DOD Looking Glass

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    Tiso
    Veterano
    # jun/17 · Editado por: Tiso


    Galera, como prometi, um review do pedal de overdrive transparente da DOD em parceria com a Shoe Pedals. Ele é uma contraparte MOSFET do Saviour Machine, Overdrive da Shoe baseado em J-FETs. Hoje vou ficar apenas no verbo, amanhã postarei os samples que eu gravei com um microfone simples. Vamos aos tópicos.

    foto

    Embalagem

    Caixa de papelão bege, o padrão da DOD. Dentro da caixa, o pedal lacrado no plástico, um adesivo, o certificado de garantia e 4 borrachinhas de apoio.

    Visual

    Pedal cromado, com nome e logos dispostos discretamente. Contrariando o padrão estético da marca, o pedal não possui a famosa grade vertical na área do footswitch. No topo do pedal, um coelho estilizado com um relógio na testa confirma a referência à Alice de Lewis Carrol. O visual final remete mais aos pedais da Shoe (boutique responsável pelo projeto) do que da DOD (a fabricante).

    Controles

    Na parte superior estão os tradicionais controles de Volume e Drive. Abaixo deles estão os controles que diferenciam este pedal da maioria dos overdrives. À esquerda um knob concêntrico atenua a quantidade de graves que é injetada no circuito de ganho e a quantidade de agudos que é ejetada pelo mesmo circuito. No meio há um switch que seleciona os modos de Low ou High Gain. À direita está o Input Filter, um controle adaptivo de impedância. Ele funciona como um cabo P10 virtual (explico). Girando este controle para a esquerda a impedância é amplificada, "abafando" o som de uma forma muito peculiar, como quando usamos um cabo muito extenso em uma cadeia sem buffer (não eé como um potenciometro clássico de "Tone", não é um equalizador shelving). A voz do pedal é naturalmente puxada para o agudo, para a oferta de harmônicos, então este controle faz um bom trabalho ao suavizar o timbre ardido de captadores single coil. Um dip switch na parte interna do pedal seleciona entre os modos True e Buffer Bypass.

    Consumo

    Por enquanto estou usando o pedal com uma bateria recarregável de lítio, com capacidade de carga de 0.9 ampére. Já usei o pedal por mais de 40 horas, quase sempre no modo High Gain. Ainda não precisei recarregar a bateria.

    Impressões Calculistas

    O modo Low Gain se comporta como um Clean Booster até a posição central do knob de ganho. Da metade em diante ele adiciona uma clipagem assimétrica sutil, mantendo a equalização original do sistema. O modo High Gain corresponde a uma continuação do modo Low, pois a sua intensidade mínima é equivalente à intensidade máxima do modo anterior. Comparado ao modo Low, este modo acentua um pouco as frequências médias. A distorção resultante é "crocante", levemente metalizada, sem acréscimo de sustain em comparação ao timbre clean. Em nada remete à saturação da família Marshall. Está mais relacionada à saturação de um Fender, ou de um Dumble (considero que é algo entre as duas tradições).

    Impressões Emocionais

    Eu não tenho um amplificador valvulado. Até há pouco as minhas distorções eram provenientes de uma Zoom G21U. Os únicos timbres mais sujos que eu suporto desra pedaleira são: A simulação de um JCM, a simulação de um pedal Guv'Nor e a simulação de um Fender Twin, que é limpa, mas que eu sujava através de uns macetes com o compressor e o booster da pedaleira. Comparados com estes recursos, o Looking Glass é um sonho. Mas não apenas por conta deste contraste tão marcado. O pedal realmente arranca AQUELE overdrive gostoso algumas faixas dos discos dos Stones entre 68 e 72, um som que é relativamente recorrente também nos discos de rock alternativo dos anos 90. Quando eu ligo esse pedal, ele se transforma no meu amplificador de fato. Eu coloco ele no input do meu Stagg 20W, que eu deixo completamente flatado. Claro que a cor do transistorizado continua ali em algum lugar, mas ela fica completamente inundada pela assinatura sônica do Looking Glass.
    Uma vez eu li que nós (consumidores) tendemos a ter uma postura benevolente diante das tranqueiras que compramos, para justificar para nós mesmos que aquela foi uma boa compra. Se isso está acontecendo comigo, realmente não parece. O pedal soa simplesmente f*#ido de bom para os meus ouvidos.

    Interações

    Com a Zoom G21U: Liguei o pedal antes da minha Zoom para testar a interação. Sequência lógica, Overdrive antes das modulações, certo? Errado. Tudo soou péssimo. Mas para a minha surpresa, a inversão soou muito bem. Não sei se é a Zoom que não aceita um sinal de baixa impedância (pré-amplificado) ou se é o Looking Glass que se comporta melhor no final da cadeia (talvez seja as duas coisas somadas). Mas o resultado final ficou bem decente, com o Looking Glass tirando um pouco do caráter artificial do timbre basal da Zoom.

    Com o pedal de distorção Dark Matter da TC Eletronics (meu próximo review): Ao contrário do que eu pensei, a soma dos pedais não criou uma distorção pesadíssima (o Dark Matter é um "Marshall in a Box", não chega ao Ultra High Gain). A interação destes pedais tende a criar um "paradoxo de ganho", emagrecendo som a cada acréscimo no sinal. Mas a soma dos dois em regulagens moderadas gera uma ótima saturação média, comparável à de um OCD.

    Com a pedaleira Zoom 506 da primeira geração: Esta pedaleira "caiu no meu colo" em uma circunstância realmente trágica, que não vem ao caso mencionar agora. É uma pedaleira de baixo, da época em que a Zoom tinha 1/8 do prestígio atual. A minha expectativa sobre ela era baixíssima. Para a minha total e acachapante surpresa, ela soou MARAVILHOSA no meu setup, muito, muito melhor do que a G21U em vários efeitos***. São eles: Octaver, Envelope Filter, Phaser, Compressor e Drives em geral, especialmente os Drives! A G21U só não perde para ela no Chorus, no Vibrato, nos Delays e nos Reverbs. Eu estou absurdamente chapado com os timbres sujos que eu consegui com a soma do Looling Glass com uma pedaleira que não raramente é considerada "descartável". Sabe aquela coisa de "achar o seu timbre"? Eu achei, é este (colocarei nos samplers amanhã).

    *** Não sei se isso se deve ao fato de ser uma pedaleira de baixo (não tenho a B2 para comprovar esta hipótese), ou se a Zoom realmente piorou em alguns aspectos entre 1998 e 2007 (não tenho a 505 para comprovar esta hipótese). Vale lembrar que as diferenças de bitragem e amostragem das duas gerações afeta sobretudo a qualidade das frequências muito altas, no limiar da audição humana. A tecnologia digital é apenas a ferramenta, a qualidade da emulação tem mais a ver com os ouvidos e as impressões da pessoa que programou aquele efeito. Talvez tenha faltado na geração G um talento humano que estava presente na geração 500

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