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Wanton Veterano |
# 04/ago/25 03:14
Tenho a impressão de que brasileiro enxerga a letra da música como a representação de algo que ele acredita ou deseja. Há uma certa dificuldade, até um tanto moralista, de enxergar uma música como uma obra de ficção. Se você fizer uma música sobre assassinato, é importante deixar claro que você está condenando ou lamentando o assassinato, ou você corre o risco de entenderem que você defende a prática do crime.
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JJJ Veterano
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# 05/ago/25 12:06
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Wanton
Na linha de "I Shot the Sheriff" ou "Hey Joe"?
Cara, tinha uma música lá do início do rock brazuca (Os Incríveis, talvez), que tinha uma letra nesse sentido. Mas, vou te falar... era uma merda... kkkkkkkkk
Acho que fica esquisito na nossa cultura.
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Wanton Veterano |
# 05/ago/25 18:33
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JJJ
A gente não tem muita música que narra uma história em terceira pessoa, tipo Faroeste Caboclo, né? Nos Estados Unidos, isso é mais comum. Ajuda um pouco o artista a se separar do personagem - sob o risco que entendam como apologia.
O grupo de rap Cirurgia Moral tem uma música em primeira pessoa, sobre um cara que foi preso por assassinato. É meio moralista, mas acho interessante. Já no rock, não conheço nada assim no Brasil.
Me surpreende como eles fazem músicas sobre serial killers lá fora.
https://en.m.wikipedia.org/wiki/List_of_songs_about_or_referencing_ser ial_killers
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Lelo Mig Membro
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# 05/ago/25 18:42 · Editado por: Lelo Mig
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Wanton
O Brasil sempre foi bastante conservador e moralista e, por isso, o medo de que a arte seja interpretada como confissão ou apologia é muito grande. Em contra partida o pessoal do "politicamente correto" cagou ainda mais. Hoje, se bobear, a censura praticada pelas patrulhas ideológicas é maior do que as censuras formais do Estado.
E, não há, exatamente, um critério. Estuprar e bater numa novinha, no funk, pode. Abordar um tema como assassinato de forma mais filosófica ou narrativa, será mal visto.
O pessoal do Punk, final dos 70 início dos 80, e depois o pessoal do RAP, nos 90-2000, são os poucos exemplos que lembro de encararem essa tarefa.
Nesta música um cara assassinado conta sua trajetória, de sua morte até o sepultamento... Essa canção (na real o álbum todo) não foi bem recebido na época em que foi lançado.
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LeandroP Moderador |
# 06/ago/25 11:07
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"Nem quis comer a sua mãe. Só as mães são felizes" [Cazuza]
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Christhian Moderador
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# 06/ago/25 14:56
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Wanton https://www.youtube.com/@kamaitachi
:-)
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Wanton Veterano |
# 06/ago/25 18:16
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Lelo Mig pessoal do RAP
O que admiro no rap é que eles são despudorados. Os caras falam mesmo! Não conhecia essa dos Racionais. Interessante.
Christhian Kamaitashi
Eita! Um vídeo com 11 milhões de visualizações, de música brasileira, e eu nunca ouvi falar no cara. Interessante. Essa métrica dele é peculiar.
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Christhian Moderador
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# 07/ago/25 19:13
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Wanton Cara, eu gosto dessa estética, com influência de rap e trap, mas com saídas melódicas que chegam até num pop rock. Minha filha, que gosta muito dessa temática, meio terror, true crime, etc., me mostrou esse cara - e imediatamente curti :-)
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Buja Veterano |
# 07/ago/25 22:18
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Estuprar e bater numa novinha, no funk, pode. Abordar um tema como assassinato de forma mais filosófica ou narrativa, será mal visto.
Antes de nove falar nisso, ao ler o topico, ja estava pensando exatamente isso. No rock brasileiro, musicas como Veraneio Vascaína, foi o apice da critica. Nada é muito mais pesado do que isso. Quase sempre uma critica leve ao sistema politico. Nada de assassinatos, misadrismo, fobia de qualquer tipo. Isso no rock.
Mas no funk..........
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Buja Veterano |
# 07/ago/25 22:20
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Adendo: rap brasileiro eu chamo de pura arte. É o que o rock brasileiro deveria ser.
E vou alem, ja que é pra falar sem medo de represália: entre ouvir um racionais mc e um paralamas, nao precisa nem me perguntar qual vou escolher: não me desce ficar ouvindo lanterna dos afogados.
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JJJ Veterano
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# 08/ago/25 11:43
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Buja não me desce ficar ouvindo lanterna dos afogados.
Eu não curto rap. Mas também não suporto ouvir nada muito anos 80. Eu cresci nesse meio e nessa época, então acho que saturei a um tal ponto que, se alguém começa a tocar Legião num barzinho, eu corro pra ir embora! kkkkkk
Já anos 60 e 70 é basicamente o que ouço sempre.
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Buja Veterano |
# 08/ago/25 12:47
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Já anos 60 e 70 é basicamente o que ouço sempre.
Tu ouve love music?
Quando penso nos 60s, brasileiro, so lembro de chico buarque, gonzaguinha, mutantes, sei la.....roberto carlos
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Lelo Mig Membro
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# 08/ago/25 13:31 · Editado por: Lelo Mig
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JJJ Buja
É preciso contextualizar também que esta geração do Rock brazuca anos 80 era tudo burguês. Filhos de desembargadores, diplomatas, um monte deles viveu fora do Brasil por um bom tempo, era tudo playboy.
Só a galera mais alinhada ao punk, tinha proximidade com o, aluguel, escola ruim, periferia, desemprego, violência cotidiana e etc., temas que justamente o pessoal do RAP irá dissecar uma década depois.
Bete morreu, foi proibida de tocar nas rádios na época e até hoje há quem acuse a canção de "apologia ao estupro".
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JJJ Veterano
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# 08/ago/25 17:31
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Buja Tu ouve love music?
Eu sou um velho roqueiro... quase só ouço rock clássico (hard e prog).
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hamifdi Membro Novato |
# 14/set/25 13:50 · Editado por: hamifdi
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Concordo contigo, aqui muita gente confunde letra de música com opinião pessoal do artista. Acho que por isso falta espaço pra esse tipo de narrativa mais sombria na nossa cena musical.
Mini Militia App Lock
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Lelo Mig Membro
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# 15/set/25 21:21
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Lembrei de teu post, hoje, ouvindo New Model Army... realmente não é comum na música brasileira.
"Sem polícia, sem intimação, sem tribunais de justiça Sem procedimento adequado, sem regras de guerra Sem circunstâncias atenuantes Sem honorários advocatícios, sem segunda chance"
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Wanton Veterano |
# 16/set/25 14:24
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Lelo Mig
Conheci New Model Army pelo cover que o Sepultura fez dessa música aí, lá nos anos 90. Gosto muito do som e da atitude deles.Infelizmente, perdi o show que eles fizeram em São Paulo, ano passado.
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Lelo Mig Membro
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# 16/set/25 15:16
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Wanton
"Gosto muito do som e da atitude deles."
Também gosto. Quando você fez o post eu não lembrei dessa canção mas, ontem, revisitando este álbum após alguns anos, lembrei de seu post.
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LeandroP Moderador |
# 16/set/25 15:27
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O sertanejo raiz era suco de murder ballads
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Lelo Mig Membro
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# 16/set/25 18:22 · Editado por: Lelo Mig
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LeandroP
"O sertanejo raiz era suco de murder ballads"
Lembrou bem Leandro... não diria só no sertanejo raiz, mas na música brasileira antiga em geral.
Nessa música, o cara mata a mãe e arranca o coração do peito.
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Wanton Veterano |
# 17/set/25 17:39 · Editado por: Wanton
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Lelo Mig Quando você fez o post eu não lembrei dessa canção
Eu acho que é sobre justiçamento, mas já vi interpretações diferentes.
EDIT: segundo o próprio Sullivan, é sobre "vigilantismo".
LeandroP Lelo Mig sertanejo raiz
Na gringa, também. É praticamente um subgênero do country.
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Wanton Veterano |
# 17/set/25 17:50
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Lelo Mig Nessa música, o cara mata a mãe e arranca o coração do peito.
Eita porra! É disso que estou falando!!
Fiz o tópico ouvindo a original do Husker Du, mas conheci essa primeiro. Tem mais tensão estética. O vídeo é desconfortável, quase constrangedor.
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Lelo Mig Membro
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# 17/set/25 18:41 · Editado por: Lelo Mig
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Wanton
"Eu acho que é sobre justiçamento..."
Eu também acho. Mas não gosto muito dessa ideia (que acho que é justamente o que você esta contestando), de achar que Sullivan defende justiça com as próprias mãos ou não.
The Hunt, em minha interpretação, trata de um submundo de gente excluída onde cafetões e traficantes impõe suas regras, aliciam pessoas e fazem sua própria lei. Um local onde a justiça comum não chega; por isso a canção descreve alguém/um grupo que foi atrás do sujeito e fez a justiça com as próprias mãos.
"Eita porra! É disso que estou falando!!"
Fiquei pensando em alguns "porquês" e acho que um tanto se deve a Ditadura Militar. Passamos 21 anos sob censura... este tipo de assunto jamais passaria. Isso obrigou os compositores a abordar o amor, saudades, ou a escrever de forma complexa, quase filosófica, metafórica e/ou simbólica, quase um código.
Quando veio a abertura e o rock Brazuca, obviamente os jovens cantaram sobre sexo, drogas e liberdade...
Acho que o brasileiro, por conta destes 20 anos, perdeu a mão para murder ballads.
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