Sintonia - série da parceria Kondzilla + Netflix

    Autor Mensagem
    Ismah
    Veterano
    # out/19


    Já havia dito aqui no fórum que o Kondzilla tinha um talento admirável, e que a hora que ele caísse na real da possibilidade de fazer filmes a coisa ia para outro nível. Quem não conhece, ele é o principal produtor de video clipes de funk carioca (batidão ou o nome que tiver).
    Se bom ou mau, é uma questão muito pessoal. Encarando do meu lado, de quem vive da arte, qualquer coisa que permita trabalhar e viver da arte é gratificante.

    Não sei muitos detalhes, estou ainda assistindo o piloto, mas já parece que está bem avançada. Creio que o objetivo é levar a Netflix para a favela, por parte da Netflix, e o funk para o Brasil ou até o mundo, por parte do Kondzilla...

    Não é a primeira, mas a 5ª série produzida no país, da parceria Netflix com alguém local. Do ponto de vista negócio, quem tem a perder é quem arrisca produzir, a Netflix deve ficar só com a distribuição.

    Sinopse

    "Narrada através das perspectivas de três personagens diferentes, a história de Sintonia explora a interconexão da música, tráfico de drogas e religião em São Paulo. Doni, Nando e Rita cresceram juntos na mesma comunidade, onde foram influenciados pelo fascínio do funk, das drogas e da igreja."

    Julia Hardy
    Veterano
    # out/19
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    Parece interessante. Há algum tempo, o Boogarins teve um vídeo produzido pelo Kondzilla e causou uma certa polêmica entre a criançada que acessa esse canal.

    Ismah
    Veterano
    # out/19
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    Podem reclamar, mas ele é um dos caras com mais bala na agulha e meios ($$$) pra produzir qualquer coisa, e sem ligação com redes de TV...
    E criatividade é o forte do cara... Tem alguns clipes de rap underground, que não perdem nada para as produções gringas...

    Vai dar história ainda...

    Ismah
    Veterano
    # out/19
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    Bom entendi algumas coisas agora assistindo tudo, e compreendendo um pouco mais a história.

    O Kondzilla É O MAIOR YouTuber do Brasil (em número de inscritos), mas é obviamente um nada do lado da Netflix. Isso é bastante óbvio.
    Então, como foi com a série Roadies, Vinyl, The Bastard Executioner e demais... Foram lançados 6 episódios, digamos de "teste", que por si só são uma história. Já havia observado o padrão, pois se der ruim, ela por si só faz sentido.

    Essa história inicial, é quase um epílogo. Os três jovens Donizete "Doni", Fernando "Nando" e Rita, cresceram juntos na Vila Áurea, uma favela (fictícia) em São Paulo capital.
    Doni, segue o caminho da música. Nando do crime organizado. E Rita, segue a vida religiosa, dentro de uma congregação neo-pentecostal extremista.

    Aqui cabe o primeiro parêntese... A congregação de Rita, dentro dos MEUS conhecimentos e curiosidade sobre religiões, é visivelmente inspirada e se utiliza de elementos das mais populares no país. Todas de cunho bastante extremista, mesmo que em âmbitos diferentes.
    A forma da igreja como prédio, e como congregação com um líder supremo, a forma dos ritos, a necessidade de "levantar ofertas" para objetivos específicos, a abordagem do dízimo, e o código de vestimenta, é bem notável... "O líder", visualmente é quase o Edir Macedo...

    Até aí nada errado, poderia ser qualquer congregação, seita, ou equivalente de cunho extremista, com suas particularidades. Só que é escrachado que a igreja é uma fachada pra "fé como negócio". Com uma visão mais "empreendedora" por trás da fé, denunciada por alguns termos e visões de mundo. Tão bem como o nível do "tele-atendimento", material multimídia pra TV e coisas do tipo...

    Esse é um assunto meio que "proibido". Pouco se fala disso na TV, nas novelas e filmes. Acho que vai render altas tretas FORA DA HISTÓRIA... O Kondzilla deixou escapar algumas coisas em entrevistas, e vai pisar no calo de muita gente...

    E essa "corrupção" não é mostrada só na igreja, mas na música e no "crime" (ao que entendo, nome da facção fictícia, que Nando está envolvido).
    [fim do adendo]

    Como é de se esperar, o foco principal parece mesmo ser Doni. E de certa forma, de um lado tem o extremo do bem (Rita), e do outro o extremo do mal... Não de forma literal, mas sim de forma a representar a oposição de ideias, em vários aspectos.

    Essa cena é muito bem bolada, e ilustra bem o supramencionado.
    Talvez pode definir algo sobre os rumos da história para a segunda temporada.

    Julia Hardy
    Veterano
    # out/19
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    Me deixou curiosa pra assistir.

    Sobre o Boogarins, o mimimi foi do pessoal do funk que não entendeu o motivo de um clipe de rock(não tão rock assim. Tem até participação do Samuel Rosa) num canal de funk.

    Ismah
    Veterano
    # out/19
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    Ah isso é só tiozeira conservadora que vê deuses nos artistas que gosta...
    Apenas por conseguirem aparecer para """" SÓ """" 50 milhões (e bolinhas) de pessoas - que é "só" 1/3 do nosso país - já tá valendo o restante...
    Sendo sincero, eu venderia até a alma, porque conseguindo 1 mi de views (2% dos inscritos do Kond), é uma banda que se bem administrada tem o futuro garantido.

    Music bussiness rules... Arte é uma coisa, eu quero era viver do que eu gosto, e portanto preciso vender meu trabalho - tão bem como um pintor, um ator, um dançarino...
    Ainda que faça uma rima, só porque soou bem (like a Kurt Cobain), ela pode tocar uma pessoa, e ser vista como arte por esta... E o risco mais cômico, é tocar de forma inusitada, sem relação com o que eu quis dizer...

    Agora, tem quem julgue que fazer arte é fomentar uma filosofia de vida, partindo da música...

    Rolou um papo cabeça e nostálgico, sobre quase 30 anos atrás, quando a banda que trabalho, chegou a primeira vez em SP...
    Eles eram rockabillies, se vestiam assim, por admirarem a música e fazer parte do show. Na primeira rádio, o cara já deu a letra pra ficar esperto, pois a ideologia deles tinha rivais...
    "Pera, que ideologia? A gente se veste assim por causa da música..."
    Enquanto aqui em PoA, havia uma "micro cena", e andavam todos juntos, em sampa já tinha virado uma "micro guerra"...
    Deram

    E isso tá bem claro numa reportagem do Globo Repórte de 91, chamada "Gangues de rua". Fala de góticos, punks, carecas (skinheads), rockabillies, e headbangers... Funk carioca, e rachas de rua... E apresenta por último as gangues nos EUA, dessa época. E o cenário dos States, que deu origem a série GTA, principalmente o San Andreas.

    A reportagem 1/3, que citei, e que vem ao caso...

    https://www.youtube.com/watch?v=ql2TkMoySRk

    Nesse clima mais paz e amor, é que temos a cena hoje... O mesmo boneco que vai ao baile funk, também vai ao show de rock, vai ao sertanejo...
    Ainda tem os extremistas, vi recentemente uma reportagem do Conexão Repórter, sobre os "Carecas do subúrbio" - a principal gangue de skinheads hoje. É de 2015, mas ainda é válida.

    Julia Hardy
    Veterano
    # out/19
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    Viver de música no Brasil, seja qual estilo for, é uma arte por si só. A questão é que algumas pessoas pensam que estão por cima e que, por exemplo, a tal mpb não foi feita pra ser massificada. Mas, só se é popular se atingir o povão. Coisa que a mpb não consegue e, talvez, nunca tenha conseguido. O Jorge Vercilo reclamou tempos atrás da qualidade da música atual. Mas, na minha opinião, ele cuspiu pra cima. Pegue o maior sucesso dele, a tal "a saudade bateu, foi que nem maré". Quer algo mais pop e baba que isso? Dá essa música pra Anitta ou um Luan Santana da vida gravar e ninguém vai notar a diferença. Ele é só um filhote dessa mpb que de popular tem muito pouco.

    Ismah
    Veterano
    # out/19
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    Exato! Estava conversando com um amigo sobre isso aqui, quem leva a fama de crítico social é o rock, quem sentou o dedo foi justamente quem levava a fama de não ligar pra sociedade...

    Julia Hardy
    Veterano
    # out/19
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    Crítica social não dá dinheiro.

    Além disso, você acha que uma pessoa que mora na periferia não conhece as mazelas da sociedade, as desigualdades, etc? Que ela precisa da nossa crítica social super elaborada? Eu acho que não. O nosso discurso tem que partir do lugar a qual nós pertencemos. A partir daí, é que fazemos uma análise do que está ao redor. Do contrário, fica igual a critica social do Nando Moura que se resume a dizer que bandido bom é bandido morto. Mas, isso é outro papo.

    Voltando à musica, nunca houve tanta banda de rock/metal, em variedade e quantidade, quanto hoje em dia. As pessoas precisam parar de esperar a next big thing. Lógico, seria legal ter algo como um Guns'n'roses, Nirvana ou até um Slipknot pra sacudir o cenário. Mas, pra mim, está bom como está.

    Ismah
    Veterano
    # out/19
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    Eu fiquei matutando nisso... Tenho indícios suficientes, que apontam que tomar um lado, é mais eficiente - pensando pela popularidade...

    Vide nossos últimos presidentes, que tem muito mais simpatizantes por suas opiniões, que por seus feitos. A grande maioria, disse e diz o que uma parte das pessoas gostaria de ouvir... Quase um guru de horóscopo...

    Camisa de Vênus, Pavilhão 9 tem carreiras galgadas na crítica social. Não esperaria que a preocupação do vaqueiro, seria a morte de pessoas no Carandiru, ou quem matou Joana D'Arc... Isso é fato...

    O RPM conseguiu realizar crítica social, e bem camuflada no som deles.
    Todas praticamente tem uma alfinetada a questão da época...

    Cranberries tem seu maior sucesso, uma mega crítica social... Rammstein é bem explícito, e faz muita piada com fatos... Metallica, tem algumas coisas nesse sentido - Whom the bells tolls, Sad, but true... Brujeria é praticamente uma chacota com o crime organizado mexicano...
    Pink Floyd, tão bem como o Roger Waters em carreira solo, não preciso dizer nada...
    Toda a cena punk...

    acabaramosnicks
    Membro Novato
    # out/19
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    Ismah
    Acho que vc tem razão, o artista escolhe um foco e segue... se de repente no canal do kondzilla sobe um vídeo com crítica social "na cara", o povo vai estranhar, porque o cara que vai no canal dele tem outra expectativa; e se alguém monta um canal que apresenta de absolutamente tudo, acho difícil vingar.

    Nada impede o artista de mudar o foco, mas se sabe das consequencias e também não vira ficar mudando o tempo todo. Dois exemplos são o Dream Theater e o Opeth, com albuns de sonoridade muito distintas mas ainda mantendo a identidade da banda.

    Ismah
    Veterano
    # out/19
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    Basicamente numa questão dividida, como é o caso da "guerra" funk vs rock, coxinhas vs petralhas, esquerda e direita... Se tentar permanecer neutro, pode gerar críticos dos dois lados, e sair de foco pois quem tem uma posição neutra, não se manifesta.

    Segundo a pesquisa da Reuters em 2013, nós brasileiros, somos os que mais gostamos de notícias com opiniões, os que as mais replicam e comentam - tal como estamos fazendo aqui... rsrsrs

    E, a pior parte, é que o Efeito Dunning-Krieger está cada vez mais comum, com as bolhas criadas pela rede social, que nos faz cair muito fácil em um viés cognitivo, obtendo confirmação ou anulação de coisas já pré concebidas - os próprios conceitos apresentados são assim... As tais generalizações, acabam sempre num viés cognitivo.
    Aqui, temos um grande número de músicos e guitarristas principalmente, veja o quanto rende a discussão sobre madeira, e como ainda é comum a afirmações as vezes bizarras, sobre captadores ativos...

    Realmente estamos todos sujeitos, tanto a sentir uma superioridade ilusória, achando que nossa capacidade, está além da capacidade de especialistas num assunto - terraplanistas por exemplo, ou aquela moça que deu piti no fórum recentemente, e acusou a turma de preconceito por ela ser mulher...

    Ou o justamente o oposto, achando que todos tem uma capacidade igual ou equivalente a nossa, a dita inferioridade ilusória - quando pergunta a um músico com 30 anos de carreira profissional, se é fácil tocar violão, ou uma maioria dos coaches, que temos por aí...

    Do fórum, o SlashFoda é um caso duplo... De tão inocente ou ignorante na questão de mundo, importações, compras e tudo mais... Assim como provavelmente mediu a honestidade alheia, a partir de si mesmo... Como resultado marchou com uma baita grana...

    Quanto a mudar, é algo que ou tu aceita, ou tu aceita... Pessoas mudam o tempo todo, somos vivos! Adquirimos novos hábitos, abandonamos outros... Às vezes de forma muito abrupta, causa um impacto negativo...
    A troca de um membro da banda, é sempre um fato visto com maus olhos, porém algo comum ao longo da história - e permite até separar por "fases", como é caso do Ozzy, onde cada guitarrista, trouxe uma outra sonoridade, e uma outra influência para ele...
    E comparar cada "fase", é treta garantida... Todos nós temos uma intuição, uma lista de objetivos e prioridades - vide o cara que veio nos perguntar quais critérios para admitir um novo músico... Como escrevi lá, é muito mais o caso dele nos dizer o que procura...

    Referências
    https://www.youtube.com/watch?v=vF68ZBHnB_8
    https://www.youtube.com/watch?v=8wi8v5IFN-4

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