Heavy Metal Parking A Lot

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BrotherCrow
Membro Novato
# mar/18
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Acho que o errado é achar que o rock, como gênero, está ligado a rebeldia e "progresso". O que eu acho que acontece de verdade é que em cada época haverá uma parcela da sociedade que é vanguardista e traz mudanças. E essa parcela da sociedade vai se identificar com o estilo musical que representa vanguarda e mudança na sua respectiva época.

Imagino que tenha sido assim por um tempo com certas vertentes de jazz (é só ler On The Road do Kerouac). Foi assim com o rock nos anos 60/70. Mais recentemente vimos isso com o rap, e tá com cara de que não demora muito pra tendencia mudar.

Então, o rock não é intrinsecamente a voz da rebeldia e da vanguarda. Ele apenas esteve ligado à rebeldia e à vanguarda durante um período no tempo. Esse período acabou. Quem é rebelde e engajado hoje em dia não ouve rock. Pra mim, achar que o rock proporcionou a revolução cultural dos anos 60 é inverter causa e efeito.

Mas como a Julia falou, essa discussão não tem muito a ver com o tema do tópico. Até porque, em 86, rock já era basicamente diversão mainstream sem muito compromisso com nada. Se conseguirmos recuperar a diversão do rock, já é muita coisa. E de certa forma as pessoas que levam rock a sério demais, achando que é a voz da revolução, acabam estragando a diversão.

Lelo Mig
Membro
# mar/18 · Editado por: Lelo Mig
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BrotherCrow

"o rock não é intrinsecamente a voz da rebeldia "

Você não deixa de ter razão. Mas, existe um fato, muito importante, que muitos esquecem ou desconhecem.

Até os anos 50, início dos 60... Jovens "não existiam".

O mundo era dividido em crianças e adultos. Os adultos mandavam. As crianças obedeciam e não podiam estar presentes nas conversas de adultos.

Jovens até se sustentarem, casarem e formarem sua própria família não tinham voz alguma, não tinham opinião pra nada e não eram ouvidos. Obedeciam feito crianças e trabalhavam feito adultos.... Mais nada.

"Jovem", adolescente, teen e demais sinônimos, seus desejos, seus sonhos, só passam a existir à partir dos anos 60. O conceito de adolescência, enquanto um período particular da vida de um indivíduo, situado entre a infância e a vida adulta, é recente na história da humanidade.

E, foi o rock o veiculo escolhido pelo jovem, para ser sua voz.

E foi transformador.

entamoeba
Membro Novato
# mar/18 · Editado por: entamoeba
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BrotherCrow
Pra mim, achar que o rock proporcionou a revolução cultural dos anos 60 é inverter causa e efeito.

Não é inversão da causa! O negócio é não pressupor causalidade, e sim correlação! Teve uma revolução cultural e o rock fez parte dessa revolução, não foi causa e nem efeito.

Até porque, em 86, rock já era basicamente diversão mainstream sem muito compromisso com nada.

Não é verdade. Ainda teve uma geração muito influente nos anos 90, mais amadurecida, mais amarga, mais autodestrutiva, contudo, mais modesta no que diz respeito às transformações culturais.

New Model Army lançou The Ghost of Cain em 86.


brunohardrocker
Veterano
# mar/18 · Editado por: brunohardrocker
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Até os anos 50, início dos 60... Jovens "não existiam".

Bons tempos.

brunohardrocker
Veterano
# mar/18
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O bom é que ninguém dá uma definição do que é progresso e nem mesmo uma analise qualitativa desses frutos, para assim então iniciarmos uma discussão que não seja tão vaga.

Julia Hardy
Veterano
# mar/18 · Editado por: Julia Hardy
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Sobre "aquele discurso revolucionário ser pura frescura", digo o seguinte: é mais atual que nunca. A questão é que esse pessoal teve que trabalhar pra ganhar a vida. Diferente de certos neoconservas que, como o Lelo disse, vivem de herança do papai que era militante do PT.

brunohardrocker
Veterano
# mar/18
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Enquanto mandarem verdades vagas, vou mandar verdades vagas:

Tudo uma grande ilusão. No campo do pensamento, não ha nada que nunca existiu antes. E as unicas revoluções objetivas são as tecnológicas.

entamoeba
Membro Novato
# mar/18 · Editado por: entamoeba
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brunohardrocker

A teoria da relatividade é uma revolução tecnológica?

Julia Hardy
Veterano
# mar/18
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O problema desse tópico é a palavra "reacionário". Isso incomodou, pelo jeito. Basicamente, o questionamento é: conserva que aprecia uma cultura que contraria o que ele ou ela defende. Tem gente que finge que não entendeu ainda. De qualquer forma, não quero mais discutir hoje. Comentem o vídeo, se tiverem algo pra comentar.

brunohardrocker
Veterano
# mar/18
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entamoeba

Não se compara o empirismo da ciência à mística em torno das ideologias. Então a descoberta está sim muito mais proxima da tecnica do que da ideia.

Esse tópico aqui afirma que uma vertente musical, que como todas as outras, surgiram a partir de outros estilos (country e blues) estaria proibido para pessoas que vivem a atemporalidade das coisas.

brunohardrocker
Veterano
# mar/18
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É esse tipo de delírio que faz pessoas inteligentinhas e de mente muito aberta, falarem que blues não é para branco e que o country hoje é coisa de reaça, porém em 1920 era coisa de modernoso.

Vasculhem os grandes representantes ainda vivos desse meio. Como se comportam e o que estão falando. Não é retrocesso, é amadurecimento.

BrotherCrow
Membro Novato
# mar/18
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Lelo Mig
E, foi o rock o veiculo escolhido pelo jovem, para ser sua voz.
Aí é que tá. O veículo foi a música. O rock era simplesmente o estilo com "potencial transgressor" pra época. Se fosse em outra época, teria sido outro estilo. Tem que desmistificar essa coisa de que rock e rebeldia andam sempre juntos, como se rock fosse o estilo mágico que nunca envelhece e sempre é relevante.

Por acaso semana passada eu tava vendo um mini-documentário sobre a gravação de Walk This Way na parceria do Aerosmith com o Run DMC. Os caras do Run DMC ficaram inicialmente abismados com o quão retrógrada e caipira a letra do Aerosmith era. Por isso acabaram mudando muita coisa e fazendo muito ad-lib em cima.

entamoeba
New Model Army lançou The Ghost of Cain em 86.
Gosto muito do NMA. Mas quando você fala "rock oitentista", não é a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas. Exceções existirão sempre, em todos os estilos e em todas as épocas. Tinha gente fazendo rock vendidaço na década de 60, e tem gente fazendo rock contestador hoje. Vim hoje pro trabalho ouvindo o último do Marillion, eles estão cantando sobre o problema dos refugiados na Europa. No disco passado deles a fizeram uma música sobre a questão palestina. E eles são vistos pelo público em geral como "aquela banda que fez a música da novela".

E francamente, é música, cara. Não precisa revolucionar nem transgredir. Não tá de bom tamanho ser divertido, como o Judas Priest e o Dokken eram nos anos 80?

O disco novo do Priest tá bem legal por sinal.

BrotherCrow
Membro Novato
# mar/18
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brunohardrocker
É esse tipo de delírio que faz pessoas inteligentinhas e de mente muito aberta, falarem que blues não é para branco e que o country hoje é coisa de reaça, porém em 1920 era coisa de modernoso.
Hehehe.


Lelo Mig
Membro
# mar/18 · Editado por: Lelo Mig
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Ultima e necessaria desviada do topico de minha parte...juro!


BrotherCrow

"Se fosse em outra época, teria sido outro estilo."

Novamente concordo... só reitero que a história é a história... Bem ou mal foi o rock, e isso virou história.

brunohardrocker

"No campo do pensamento, não ha nada que nunca existiu antes. E as unicas revoluções objetivas são as tecnológicas."

Com relação a isso... Nunca li tamanha bobagem...

Cara, com todo respeito, mas você falou uma merda tão grande, que, sinceramente, pelos textos que você normalmente escreve, não creio ser possivel que você acredite nessa bobagem que postou. Creio que tenha radicalizado e se expressado mal.

A tecnologia surge do pensamento científico. Que surge de uma ideia. Que muitas vezes surge de uma intuição, ideal ou sonho.

É passivel de realização à partir desta idéia apoiada do estudo e cultura.

Por mais que você se ache o genial pensador, rei da cocada, você não é porra nenhuma, e estaria catando e comendo piolhos da cabeça de seu "parça", se não tivessemos evoluido e se esta evolução não tivesse "suas mudanças de marcha" alavancadas de tempos em tempos por alguns pensadores, filósofos, romancistas, matemáticos, "sonhadores" e especialistas das diversas ciencias.

Alguns livros, por exemplo, mudaram muito mais o mundo, a história, o destino da humanidade e a consequente tecnologia desenvolvida, do que qualquer aparelho ou artefacto que o homem tenha desenvolvido.

E, não vem ao caso se eu, você, ou quem quer que seja concorde ou não com o conteúdo. O assunto aqui é concordar ou não... E sim reconhecer uma influência ou transformação à partir de.

Se você nunca leu, recomendo que leia alguns dos livros abaixos, e olhar ao redor, além de seu umbigo, para tentar enxergar a transformação que estas publicações fizeram na história da humanidade. Porque, independente do que pense ou acredite ser, voce "vive o caminho" que estes livros apontaram.

- A Bíblia
- Alcorão

Base das 3 grandes religiões Abraamicas. O mundo viveu e de certa forma vive o que estes livros definiram como "verdade". Nem eu, na qualidade de Ateu e Cético, sou independente e imune a ação do pensamento cristão.

- A Origem das Espécies - Charles Darwin.

Base de boa parte da biologia, medicina moderna e genética. Não é lei, é teoria... Mas, nem criacionistas dispensam um teste de DNA hoje em dia.

- O Capital - Karl Marx.

Não vou entrar no mérito... não to afim de polêmica sem embasamento. Independente de qualquer coisa, à partir dele se discuitiu a luta de classes, foram feitas revoluções, nações mudaram sua politica, houve guerra fria, e bem ou mal, sem a guerra fria eu e você estariamos se comunicando por carta.

- O Segundo Sexo - Simone de Beuvoir.

Toda a discussão em torno do papel da mulher e sua luta pela liberdade, de certa forma, se inicia aqui.

- Os Elementos - Euclides.

O que sabemos de toda sabedoria grega, base geometria e matematica, que nos fez adiantar alguns séculos até a matematica moderna, esta aqui.

- Apologia de Sócrates - Platão.

Muito do que o pensamento científico desenvolveu veio da imaginação dos romancistas de ficção e das proposições filosóficas. Este livro é a pedra fundamental do pensamento lógico.

- A Interpretação dos Sonhos - Freud.

Base de toda a ciência psicanalítica.

- Pé na Estrada (On the Road) - Jack Kerouac.

Sem ele, a filosofia hippie, que aqui explanamos, não teria existido.


Poderia citar, pelo menos, uma centena de livros que fizeram, quer você concorde ou não com seus conteúdos, que voce aprendesse, pensasse, conquistasse, possuísse, ou seja, fosse o que é hoje.

Talvez, ler alguns deles, te redima da besteira que escreveu.

Mais alguns:

- Das Revoluções das Órbitas Celestiais — Nicolau Copérnico.

- Diálogo Sobre os Grandes Sistemas do Universo — Galileu Galilei.

- Crítica da Razão Pura — Immanuel Kant .

- Guerra e Paz – Liev Tolstói.

- Tratado sobre Eletricidade e Magnetismo — James Clerk Maxwell .

- Relatividade — Albert Einstein.


E etc...

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# mar/18
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Lelo Mig
Estão faltando em sua relação dois autores fundamentais para a sociedade contemporânea: Nitzsche e Max Weber.
Aliás, a modernidade está ancorada (ainda) no que Marx, Freud e Darwin escreveram; bem como na "tradição" por eles aberta.
Quanto à Marx, vc acertou, mas o fez pelas razões erradas. Marx estuda o Capitalismo, a estrutura econômica da sociedade atual. A luta de classes é um conceito que expressa as lutas sociais no Capitalismo, embora com as devidas ressalvas, possa ser um elemento analítico para as sociedades não capitalistas (mas não o principal ou exclusivo).
Abç

Lelo Mig
Membro
# mar/18 · Editado por: Lelo Mig
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Mauricio Luiz Bertola

Sim...faltam muitos livros... Dei uma geral "meia boca"... O iluminismo de Locke, Voltaire, Rousseal e etc. também é essencial.

Quanto a "luta de classes" só quis pontuar que à partir de Marx que ela é discutida com uma maior orientação econômica e não só "politico/sindical".

Abç!

Julia Hardy
Veterano
# mar/18
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Esse tópico aqui afirma que uma vertente musical e bla bla bla

Afirma, não. Questiona.

Julia Hardy
Veterano
# mar/18 · Editado por: Julia Hardy
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Mais uma coisa: ninguém nesse tópico disse que country é coisa de reaça. Que choradeira.

brunohardrocker
Veterano
# mar/18
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Lelo Mig
Nunca li tamanha bobagem...

Vamos lá:
Eu fiz uma provocação. Deixei avisado que diante de tantas verdades vagas, (afirmações categóricas soltas pros outros, embasamento pra mim), eu também iria fazer o mesmo.

Sou sim, cético quando a esse progressismo delirante que entende por progresso aquilo que bem entender, que assume que é bom quebrar regras e não está disposto a ponderar sobre isso. Que discute as causas e não as consequências. Onde tudo é gritado e nada negociado de forma racional. Isso faz de mim conservador: não alguém que resiste à mudanças, mas alguém que sabe que elas ocorrem de forma gradual e que temos muitas instituições que merecem preservação.

Você citou um monte de pensadores e acontecimentos históricos super importantes, mas o nível deste tópico está bem aqui no chão. O assunto foi puxado sobre a história de um zé comum dos anos 70 que bebia umas e queria pegas menininhas no show de metal. Cresceu e foi chamado de reaça ou pelo estilo de vida ou porque não foi contagiado com algum tipo de passe de mágica que o metal poderia tocá-lo e transformá-lo num rei filósofo.

É basicamente o que se discute sobre a "revolução" que o funk diz estar fazendo no Brasil. Ta todo mundo rebolando e se empoderando. Surgindo um monte de mulher maravilha e super man por aí porque essa coisa transforma tudo por onde passa.

Mas não se discute a qualidade do que está se transformando. Não se discute os resultados, basta transformar que tá bom. Na hora do barulho basta todo mundo botar o pé na mesa. Não se discute o quanto esses movimentos são vãos. Onde foram parar os hippies? os rockeiros? os metaleiros? Aqui no Brasil eu estou contando os dias para terminar a onda do funk. E os conservadores seguem os anos sempre em pé: são sempre o alvo então quer dizer que estão sempre vivos.

Que progresso? Dá pra comparar o nível dessas coisas tão vagas e dúbias à invenção do avião?

entamoeba
Membro Novato
# mar/18
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brunohardrocker

1) Ó, bem baratinho e ajuda a acabar com as confusões que a maioria faz quando fala de ciência, tecnologia, cultura e afins:

https://www.saraiva.com.br/ciencia-e-desenvolvimento-col-o-homem-e-a-c iencia-366370.html

2) Somente um pensamento progressista juvenil ignora por completo a tradição e o juízo do tempo. Por outro lado, o conservadorismo hodierno não é baseado na sofrosine - já que, ao que parece, você gosta de filosofia - o conservadorismo que está aí é uma reação ao desconforto causado por mudanças que não são bem assimiladas por pessoas que prezam pela permanência, temendo o novo. Sim, o conservadorismo emergente é uma grande onda de covardia e desprezo pela alteridade, alimentado, sobretudo, pela necessidade de alguns dogmas religiosos sobreviverem às descobertas que são trazidas à luz pela ciência, que você tanto preza. Veja o ódio à técnica, quando os pastores televisivos alegam que deus triunfou quando os médicos fracassaram.

3) Sim, prudência é um indício de maturidade intelectual. Se preza por isso, adote o princípio da caridade antes de disparar indiscriminadamente contra tudo o que você pôs no mesmo balaio.

Julia Hardy

Sobre os vídeos, deixando de fora assuntos correlatos, acredito que todo movimento cultural tenha a adesão de manada. Uma parte tem consciência do que consome, outra está só vivendo a experiência dentro de um grupo que a acolhe.

Lembro que, na minha pré-adolescência, alguns dos meus amigos estavam encantados pelo metal. Uns até se irritaram comigo quando comecei a tocar guitarra, dizendo que aquilo não era para mim, afinal, eu não tinha cabelo grande, não usava adereços, não me encaixava no estereótipo deles e eles não queriam se identificar comigo.

Uns dois anos depois, esses que me criticavam pararam de ouvir metal e passaram a frequentar as micaretas, no intuito de se esfregar em alguém. Se tornaram playboys patéticos, capazes de se anular para aumentar suas chances de conseguir sexo.

Os caras daquele vídeo só estavam frequentando a "micareta" da época deles.

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