda assim dá para se explicar quase tudo de forma relativamente satisfatória.

Por falar nisso, li sobre o princípio da incerteza, e a afirmação que mais me chamou a atenção foi "Mesmo que Deus exista, nem Ele poderia ir contra esse princípio". Isso me deixou intrigado. A explicação mais simples dessa teoria, a de que a medição das variáveis envolvidas acaba necessariamente por afetar o acontecimento. Mas se Deus está "fora da física" (se Ele existe, concordo com isso), essa experimentação não se Lhe aplica, pois a onisciência independe de emissão de energia ou qualquer outra perturbação ao fato.

E aí? O cara não considerou essa premissa ou o princípio é muito mais fundamental que ultrapassa essa questão da medição?

Bog
Veterano
# out/09
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r2s2
E aí? O cara não considerou essa premissa ou o princípio é muito mais fundamental que ultrapassa essa questão da medição?

Ele não considerou esta premissa. Na verdade, ele fala sobre isso no livro, que o deus que ele tenta contrariar é exclusivamente aquele no qual acreditam certos cristãos. Mas na prática, a possibilidade de existir um deus com atributos diferentes daqueles que ele tentou contrariar continua de pé.

Aliás, no mesmo livro, o Dawkins fez uma das mais ridículas críticas ao agnosticismo que eu já vi. Aquele papo da chaleira em torno de Saturno (ou algo do tipo)...

Bog
Veterano
# out/09
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Pronto, já virou outra discussão religiosa infinita, hahaha. Disseminei um pouco de caos, cutuquei um criacionista, e fiz a minha maldadezinha do dia. =P

r2s2
Veterano
# out/09
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Bog
Atenção ao fato de que existem muitas coisas que não podem ser (ou simplesmente não são) estudadas cientificamente no mundo. Muitas delas têm valor inestimável. Dizer que "design inteligente" não pode ser estudado cientificamente não quer dizer que esteja errado.

É, mas o problema reside justamente aí. A religião usa as lacunas da ciência para inserir Deus, que passou a ser o default supremo. Mas isso é até defensável, pois a religião tem como base a fé.

O problema fica sério quando os "ateus evangelizadores" passam a usar o default supremo invertido. O próprio Dawkins parte do pressuposto que Deus, por ser perfeito, só poderia ter sido fruto de uma evolução, e isso seria um contra-senso. Mas ele entrou aí no mesmo erro, de usar uma impossibilidade de se explicar algo para tentar provar o contrário.

Acho que perde-se muita objetividade em termos de ciência (e até de fé) ao se entrar nessa discussão. Deve-se para de discutir isso? Claro que não, mas acho que deveria-se colocar regras no debate. A primeira seria acabar com o preenchimento de lacunas de uma com a outra.

A segunda regra seria a de que não se poderia atacar certezas já decididas. A evolução é indiscutível. Pode não ser como a criadora de toda a vida na terra e de toda a sua complexidade, mas em termos de pouco espaço de tempo, isso não podemos refutar.

r2s2
Veterano
# out/09
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Bog
Ele não considerou esta premissa. Na verdade, ele fala sobre isso no livro, que o deus que ele tenta contrariar é exclusivamente aquele no qual acreditam certos cristãos. Mas na prática, a possibilidade de existir um deus com atributos diferentes daqueles que ele tentou contrariar continua de pé.

Não, não foi o Dawkins, foi em outro lugar. Foi um artigo de física, o cara nem entra nesse mérito de Deus, ele só estava querendo dar muita ênfase ao princípio. Deus ali foi incidental.

Aliás, no mesmo livro, o Dawkins fez uma das mais ridículas críticas ao agnosticismo que eu já vi. Aquele papo da chaleira em torno de Saturno (ou algo do tipo)...

É o que eu disse antes, ele não conseguiu provar-me que Deus não existe, mesmo pq essas alegorias que ele fez são realmente ridículas. A do deus do macarrão verde tb é ridícula. Da mesma forma que é ridículo quando um criacionista pergunta "Cadê o elo perdido?". Voltou àquilo que critiquei no post anterior.

Na verdade, um cara me perguntou isso uma vez, e eu disse: "Está sob a arca da aliança, mas como quem a toca morre, não é possível trazê-lo a tona". Aí discorri sobre essa radiação negra da arca, que mesmo isso não impediu a destruição (e 2x!) do templo e etc.

Bog
Veterano
# out/09 · Editado por: Bog
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r2s2
A religião usa as lacunas da ciência para inserir Deus,

Sim, é a velha falácia do apelo à ignorância! =P

"Não podemos explicar com o conhecimento científico atual X, logo X só pode ser explicado com a hipótese divina!"

O problema fica sério quando os "ateus evangelizadores" passam a usar o default supremo invertido.

Exatamente. É por isso que não vou com a cara do Dawkins. Fico mais com a posição "sei lá" do Carl Sagan.

Pergunta: Deus existe?
Resposta: Não sei.

A evolução é indiscutível. Pode não ser como a criadora de toda a vida na terra e de toda a sua complexidade, mas em termos de pouco espaço de tempo, isso não podemos refutar.

É verdade. Tá aí o Pit Bull que não me deixa mentir. =P

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