Face cruel da Justiça - cara q quis erguer a Rocinha preso por acusação duvidosa

    Autor Mensagem
    Ata
    Veterano
    # ago/05


    Uma história dessas, de fonte segura, não podia passar batida. LEIAM!


    Face cruel da Justiça


    01.08.2005 | Em janeiro de 2004, com seu PIB e população de cidade média, a Rocinha, favela mais vistosa do Rio de Janeiro, pela primeira vez em décadas elegeu presidente de sua maior associação de moradores um sujeito que não devia obediência a traficantes de drogas ou políticos cariocas. Eram dois pecados mortais, mas William de Oliveira, 33 anos, nascido e criado no morro, passou batido. Contra a vontade de Ellen, 18, então grávida de Laura, primeira filha do casal, queimou uns cobres guardados para comprar eletrodomésticos e encarou a bem municiada campanha de Adriana, a candidata ungida pelo casal Garotinho. Derrotou-a por mais de 600 votos. Empossado presidente da União Pró-melhoramentos, começou a falar de direitos humanos, reclamar do que a polícia faz nas favelas e exigir do poder público tratamento igual ao que recebe o asfalto. Em menos de um ano estava preso, acusado de tráfico de drogas, associação para o tráfico e corrupção ativa.

    Se é culpado ou inocente não tem a menor importância. Essa decisão é da Justiça. Importa que William de Oliveira foi recolhido a um xadrez da Polinter, no cais do porto, e não há a menor perspectiva de quando virá a ser julgado. Perdeu os empregos que tinha, a família passou a viver da ajuda de amigos, o filho de 10 anos, do primeiro casamento, entrou em crise na escola e está sendo atendido por psicólogo voluntário, e a casa onde morava, na Rocinha, se desfaz sob as chuvas. O processo que o envolve tem 10 volumes e parece ter sido encomendado para que jamais se encontre o fio daquela meada. Quem já o manuseou garante que dificilmente um crime, qualquer que tenha sido, terá dado origem a algo tão cuidadosamente caótico. “Está tudo estranhamente fora de ordem”, revela Guilherme Henriques um dos advogados que o assistem. Ao longo de 137 dias de cana já tentaram 14 habeas-corpus, cujas liminares foram negadas pela Justiça do Rio.

    Numa delas, há meses, para alicerçar a negativa, o juiz invocou não uma disposição jurídica, mas o que seria uma observação pessoal: “Com ele na cadeia, tenho visto que o morro está calmo”. A isso acrescentou que, morador da Barra da Tijuca, passava em frente à favela todos os dias. Contra tão sólido argumento emergem duas evidências: o juiz nunca morou fora de Copacabana e os repetidos combates entre traficantes mostram que Rocinha e arredores não conheceram a paz nos últimos meses. Antes disso, as circunstâncias em que ocorreu a prisão de William já apontavam para a existência de algo mais do que a letra dura e fria da lei nas relações entre o preso e a polícia. Apanhado no salão de beleza que havia montado para Ellen, na favela Rio das Pedras, William foi levado não para o xadrez, mas para Rocinha. Ali, algemado, foi conduzido por vários becos e vielas, diante dos olhos de seus eleitores, enquanto alguns policiais perguntavam: “E aí, não vai falar de direitos humanos agora?”

    No inquérito, há muito encerrado, figuram gravações feitas pela polícia nas quais William conversa com traficantes em duas oportunidades. Na primeira, segundo a polícia, pede recursos para uma festa. Na outra, sugere que armas roubadas do Exército sejam levadas para fora da favela. “Tem uma gravação que é montagem”, diz ele. Na segunda, alega, tentava poupar a Rocinha do pior. “Eu estava no curso, lá na PUC, quando o major Gonçalves (23º. Batalhão da PM, Leblon) me ligou. Disse que os caras vinham com tudo para cima da favela. Ia ter tanque, carro de combate, tudo. Eu não tive dúvidas, corri no morro e liguei mesmo. Não podia permitir que acontecesse uma coisa dessas. Ia ser um horror”. O que William está dizendo é que morar em favela dominada por traficantes significa ter algum tipo de relação com o crime. Quem acha que pode ser diferente morre e a história recente da cidade está cheia desses exemplos. Mas isso até as crianças do asfalto sabem. O que ignoram é que não recebe o mesmo tratamento do negro pobre que vai para o xadrez da Polinter o secretário de Estado que pede à PM para maneirar com os traficantes que têm como amigos.

    Vai ver William de Oliveira está implicado até a raiz dos cabelos, mas essa é hipótese bastante remota. Sua defesa arrola testemunhos de personagens de rara estirpe na polícia do Rio de Janeiro. Daquelas que não põem a mão no bolso alheio, nem recolhem jabá com origem no crime. Na Polinter até os corredores tratam William como preso político. A maioria dos policiais acha que os verdadeiros alvos desse estranho processo são os amigos dele, como a família Gouvêa Vieira, a ONG Viva Rio e algumas figuras do governo Lula, entre outros aos quais ajudou ou recorreu em busca de auxílio quando estava na associação. São esses que hoje o socorrem e à família.

    No salão Laura Hair (homenagem à filha), na favela Rio das Pedras, Ellen (foto), uma morena miúda de olhar esperto, avalia que as perdas foram grandes. “Muita gente ficou assustada com a atitude da polícia. Fregueses que vinham sempre desapareceram”, amargura-se. Por atitude entenda-se a chegada numa rua estreita, cantando pneus, de quatro viaturas das quais saltou uma dúzia de homens aos gritos e armados com metralhadoras. Nem o sócio, que era o, digamos, cabeleireiro-chefe, quis ficar. O faturamento, que não era lá essas coisas, hoje mal dá para manter as portas abertas. Quando William foi preso ela se preparava para voltar à escola e levar em frente o 2º. Grau. Por medo recolheu-se com a filha à casa da mãe e hoje chora quando volta à Rocinha e percebe que as repetidas chuvas estão destruindo o que ela e o marido começavam a construir. “A vida ficou de cabeça para baixo”, diz com voz trêmula. Na cadeia, ao contrário de grande número de seus colegas de cela, tudo o que o marido de Ellen deseja é ser julgado. Não consegue, ainda que este seja um dos direitos fundamentais de qualquer preso.


    Do site www.nominimo.com.br

    Link da reportagem
    http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presenta tion.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=13&textCode=17802&da te=currentDate&contentType=html

    EduSlash_o_Retorno
    Veterano
    # ago/05
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    naum vo le tudo naum! resume

    gui_l
    Veterano
    # ago/05
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    naum vo le tudo naum! resume
    cara q quis erguer a Rocinha preso por acusação duvidosa
    =P

    Nem eu li, tá muito grande...

    Ata
    Veterano
    # ago/05
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    EduSlash_o_Retorno
    gui_l

    tudo bem _o/

    eu me surpreenderia mesmo se vocês lessem. Não tem dado pra esperar muita coisa daqui, ultimamente

    Keldorn
    Veterano
    # ago/05
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    É... a sujeira é bem espalhada por aí, a "Justiça" que julga aqueles que querem mudar as coisas para melhor é sempre outra...

    gui_l
    Veterano
    # ago/05
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    Ata
    Vc não pode esperar nada d ninguém às 2h da manhã, eu ficaria surpreso não por ser o ot, e sim pelo horário...
    Amanhã eu leio.. =/

    GuitarHouse
    Veterano
    # ago/05 · Editado por: Moderador
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    isso é o que chamo de notícia tendenciosa...

    ah, e eu li linha por linha :p (nd melhor pra fazer haha)

    Claudio Natureza
    Veterano
    # ago/05
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    tá bom, me mostra um líder comunitário na favela que não seja ligado ao tráfico que eu te dou um prêmio.

    e os caras têm provas suficientes da ligação dele com o tráfico, e o MP não é de se associar à polícia pra ferrar ninguém.

    agora é fácil colocar a culpa no garotinho, e dizer que o cara lutava pelos direitos humanos na favela.

    e desde quando os bandidos assassinos respeitam direitos humanos de quem quer que seja? E alguém viu ele se levantando contra a ocupação da favela por grupos de assassinos narcotraficantes que aterrorizam a população ?

    eu não defenderia o cara com tanta veemência antes de ter acesso às provas que constam nos autos.

    Jason
    Veterano
    # ago/05
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    ata

    Ata
    Veterano
    # ago/05
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    Claudio Natureza
    eu não defenderia o cara com tanta veemência

    well, se você me mostrar em que parte do que eu escrevi eu defendio cara, podemos discutir

    "Uma história dessas, de fonte segura, não podia passar batida. LEIAM!"


    apenas achei que deveria ser passado adiante =/

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