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silvG8 Veterano |
# mar/18 · Editado por: silvG8
Sim, estou meio distante do fórum. Sim, estou aparecendo de volta, mesmo com o fórum morto. Dito isso, vamos ao que interessa.
Há muito tempo eu procurava algo para incrementar as minhas produções com algo na parte percussiva. Desde que adquiri o Analog Rytm, não preciso de muito mais coisa - qualquer outro pode ser tratado como um mero passatempo (não desmerecendo nenhum instrumento, é mais a falta de necessidade mesmo).
O QUE É? O Analog Rytm (AR) é uma drum machine, com sequencer próprio, atrelado a 12 vozes híbridas - analógico + sample - que podem gerar não somente baterias eletrônicas.
HARDWARE Segue o mesmo padrão de qualidade do Analog Four, contando com os pads como controle para os sons.
Os pads em si são multicoloridos (cada pad pode assumir diversas cores dentro do espectro RGB), possuem uma sensibilidade razoável e feitos com bom material. Os botões e knobs possuem uma boa ação e parecem feitos para durar MUITO tempo.
Em termos de conexões, é muito bem servido - MIDI, saídas de audio individuais, headphone e USB (que transmite audio inclusive).
SOM Com a versatilidade de importar samples (mas não samplear), a limitação do aparelho só é limitada pelo próprio usuário. No caso do AR, é possível avaliar a parte analógica, que é o som inato e editável dentro dos limites impostos pela engine do instrumento.
A PARTE ANALÓGICA Cada componente de uma bateria analógica possui diferentes máquinas/machines/engines para a produção do som. O bumbo por exemplo, possui 4 diferentes formas de ser criado - quatro máquinas diferentes.
O que são afinal essas máquinas? São remapeamentos dos componentes analógicos de forma a possibilitar a construção de diferentes sons para um mesmo componente. São: BD hard/classic/fm/plastic/sharp/silky; noise generator; pulse; SD hard/classic/fm/natural; RIM hard/classic; CLAP; BASS TOM; TOM; OHAT; CHAT; CYM classic/metallic/ride; COW classic/metallic. 24 no total.
Elas não podem ser selecionadas livremente, tendo uma capacidade mais complexa nos quatro sons principais - BD, SNR, RS e CP (que teriam os componentes mais complexos em toda a construção do circuito analógico).
Cada parte conta com uma dessas machines + samples + filtro analógico com envelope + amp analógico com drive individual e envelope + LFO. O filtro é um multimodo de 2 polos como do A4, mas com algum ajuste. É um filtro muito bom, mas sem características únicas.
A qualidade varia, sendo algumas dessas machines incrivelmente legais e versáteis, enquanto outras são mais engessadas. Ainda assim, mesmo só com esse som "básico", o AR é uma drum machine inacreditável.
OS EFEITOS O AR tem efeitos incríveis. Reverb e delay muito parecidos com o do A4, mas diferencia-se deste por contar com duas armas de peso: OD/distorção (além do individual) e compressor analógicos. O peso que traz ao som é incrível, e a vasta edição permite atingir os mais diferentes resultados.
O único aspecto negativo é que os efeitos não são editáveis por parte, e sim globalmente, controlando o envio do sinal por cada parte da bateria. Assim, não é possível ter tempos de delay diferentes para cada peça.
SEQUENCER Como todo e qualquer Elektron, é a parte mais incrível do instrumento. Infelizmente, pra descrever num mini review fica extremamente complicado, e é algo que se entendo melhor vendo e ouvindo do que lendo.
O sequencer permite que cada step seja diferentemente editado em relação ao anterior. Além de diferente, pode estar condicionado a aparecer em determinadas vezes, probabilidade ou até mesmo a ativação do step anterior/próximo/ambos. Parece complexo, porque é.
E editar tudo isso não é muito difícil? Inicialmente sim, mas depois de entender um pouco como funciona, a coisa fica medular.
DEMONSTRAÇÃO Fiz uma brincadeira rápida aqui, usando basicamente os sons analógicos com pouca edição de cada timbre. Usei o sequencer com apenas 1 compasso, com todas as variações sendo feitos pelos "conditional trigs". Fora isso, mute individual em cada parte com o "andar" da demonstração.
Não está muito grande, apenas gravei para mostrar um pouco da tonalidade básica do instrumento.
Algumas curiosidades: - Tudo com apenas 1 compasso. - O bumbo está com algumas pequenas automações e variações. - O bass tom está complementando o som do bumbo. - O low tom está com alteração da nota de base. - Outras percussões também estão automatizadas para dar uma vida. - Tentei usar as machines de forma mais conservadora possível. - A porcaria do fade out não saiu na hora que exportei do Logic. - Em breve tento vídeo com uma performance mais completa/complexa.
https://drive.google.com/file/d/1wB3KEQ_y3q9aqRZoYdpZ1X7JcpLJ1ABj/view ?usp=sharing
CONSIDERAÇÕES FINAIS Entendo que pra quem lê, parece que o instrumento não tem falhas nem problemas. Isso não é verdade - nada é perfeito. Ainda assim, dentro do universo das drum machines, não consigo imaginar nada que seja tão versátil, com um sequencer tão bom e um leque sonoro tão grande quanto o Analog Rytm.
Se tiver que escolher um único Elektron, diria que o Analog Rytm é o que permite individualmente compor músicas/sets completos em música eletrônica - basta apenas ter criatividade para lidar com as limitações.
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Casper Veterano
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# mar/18
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Caro silvG8:
Já ouvi muita gente dizer que o Elektron Analog Rytm é a bateria eletrônica mais versátil disponível hoje em dia. Acredito que muito se deve ao sequenciador. Os sequenciadores dos concorrentes são, digamos, limitados em comparação. Tive oportunidade de usar o DSI Tempest e foi uma decepção. O Jomox Alpha Base eu não usei, mas pelo que observei no manual, é outro pesadelo. Os Nord nem tem sequenciamento.
Se pensar bem, se fosse para ter uma única bateria eletrônica, penso que Elektron Analog Rytm seria uma das poucas opções no mercado nessa faixa de preço.
Belo review direto e sem rodeios, como sempre.
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silvG8 Veterano |
# mar/18 · Editado por: silvG8
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Casper Realmente, o sequenciador dos Elektron, no universo de música eletrônica, é melhor que os DAW. É tão versátil na forma de sequenciar e alterar coisas em tempo real, que as vezes ter que desenhar em um DAW é um trabalho sacal.
O Tempest nunca me encheu os olhos, mas o Alpha Base é incrível! Em termos de som de baterias analógicas, me parece o melhor atualmente - o que mata é exatamente o que você falou, parece ser complicado e limitado em termos de sequencer. Na linha dele (bem analógico raíz), o Drum Brute também me agrada, mas prometi não comprar mais nada da Arturia.
O Nord drum parece ser de uma outra vibe. Seria algo pra adicionar em um set de bateria digital, como as TD da Roland, para criar sons menos convencionais. De certa forma, me lembra até um pouco um aplicativo para iPad, Impaktor, que tem uma síntese incrível de baterias, mas que alcança resultados que beiram a realidade. PROCURE MAIS SOBRE ESTE APLICATIVO NO TOUTUBE, VAI ACHAR INTERESSANTE.
Tem uma drum machine DIY que sempre me encheu os olhos também. É a LXR da Sonic Potions. Mesmo sendo digital, tem um algo a mais ali, nem que seja nos conversores AD/DA. O som é incrível, é bem versátil, sequencer que parece inspirado nos Elektron.
Obrigado pelo comentário. Aparentemente será o único, bem ao modo FCC de ser... qualquer instrumento diferente é, de certa forma, ignorado.
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silvG8 Veterano |
# mar/18 · Editado por: silvG8
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Preparei mais algumas demonstrações.
Tempo pra vídeo e disposição pra fazer algo realmente digno de colocar no YouTube parecem um sonho distante. Resolvi então manter a ideia da primeira demonstração, fazendo todo o loop em apenas 1 compasso, usando os conditional trigs atuarem nas variações.
TR-808 Aqui usei as machines analógicas do AR pra simular os sons de uma Roland TR-808. O resultado ficou aquém do que imaginei, mas ainda assim, ficou bom. O bumbo foi feito com a machine que teoricamente seria utilizada para fazer o low tom. O cymbal foi o que achei mais complicado replicar.
https://drive.google.com/open?id=1Y7NcPQpIfLGJXyY9xc2dzhS7fnk2FiBH
PO-12 Kit completamente baseado em amostras, tiradas de um Teenage Engineering PO-12. Além das amostras em si, usei bit reduction em algumas amostras, drive em outras, e uma distorção no mixer final. Essa saturação me agrada muito. Além de sons percussivos, usei duas amostras de synth, presentes no PO-12, mas tentei não fazer nada muito melódico e focar nas capacidades rítmicas do AR.
https://drive.google.com/open?id=1u3VMSJULXQLCNq5TX4ngmQnouoS8tbP1
Casper Nord Nesse kit usei amostras gentilmente cedidas pelo véio Casper há um bom tempo aqui no fórum. Foram tiradas de um Nord Drum. Além das amostras, acabei usando as machines analógicas para complementar alguns sons e adicionar variações. Além disso, bit reduction em alguns trigs, etc.
https://drive.google.com/open?id=112bS6tIFDUo6zByefj_KsGvSSVXZvTe9
Não sou um mestre na criação de ritmos alternativos, mas tentei o maximo possível sair do bom e velho four on the floor.
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Casper Veterano
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# mar/18
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Caro silvG8:
Não é que eu ache que o Tempest seja realmente ruim. Como ferramenta de criação de sons talvez ele seja o melhor dos produtos, com muita paciência se consegue o que quer, mas é para os fortes. Muito menu dentro de menu dentro de menu... mas acho que isso é o "modo DSI de pensar". Mesma coisa o sequenciador. Tem recursos muito sofisticados, mas com uma curva de aprendizado que não anima.
Nesse quesito, a Nord faz mágica. O sistema de edição é tão genial que me pergunto porque ninguém havia feito algo tão intuitivo em termos de edição de parâmetros.
E o JoMoX aprendeu muito com o DSI, mas piorou o que era ruim. Só dá para suportar o equipamento porque o som é excepcional. A edição é coisa de retardado.
O Sonic Potions eu nunca vi, só na internet, não consigo opinar. O que ouvi me agradou.
Eu tenho a tendência de usar módulos de bateria sem sequenciador, e usar um sequenciador (ou dois, no pior dos casos 3) dedicados. Assim o fluxo fica mais natural. Mas é o modo que funciona no meu caso. Com 3 ou mais Elektron (que tem sequenciadores similares) é um fluxo que dá para usar sem ficar louco (penso eu).
Ouvindo seus Kits:
Quando ouço a composição do kit, dou mais importância no quesito de como as peças combinam no contexto do que no som individual.
Nesse ponto, achei que o kit da 808 ficou com uma melhor harmonia entre os elementos. A caixa não ficou "sequinha" como a original, mas ficou ok. Foi usado o compressor interno?
O Kit da Teenage Engineering ficou bem interessante lá pelos 0:55. Gostei.
O do Nord é o que mais estou familiarizado. Então consigo achar os defeitos (risos). Uma das características marcantes do Nord é a sensibilidade e a variação de sons com pouca mudança de velocidade do MIDI. Dependendo da configuração do som, uma intensidade de 100 e uma de 105 criam sons bem distintos, o que só é replicável usando multi-samples, e digamos uns 6 por peça para enganar o leigo.
Pessoalmente eu não gosto de usar redução de bits moderada nem redução de taxa de amostragem quando o aliasing fica perceptível e sobrepõe um som perfeito. Se é para reduzir, que seja drástico e destrutivo. Mas isso é gosto pessoal. Tenho alergia a aliasing digital.
Agradeço por se dar ao trabalho de colocar sons para nós. Esse fórum precisa urgentemente de pessoas que colocam algum conteúdo. Parabéns!
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silvG8 Veterano |
# mar/18 · Editado por: silvG8
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Casper Eu entendo o que você diz sobre todos os menus no Tempest e no Alpha Base. Todos os Elektron são de certa forma baseados em menus, mas como você tem um botão específico para cada parte a ser editada, somado a atalhos que agilizam muito o trabalho, com o tempo se torna intuitivo.
O sequencer no Elektron é o que eu julgaria perfeito dentro do mundo da música out of the box. É fácil o suficiente para usar, profundo o suficiente quando necessário, no caso do A4 tem até uma pista para controlar outros instrumentos via CV (apresentando quatro diferentes saídas, que podem ser automatizadas pelo sequencer), etc. O sequencer tanto me agrada que pretendo pegar o Digitakt mais pelo lado MIDI do que pelo que ele é (claro que o que ele é me agrada bastante também, mas 8 pistas MIDI polifônicas e com o sequencer igual aos outros dois é um espetáculo).
Eu nunca tive a oportunidade de usar diferentes tipos de sequencer simultaneamente, mas imagino que deve dar confusão em algumas situações. Ainda assim, acho que entendo. Sei que você tem um Beatstep Pro, é algo que até cogitei por um tempo. Como é sequenciar MIDI nele? Muitas pedras no meio do caminho ou vai liso?
No final das contas, usar instrumentos dedicados para cada parte da bateria seria um grande problema pra mim. Eu não tenho espaço para deixar tudo pronto pra tocar - toda vez tenho que escolher o que usar e colocar no lugar. Imagina ter que sempre conectar tudo!? É de matar de raiva...
Quanto aos kits: A 808 foi feita toda na raça, só parte analógica interna. A caixa, teria como deixar mais seca, nada muito complexo não, só reduzir um pouco do decay do ruído (que constrói parte do som com a machine que usei). Está sem compressor.
As amostras que encontrei do PO-12 me agradaram tanto que comecei a namorar outros em vídeos. São pequenos gadgets fantásticos, mas comecei a olhar para as coisas com um pouco mais de crítica - muito difícil conecta-los aos instrumentos, é quase um brinquedo mesmo, mas com som muito bom. Ainda assim, em termos de som, achei alguns deles incríveis - PO-12, PO-20 e PO-32. Se fizessem algo nos moldes no OP-1 com todos eles, existia uma chance de um dia adquirir.
As amostras aqui: https://drive.google.com/file/d/0B2OqukjzMyhLOWF4eGN2d21ZQVU/view?usp= sharing
O kit com as suas amostras eu senti que faltou um pouco de vida. Acabei usando apenas para fins demonstrativos. Consigo imaginar o quão legal deve ser tocar os kits do Nord com pads e baquetas. Multisample pra realmente substituir a coisa e não ficar com uma curva bizarra, precisaria de pelo menos uns 9-12 layers de velocidade. (rs)
Quanto a redução de bits, é algo que gosto. Não sei se é algo que eu colocaria em qualquer lugar, mas definitivamente me agrada. Quanto mais destrutivo, melhor.
Obrigado pelo comentário detalhado.
Eu na verdade compartilho sabendo que estou quase que num WhatsApp com um amigo único. Você deve ter sido o único a ouvir.
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tito lemos Veterano
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# mar/18
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silvG8
Ouvindo aqui. Há um tempo atrás comecei a explorar algumas coisas com drum machines, mas era o kit eletrônico do Addictive Drums (Reel Machines). Eu tenho um sonho de um dia fazer um som instrumental mesclando ambient, post rock e percussões eletrônicas, mas o que experimentei até hoje não soou tão legal. Quem sabe com a ajuda de vocês eu pudesse fazer esses sons ganharem vida...
Abração!
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silvG8 Veterano |
# mar/18 · Editado por: silvG8
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tito lemos Obrigado pelo comentário. E aí, o que achou do que ouviu?
Bom, em relação a te ajudar, quando o assunto aqui é algo musical ou realmente possui um fundo de curiosidade sobre formas de produzir, sugestões de composições, etc. eu costumo aparecer.
Se você tem algo do mundo das drum machines e dúvidas de como usá-la, pode ter certeza que eu e alguns outros usuários poderão te ajudar. Mesmo sendo um VST, na prática, funciona de forma parecida.
Abraço!
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tito lemos Veterano
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# mar/18
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silvG8
Eu achei muito legal, mas pra o que quero, acho que tem de ter certa ambiência, ser mais "wet". Até agora os únicos sons que se encaixaram com minhas ideias instrumentais foram loops de trip hop, que eu nem sei se são de drum machines ou são baterias reais com algum efeito de degradação... Curto muito bandas como Hammock, Lowercase Noises, If These Trees Could Talk, I/O, mas as duas primeiras não tem nada percussivo e as duas últimas tem bateria real, eu quero chegar a um meio termo entre esses dois mundos, com drum machines.
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tito lemos Veterano
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# mar/18
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silvG8 Casper Um som que fiz há algum tempo, que poderia ficar mais rico com algo percussivo, mas sem tirar a singeleza da música:
Tito - A Half Empty Glass
Se bem que ai o tempo tá livre, não foi usado metrônomo.
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Casper Veterano
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# mar/18 · Editado por: Casper
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Caro tito lemos:
Pena, se tivesse um tempo fixo eu tentaria adicionar uma grade percussiva interessante. Mas do modo que está, é muito trampo, é subir o Everest sem oxigênio.
PS: Um clima percussivo parecido com Massive Attack - Pray For Rain ficaria interessante, penso eu.
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tito lemos Veterano
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# mar/18
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Casper
Ouvi a Pray For Rain. Interessante mesmo.
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silvG8 Veterano |
# mar/18
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tito lemos Obrigado pelo comentário. Bacana a composição, bem simples, mas legal. Tem como fazer partes rítmicas facilmente ali, é só querer. Não existe muita dificuldade.
Se quiser inspiração para coisas parecidas, a trilha sonora do Stranger Things pode servir - mesmo com a maioria sendo mais rápida, você pode usar as idéias. É bem pop, está em evidencia, mas tem uma pegada legal.
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