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CBraga Veterano |
# ago/10
Moçada, vocês já ouviram falar no dr. Ed Byrne? Ele é um professor de Jazz dos EUA que já tocou com Chet Baker, Herbie Hancock, Dizzy Gillespie, entre outros. Foi professor na Berklee e tem doutorado em Jazz. Foi professor do Abe Laboriel, Kenny Werner, e hoje dá aulas dos professores da Yale, Berklee e Harvard.
Este cara está dando aulas de improvisação pelo Skype e vendendo uns livros incríveis no site dele. Procurem por Ed Byrne Jazz. É massa. Eu estou estudando com ele e já estou treinando com os livros há 1 ano e meio.
Os livros não tem muito texto, porque o sistema dele é realmente botar o cara pra treinar. Ele lança fora tudo que é bobagem e vai direto ao ponto, então não precisa saber muito inglês.
O Linear Jazz Improvisation é um método que baseia a improv na melodia, notas guia, progressão do baixo e rítmos da melodia. Você reduz a melodia e a "targeteia" com grupos cromáticos, assim como as melodia extraídas das notas guia (3.a e 7.a dos acordes, que através da condução melódica entre os acordes, formam-se melodias) e o baixo. Os ritmos são tirados da melodia.
O sistema mais usado na improvisação hoje em dia é o acorde-escala, em que se improvisa sobre a harmonia da música. O problema é que se joga a melodia fora, como se ela fosse apenas um pretexto pra galera demonstrar a técnica e conhecimento de escalas. Como disse Byrne, "esses caras soam com o index de um livro de escalas". Sabe, quando se improvisa com escalas apenas, você não faz referência à linguagem do estilo que se esteja tocando, porque escalas não são a linguagem, apenas vocabulário.
Se vc só pensa em escalas, dê uma olhada no método desse cara. Você vai pirar a cabeça, como eu pirei.
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Curly Veterano |
# ago/10
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CBraga
interessante, eu toco assim, mais fazendo aproximações em cima das notas dos acordes do que aplicando modos, não entendi bem o lance de reduzir a melodia, seria extrair alguns motivos melódicos e incluí-los na improvisação ?
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will789 Veterano |
# ago/10
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CBraga legal kra, sera q dava p´ra vc postar algo dele aqui? fiquei bem interessado, pq eu só improviso e penso em escalas. vlw
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guitartube Veterano |
# ago/10 · Editado por: guitartube
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CBraga O sistema mais usado na improvisação hoje em dia é o acorde-escala, em que se improvisa sobre a harmonia da música. O problema é que se joga a melodia fora, como se ela fosse apenas um pretexto pra galera demonstrar a técnica e conhecimento de escalas. Como disse Byrne, "esses caras soam com o index de um livro de escalas". Sabe, quando se improvisa com escalas apenas, você não faz referência à linguagem do estilo que se esteja tocando, porque escalas não são a linguagem, apenas vocabulário.
Perfeito. Definição muito pertinente ao que é ensinado nos sites e revistas atualmente. Forma-se um robô tocando guitarra, onde existem padrões para cada acorde na harmonia e a execução fica mecanizada, onde prevalece uma técnica pobre de sentimento, enjoativa e extremamente vulgar.
Aprender só padrões desfavorece a criatividade.
flw!!!!
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brunoepronto Melhor participante de jam Prêmio FCC violão 2008 |
# ago/10
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CBraga Bem legal a idéia, improvisar pensando na melodia como referência e sendo coerente, q normalmente é o q rola no jazz, é uma das coisas mais difíceis pro improvisador.
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CBraga Veterano |
# ago/10
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Gente, fiquei muito feliz com as rápidas respostas e interesse no método do dr. Ed. Gostei muito do que vcs escreveram. Achei que a galera fosse me malhar. Felizmente, vocês são caras inteligentes e têm a mente aberta.
Quando eu vi o método pela primeira vez, eu tomei um tapa na cara, porque eu achava que escala era tudo. Eu me formei e pós-graduei em música, Improvisação. Na pós, escrevi minha mono sobre o sistema acorde-escala, mas fiz muita alusão ao desenvolvimento motívico e tals. Mas no meu sistema, vc tinha que treinar as escalas dos acordes da peça e depois esquecer tudo e fazer desenvolvimento. Então, eu me gravei improvisando sobre um tema com harmonia mais truncada, desde o ponto em que eu não tinha treinado nada, depois algum treino em andamento bem lento e mais treino até ter feito bastante, no andamento da peça. Me lembro que tive que apelar porque eu estava soando técnico demais e melódico de menos. Eu achava que, se treinasse bem as escalas e conseguisse tocá-las bem veloz, isso me daria subsídio para fazer a melodia que eu quisesse. Então eu falei assim "Ah, quer saber? Vou fazer umas frases aqui". O take ficou até bom. Os professores gostaram muito do meu trabalho e elogiaram. Fechei o curso com A em todas as matérias. Mesmo assim, eu achei que tinha alguma coisa errada com meu sistema.
Ano passado, o dr. Byrne abriu meus olhos e aí sim, foi que entendi o que tava faltando. No sistema dele, vc também treina uma tantada de coisas, mas são coisas que diretamente atacam o problema. Você vai treinar algumas coisas antes de improvisar:
Melodia reduzida. Pegue o tema e reduza a uma nota por compasso, com semibreves ou mínimas. Você vai eliminar notas não-harmônicas, floreios, e notas repetidas. Sobra uma melodia de "bolachonas". Depois, você aplica grupos cromáticos, fazendo "targeting" (ainda não achei um termo legal pra isso), que seria "florear", na falta de um termo melhor, essa melodia reduzida. O interessante é que essa redução fica óbvia se vc usar o seu ouvido. E não tem muita teoria pra isso não, o bom-senso é que manda mesmo.
Notas-Guia: Se vc tirar da harmonia a terça e a sétima de cada acorde, vc encontra melodias de bolachas. Escolha (componha) a melhor, que também será targeteada.
Progressão do baixo: É uma melodia, muito importante para a peça. Aliás, esta melodia, assim como as outras, é uma âncora para não se perder na música. Ela também será uma melodia bolachuda (hehehe) a ser targeteada.
Até aqui, vc tem seu vocabulário melódico pertinente à melodia.
Rítmica da melodia: Você pode reduzir a rítmica da melodia, tirando colcheias consecultivas (ritmo motor), deixando apenas as notas sincopadas e as acentuadas. Estes ritmos podem ser também targeteados e deslocados. Vc tem agora seu vocabulário rítmico proveniente da própria peça. Não tem como errar no estilo agora.
Melodia simplificada: Reduza a melodia agora a semínimas. Agora, vc vai aplicar grupos cromáticos, targeteando, para fazer frases de semi-colcheias, iguais àquelas que vc escuta no Bebop. Aliás, meus queridos, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Lennie Tristano, Mozart, usavam esta técnica para compor suas peças. Lembram do filme Amadeus? Aquela parte em que o Mozart toca a peça do Salieri que o Rei estava tocando? Lembram o que ele faz com a peça? Mozart deve ter sido um dos maiores improvisadores de todos os tempos.
Depois de tudo isso treinadinho, esqueça tudo isso, não force nada e componha as melodias que vier na sua cabeça. Você vai ficar de cara com o seu som.
Eu tenho estudado este sistema há um ano e meio, como disse, e deixei para trás muita coisa que já estava estudando há anos. É preciso coragem, porque ficar onde está é fácil, mudar é difícil demais, principalmente na questão psicológica. Podem acreditar, eu estudei muita, muita coisa. Nada fez nem 5% do efeito para mim como o Linear Jazz Improvisation.
O sistema é muito simples, mas leva um tempo para absorver, porque vc compreende através do treino. No livro 2, ele oferece o targeting (são cinco os grupos cromáticos) nas quatro qualidades de tríades em todos os tons e no livro 3, de 12 tétrades. Eu gastei, mais ou menos, seis meses para fazer os dois.
No entanto, eu sugiro começar pelo "Blue Funk", que na verdade é o tema do Thelonious Monk, "Blue Monk". O livro tem muito pouca coisa escrita, é mais partitura com os exercícios, e vc vai entender bem como funciona o melody reduction, targeting e o resto. Se quiser uma explanação um pouco mais profunda, pegue o livro 1. Procure no byrnejazz.com
Curly, will 789, guitartube e brunoepronto, muito obrigado pela resposta. Agradeço e me ponho à disposição para qualquer dúvida.
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CBraga Veterano |
# ago/10 · Editado por: CBraga
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Foi mal.. postei duas vezes a mesma coisa. Eu editei este para apagar.
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CBraga Veterano |
# ago/10
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Outra coisa interessante sobre o método do Byrne são os arquivos no Finale. Ele os inclui no método como parte importante do processo. Os arquivos são justamente as linhas que vc vai treinar. Não é um play-along. Como disse o dr. Byrne, é um "practice-along".
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sonik Veterano |
# mar/11
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Cbraga, como faço para lhe contatar? Gostaria de saber mais sobre esse método.
Abraço.
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patudodi Veterano |
# mar/11
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Mitico *--*
Nao é a hora pra mim, nao tenho bagagem suficiente pra entrar numa dessas, mas com certeza vou lembrar disso quando sentir falta de algo na improvisaçao.
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De Ros Veterano
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# mar/11
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CBraga
"fazendo "targeting" (ainda não achei um termo legal pra isso)"
Me lembro do Mozart Mello chamar de "notas alvo".
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paulohrqe Veterano |
# mar/11
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E pra quem não entende de melodia,o que faz,por que eu tipo so toco com cifra e não sei improvisar,gostaria que vocês me indicassem um lugar pra estudo (site,e tals)
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patudodi Veterano |
# mar/11
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paulohrqe
Começe com as pentatonicas, é o jeito mais facil de começar.
Eu ia passar elas aqui, mas dai vc nao ia pegar a parada de tom, de como usar, pesquise no cifraclub que existem milhoes de topicos sobre.
Depois vc passa pra outras escalas.
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paulohrqe Veterano |
# mar/11
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[/b]patudodi[b]
vlw
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mateusstarling Veterano |
# mar/11
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CBraga LEgal irmão, mas me parece que vc esta falando de 2 coisas distinhas. Uma delas é tocar em volta da melodia e a outra é tocar as notas alvo que são a terça e a sétima do acorde, no caso do diminutos e meio diminutos a b5 tamb. Realmente hoje em dia se perdeu muito a essência da improvisação quando se ignora totalmente a melodia para tocar simplesmente em cima do acorde, mas é importante frisar que o conhecimento de tocar acorde por acorde também é muito importante e nesse caso você vai necessitar de todas as ferramentas necessarias para se tocar sobre os acordes (escalas e arpejos). Como eu falei, a essencia do jazz é de se tocar em volta da melodia mas quando vc improvisa 5, 6, 10 chorus de uma musica, o que é normal no jazz, não da para ficar o tempo todo tocando somente em volta de melodia nem tocando as notas alvo, basta vc ver a galera do jazz moderno (ex: Chris Potter, Mark Turner, Kurt Rosenwinkel, Adam Rogers, etc...) e que realmente é uma moçada musical vc vai perceber que existe sim o pé na melodia mas o conceito vai muito alem disso, existe o momento de se desapegar da melodia original para se criar uma melodia instantanea e talvez criar novos motivos em cima dessa nova melodia, enfim, a muito o que se fazer e não da para reduzir o improviso do jazz num conceito apenas.
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mateusstarling Veterano |
# mar/11
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CBraga Eu estudei na Berklee de 2005 a 2008, achei curioso vc ter dito que o Ed Byrne tinha dado aula na Berklee porque eu nunca tinha ouvido falar dele ate esse momento. Entrei no site e não vi nenhuma informação sobre ele ser professor da Berklee. Mas pelo site parece ser uma boa oportunidade de estudar mas bem salgado (100 dolares a hora), mas é o preço mesmo de um professor top nos EUA. Eu estudei com o Mick Goodrick e com o Hal Crook quando era aluno na Berklee e se vc quizesse fazer aula particular por fora da faculdade era 110 dolares por 50 minutos de aula, isso a 3 anos atras. Sem querer competir, mas eu tenho um material de video aula, que é basicamente um resumo de tudo aquilo que eu estudei na Berklee com os grandes mestres e custa 10x a menos, quem quiser da um checada no meu site. abs e paz.
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Rednef2 Veterano |
# mar/11 · Editado por: Rednef2
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Pareceu bem interessante isso ae. Nao tem nada haver o que vou falar agora mas desde que comecei a fazer aula com professor de guitarra (comecei ano passado ele toca jazz, eu era auto-didata mas sempre com ajuda de Deus) eu comecei a ver que eu so me prendia as escalas e desde então to fazendo de tudo pra me desprender de escalas, licks, e me concentrar na melodia da musica. é dificil.
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Loues Veterano |
# mar/11 · Editado por: Loues
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Tem gente que acha que existe uma fórmula milagrosa para um bom improviso. Acho que as abordagens aí são válidas, mas é um erro ficar preso nelas. Se prender numa fórmula é se acomodar, e mata a criatividade e espontaneidade da coisa...
Os solos não devem parecer um exercício, uma colagem de coisas ensaiadas...
Acho que tirar um tempo pra criar alguma coisa, alguma idéia musical e viajar em cima dela vale muito a pena. Acho que saber controlar a intensidade do que está sendo tocado também. Até batucar um ritmo com ou sem uma base acontecendo é válido...
Cada dia (ou semana, etc) dá pra viajar em algum aspecto. Aí é ir combinando, os ritmos com a harmonia, os diálogos, motivos e todo tipo de idéia...
Também nem preciso dizer que ouvir música é sempre bom...
Até vou parar com a preguiça de estudar técnica e testar isso comigo mesmo, por enquanto o que tenho disso são alguns temas inacabados e idéias soltas, mas já é uma matéria prima... meu problema é passar as idéias pro instrumento em "tempo real", ali na hora, entendem? Outra coisa que pretendo fazer é se reunir com mais gente pra fazer um som de vez em quando, deve ser bom e deve ajudar a aprender/criar mais coisas, não?
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