Ismah Veterano |
# jan/17 · Editado por: Ismah
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victorioswhat123
Há varias confusões de conceitos aqui.
um amp de guitarra nao pode ser usado para as baixas frequências de um baixo, pelo que eu li
Talvez até leu certo, mas o problema não é o amp... Pode injetar 1Hz num amp, qualquer, em intensidade qualquer, que o máximo que aconteceria é distorcer o sinal na saída. Quanto mais baixa a frequência, mais tempo a tensão e corrente tem sentido único, e isso elevaria a potência média dissipada ao longo da linha do tempo, o que gera mais calor, e que pode ser superior a capacidade de dissipação do amp, mas aí já é outra história. Se operando em volume máximo, é certo que vai gerar um sobre aquecimento, e a consequente queima de alguma parte - geralmente a fonte ou o componente modulador. Fora operar no talo, não é provável que ocorram danos, desde que observados os limites, em qualquer amp de qualidade - um amp de origem duvidosa, com economias bobas, tipo usar o chassis de dissipador térmico, usar fontes subdimensionadas etc, é totalmente incerto o que pode ocorrer...
Aliás, se fala em amp "de guitarra", "de baixo" e "caixa ativa", nos últimos 20 anos, até então se fabricavam amplificadores, e na maioria das vezes se usava um mesmo para mais de uma coisa... guitarra e baixo, baixo e voz, guitarra e voz etc... Repare que a maioria dos amps anteriores a 80, possuem diversas entradas, e são sem grandes divisões, apenas amplificadores...
O maior problema é o AF e a caixa! Não ter excursão suficiente, não ter controle dessa excursão, não ter suspensão, centragem/arranha, e construção geral forte o suficiente. E acho que o mais complicado: não dissipar o calor extra das baixas frequências... O maior problema mesmo seria a excursão, que é limitada para dentro do GAP. Se chegar no fim, a bobina vai bater no imã, e entortar ou mesmo se quebrar.
Acho que pode te interessar o que escrevo abaixo para o outro colega...
existe um amp especifico para pegar essas guitarras com 8-9 corda
Não. Como o colega acima disse, e eu explico abaixo, se usa qualquer amp, mas claro, se opera diferente, com menos ganho etc... Tenho notícias de um baixista que toca com um Mesa/Boogie DualRectifier...
acabaramosnicks
Não é perseguição meu amigo, tu estás no trilho certo, mas acho que ainda posso complementar, algumas coisas que tu não viu!
Normalmente os amps de guitarra têm um filtro passa alta, não sei em que frequência, impedindo frequências muito baixas
Todos os amps quase tem, é o chamado filtro subsônico, e serve para proteger os AF de sobre-excursão. Em amplificadores de guitarra existem vários...
A Fender apesar de ser um dos amps com mais graves, começa geralmente com um em 79,6Hz (100K + 0.02uF), mas deixa o do tone stack com cut-off (3dB/oitava) em ~5Hz, mas mesmo em TRUE FLAT (aproximadamente graves e agudos no mínimo, médios no máximo), tem um mid scoop leve. A Marshall, nos iniciais, faz como os Fender, já nos JCM800 muda, e deixa um pouco abaixo em 72,4Hz (100K + 0.022uF), e atenua no tone stack, que em TRUE FLAT, o cut-off (3dB/oitava) é por volta de ~80Hz, mas há um roll-off bem suave (coisa de 0,5dB/oitava) de 4K já...
Manipulando os valores aqui, se chega bem fácil a vários amps. O maior diferencial entre Marshall e Fender é essa curva de resposta e na intensidade de sinal injetado no power.
guitas em afinações muito baixas são reproduzidas normalmente porque além da nota que estão soando ainda tem todos os harmônicos produzidos, e a frequência principal ainda não é tão baixa a ponto de ser retida no filtro
Vamos dar nomes aos bois. Uma guitarra em E tem a frequência fundamental mais baixa, da nota E2 em 82,41Hz. Se for uma 7C em B, a mais grave, B1 fica em 61,74Hz. Uma 9C em G, sendo G1 a mais grave, ficaria em 49Hz...
Um baixo 4C, é uma oitava abaixo de uma guitarra, ou seja tem como nota mais grave E1, em 41,20Hz... Um 5C está uma oitava abaixo de uma guitarra 7C, com B0 em 30,87Hz...
De todos esses, o que menos se escuta são as fundamentais, pois os próprios amps já limam elas... Há quem chore* toda vez que eu digo isso, mas sonoramente falando, uma guitarra não emite nada além de ruído abaixo de 160Hz... Ali que trás peso, mas sem dúvida, não é algo que faz falta no contexto da música. Não que seja dispensável, mas é bom manter sob controle. E é mais importante deixar esse espaço para o baixo que já é um tanto limitado devido o bumbo estar ali...
Com mais de 6 cordas, ou afinações muito mais baixas, realmente não saberia falar, é algo que eu nunca fiz, mas acredito que o HPF suba proporcionalmente a afinação que baixa para manter a guitarra "no seu lugar"...
* Prevejo muitas tercinas, novamente, sobre a primeira linha da partitura...
parece ser um falante de baixo
Essa divisão não é legal... Não existe falante pra isso ou para aquilo... Existem AF's, com configurações diferentes... O neodímio monstruoso da B&C, ou o vintage Radiola Speaker da primeira metade da década de 20* (1921~5), funcionam de MODO IGUAL, ou seja, a praticamente 1 século (!!!) AF's tem o mesmo princípio...
Recomendo a leitura http://www.edisontechcenter.org/speakers.html
O que muda de um AF mais comum usado em guitarra, de um dos mais comuns usados em baixo, e do B&C citado?
No princípio de funcionamento absolutamente NADA. Nas variáveis é que está o segredo
- Profundidade do GAP - posso ter o mesmo AF, mas com mais profundidade do GAP, que permite uma excursão maior, logo ele serviria para mais baixas frequências. Porém a massa do cone, e o diâmetro deste influenciam muito. - Diâmetro do cone, sua massa - quanto maior o cone, mais massa, mais ar empurrado. Quanto mais grosso o cone, mais massa, mas menos ar empurrado Quanto mais massa, mais baixas frequências em maior volume se obtém. E aqui o buraco é BEM mais abaixo, e meio que se entra num loop. Recomendo a leitura http://barefacedbass.com/technical-information/speaker-size-frequency- response.htm - Potência ACÚSTICA produzida, em função da potência elétrica aplicada (leia-se "força necessária) - Newton já conceituou que aceleração depende da força aplicada e da massa do corpo. Um cone com mais massa, trás respostas mais baixas, mas uma menor sensibilidade, ou seja, precisa de mais energia aplicada para um mesmo volume sonoro (P acústica). - Potência ACÚSTICA em função do tamanho (leia-se impedância acústica) - quanto maior o tamanho do cone, mais ar ele precisa deslocar ao se mover, o que aumenta a impedância acústica e implica numa maior potência elétrica necessária para movimento. - Resistência mecânica dos componentes - junto com a profundidade de GAP, precisa vir a resistência mecânica de outras partes, nada adianta ter excursão se o cone é arremessado pra fora do AF. Não sei dizer até onde que isso determina o Fs (freq ressonância ao ar livre), e consequentemente o ponto de sintonia da caixa etc...
Um baita jogo de ganhos e perdas, que já mostra porque só temos dois malucos que resolveram entender isso: Thielle e Small, que dão nome ao grupo de parâmetros (Thielle-Small ou só TS) que mandam sobre um AF...
Enfim, a parada é bem complicada, e na prática AF's usados em guitarra são apenas AF's LOW-FI, com tecnologia de ao menos 50~60 anos atrás. Como também os amplificadores de guitarra: estes nada mais são do que amps "hi-fi" de sua época. O Léo não pensou "vou fazer assim, porque o timbre vai ser do caralho", ele pensou em amplificar de um modo melhor o recém surgido baixo elétrico**, e pra isso usou o que melhor tinha na época. Só que o melhor para os parâmetros atuais, era horrível!
Um pouco de off topic...
E creio que não desenvolveu amplificador para guitarra porque marcas como Gibson, RCA, WesternEletric/Jensen, Epiphone, Rickenbacker, Hammond etc já tinham se consolidado, amplificando as acústicas e semi-acústicas. Adolph Rickenbacker e George Beauchamp, desenvolveram e lançaram a fry pan, primeira guitarra sólida. Se olhar os dois num dia comum, eles são totalmente country man's, o que nos mostra como o Jazz já estava saindo de moda, e foi a salvação! Quem conhece, sabe como tem volume um naipe de metais (a big band) o que jogou a acoustic guitar para uma posição nula, creio que talvez era opção ao piano, que era caro e nada portátil. Fala-se que nem os músicos muitas vezes se ouviam...
E não sei porque diabos, a música hawaiana, onde as cordas faziam toda a música, estava entrando no gosto popular. Violões de latão eram comuns pois davam maior volume que os de madeira - e eu arrisco a dizer, eram mais resistentes a umidade de maresia do Hawaii. Já se tinha tentativas de amplifica-los, como também os de madeira, mas a ressonância é muito fácil em corpos ocos, o que não os deixava comercialmente viáveis, sendo a maioria de construção artesanal...
O Leo lançou a sólida Telecaster, mas a amplificação já existia, e era bem consolidada. Com os graves as coisas não iam bem, em 1933 (uns dizem 1936) surgia o "Tutmarc (inventor) / Audiovox(fabricante)" Model 736 Bass Fiddle, e depois o Serenader Eletric Bass... Mas nada muito viável comercialmente. Até que Fullerton e Fender se unem e criam o Precision (o nome é por causa de ser com trastes)... Precisavam de um amp, e criaram o Bassman, que como se sabe, não foi muito bem aceito nas 4 cordas... Acho que foi totalmente uma manobra comercial, e não artística como muitos tentam ver...
Voltando
Na época um sistema de som para ser excelente poderia ter até 5% de THD, hoje se considera só os com menos de 0,01% (tenho certa incerteza desse valor, não achei o papper)...
* Poderia se considerar os mecânicos de 1870 em diante, que eram a base de cornetas com membranas que vibravam sob ação mecânica da agulha, mas não recebiam o nome "speakers" e sim "horn".
** Possivelmente foi mais fenomenal e revolucionário do que a guitarra elétrica, já que ele encolheu várias vezes em tamanho, se comparado ao acústico.
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