" Os castrati "

Autor Mensagem
Barbara Jolie
Veterano
# nov/05 · Editado por: Moderador


SEM SACO PARA TRABALHAR

Os castrati - meninos que tinham os testículos extraídos para preservar a voz aguda - eram comuns nos teatros europeus no século 16. Trezentos anos de tradição inflacionaram o mercado em, em Milão, em 1858, cerca de 2 mil castrati estavam sem emprego, muitos viraram marginais. Devia ser difícil não rir ao ouvir uma vozinha: "isso é um assalto!"

Celso Miranda
Texto extraído da revista Aventuras da História
Edição 21 Maio 2005 21p.

Vejam a imagem scaneada
http://justjolie.flogbrasil.terra.com.br/1131640902.jpg

Ken Himura
Veterano
# nov/05
· votar


Hahahahahahaha

Já pensou hoje em dia?

"Aí mano, perdeu...passa ou morre!"

XDDD

Ander Boca
Veterano
# nov/05
· votar


putz... isso é verdade mesmo?

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


Ander Boca
ahahauahu....qual parte da estória???

das q haviam mtos castrati sem emprego na epoca??
isso eh verdade sim...eheheh

Por isso hj em dia somente alguns são conhecidos, renomados.





Ken Himura
"Aí mano, perdeu...passa ou morre!"
ahauhuhaua..imagina a cena.....





P.S.: Foi mal ae galerinha. Eu pedi pros Moderadores colocarem a palavra Castrati no tópico, mas eles acabaram deletando e abrindo um novo. Os comentários q tinha no outro foram apagados. =/

Ander Boca
Veterano
# nov/05
· votar


Barbara Jolie
ahahauahu....qual parte da estória???
que os cara tiravam as @@?

ainda bem que eu tenho a voz bem grave

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


Ander Boca
sim.
Castrati é o menino em q desde a sua adolescencia faz uma cirurgia para que seus hormônios não se desenvolvam. Essa cirurgia especificamente eu nao sei te dizer como é. Mas tem haver sim com os testículos...ehehhe

Abraços!

Valmick
Veterano
# nov/05
· votar


Sim, na castração os testículos eram removidos mas o pênis era preservado... Não me pergunte como era a atividade sexual desse pessoal quando crescia

Muitos ficavam feminilizados, pois a castração não afetava tão somente a voz. Com o tempo desenvolviam seios e o acúmulo de gordura ficava mais concentrado na região dos quadris e nádegas e a barba não crescia, pois essa castração era realizada antes da puberdade.

Assistam ao filme "Farinelli". É baseado na história real do mais famoso dos castrati.

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


Valmick

Assistam ao filme "Farinelli".

hehehe o dificil vai ser encontrar esse filme pra assistir...eheheeh

Britnéiaa
Veterano
# nov/05
· votar


haushuashuahusahasuhsu
morri XDDD

MusiRio
Veterano
# nov/05
· votar


Farinelli
Os irmaos Ricardo Boschi e Carlo Boschi
Carlo ( Farinelli) foi o maior cantor castrati de todos os tempos.(conta a lenda que ele excitava as mulheres com seus agudos, e o irmao depois "executava")
Extensoes altissimas e minutos consecutivos em notas sem respirar.
Sua voz tornou-se inspiracao para Handel em muitas de suas obras.
"LAscia che Io Pianga" essa aria da opera "Rinaldo" considerada uma das melhores composicoes de Handel, e na minha opiniao, Uma das obras mais perfeitas de toda a historia.
No filme Farinelli, ( facil de encontrar em locadoras) essa, entre outras perolas barrocas sao executadas pou um dueto de vozes fundidas por computador ( uma soprano e um contratenor) para chegar perto do que seria a voz de Farinelli.

MusiRio
Veterano
# nov/05
· votar


Barbara Jolie
Queria ouvir vc cantando essa aria.......

El_Cabong
Veterano
# nov/05
· votar


O vocal do Massacration é "castrati" ou usa cueca apertada??

hauhauahuha

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


El_Cabong
castrati,

ele, o André Matos, o vocalista do the Darkness....esses aí...

ahauhauahu

MusiRio
Nossa....vc tah dizendo para eu cantar uma ária escrita para um castrati, vc tah falando sério? ehehehehe

Não conheco essa ária, ou melhor, nao lembro dela...=/

Vou ver se consigo alugar este filme, procurei numa loja de materiais antigos aqui, mas nao encontrei. eheheh

Beijinhus!!!

MusiRio
Veterano
# nov/05
· votar


Barbara Jolie

Hehe''
Essa eh trank..A Sarah Brightman gravou,,,(mole para vc),, vou te mandar a mp3

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


MusiRio
Sarah Brightman gravou,,,(mole para vc),,
ahh...nem tanto...eheheh

sabe q estou ouvindo agora? Musicas cantadas pela Liriel....ai ai delirando aqui, naquele timbre divino dela...eheehhe

vou te mandar a mp3
nao vejo a hora de ouvir...ehehe

Brigadinha!

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


Ah....procurei o vídeo "FArinelli" na Blockbuster, mas nao achei...=/

asda
Veterano
# nov/05
· votar


Prefiro homem com a voz grave....

asda
Veterano
# nov/05 · Editado por: Moderador
· votar


Meu ex tinha a voz bastante grave e tinha era "avantajado".... tem alguma coisa a ver?

maggie
Veterana
# nov/05
· votar


asda
menos, menos

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


tem alguma coisa a ver?
nada!

asda
Veterano
# nov/05
· votar


maggie
Ok... foi mal....

Barbara Jolie
Ok... ..vou parar de correr atras de homem com a voz grave...
:P

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


Econtrei FARINELLI, IL CASTRATO.....uhuuullll...\o/

Vou assistir este findi, aproveitei e peguei mais dois clássicos....

Espero que o filme tenha conseguido retratar bem a realidade, ehehehe

Abraços galerinha!

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


Assisti neste findi....

Nossa...é emocionante e imperdível... \o/
Mto bom!!!

Alguém teria mais informações a respeito do filme Farinelli???

Como trilha sonora, cantores essas coisas???

Valeus!
Beijinhus!
Abraços!

GAMMOTH
Veterano
# nov/05
· votar


Poxa, vcs não sabiam da auto-mutilação do André Mattos? Hheuaheuhaeuaehuae!!!!

Barbara Jolie
Veterano
# nov/05
· votar


Castrados esbanjavam prestígio

Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC

Diz a epístola de Paulo aos Coríntios que as mulheres devem permanecer caladas durante as cerimônias religiosas. A citação bíblica hoje pode soar como algo sem sentido até para os fiéis mais ardorosos do catolicismo. Mas a partir do século XVI, e mais ainda depois de 1650, serviu de argumento para a castração de dezenas, centenas, ou talvez milhares de jovens na Europa. Eles se tornaram os castrati: homens geralmente altos, com peso acima do normal, quase sem pêlos e barba, mas com uma anormal voz de menino com potência de adulto.

Ser um castrati, de 1650 a 1750, representava ter prestígio. Famílias pobres teriam levado seus filhos a esse destino, em busca de ascensão social. A castração era feita em crianças para evitar que a voz sofresse qualquer alteração com a puberdade. E os cantores, depois de muito treinamento, poderiam alcançar posto similar ao de um popstar. Eles tinham tudo: os melhores cachês, espaços, obras e levavam o público ao delírio.

O filme Farinelli, de Gérard Corbiau (1994) focaliza a vida do mítico cantor italiano Carlo Broschi (1705-1782), que iniciou sua carreira ao lado do irmão, o pianista Ricardo Broschi. Fora aluno de Nicola Porpora e ganhou muito prestígio em toda a Europa. Aparece como um galã, de olhar triste e solitário, que encerrou carreira como cantor exclusivo do rei Felipe V da Espanha, que o contratou porque seu canto era a única coisa que o tirava da depressão.

No longa-metragem, Farinelli vive um embate com o compositor Haendel, que quase vai à falência quando o astro rouba o público de seu teatro para o do concorrente.

Na época dos castrati, a estrela era o cantor; a música, portanto, deveria estar a serviço dele. E o filme toca nesse assunto quando Haendel descarrega em Farinelli todo seu ódio. De ambas as partes, era uma relação alimentada por admiração e raiva.

Farinelli alcançava quase quatro oitavas com sua voz e, dizem, tinha a capacidade de sustentar 150 notas em um só fôlego. Para fazer o filme, foi necessário juntar a interpretação de dois cantores, um contratenor e uma soprano coloratura.

Como não há gravações, ninguém sabe dizer ao certo como era a voz de Farinelli e de seus contemporâneos. Há apenas alguns registros do último castrado, Alessandro Moreschi (1858-1922), que serviu na Capela Sistina e, entre 1902 e 1904, gravou dez discos.

Na segunda metade do século XVIII, a chegada do verismo na ópera fez com que a popularidade dos castrati entrasse em declínio. Por alguns anos, ainda existiram desses cantores na Itália. Com o tempo, porém, esses papéis foram transferidos aos contratenores e, algumas vezes, às sopranos.
Créditos: Diário do Grande ABC


Leandro Rigon
Veterano
# jul/07 · Editado por: Leandro Rigon
· votar


Primeiro, esclarecendo:

A castração dos garotos ocorria antes que estes entrassem na puberdade, mais ou menos aos sete anos, pois assim a voz infantil não seria "estragada" pelos hormônios masculinos (testosterona), que ocasionam a normal muda vocal, passando os homens a ter um voz cerca de uma oitava abaixo da voz feminina. Crescendo o castrado, geralmente tinha uma capacidade pulmonar superior que a feminina, sendo esta uma das razões do sucesso.

Abaixo, posto um texto extraido da net (não tenho mais o site que foi fonte), que fala do único castrati que teve sua voz gravada: Alessandro Moreschi. Era um péssimo cantor (já ouvi tudo o que ele gravou), mas o texto é bom, em espanhol, mas bem acessível, e demonstra como a igreja se fechou a ponto de não mais aceitar a castração.

O ponto mais importante é que Moreschi surgiu muito após a época do bel canto, não teve o preparo vocal dos grandes castrati, e o repertório gravado por ele é religioso, totalmente diferente da época áurea. Ou seja, suas gravações são apenas uma mera curiosidade e em nada se equiparam a qualidade vocal do castrati de outrora. O repertório dos castrati hoje é regravado por contratenores, soprano e mezzo-sopranos, sendo que cito os álbuns: Marilyn Horne -Handel e Vivaldi Recital, Vivica Genaux - Arias for Farinelli, Andreas Scholl - Arias for Senesino, Cecilia Baroli - Opera Proibita e outros.



Alessandro Moresschi está considerado como el último de los castrati en la música occidental.

La tradición de los castrati se pierde en el tiempo, pudiendo encontrar algunos ejemplos en el siglo XII cuando en el Imperio Bizantino se usaban algunos eunucos para ejecutar algunas composiciones musicales. En la Iglesia occidental, y por extensión en la música del occidente europeo, debido a la prohibición de la actuación de mujeres en los coros religiosos y a las particularidades específicas de la voz de los castrati, se introdujeron en las composiciones piezas pensadas únicamente para sus voces, verdaderamente irrepetibles, elogiadas como únicas a lo largo de toda la historia de la música. Hecho del que sólo podemos aproximarnos de una manera teórica al no existir en la actualidad tales voces, pero que habida cuenta de imaginar una tesitura propia de soprano unida al mayor volumen de emisión al ser un hombre el que la emite, nos podemos hacer una idea de la calidad de la que estamos hablando.

En teoría, alrededor de 1861 la Iglesia dejará paulatinamente de solicitar castrati en su coro Sixtino y en 1902 el papa León XIII prohíbe definitivamente que canten en el coro, último bastión de tales voces en ese momento.

El caso de Alessandro Moresschi vive de cerca el final de esta historia.

El cantante nació en Montecompatrio, Roma, en 1858. Doce años más tarde, en 1870, los ejércitos italianos terminaron con la soberanía temporal de la Iglesia, y la castración de niños con fines artísticos se hizo oficialmente ilegal en Italia. Por consiguiente cuando Moreschi estaba listo para comenzar su educación de vocal, era sumamente difícil encontrar a instructores en el empleo de una especie de voz que estaba ya casi extinguida. Sin embargo Moreschi comenzó sus estudios en 1871 en Scuola di Salvatore de San Lauro. Posteriormente él se hizo discípulo de Gaetano Capocci, un organista y el compositor de música de iglesia. Y así en 1883, a la edad de 25 años, entró en el Coro del Capella Sistina como solista, pese a la prohibición oficial, amparándose en que su castración fue realizada antes de que la ley fuese promulgada.

Permaneció en el coro del Vaticano como solista hasta 1898, cuando a los cuarenta años es nombrado director del mismo con lo que compaginará la faceta de cantante y la de dirección. Circunstancias que mantendrá hasta su retiro en el año 1913 cuando se jubile a los cincuenta y cuatro años de edad.

Tras su retiro morirá solo y olvidado en una casa romana en el año 1922.

De Alessandro Moresschi nos ha quedado una grabación realizada en 1902 y reeditada en Perla “Opal” nº 9823 que lleva por nombre Moreschi el último castrati, en ella se recogen diecisiete fragmentos musicales del cantante junto al coro de la Sixtina. Entre estos fragmentos destacan Incipit Lamentatio; Laudamus Te, de Gaetano Capocci; Improperia, de Tomas Victoria; Mia Nemica la Cruda, de Palestrina; Ave Verum, de Salvatore Meluzzi; Tui Sunt Coeli, de Gustav Edward Stehle o Ave Verum, de W.A. Mozart.

La calidad de la grabación debido a los precarios medios con los que fue registrada y al paso del tiempo, es mala, no obstante en ella se pueden apreciar las cualidades de esta voz única, que se convierte en el único registro de castrati que se conserva en el mundo. En ella se puede apreciar una tesitura de soprano con unos apuntes muy altos que se convierten en únicos. Aún así hay que recordar dos cosas fundamentales:

La primera de ellas es que Moreschi fue el último castrato, tan lejano en el tiempo de Farinelli como lo podemos estar nosotros ahora en el tiempo de Rossini. Este hecho, sumado a que el anterior castrato famoso, Velutti, se había retirado treinta años antes del nacimiento de Moreschi, hacen que este último no haya podido contar con las técnicas ni educación vocal con las que contaron los castratis de épocas pasadas.

En segundo lugar recordar que la obra de la que se dispone, como ejemplo de su voz, es eminentemente religiosa, fundamentalmente del siglo XIX, tan lejana a la ópera barroca rica en agilidades, fuerzas y sostenidos que se ajustaban sobremanera a una ejecución por parte de un castrato. Por todo ello la grabación se convierte en un raro ejemplo, una ligera idea de lo que serían las voces de los castrati, sin llegar a poder acercarnos demasiado a ellas.

Pese a todo lo cual no deja de ser curioso y excitante el hecho que se produce al escuchar esa voz: el último, sino único punto de unión entre dos mundos esencialmente diferentes, por un lado un último castrato heredero de una larga tradición barroca y un incipiente fonógrafo que marcará, en buena medida, la música en el mundo moderno.

La información que presentamos la hemos obtenidos de la siguiente bibliografía a la que hacemos referencia:

· Barbier, Patrick: Histoire des castrats,
Paris: Grasset, 1989. 272 p. ISBN 2-246-40681-1

· Barbier, Patrick: The world of castrati,
London: Souvenir, 1996. 272 p. ISBN 0-285-63309-0

· Buning, Robert Anthony: Alessandro Moreschi and the castrato voice, Thesis (M.M.), Boston, Mass., Boston University, 1990. XX, 442 l.

· Devoti, L.: "Alessandro Moreschi detto 'l'angelo di Roma'(1858-1922)", In: Musica e musicisti nel Lazio, edited by Renato Lefevre and Arnaldo Morelli, Roma, 1985, pp. 463 - 474

Barbara Jolie
Veterano
# jul/07
· votar


Leandro Rigon
Alessandro Moresschi está considerado como el último de los castrati en la música occidental.
vc jah ouviu alguma coisa dele???

extremamente ruim.... o_O

Facchini
Veterano
# jul/07
· votar


Realmente digno de dó.

Leandro Rigon
Veterano
# jul/07
· votar


NO meu post anterior eu já tinha escrito "Era um péssimo cantor (já ouvi tudo o que ele gravou)", razão pela qual ao final conclui: Ou seja, suas gravações são apenas uma mera curiosidade e em nada se equiparam a qualidade vocal do castrati de outrora.

Leandro Rigon
Veterano
# jul/07
· votar


Texto extraído de http://www.revistadigital.com.br/adagio.asp?NumEdicao=329&CodMateria=2 951

UM POUCO DA HISTÓRIA DE FARINELLI

O menino Carlo Broschi, então com sete anos, tomou uma poção tranqüilizante a base de ópio e mergulhou em uma banheira cheia de água quente. Ricardo, seu irmão mais velho, pressionou-lhe as veias jugulares provocando uma privação momentânea dos sentidos e dos movimentos. Nesse meio tempo, Caterina Broschi, com o auxílio de uma faca começou a castrar o filho. Ao terminar a cirurgia improvisada, o mundo artístico estava recebendo aquele que iria ser o mais famoso castrato de toda a história da música.

Esse tipo de mutilação para fins líricos teve início na Espanha. Os responsáveis pela música coral ficaram impressionados com as vozes admiráveis dos eunucos de origem árabe. Com o passar dos tempos eles passaram a ocupar lugar de destaque nos corais que acompanhavam a liturgia da igreja católica. O Papa Sixtus V (1545-1590) escreveu uma Bula Papal para o Núncio apostólico da Espanha, liberando o uso de meninos castrados nos corais das igrejas da Península Ibérica. Os mais destacados castrati espanhóis foram Francesco Soto e Giacomo Spagnoleto.

A partir do século XVII a castração de meninos que seriam treinados para a carreira do bel canto tornou-se rotina nos Estados Papais e no Reino de Nápoles. Em 1591, o coro da Capela Sistina já contava com castrati afamados, como Pietro Paolo Fogliato e Girolamo Rosini de Perugia.

O primeiro livro dedicado a registrar as técnicas de castração em humanos foi escrito no século XVI por Charles d’Ancillon, um advogado francês. Na prática médica a castração era indicada em casos de hidrocele, hérnia e gota. Quando a família não tinha recursos para contar com a assistência de um médico, cabia à mãe a condução da operação.

Segundo os rígidos preceitos deixados por São Paulo, as mulheres estavam proibidas de cantar nas igrejas. Elas eram substituídas pela voz luminosa e etérea dos meninos cantores. Para que esse dom não fosse interrompido pela puberdade, recorria-se ao processo de castração.Os jovens castrados, ao atingir a maioridade, apresentavam uma massa corporal obesa. Devido ao crescimento dos pulmões e o aumento da caixa toráxica, a voz alta de uma criança dentro de um corpo adulto podia ser treinada para alcançar níveis de performances extraordinários como se fossem sopranos ou contraltos. Na época, se comentava que a intensidade e a altura do canto de um castrato eram cintilantes e alcançavam uma intensidade e volume capaz de sacudir as paredes dos teatros europeus.

A partir do século XVII a política da igreja passou a ser ambígua. Por um lado ela passou a condenar a prática da castração, punindo os responsáveis com a morte ou a excomunhão. Mas o Vaticano sempre estava pronto a aceitar em seus grupos corais, meninos cantores que haviam perdido os testículos devido ao coice de um cavalo ou pelas mordidas de um porco selvagem. Sob esse manto de hipocrisia os castrati eram recebidos nas igrejas com todas as honras que lhe eram devidas.

Carlo Maria Michelangelo Nicola Broschi nasceu em Nápoles, no dia 25 de janeiro de 1705 e tornou-se o castrato mais famoso da Europa. Junto com outros destacados colegas, como Felice Salimbeni, Giuseppe Appiani e Gaetano Majorano, era dono dos palcos dos teatros de ópera e emocionou o público emitindo sons jamais ouvidos. Durante três séculos os castrati foram adulados pela sociedade européia, recebiam um régio patrocínio da realeza e viviam como os pop stars dos dias de hoje.

Carlo Broschi adotou o nome artístico de Farinelli em homenagem à família Farina, que custeou seus estudos com o professor Niccoló Porpora no Conservatório de Santo Onofrio.

Farinelli também era conhecido como Il Ragazzo. Sem vacilar ele podia emitir de sete a oito notas jamais emitidas por outros cantores e podia manter qualquer uma delas por um minuto. Com quinze anos ele fez sua primeira aparição pública interpretando Angelina e Medoro, opera composta por Niccoló Porpora, com libreto de Metastasio. Aos dezenove anos, Farinelli já era um fenômeno, tendo se apresentado nas cortes de Nápoles, Roma, Bolonha e Viena.

Farinelli viajou para uma temporada em Londres aonde interpretaria as principais obras de Haendel, na época o mais afamado compositor europeu. As apresentações do castrato causaram furor entre as platéias, mas sua permanência foi abreviada por um conflito entre Haendel e Porpora. Este abrira uma casa de opera chamada Teatro dos Nobres, único local aonde Farinelli podia se apresentar. Haendel impunha a presença do cantor no Covent Garden, aonde era diretor musical.

Como o impasse não foi resolvido, Carlo Broschi deixou a Inglaterra e a convite do rei Filipe V foi se estabelecer na corte espanhola. O monarca sofria de uma depressão profunda, denominada à época de melancolia negra. A voz de Farinelli hipnotizou e acalmou o rei reavivando seu espírito, o que lhe permitiu a retomada de suas tarefas diárias. Durante dez anos, durante todas às noites, Farinelli executava quatro árias para o rei, sendo que duas nunca saíram do repertório: Pallido e Sole e Per questo dolce amplesso.

Após a morte de Felipe V, Farinelli permaneceu por mais 15 anos na Espanha, servindo a Ferdinando VI. Nesse período ele recebeu o ambicionado título de "Cavaleiro da Ordem de Calatrava", tornando-se um príncipe. Com a ascensão ao trono de Carlos III, Farinelli decidiu retornar para a Itália. Ele viveu o resto de sua vida em um suntuoso palácio na cidade de Bolonha, aonde era visitado por personalidades como Mozart, Gluck, o Imperador Joseph II e Giacomo Casanova. O cantor faleceu no dia 15 de julho de 1782.

A castração para fins artísticos foi expressamente proibida pelo estado italiano em 1870. Alessandro Moreschi (1858-1922), foi o último castrato da história da música. Ele entrou para o coral da Capela Sistina em 1883 e lá permaneceu até 1913. Moreschi não pode ser comparado a um Farinelli ou a um Senesino, mas o disco que perpetuou sua voz até os dias de hoje, é o único registro histórico do desempenho vocal de um castrato. (Leandro: que são gravações de um péssimo cantor, porém de um timbre único, bastante interessantes).

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a " Os castrati "