Praxis Veterano |
# out/04
No ano de 1995, três monstros sagrados do jazz-rock e do fusion uniram forças em um projeto acústico-instrumental, tornando em realidade um disco que gerou enormes espectativas entre os amantes do gênero. Não poderia ser diferente, tratando-se de Al Di Meola, Jean-Luc Ponty e Stanley Clarke juntos de forma inédita.
A intenção foi abandonar totalmente as sonoridades elétricas do fusion, deixando de lado também bateria e percussão, centrando o trabalho exatamente no som acústico e nas cordas: uma ensemble de guitarra acústica, violino e contrabaixo. O resultado foi The Rite Of Strings, um disco bastante introspectivo, repleto de erudição, capaz de refletir o talento, a devoção e a paixão destes três gênios pela música.
As músicas:
O disco abre com Indigo, uma música de cadência tranquila, tangida por melodias místicas e indescritivelmente belas na guitarra de tinturas latinas de Al Di Meola, mas principalmente no violino de Ponty e um solo magnífico de contrabaixo.
Renaissance é introduzida por um série de harmônicos criando uma sonoridade parecida com um som de harpa. Esta é uma faixa bem mais alegre, dançante e inspiradora, em seguida surge o contrabaiso pulsante e costurado, predominando o som do violino dobrando melodias com a guitarra.
Dedicada a John Coltrane e com colaboração de Chick Corea, Song To John alterna um início bastante introspectivo com passagens vibrantes e de grande riqueza rítmica, um groove fantástico assumindo que exceto as batidas de Di Meola e Clarke, não há percussão.
Chilean Pipe Song é uma das minhas favoritas no disco - todas são ótimas-, repleta de improvisos, nesta a guitarra reina suprema. Lembra momentos das faixas contidas nos discos lançados por Di Meola no trio com John McLaughlin e Paco De Lucia.
A próxima faixa, Topanga, é uma das mais belas, tranquilas e introspectivas do disco, é fácil deixar-se levar por esta faixa, viajar e esquecer do mundo. Excelente para ouvir durante um passeio de carro pela orla marítima...
Al Di Meola tem certa fixação pela cultura árabe/mediterrânica e da África setentrional, mas apesar do nome, Morocco não tem o caráter étnico que poderia ser esperado. Como destaque, traz saborosos solos capazes de aliar indizível beleza e virtuosismo.
Uma faixa que merece destaque é a próxima, Change Of Life, a temática introduzida pelo violino de Ponty é sensacional e inspiradora.
Em La Canción de Sofia, surge novamente um tema bastante introspectivo, uma música suave, delicada, bela, trazendo ainda boa dose de paixão e romantismo. Na metade da música surge um ritmo contrastante e alegre, um groove que convida a dançar e parece dizer: 'baila!'. Os solos são sempre magníficos!
Memory Canyon fecha com chave de ouro, confirmando todos os adjetivos e elogios que podem ser concedidos a este disco: magnífico, rico, sofisticado, maduro, denso, genial, arrebatador, também como uma obra-prima inesquecível para quem tiver o prazer de escutá-lo. Quem aprecia jazz, fusion ou música erudita merece ouvir pelo menos uma vez na vida este disco!
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