Rato Veterano |
# set/06
Protesto contra falta de segurança reúne milhares em Buenos Aires
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da Folha Online
Cerca de 80 mil pessoas realizaram uma manifestação nesta quinta-feira em frente à Casa de Governo, em Buenos Aires, segundo os organizadores, exigindo mais segurança na Argentina, em resposta à convocação do empresário Juan Carlos Blumberg, cujo filho Axel foi assassinado durante um seqüestro em 2004.
De maneira quase simultânea, cerca de dez mil pessoas, de acordo com os organizadores, convocadas por grupos governistas e de defesa dos direitos humanos, se concentraram no Obelisco da capital argentina, em um movimento contrário ao grupo de Blumberg, reunido a cerca de 500 metros da praça de Maio.
Um grande aparato policial foi enviado ao local para evitar choques entre os dois movimentos, mas nenhum tipo de incidente foi registrado pela polícia. A polícia não divulgou balanços independentes sobre o total de manifestantes presentes nos dois protestos.
Entre as duas concentrações era nítida a diferenciação pela composição social dos manifestantes. O grupo de Blumberg era composto principalmente por membros das classes média e alta, enquanto a "contramarcha" era formada majoritariamente por trabalhadores e desempregados.
Líderes da oposição de direita e possíveis candidatos à Presidência, como o empresário Mauricio Macri e o economista neoliberal Ricardo López Murphy, atenderam à convocação de Blumberg.
Desde março de 2004, quando o filho do empresário foi morto, Blumberg passou a exigir maior segurança e convocou três manifestações, sem ter, entretanto, responsabilizado diretamente o governo do presidente Néstor Kirchner.
Esta quarta mobilização, com os manifestantes levando velas e fotos de vítimas, é realizada pela primeira vez com destino à praça de Maio, em frente à Casa Rosada, palco de manifestações populares e de direitos humanos em Buenos Aires.
A presidente da organização Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, que protesta contra o desaparecimento de vítimas do regime militar, classificou a marcha de Blumberg como uma reunião de "fascistas e genocidas".
O governo, que criticou a "politização" da marcha contra a insegurança, anunciou a mobilização de cerca de mil policiais desarmados.
Blumberg, que se apresenta como candidato a governador da Província de Buenos Aires pelo Partido Proposta Republicana (PRO, direita), afirmou, do palanque montado na praça de Maio, que "não se suporta mais a impunidade e a corrupção", mas evitou atacar diretamente o presidente Kirchner.
O rabino Sergio Bergman, um dos líderes da grande comunidade judaica da Argentina, foi mais duro com Kirchner, ao afirmar que o atual governo parece "uma monarquia constitucional".
"Querem se perpetuar no poder", disse Bergman, que foi muito aplaudido pela multidão. "Não somos de direita ou esquerda, a segurança também é um direito humano."
No Obelisco, D'Elía rebateu as críticas do grupo de Blumberg, associando o empresário ao regime militar argentino (1976-1983).
"A praça de Maio pertence às mães e avós", afirmou D'Elía aos integrantes da "contramarcha".
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