Sobre o AUDIO IN em sintetizadores

    Autor Mensagem
    rpavflu
    Veterano
    # jun/13


    Assistindo a alguns vídeos sobre o KingKorg, percebi que fala-se muito no filtro como sendo o elemento que mais define as características de um synth.

    Por isso, o fato do mesmo ter modelado filtros de Prophet 5, Moog, Oberheim SEM, MS-20, entre outros, permitiria produzir timbres com as características de tais sintetizadores clássicos.

    Assim, penso eu, como muitos synths analógicos possuem uma entrada de áudio capaz de processar áudio externo com os filtros do instrumento, isso não poderia permitir a utilização dos osciladores de um outro synth polifônico com o filtro de um monofônico (como os Moog ou SEM), criando assim uma espécie de "Moog polifônico", por exemplo?

    Acredito que a pergunta seja bem besta para os que entendem do assunto. Pesquisando em alguns fóruns internacionais, achei um tópico em que se fazia a mesma pergunta e foi respondido que uma diferença crucial seria que num synth polifônico "de verdade" cada voz pode ser processada separadamente pelo filtro e ter ajustes individuais de envelopes. Se esse for o caso, gostaria que os colegas entendedores explicassem melhor essas diferenças.

    Grato

    silvG8
    Veterano
    # jun/13
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    rpavflu
    Cara, eu geralmente não respondo tópicos aqui... pelo menos não mais. Cansei um pouco da falta de interesse da grande maioria que passa por aqui. De qualquer forma, achei a sua colocação interessante e acho que vale a pena responder.

    Sei que falou do King Korg apenas por falar. Seria perfeito se precisássemos apenas dos filtros dos sintetizadores analógicos para conseguir a sonoridade que buscamos. Qualquer um que tenha uma pequena noção de eletrônica monta um circuito bem similar aos observados nos famosos analógicos... seria a resolução de praticamente qualquer GAS. Infelizmente, o que define o som de um analógico não é apenas o filtro, e sim a interação entre os osciladores, filtros, envelopes, modulação e VCA.

    O AUDIO IN que se observa em alguns analógicos é pra poder usar o filtro como um efeito para seu som. Eu mesmo já postei vídeo aqui demonstrando isso, mas pouca gente deve ter assistido (pelo menos em comentários o feedback foi bem pequeno). Quando se passa um som digital por um filtro analógico, com toda certeza você agrega certas características deste filtro ao som, mas transforma-lo no som do instrumento é praticamente impossível.

    Se quiser dar uma olhada nisso, confira no YouTube:
    http://www.youtube.com/watch?v=Hmwx8yxTUuw

    Casper
    Veterano
    # jun/13
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    Caro rpavflu:

    Sua colocação tem sentido, mas vou tentar explicar a diferença, usando
    3 tipos de sintetizadores analógicos: monofônico, parafônico e polifônico,
    aproveitando uma resposta que dei faz tempo.

    Monofônico:
    O tipo mais comum, tem um (ou mais) osciladores, que vão para
    um filtro apenas, e não geram acordes. Exemplo : Minimoog. Por
    ter somente um caminho de sinal, não pode gerar mais que
    um timbre de cada vez.

    Polifônico:
    Por exemplo, o Prophet 08. Cada nota é um sintetizador independente,
    tem seu próprio filtro, VCA etc, portanto o Prophet na verdade tem 8 filtros.
    Cada nota faz seu caminho de forma independente, permite o acorde
    de forma civilizada.
    É como se fossem 8 Minimoogs (não na qualidade, na funcionalidade).
    Por esse motivo também ele pode ser (e no caso é) multitimbral.

    Parafônico:
    É o meio do caminho, por exemplo o Waldorf Rocket, tem 8 osciladores
    que se juntam e vão apenas para um filtro e um VCA. Permite acordes,
    mas compartilha um filtro apenas, por isso o acorde fica mais limitado.
    Também por esse motivo, todo parafônico é monotimbral.

    Porque eu expliquei isso?

    Quando vc liga um synth polifônico em uma entrada do
    analógico, ele se torna parafônico, e não polifônico.
    Porque todo o synth vai compartilhar um filtro apenas, o
    que de certa forma é meio limitante. Mas é bacana, faço
    isso toda hora.

    Sua pergunta não foi besta, foi bem pertinente.

    rpavflu
    Veterano
    # jun/13
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    Muito obrigado pelas respostas.

    silvG8

    É, talvez eu tenha me expressado mal. Com certeza existem muitos outros componentes definidores da identidade sonora de um sintetizador. O que eu pensei é que talvez o filtro seja o principal destes componentes.

    De qualquer forma, seria impossível transformar o som de um sintetizador completamente no de outro somente com o filtro.
    O objetivo seria mais obter uma identidade próxima, um timbre com características semelhantes às de outro sintetizador usando o filtro deste.
    Basicamente, ao ouvir o timbre, você ser capaz de identificá-lo como tendo a "personalidade" do synth cujo filtro se está utilizando (eu penso que é isso que o KingKorg tenta atingir).

    Por fim achei interessante você postar o vídeo com o Animoog, porque já tinha visto de relance um outro vídeo onde tentava-se usar ele como um 3º oscilador, já meio que na tentativa de transformar o Phatty em algo mais próximo do Minimoog original (que, se eu não me engano, tinha 3 osciladores).

    Casper

    Entendi. O que eu pensava ser a definição de polifônico, na verdade é parafônico.

    Só fiquei intrigado porque não estou conseguindo imaginar um timbre, por exemplo, com 8 vozes em que cada uma tem o filtro com uma regulagem diferente. Isto é a regra nos timbres que mais ouvimos em polifônicos?

    Porque me parece que assim se criariam 8 timbres diferentes. Daí, a grande diferença seria a capacidade multitimbral dos polifônicos de criarem, no caso do Prophet 08, 8 timbres monofônicos ou 2 com 4 vozes de polifonia, por exemplo.

    Casper
    Veterano
    # jun/13
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    Caro rpavflu:

    Os o filtros podem ou não estar com a mesma regulagem.
    Geralmente estão iguais, mas a vantagem é que um não
    "atrapalha" o outro.

    Vou dar um exemplo que vai deixar tudo claro.

    Imagine seu PSR-qualquer-coisa e conecte a saída de
    áudio na entrada de um Moog Minitaur.
    Vai ligar também a saída MIDI na entrada MIDI, e deixar
    os dois no mesmo canal, para trabalhar sincronizado.

    Quando mandar um acorde de 4 dedos na mão esquerda,
    o som vai sair e vai disparar os envelopes do Moog, tudo certo.
    Os osciladores do próprio Moog estão desligados, nesse exemplo.
    Vamos supor que vc continue segurando esse acorde e
    comece a usar a mão direita, acrescentando uma quinta nota
    nesse acorde. O que pode acontecer?

    Depende.

    Se o Moog estiver em modo retrigger, o envelope
    vai iniciar novamente, e o volume inicial daqueles
    4 dedos da mão direita vão aumentar, como se as
    teclas fossem pressionadas novamente.

    Se o retrigger estiver desativado, essa nova nota vai
    apenas pegar o final do envelope, e dependendo de como
    estiver o ajuste, nem será ouvida.

    Em um polifônico, cada nota gerada é completamente
    independente, não tem esses detalhes de retrigger.

    Espero ter clareado a questão.

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