Técnica vocal - Simples e objetiva

    Autor Mensagem
    Jonas Costa
    Veterano
    # ago/10


    Vejo por aí muitas discussões sem sentido, afirmações sem fundamento e muita enrolação no que se diz respeito a técnica vocal no canto popular. Por isso deixo aqui alguns esclarecimentos breves pra quem (iniciante ou não) possui algumas dúvidas e/ou está querendo realmente começar a estudar sobre o assunto. Adianto que não falarei sobre nenhum exercício, apenas sobre alguns conceitos (os mais importantes)
    Serei o mais breve e simples possível.

    Canto popular X Canto lírico

    Dois mundos diferentes. Se você conhece o canto erudito, e curte mesmo a parada, o mais indicado, sem dúvida, seria o canto lírico. Mas, se você tem o intuito de cantar alguma coisa mais popular, nada mais justo que começar pela técnica popular. Suponhamos que você queira mesmo seguir uma carreira na praia lírica, não haverá nenhuma necessidade de você se aventurar no estudo da técnica popular, com a pretensão de aprender algo novo que possa lhe ajudar (no meio lírico). No entanto, se você estuda popular, e pretende estudar lírico com a pretensão de aprimorar a sua aplicação técnica no popular, não hesite, vá em frente.
    Falaremos aqui sobre canto popular

    A VOZ

    Não cantamos com a voz, ou com a garganta. Cantamos com todo o nosso corpo. Partindo dessa idéia concluímos que o nosso corpo é o instrumento, e não a voz. É mais ou menos como aquela passagem bíblica onde diz que o corpo é o templo do espírito. Pois bem, nosso corpo é o templo da voz!

    Mas o que é a voz?

    A voz é o resultado do ar que entra aqui e vibra ali e que ressona ali que sai por lá e blá blá blá e isso todo mundo já sabe.

    Fonação

    É o processo de formação da voz, e nessa formação atuam vários componentes que se dividem basicamente em 4 grupos:

    Produtores: pulmões, diafragma, músculos abdominais, intercostais e extensores da coluna.
    Vibrador: Laringe
    Ressonadores: Faringe, Cavidades nasais e boca
    Articuladores: língua, lábios, Palato mole (final do céu da boca onde fica a úvula), palato duro (céu da boca), mandíbula (dentes) e maxilar inferior (queixo).

    Respiração

    O fator mais importante para o bom desempenho vocal, com certeza, é a respiração. Mas ,afinal, como se dá a respiração correta no canto?
    A mais apropriada para o canto é a inspiração COSTO-ABDOMINAL (alguns falam costo-diafragmática ou até mesmo respiração dissociada) E para se chegar ao domínio dessa tal respiração costo-abdominal você precisa em primeiro lugar se relacionar intimamente com dois tipos de respiração, a abdominal e a intercostal.

    Já ouviu falar em diafragma? Pois bem, ele é o principal componente desse processo.

    O que é?

    É um músculo em forma de cúpula que separa a região torácica/aparelho respiratório da região abdominal/aparelho digestivo.
    Na respiração abdominal, quando dilatamos o abdômen, o diafragma abaixa, empurrando os órgãos do aparelho gástrico, expandindo assim a capacidade pulmonar. E na respiração intercostal, na parte anterior (costas), duas costelas posteriores (últimas), chamadas de "Costelas Flutuantes", se levantam quando o diafragma desce, para ajudarem a inflar os lobos inferiores (Não sabe o que é? Joga no Google!)
    Treine-os de maneira separada e quando estiver bem íntimo comece a explorar a junção dos dois, que é exatamente essa respiração costo-abdominal.

    OBS: o único lugar pra onde o ar vai são os pulmões!

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    Tessitura e extensão vocal.

    tessitura compreende o limite vocal CONFORTÁVEL da pessoa
    A extensão compreende o limite possível que a pessoa pode alcançar com a voz (com falsete ou não, se cagando ou não!)

    Registros vocais

    Muito se fala em voz de peito, voz de cabeça, voz mista, registro modal, elevado etc..
    Mas eu, particularmente, não gosto disso. Quando falamos em voz de peito, estamos falando sobre as notas com certa freqüência (Grave e média) que oferecem uma sensação vibrante mais baixa (por conseqüência das formantes graves do timbre) na região do tórax.Por isso o termo VOZ DE PEITO, e não por que a voz ressona no peito!!! E no caso da voz de cabeça, são as notas mais agudas que dão uma sensação vibrante mais alta, situada na região da cabeça (cavidades cranianas).
    Você pode sentir isso emitindo uma nota grave e elevando o tom. Fazendo isso é possível sentir uma vibração no tórax, e conforme vai cantando mais alto (alto de ALTURA e não de INTENSIDADE) vai sentindo essa vibração TENTANDO subir. Mas para conseguir sentir realmente essa VOZ DE CABEÇA, você precisa aprender a COLOCÁ-LA/PROJETÁ-LA de maneira a vibrar na região da cabeça. Isso se chama COBERTURA, o que pode ser confundido com IMPOSTAÇÃO, mas não é.
    Atenham-se para o seguinte, a voz ressona nos ressonadores, que são os amplificadores do som (faringe, cavidades nasais, boca) vibrado pela laringe. E para se obter um bom desempenho no canto, é preciso SEMPRE "apoiar" essa ressonância na área frontal (Ressonadores da face), independentemente se está cantando em voz de peito, cabeça, barriga, cocha ou pé. Pense no ar sonorizado dentro da cavidade bucal, nasal e caixa craniana.O foco do seu som deverá sempre se direcionar para estas regiões altas/frontais.
    Nunca permita que fique num foco baixo, como na faringe (garganta), pois assim estará deixando a voz "entubada" e cometendo um 'abuso vocal' na resistência das pregas. A laringe jamais deve desempenhar esforço ou servir de apoio, ela serve apenas para vibrar.

    Falsete

    Muita discussão e polêmica se vêem em torno do tão falado falsete.
    Técnicamente, o falsete consiste em não utilizar ou utilizar muito pouco as pregas vocais "verdadeiras" e mantê-las paralelas e separadas (l l) (sendo que a posição natural é em V) para que o ar passe direto e o som seja emitido nas "falsas" pregas.
    Em se tratando de REGISTROS VOCAIS, eu prefiro dividi-los em dois:
    REGISTRO NATURAL/PLENO e REGISTRO DE FALSETE. E não tem nada a ver com sentir vibração aqui ou ali, baixa ou alta. Mesmo usando falsete é possível, em certos tons, sentir essa vibração no peito. Ambos os registros são presentes tanto em homens quanto em mulheres. Porém, nas mulheres, a percepção é muito mais difícil, justamente pelo fator anatômico/fisiológico.
    Na transição de um registro para o outro há uma QUEBRA DE REGISTRO, ou Passaggio, como alguns chamam. É algo bastante evidente e é preciso aprender a manipular essa quebra para que se possa "esconde-la". Também há uma mudança no timbre, e é nesse ponto que eu defendo a tese de que voz de cabeça é uma técnica usada para POTENCIALIZAR/AMPLIFICAR O REGISTRO DE FALSETE! Porque, primeiramente você precisa dominar o falsete e aprender a projetá-lo de maneira que soe mais encorpado, com mais potência e brilho.
    E para isso, primeiramente, você precisa estudar a IMPOSTAÇÃO no canto!

    O que é impostação?

    É A EMISSÃO "ESTRATÉGIC A" DA VOZ! É a COLOCAÇÃO da voz nos focos de ressonância, de maneira adequada. Quando você aprende a explorar de maneira produtiva as opções de ressonância conferidas a região da face (boca e nariz) e articulação, TUDO MUDA! E você estará adquirindo uma boa impostação!

    APÔIO DIAFRAGMÁTICO/RESPIRATÓRIO

    O apoio corresponde ao escoramento que fizemos na região abdominal (diafragma) com o bjetivo de controlar/equilibrar a coluna de ar e obter maior sustentação nas notas.

    BELTING/ROCK STYLE

    Belting para mulheres e rock style para os homens, é uma técnica que permite ao cantor emitir notas agudas sem a necessidade de mudança de registro. Onde não há passagio e nem destimbragem. Sem antes estar bem íntimo com todos os outros fatores aqui já citados, NEM PENSE NISSO!

    VIBRATO E MELISMA

    Vibrato é uma oscilação periódica e regular da laringe e consiste na variação do tom central para cima e para baixo (na afinação). Não deve ser confundido com trêmulo, que é a falta de firmeza, irregular e incontrolável na emissão das notas.
    Melisma consiste em executar várias notas musicais dentro de uma mesma sílaba cantada.

    DRIVE

    Para a execução saudável desse recurso é preciso um controle muito eficiente de respiração, apoio, relaxamento de todos os músculos da laringe e controle do palato mole para que a tensão não aconteça nas pregas vocais, ou seja, é preciso desenvolver as técnicas básicas do canto antes de começar o treino do drive. Quando se enche um balão de festa e solta o ar esticando a boca do mesmo, o ar faz um som rasgado e espremido enquanto sai. Então agora imagine o palato mole sendo a boca do balão. Ao invés de levantá-lo como é o usual para se impostar a voz, deixe-o baixo. Esse é o segredo. O som da voz rasgada ou drive deve resultar no palato mole e não na garganta. Pois fazer drive na laringe é suicídio vocal.

    Nunca esqueça do relaxamento, aquecimento, postura, e as vocalizes nossas de cada dia!
    Uma boa técnica se resume a isso. Simples, não? Mas isso é só teoria, e se você realmente deseja obter algum sucesso prático, esqueça o google, youtube e xvideos.
    Procure um professor qualificado, deixe a preguiça de lado, e mãos a obra!

    Lembrem-se, música é arte e não ciência!

    Christhian
    Moderador
    Prêmio FCC 2007
    # ago/10
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    Jonas Costa
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