Distorções & Motores a Combustão.

    Autor Mensagem
    entamoeba
    Membro Novato
    # ago/14


    As distorções que usamos nas guitarras e baixos são produtos do Zeitgeist de uma era peculiarmente ruidosa?

    Caso sejam, será que uma eventual hegemonia do motor elétrico pode vir a matar a distorção ou, ao menos, modificar a maneira que a interpretamos?

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/14
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    entamoeba

    Esse tempo seco, de baixa umidade é bastante propício para "queimadas" suspeitas!

    INNARELLI
    Membro Novato
    # ago/14
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    when it goes, it goes above the wind.

    entamoeba
    Membro Novato
    # ago/14
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    Lelo Mig,
    INNARELLI,
    Nada queimando por aqui. Talvez os esporos do bolor tenham se soltado das paredes da minha alcova e infiltrado encéfalo adentro. Mas, a despeito do meu suposto estado de consciência, este tópico não se presta aos devaneios de seu autor. Visa tratar de uma evidência:

    Motores e guitarras roncam de maneira parecida. A presença quase ubíqua dos motores precede, em poucos anos, o surgimento da distorção. À medida que o mundo foi ganhando em barulho, as guitarras ganharam em peso. Sou obrigado a pressupor uma relação causal aí. Será que há?

    Vivemos imersos em uma massa sonora constante, do zumbido dos computadores ao rumble do trânsito lá fora, que estremece as paredes do recinto. Tudo constitui nossa paisagem sonora cotidiana e a música parece representar um pouco disso!

    Enfim, gostaria de saber o que as pessoas pensam dessa correlação. Afinal, como nossas vivências nesse caos sonoro afetam a música que produzimos e consumimos?

    Alex guitar man
    Veterano
    # ago/14
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    entamoeba

    Acho que dependendo do som ambiente, uma musica mais barulhenta pode ser bem vinda ou não, mas cada caso é um caso, digamos que daqui varios anos, o Barulho acabe, musica ainda sera musica independente do som ambiente, acredito na relação, mas não de forma significativa.

    Vamos escrever em linguagem menos formal?

    INNARELLI
    Membro Novato
    # ago/14
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    entamoeba
    existe silêncio apenas na sauna.

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/14 · Editado por: Lelo Mig
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    entamoeba

    Têm a ver...

    Eu creio que a coincidência se dá porque a revolução industrial e as maiores liberdades foram abrindo espaço para o "grito de rebeldia".

    E, numa cidade barulhenta, cada vez foi necessário mais barulho, se fazer mais alto e barulhento para ser ouvido. Não é exatamente consciente, talvez seja meio por osmose, mas aconteceu.

    Sabbath era considerado "terrivelmente barulhento" nos anos 70. Hoje é "mel" nos ouvidos da galera mais nova.

    entamoeba
    Membro Novato
    # ago/14 · Editado por: entamoeba
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    Alex guitar man
    O que quero dizer é que se a gente vive em um ambiente barulhento, o barulho ganha outro significado. Ele soa menos agressivo, se torna mais natural.

    Uma analogia: se você vive em um ambiente de gueto, alguns filmes de gangues hollywoodianos podem parecer, para você, um passeio na Disneylândia, mas se você vive numa área nobre, pode se chocar!

    Tenho certeza que a gente não tem a capacidade de sentir a música erudita dos períodos clássico e barroco da mesma maneira que os ouvintes daquela época sentiam. Nosso ritmo de vida e nossa imersão cotidiana em uma massa sonora contribuem para que sintamos a música de uma maneira distinta daquela que sentiam as pessoas que viviam em uma época mais pacata. Nossa música mais rápida, direta e repetitiva é produto de um tempo em que estamos ansiosos demais para contemplar arranjos sem refrões e super elaborados.

    Ah, e o jeito que eu escrevo não chega a ser formal. Tenho dialogado mais com os livros do que com pessoas ultimamente. Acabo me expressando mais naturalmente dessa maneira (que merda, né?). Vou tentar me conter.

    INNARELLI
    Nunca fui a uma sauna porque detesto calor, mas nos filmes as saunas são ambientes acusticamente vivos, com muita reverberação. Qualquer barulho se amplifica num ambiente desses. Se for uma sauna gay, então!

    Lelo Mig
    Pois é. Hoje até grupos extremamente pop usam bases de guitarras saturadas, afinas em Dó.

    Quanto ao contexto histórico, acredito que sem a nossa relação com os motores as distorções não seriam tão bem aceitas. Talvez o som da tuba e de alguns metais me desmintam, já que eles também são carregados de rumble (pensei em "estrondo", mas não me ocorre palavra mais adequada em português) e de harmônicos estridentes. Contudo, acredito que as coisas se reforcem mutuamente. A ação dos filmes, por exemplo, é reforçada por um determinado tipo de música que, consequentemente, também é reforçada pela ação dos filmes. As coisas vão ganhando sentido por estarem juntas.

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