Confirmei encomenda Sérgio Abreu! :-)

    Autor Mensagem
    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05


    Bom, é só para dizer que o Sérgio Abreu confirmou a minha encomenda de violão. Ele é uma pessoa extraordinária, muito preocupada com a qualidade do fabrico do seu violão e com o facto de este ser o mais adequado para o músico que nele vai tocar. Devo receber o violão em Fevereiro 2006... Vai ser dfícil esperar. Até lá vou tocar muito para estar bem ao nivel do instrumento quando ele chegar.
    Abraços

    lula_molusco
    Veterano
    # jan/05
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    Parabéns!

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Já agora obrigado a todos os que aconselharam : Balbino, Johnny, Heitor,...

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    lula_molusco
    poxa vc é rápido

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    lula_molusco
    Obrigado!

    lula_molusco
    Veterano
    # jan/05
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    João de Vilhena
    1 segundod epois da postagem hehe ao seu dispor!

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    lula_molusco
    Para um molusco vc é bem rápido. ;-)
    Valeu! Hehehe.

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    Parabéns.

    Vamos celebrar com Sergio & Eduardo Abreu tocando Rameau - Le rappel des oiseaux. Bem razoável para dois adolescentes.

    http://rapidshare.de/files-en/392860/Track02.mp3.html

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Heitor VL
    Pô! Vc chama isso razoável???
    Tá muito bom mesmo!
    Manda mais. :-D
    Obrigado por tudo. Ha! Já agora pús o CD do Zé Paulo Becker no despertador e acordo com ele todas as manhãs.
    Até dá vontade de ir trabalhar! Hehehe. Não dá não, estou brincando. ;-)
    Valeu!

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Alguém sabe a idade do Sérgio Abreu hoje?

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    Entrevista do Sérgio com a revista Violão Intercâmbio:

    Sérgio Abreu
    * Entrevista publicada na edição
    no. 20 - Nov/Dez 1996 com o
    título “Relembrando Sérgio e Eduardo Abreu”
    por Gilson Antunes

    Sérgio formou com seu irmão Eduardo, em meados
    dos anos 60 até 1975 o maior duo de violões de sua
    época e até hoje a lenda sobrevive. É de se lamentar,
    principalmente para a nova geração de violonistas,
    que os três discos do duo estejam fora de
    catálogo, e mesmo assim eles dizem muito pouco
    da grandeza que eles representaram (há gravações
    ao vivo e programas de rádio que demonstram claramente
    o quão fenomenal eles eram). Nessa entrevista
    exclusiva concedida a Gilson Antunes, Sérgio
    Abreu relembra fatos e curiosidades a respeito
    de toda a sua carreira. Sérgio nasceu em 1948 e
    Eduardo em 1949, ambos no Rio de Janeiro. Estudaram
    primeiramente com o avô, Antonio Rebello,
    prosseguindo com Monina Távora, uma discípula
    de Segóvia. Em 1967 Sérgio foi o mais jovem violonista
    até então a ganhar o mais importante concurso
    de violão do mundo, o da ORTF, em Paris. No
    ano seguinte Eduardo pegaria segundo lugar no
    mesmo concurso, numa decisão até hoje polêmica.
    Em 1975, no auge da carreira, Eduardo decide parar
    de tocar e o duo se desfaz. Sérgio continua com
    a carreira solo até 1982, quando também decide
    parar para se dedicar à lutheria, tornando-se então
    o mais famoso luthier brasileiro da atualidade.
    - Quando e por qual motivo você e seu irmão Eduardo
    se iniciaram no violão?
    Por volta dos 10 anos de idade. O motivo é que em
    casa todo mundo tocava violão. Meu avô Antonio
    Rebello era professor, meu pai era violonista, então
    foi uma coisa que veio de casa.
    - Quando veio o primeiro contato com sua professora
    Monina Távora?
    Meu avô a conheceu quando ela deu um recital aqui
    no Rio de Janeiro nos anos 50. Ela morava aqui na
    cidade, seu marido era um cientista brasileiro, então
    ela morou por aqui uns 30 anos mais ou menos. Meu
    avô falava com ela eventualmente. Um ano após eu
    e meu irmão nos iniciarmos no violão meu avô telefonou
    para ela perguntando se ela não gostaria de
    nos ouvir. Ela foi bastante receptiva, nos recebeu lá
    e aí nós começamos a estudar com ela. Nós tínhamos
    aulas de 15 em 15 dias.
    - E como eram essas aulas?
    Eram em geral nos finais de semana, para não interferir
    em nossa rotina no colégio. Nós tínhamos hora
    para chegar, mas a aulas durava três, quatro horas, a
    gente ficava tocando, ela nos mostrava muitas coisas...
    - E eram aulas individuais?
    Sim, nós tínhamos aulas individuais, primeiro tocava
    um, depois tocava outro. Aos poucos ela foi nos
    encorajando a fazer duo, nem com intenção de desenvolver
    muito alguma coisa, mas ela achava que
    era uma excelente disciplina a música de câmara.
    Mais tarde ela tambëm nos encorajaria a fazer música
    com outros instrumentos.

    - E como surgiu o duo? Foi a partir dessa sugestão?
    Não, meu avô encorajava muito seus alunos a fazer
    duos, trios, etc. Então quando começamos nós fazíamos
    trio com nosso avô, ou duo, então já desde o
    início fazíamos coisas juntos, mas em pequenas proporções.
    Nossa estréia oficial foi aqui no Rio de Janeiro
    no Auditório da Associação Brasileira de Imprensa
    em 1963.

    - E vocês deram logo um recital na Argentina...
    A Monina acreditava em a gente trabalhar o ano todo
    e fazer uma apresentação desse trabalho. Então nos
    fizemos uma apresentação no Rio no ano seguinte,
    e no terceiro ano tocamos em Buenos Aires.

    - Agora, com relação ao Concurso de Paris, quais
    lembranças você possui dele com relação ao repertório,
    concorrentes, etc.?
    Eu não tenho nenhuma lembrança em especial. O
    Concurso foi em 1967, eu lembro que foi uma das
    raras ocasiões em que eu estudei algumas obras com
    data marcada para tocar, uma coisa que eu nunca
    gostei de fazer. No repertório tinha as Folias de
    Espanha do Ponce, que eu toquei de livre escolha, a
    Tarantella do Tedesco, uma coisa do Grau, eu não
    me lembro realmente, foi há 30 anos atrás...

    - E o fato do Turíbio Santos ter ganho em 1965 foi
    uma coisa que te encorajou a fazer, ou foi uma
    sugestão da Monina Távora?
    A Monina na verdade não estava muito entusiasmada
    com esse concurso, mas achou que tudo bem, era
    uma oportunidade de sair para fora, mas meu pai foi
    quem achou que era uma idéia melhor. Realmente a
    vitória do Turíbio teve uma repercussão enorme aqui
    e o fato de eu ter me candidatado e classificado também
    despertou um interesse da imprensa. Certamente
    ajudou ter o Turíbio quando eu fui para lá,
    ele me arrumou um hotel pra ficar, ele foi assistir, ou
    seja, foi como se eu não estivesse sozinho.

    - E com relação ao seu irmão, Eduardo, não sei se
    você pode responder, mas ele foi porque você tinha
    ido no ano anterior, ou ele mesmo quis fazer?
    Ele não queria ir fazer, meu pai foi quem achou que
    ele deveria ir. Foi até um ano conturbado, tinha uma
    baderna em Paris, o concurso foi transferido, ía ser
    numa época e foi transferido prá outra...

    - Sobre isso eu gostaria que você falasse a respeito
    de concursos em geral, sua opinião pessoal.
    Concurso virou um mal necessário hoje em dia. Há
    30 anos atrás era muito fácil você se apresentar em
    qualquer lugar, não tinha o tumulto e dificuldades
    que temos hoje. O concurso é uma maneira das pessoas
    se apresentarem, tanto aqui quanto no exterior,
    que de outra maneira seria impossível. Eu não gosto
    muito da idéia do concurso em si, mas tem sua
    função e virou uma coisa necessária. No violão não
    dá pra fazer isso mas no piano eu já sei que há pessoas
    cujo meio de vida é ganhar concursos. Veja
    bem, são pessoas muito boas que não chegam a ganhar
    primeiros prêmios, mas ganham segundo, terceiro
    e vão fazendo todos os anos (risos). Profissão:
    ocupante de concursos, ganhadores de segundos
    e terceiros prêmios. Eles vivem disso e até bastante
    bem. E são muitos concursos, o cara faz vinte
    a trinta por ano (mais risos).

    - Agora, com relação aos discos que vocês gravaram.
    Como surgiu o primeiro disco, e se há algum
    motivo especial por vocês terem gravado tão
    pouco.
    O primeiro disco foi uma coisa totalmente não planejada.
    Nós estávamos planejando fazer um disco
    no ano posterior ao que gravamos o primeiro disco,
    pela CBS, com o Roberto de Regina, em 1968. Fomos
    à Inglaterra nesse ano e fizemos uma apresentação
    no Wigmore Hall e o pessoal da DECCA por
    algum motivo foi assistir e nos convidou para gravar
    um disco. Nós contactamos a CBS do Rio que também
    tinha enviado um representante, e ele nos aconselhou
    a aceitar sem nos causar nenhum obstáculo,
    desde que fosse apenas um disco. Foi uma coisa
    meio improvisada, eu não fiquei muito satisfeito com
    o resultado, mas foi uma experiência. Não fui eu
    quem editou o disco e eu gostaria de ter feito isso.
    Eu gostaria até de eventualmente se existirem essas
    fitas, ir lá e refazer, mas acho que não. As fitas master
    não estão comigo, estão na Inglaterra. Nós gravamos
    no ano seguinte um disco em duo para a CBS e
    depois um disco com 2 concertos (Santórsola e
    Tedesco), aí o relacionamento entre eu e meu irmão
    já estava ficando difícil, então resolvemos parar. E
    gravar disco era meio uma chateação... a idéia original
    do terceiro disco era gravarmos o Madrigal do
    Rodrigo e o Tedesco. Quando o Rodrigo nos enviou
    o concerto já estava meio em cima da hora, nós
    tínhamos dúvidas sobre algumas coisas e resolvemos
    deixar para a próxima, mas a próxima numca
    aconteceu. E o Santórsola nós já tínhamos no dedo.
    - Houve algum motivo em particular que terminou
    com o duo, ou foi uma decisão de comum acordo?
    Não houve um motivo somente. Se fosse apenas um
    motivo nós tentaríamos contornar, foram quinhentos
    motivos para dizer assim... Meu irmão não estava a
    fim de continuar tocando, então acabou, mas era uma
    coisa mais ou menos inevitável.

    - Vocês tinham idéia do nível em que vocês estavam
    nos anos 60?
    A gente tocava, não comparava muito, a gente comparava
    com a idéia que nós fazíamos. Apesar das
    dificuldades eu acho que os dois últimos anos do
    duo foram mais ou menos tranquilos, bastante seguros,
    a parte de tocar era a única que não tinha problemas.

    - Uma curiosidade: vocês estudaram quanto tempo
    com a Monina?
    Uns 8 anos seguidos e uns 2 esparsos, depois ela foi
    para a Argentina. Eu não a vejo há uns 15 anos, mas
    a gente se escreve o tempo todo, fala por telefone e
    infelizmente ela teve uns problemas de saúde.
    - Eu gostaria que você falasse um pouco a respeito
    de mais duas formações camerísticas que você fez,
    com o soprano Maria Lúcia Godoy e com o flautista
    Norton Morozowicz.
    A Maria Lúcia eu conheço de passagem há muitos
    anos. Quando tocamos o Tedesco em Londres ela
    cantou as Bachianas no mesmo programa. Não sei
    como foi a idéia, mas nós nos encontramos na casa
    de um amigo em comum, ele tinha um violão lá e
    alguma música e daí nós começamos aos poucos
    desenvolver, houve algum convite para tocar, gravar
    e fazer uma turnê pela Europa, mas foi uma coisa
    esporádica. Com relação ao Norton, eu me encontrei
    com ele uma vez que eu toquei com a OSB,
    ele me disse que gostaria de tocar com violão. A
    gente também fez alguma coisa juntos, tocamos durante
    2 anos no máximo, uma coisa mais ou menos
    rápida. Mas foi legal, eu já estava pensando em
    parar nessa época, e ele é um excelente músico.
    - Com relação a preparação de seu disco solo, de
    Sor e Paganini, parece que ficou 2 anos fazendo a
    edição, como foi?
    Foi um disco muito complicado. Meu irmão tinha
    parado de tocar, nós ainda estávamos com um contrato
    com a CBS e estávamos devendo há muito tempo
    um disco prá eles. Eu fui experimentar os estúdios
    deles em Nova York e não gostei muito, até que
    eu achei uma igreja na cidade. Eu fui lá, gravei, a
    Sonata do Paganini eu já tinha no dedo, eu tocava
    muito, e o Sor é uma música que não se prestava
    muito em concerto, mas eu gostava muito. Eu sei
    que eu gravei os dois lá e depois eu descobri que a
    igreja tem uma bela acústica, mas possui muito

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    Continuação ...

    igreja tem uma bela acústica, mas possui muito
    externo e eu usei um violão de um amigo que
    eu tinha conhecido poucos anos antes. Com o tempo,
    quanto mais eu ouvia menos eu gostava, então
    resolvi gravar alguns meses mais tarde em Londres,
    num salão. Então acabou ficando uma coisa meio
    misturada, duas gravações diferentes, com violões
    diferentes. Para o disco sair ele demorou bastante,
    eu comecei a gravar em 1976, uma parte no meio do
    ano e outra no final, e ele foi lançado em 1982 pela
    Ariola, com uma tiragem apenas.

    - Quando você construiu seu primeiro violão e por
    quê?
    Eu estou interessado em construir violões desde que
    eu toquei no Hauser da Monina Távora, ele era tão
    superior a qualquer outra coisa que eu conhecia que
    aquilo me despertou a atenção. Pouco depois o violão
    teve algum problema e ela pediu para eu levar o
    instrumento para o Silvestre do Bandolim de Ouro
    fazer um reparo. Eu aproveitei e fiz o desenho do
    violão e coloquei a luz, tirei a medida dos leques, ou
    seja, o que eu podia fazer eu fiz e pedi ao Silvestre
    para fazer um violão baseado nesse desenho e depois
    eu emprestei esse desenho para várias pessoas.
    Então, desde essa época eu me interessei por construção,
    sempre que eu viajava eu entrava em contato
    com luthiers. Eu demorei bastante por ter um
    certo receio que fosse uma coisa perigosa, tinha medo
    de cortar um dedo ou coisa assim e eventualmente
    acho que eu disse “dane-se, eu estou realmente a
    fim” e quando meu irmão parou de tocar eu vi que
    era a hora de mexer com isso, eu já vinha comprando
    madeira para envelhecer e dar para algum luthier
    construir, fiz uma pequena oficina em casa, parte no
    corredor e parte no quarto de empregada e quebrava
    um galho. Fui começando a trabalhar e preparar um
    violão nisso aí. Quando o violão ficou pronto eu
    não me lembro, mas eu sei que eu saí em turnê e
    levei ele comigo, possivelmente em 1979. Eu nunca
    cheguei a dar um recital com um instrumento que
    eu mesmo construí.

    - Eu li na revista Violões e Mestres de 1964 que seu
    avô tinha construído um violão.
    Ele construiu alguns violões sozinho numa pequena
    oficina que ele montou em casa e outros , dois ou
    três com o Isaías Sávio, que também mexeu com
    construção de violões. Eu não sei onde estão esses
    violões, eles não possuem rótulo e será quase impossível
    identificá-los.

    - Com quem você aprendeu o inicial de lutheria?
    As bases foram com duas pessoas, Thomas
    Humphrey de Nova York - eu fiquei dois meses lá
    por conta disso - e George Lowe, da Inglaterra, que
    me ajudou muito em técnicas de construção em geral.

    - O que você buscava com seus violões, um som
    parecido com aquele do Hauser?
    Eu comecei tentando imitar o Hauser e obviamente
    ele não soava como o Hauser e eu tentava entender
    o por quê disso. Você então percebe que começa a
    trabalhar do início e tem que ser do início mesmo,
    não dá prá queimar etapa. Realmente eu fui aprendendo
    aos poucos. Depois eu fui fazendo um trabalho
    na Giannini, o modelo C7, foram quase 500 violões
    e isso foi um laboratório excelente. Eu ía uma
    ou duas vezes por mês a São Paulo supervisionar
    esses violões , eu fazia os tampos aqui e levava prá
    lá. Então, o violão era formado por tampos que eu
    fazia, eles montavam e eu terminava o instrumento,
    via se estava tudo Ok, ajustava a pestana e regulava
    o rastilho.

    - Quanto tempo você ficou na Giannini?
    Fiquei 7 anos, fizemos 496 violões. Eu queria chegar
    nos 500, mas as madeiras acabaram (risos).

    - Atualmente você já construiu quantos violões seus?
    Eu estou no 347. A fila de espera está mais ou menos
    de 3 anos. Há um tipo básico de violão mas eu uso
    madeiras diferentes, o jacarandá da Bahia ou Jacarandá
    da Índia. Eu estou sempre testando alguma coisa, eu
    nunca estive muito satisfeito com o resultado dos meus
    violões, aos poucos, eu acho que vou tentando chegar
    mais próximo do que eu gostaria que fosse. Com certeza
    ainda não atingiu o que eu gostaria que fosse.

    - Ainda é mais ou menos aquilo de criar um som
    próximo ao do Hauser?
    Tentativa de tentar copiar o Hauser eu fiz poucos
    instrumentos. Logo eu cheguei à conclusão de que
    você não copia um instrumento velho, você copia
    mas sai com um som novo, então eu tenho que julgar
    o meu trabalho em têrmos do que eu estou fazendo
    e aí eu vou realmente procurando meu caminho,
    que é mais ou menos naquela direção, mas com
    meu estilo pessoal. Há também uma segunda dificuldade,
    se eu faria um instrumento que eu gostaria
    de tocar ou que outras pessoas gostariam de tocar,
    pois meu estilo é diferente, então são várias complicações,
    e ainda não há aquela resposta de um instrumento
    ideal. Mas de qualquer maneira eu ainda estou
    procurando uma coisa que me deixe mais satisfeito.
    Eu acho que eu já tenho um controle com
    meus instrumentos, eles não variam muito de nível,
    são mais ou menos regulares, e isso já é uma conquista
    e eu estou procurando um instrumento mais
    musical, com volume e equilíbrio, eu quero que ele
    fique mais maleável, com mais colorido de som e
    resposta. São questões de sutileza.

    - Com quais violões vocês tocaram durante a carreira?
    Tocamos no Hauser de 1930 e Santos Hernandez de
    1920 da Monina, que ela mais ou menos me deu
    depois. Quando começou a ficar difícil viajar com
    eles por causa do clima - nos EUA, por exemplo -
    nós passamos a tocar com dois Rubios por 2 ou 3
    anos. Meu irmão continuou com o Rubio, ele não
    mudou mais, depois eu comprei outro Hauser de
    1952. Ocasionalmente eu comprei outros violões,
    Romanillos, Fisher, Friedrich e outros menos conhecidos,
    mas quando eu estava sozinho eu praticamente
    fiquei só no Hauser de 1952.

    - Quais estilos de música e compositores você escuta
    para relaxar?
    Eu ouço de tudo com relação à música erudita, desde
    renasçença até compositores tradicionais do século
    XX. Eu gosto de ópera e ouço pouco violão,
    por motivos óbvios (risos). Eu não gosto da música
    ultra-moderna ou serialista, de resto eu ouço tudo
    que tenha um significado especial para mim.
    - Inclusive você nunca tocou nada ultra-vanguarda.
    Não. Era ultra-vanguarda para o público violonístico
    da época (anos 60) eu tocar uma Sonata do
    Santórsola, mas hoje em dia aquilo é até um negócio
    conservador. Mas coisa assim ultra-moderna não,
    eu continuo não gostando de coisas assim que maltratem
    o violão. Eu acho que essas coisas soam
    melhor em outros instrumentos, o violão tem de especial
    a sonoridade e a maleabilidade de som. Se
    não usar isso no violão é mais fácil tocar um instrumento
    de teclado, que se presta mais com notas
    tocadas com rapidez, soa melhor e é mais fácil de
    fazer.

    - Quando você decidiu parar de tocar?
    Inicialmente minha intenção era tirar umas férias de
    um ano. Depois elas se prolongaram por dois, depois
    três (risos), e aí eu comecei a desconfiar que
    tinha terminado mesmo, não tinha a menor vontade
    de continuar. A parte de tocar era a mais fácil, digamos
    assim, agora a xaropada de enfrentar aeroportos,
    a parte de organização com empresários e, pior
    de tudo, no meio de uma turnê você está cansado,
    terminou de tocar e ainda tem que enfrentar uma recepção
    que você não está nem um pouco a fim, onde
    só vão pessoas que você não conhece, essa parte aí
    eu realmente não tenho o menor prazer, é prá pessoas
    que gostam disso, que acham isso a melhor parte,
    mas prá quem não gosta disso não dá. Durante alguns
    anos dá prá aguentar, mas depois de 10 anos se
    você não gosta disso e não aprendeu a gostar aí fica
    difícil.

    - Isso foi o principal motivo?
    Foi um motivo bem forte. A gente logo descobriu
    que a gente ficava estudando o tempo todo, se a gente
    pudesse inventar um esquema de ficar estudando e
    dar uns seis ou sete recitais por ano e conseguisse
    viver disso nós estaríamos tocando até hoje.

    - O que seu irmão está fazendo atualmente?
    Ele terminou há dois anos o doutorado em eletrônica
    pela Universidade de Santa Barbara, nos Estados
    Unidos. Eu sei que ele se mudou para a Pensilvania e
    não me disse o que anda fazendo e eu também não
    perguntei (risos). A gente de vez em quando se fala,
    mas só amenidades. Ele levou o violão Fischer dele,
    ele sempre teve muita facilidade prá tocar, mesmo
    passado esse tempo todo, quando ele vinha aqui
    pegar um violão, soava em plena forma, você não
    notava a menor diferença, ele pegava o violão sem
    ter tocado meses e meses, e estava sempre em forma.
    Comigo era diferente, demorava alguns dias
    para eu voltar ao normal.

    - A última vez que você viu ele dedilhando foi quando?
    Antes dele ir, há 6 anos atrás. Soava como sempre
    soou, não tinha a menor diferença...
    Gilson Antunes, 24 anos, é concertista, pesquisador
    e professor.

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    João de Vilhena
    Ha! Já agora pús o CD do Zé Paulo Becker no despertador e acordo com ele todas as manhãs.

    ZPB está me devendo. Este é o segundo CD que eu vendo para ele!!!
    Outro dia estava esperando no carro embaixo do prédio do meu irmão com este CD tocando. O vizinho veio me perguntar quem estava tocando. Anotou o nome e tudo.

    Depois de ver os preços de CDs na FNAC daí, a gente devia te dizer que taí outra coisa boa para mandar buscar no Brasil. Desde dilermando Reis a R$10 nas Americanas até os CDs da Kuarup e Biscoito Fino por R$20.
    Quanto dá em Euros?

    Olha aqui:

    http://www.kuarup.com.br/br/catalogo.php
    http://www.biscoitofino.com.br

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Heitor VL
    Quando só olhei para a massa do texto que vc mandou, pensei : pô Heitor ficou louco... Só depois percebi que era cópia. Hehe!
    Obrigado pela leitura deu para aprender muita coisa.
    Poxa vc devia arranjar maneira de receber uma percentagem por cada venda!!
    Os preços são difíceis de comparar, pois o nível de vida é diferente. 10 R$ dá aí uns 2,8 euros. O ideal seria ter o salário de cá com o nível de vida daí ;-)
    Vc falou de Z.P.B. para mim a propósito de Baden lembra?
    Gostava de discutir com vc sobre o assunto mas estou a morrer de sono (o médico receitou cortizona para uma toce que tenho que me deixa meio a caír). Amanhã então...
    Abraços

    inthelight
    Veterano
    # jan/05
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    Bem legal essa entrevista

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    João de Vilhena
    Vc falou de Z.P.B. para mim a propósito de Baden lembra?
    Quer dizer que minha propaganda funcionou? Bom que você gostou.

    Este ninguém esta vendendo. Existe um disco solo de Sergio Abreu tocando Paganini e Sor. O Sérgio liberou esta e as gravações do duo em mp3 e apareceram num outro forum de violão.

    Paganini: Grand Sonata
    Allegro Risoluto - http://rapidshare.de/files-en/402081/Track_01.mp3.html
    Romanza - http://rapidshare.de/files-en/402033/Track_02.mp3.html
    Andantino Variato - http://rapidshare.de/files-en/402109/Track_03.mp3.html

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Heitor VL
    ontem a coisa não estava bem mesmo para mim até a tosse saiu com "c".
    Em relação ao que eu perguntei ontem para vc, que pensa vc sobre a comparação entre ZPB e Baden.
    Claro que as gerações não são as mesmas e que Baden não pode ter influências de ZPB enquanto que o contrário é evidente.
    Mas ainda assim, não acha Baden com o toque mais intuitivo e ZPB mais limpo? Baden mais popular e ZPB mais erudito? Baden mais improvisado e ZPB mais ensaiado? Baden mais americano (em relação as inspirações jazz se bem que ele fosse o mais "francês" de toda a BOSSA) e ZPB mais europeu? Baden mais em estado bruto e ZPB mais polido? Baden mais rítmico e ZPB mais melódico? Baden mais explosivo e ZPB mais controlado? Baden mais dionisíaco e ZPB mais apolíneo (isto tem como referencia o que disse no outro tópico : clássico x popular)?
    Acho que se podem encontrar mais algumas diferenças, mas gostava de conhecer a sua opinião.
    Obrigado pelas músicas e os ensinamentos!
    Um abraço

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    João de Vilhena
    tosse saiu com "c".
    Achei que tinha sido mais um "lusitanismo". Eu tive dois co-autores de Coimbra, numa palestra sobre o trabalho, eu disse que era uma colaboração muito produtiva apesar da barreira linguística. Fora um brasileiro na platéia, ninguém riu.

    Concordo com todos os seus pontos. Zé Paulo teve uma formação muito mais cuidada como instrumentista e a formação de música popular dele foi no choro, o que implica num certo formalismo . Enquanto isto, o Baden teve o gênio de compositor e uma obra muito maior.

    Baden mais dionisíaco e ZPB mais apolíneo
    Wow, Nietzsche agora é pré-requisito para ler o fórum do Balbino (onde anda ele?)!!! Eu sou um engenheiro, o mais próximo que estive de uma tragédia grega foi dormir em algumas. Mas eu concordo mesmo assim. Este CD do ZPB tem um carácter contemplativo e um pouco tradicionalista. Afinal ele não é contemporâneo da maior parte daquelas peças. Enquanto isto, Baden foi um inventor.

    Para complicar um pouco a comparação, o novo disco solo do Zé Paulo é bem diferente. São composições dele, muitas com uma cara mais jazzista nas orquestrações.

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Heitor VL
    Universitário de Coimbra deve ser gente que leva o humor muito a sério. Hehe.

    A tarefa de ZPB não é fácil (a sua carreira ainda é curta) pois ele terá que criar a sua própria forma como músico sob a sombra do "Pai" Baden.
    Baden, para quem segue a tradição de Choro, é uma referência importante, mas tal como todas as grandes referências elas podem tornar-se pesadas.
    Claro que se baden não tivesse existido ZPB teria automaticamente mais relevo como músico.

    Hé! eu devia ter cuidado com a língua pois dizer palavrão como esse (Nietzsche)...
    É estranho vc ter dormido pois segundo Aristoteles, o aborrecimento não faz parte das paixões que a tragédia grega deve provocar no espetador ;-)
    talvez seja a sua maneira de viver o efeito catártico (purgativo da alma). Hehe!
    eu ainda não comprei o último do ZPB. Não posso falar.
    Vc é engenheiro em que área? Eu sou artista plástico como se diz em França, colaboro também como desenhista num gabinete de arquitectura, dou aulas de perspectiva nas Belas Artes de Nice e voltei à pouco ao estudo do violão clássico. Sou músico falhado!

    Balbino eu não sei onde ele anda pois se ele tivesse lendo o fórum ele não teria deixado de me dar os parabéns sobre este meu tópico (ele é um pouco responsável sobre esse assunto).

    Abraços

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    João de Vilhena
    Universitário de Coimbra deve ser gente que leva o humor muito a sério
    Na verdade, achei Coimbra um lugar divertido. Para que estava esperando um bando de fadistas de capa preta ...

    Só para colocar um link sobre Zé Paulo Becker. No festival de cinema de Berlin deste ano, vai concorrer um filme sobre o choro no Rio. Estrelando, o Trio Madeira Brasil !!!(grupo do ZPB). Está aqui a reportagem no JB de hoje:

    http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernob/2005/01/21/jorcab200501 21001.html

    Baden, para quem segue a tradição de Choro, é uma referência importante
    Discordo um pouco. Como instrumentista ele é uma grande referência, mas a maior parte da música de Baden veio de uma vertente diferente. A bossa nova foi revolucionária e deslocou a música tradicional da época que o pessoal do choro cultua hoje. Eventualmente tudo se misturou, mas um formalismo quase barroco aparece mesmo quando os chorões tocam música da bossa nova.

    Um exemplo é o CD (muito, muito bom) novo do Quarteto Maogani, dedicado a Tom Jobim. Tem duas amostras aqui:

    http://www.biscoitofino.com.br/bf/cat_cada_cd.php?id=92

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    kkk
    esse nome faz mais pensar numa certa organização americana de extrema direita.
    esse negócio é aldrabice toda a gente sabe disso!
    NÃO POSTE MAIS AQUI!!!

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Heitor VL
    O que eu queria dizer é que Baden é hoje sem dúvida uma referência para o Choro. O que não significa que ele tenha sido chorão!
    O próprio Baden nem gostava de ser assimilado à Bossa. Se a Bossa começa com o JG como se costuma dizer (não vale a pena de estar a discutir se é verdade ou não) veja a diferença que há entre ele e Baden. Baden, quando falava da sua música utilizava o termo geral de Samba. O tipo de música que Baden tocava era BADEN. E tinha um pouco de tudo : Erudito, Samba, Jazz, Bossa, Choro, Sertaneja, etc.

    Baden era um gênio musical...

    Dei uma baixada do Q Maogani... Fazer da Bossa música de câmera? Pourquoi pas?!

    Vc não disse a sua área de engenharia.

    Abraços

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05
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    João de Vilhena
    O próprio Baden nem gostava de ser assimilado à Bossa.
    Realmente ele não fazia parte do grupo original (JG, Tom Jobim, Carlo Lyra ...). Mas a influência dele por aqui foi no período logo após BN, quando a MPB esta sendo inventada pelos filhos da bossanova. Como influência na formação de novos músicos, acho que o choro só volta mais tarde, Raphael Rabello, por exemplo.

    Vc não disse a sua área de engenharia.
    Engenharia de Sistemas. No meu caso é meio matemática, meio informática -- Resolução computacional de problemas que vem da engenharia, economia e afins. Trabalhei um tempo com planejamento de redes de telecomunicações.

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Heitor VL
    Encontrei esse cara nos USA que vende um Abreu que foi fabricado a 17 violões de distância da entrevista que vc postou. A entrevista data de 96 e nessa altura Sérgio diz que já fez 347 violões. o instrumento que está à venda é de 96 e é o n° 330.

    Ora se calcular-mos que em média um violão leva 150 horas para ser fabricado (segundo RO Courela In Making Master Guitars), podemos concluir que foram necessárias 2550 horas ou seja mais de 106 dias de trabalho (24/24) entre o violão 330 e o 347. O que equivale a +- 318 dias se a gente calcular que Sérgio trabalha cerca de 8 h/dia. Sabemos que a entrevista data do final do ano então podemos afirmar que o violão 330 é da 1a metade do ano. Talvez mesmo do princípio do ano de 96...Bom o.k. Eu sei o que vc está a pensar : And so waht!

    http://netinstruments.com/a.php?a=29635

    "Engenharia de Sistemas" : nesse tipo de assunto eu sou totalmente ignorante! :-x
    É coisa divertida?

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    (segundo Roy Courtnall in...

    não sei o que foi aquilo?

    Heitor VL
    Veterano
    # jan/05 · Editado por: Heitor VL
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    João de Vilhena
    Há também que considerar que luthiers cheiram uma grande quantidade de cola durante o dia de trabalho. Deve causar uma deformação sensível no contínuo de espaço-tempo.

    Andei visitando a oficina de um luthier (ex assistente do SA) aqui no Rio. Taí uma atividade que pode usar um pouco de engenharia de sistemas.

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    Heitor VL
    "Andei visitando a oficina de um lutarei (ex assistente do SA) aqui no Rio. Taí uma atividade que pode usar um pouco de engenharia de sistemas."
    De que modo?

    Sei que aqui em França Joel Laplanne (luthier de Marcelha que tem Turíbio como cliente) andou fazendo estudo no CNRS - Centre National de Recherche Scientifique - Com os seus violões. A ideia era de desenvolver um violão com mais projeção e com um timbre mais vasto. Ele parece estar convencido que conseguiu.
    joel-laplane.com/

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    lutarei???

    o link completo http://www.joel-laplane.com/

    KiLLuA
    Veterano
    # jan/05
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    tambem quero um sergio abreu!
    vcs acham que esses violões estão entre os melhores do mundo?!
    nunca peguei num sergio abreu!

    João de Vilhena
    Veterano
    # jan/05
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    KiLLuA
    É difícil estar a explicar no meu caso pois eu nunca toquei nele mas estou comprando baseado em opiniões que tenho recolhido e sobretudo com base na minha intuição (é porque estou vivendo em França e não tenho hipótese de ir ao Rio nos próximos tempos). É a compra mais sem fundamento de toda a minha vida mas acho que tinha que ser assim. E para além disso meti na cabeça que ia comprar um violão Nacional. O melhor que eu pudesse encontrar, e o pessoal é unanime sobre o Sérgio Abreu. Depois foi aquela troca de mail com SA que me deu para perceber que é um Luthier fora do comum. Depois há aquela referência ao Hauser que é um violão extraordinário (não toquei mas já ouvi). Mesmo na troca de mail que tive com JB não houve nada que passou de energia pois só recebi informações técnicas pouco detalhadas. Enquanto que o SA no segundo mail sinceramente preocupado sugeriu mesmo que talvez o seu violão nem fosse bem o que eu precisava quase que ele dizia para eu não comprar para ele!

    É um meio louco da minha parte, e depois se eu não gostar mesmo mesmo nada dele, poderei sempre vender ele aqui em França pelo preço que ele custou. Não será difícil.

    Quem pode explicar para vc bem o SA é o BALBINO JR mas ele anda desaparecido. Por outro lado Johnny prefere o JB e ele já comparou com SA. Mas o Johnny também há algum tempo que não o leio aqui.

    Se está entre os melhores do mundo eu não sei em qualidade (espero que sim) mas em preço é muito mais em conta.

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