Structure Veterano |
# set/11
O grande guitarrista brasileiro Kiko Loureiro, escreve em seu blog sobre o questionamento que é "Ser músico ou não ser" devido aos fatores econômicos e pessoais. Leia o texto abaixo:
A Dúvida
Ser ou não ser músico? Temos a tendência de pensar que essa dúvida mora apenas em nossa baixa autoestima latino- americana e que, em terras além-mar, ser músico é estar no éden. Como sugestão para esta coluna, recebo constantemente o questionamento de como vencer em nosso país Pindorama com a profissão músico: Vale a pena cursar uma faculdade? Qual é a real perspectiva do mercado de trabalho? É possível se sustentar sendo músico? Além de muitos outros questionamentos relevantes. Porém, não tenho respostas. Para falar a verdade, nessa área, também sou só dúvidas. Questionar é fundamental. Acredito que seja um ótimo sinal, afinal, a certeza é sempre burra – aprendemos as verdadeiras lições ao questionar e ao errar. Recentemente, um dos maiores ícones pop desde os anos 1980, cujo sucesso pode ser comparado ao de Madonna e Michael Jackson, indicado então por Miles Davis como o futuro da música americana, que trocou sua alcunha por um símbolo meio hermafrodita, tornou-se testemunha de Jeová e, hoje, voltou a usar seu nome original e ainda lota estádios pelo mundo afora, Prince revelou em uma entrevista que anda um pouco confuso com sua profissão de músico. Declarou que não gravará mais enquanto não for regularizada a "terra sem lei" da distribuição e venda de música no mundo. Com razão, ele questiona que o músico não é mais pago pelo seu ofício e quem ganha são as operadoras de celulares, Apple e Google. Já vimos esse filme quando o Metallica tirou o terno do fundo do armário e foi brigar na justiça contra o Napster. Com a perspectiva de hoje, esse fato de poucos anos atrás tem cheiro de naftalina. A dúvida se é possível viver da música e se somos pagos pelo que achamos que valemos é pertinente, mas também permanente e insolúvel. Assim foi e assim sempre será, pois o quinhão quem leva é a gravadora, o dono do bar, o produtor executivo, o iTunes e quem recolhe o dinheirinho suado dos fãs de música. Para nós sempre ficará o dízimo, e isso não tem nacionalidade, acontece dentro e fora do país. Pode até não ter solução, mas nunca a criação musical foi abortada por isso. Portanto, vamos deixar nossas vontades falarem mais alto e nos jogar com tudo nessa profissão. Com o tempo, aprendemos os mecanismos burocráticos e menos lúdicos para não deixar a balança ser tão desequilibrada e conquistar o pagamento digno de quem faz seu ofício bem feito. Como disse Bob Dylan: "Sucesso é levantar de manhã, ir para cama à noite e, no tempo entre os dois, fazer o que gosta". Então, por que a dúvida?
|