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Mensagem |
João de Vilhena Veterano |
# jan/05
Bom, é só para dizer que o Sérgio Abreu confirmou a minha encomenda de violão. Ele é uma pessoa extraordinária, muito preocupada com a qualidade do fabrico do seu violão e com o facto de este ser o mais adequado para o músico que nele vai tocar. Devo receber o violão em Fevereiro 2006... Vai ser dfícil esperar. Até lá vou tocar muito para estar bem ao nivel do instrumento quando ele chegar.
Abraços
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lula_molusco Veterano |
# jan/05
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Parabéns!
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Já agora obrigado a todos os que aconselharam : Balbino, Johnny, Heitor,...
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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lula_molusco
poxa vc é rápido
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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lula_molusco
Obrigado!
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lula_molusco Veterano |
# jan/05
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João de Vilhena
1 segundod epois da postagem hehe ao seu dispor!
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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lula_molusco
Para um molusco vc é bem rápido. ;-)
Valeu! Hehehe.
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Heitor VL Veterano |
# jan/05
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Parabéns.
Vamos celebrar com Sergio & Eduardo Abreu tocando Rameau - Le rappel des oiseaux. Bem razoável para dois adolescentes.
http://rapidshare.de/files-en/392860/Track02.mp3.html
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Heitor VL
Pô! Vc chama isso razoável???
Tá muito bom mesmo!
Manda mais. :-D
Obrigado por tudo. Ha! Já agora pús o CD do Zé Paulo Becker no despertador e acordo com ele todas as manhãs.
Até dá vontade de ir trabalhar! Hehehe. Não dá não, estou brincando. ;-)
Valeu!
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Alguém sabe a idade do Sérgio Abreu hoje?
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Heitor VL Veterano |
# jan/05
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Entrevista do Sérgio com a revista Violão Intercâmbio:
Sérgio Abreu
* Entrevista publicada na edição
no. 20 - Nov/Dez 1996 com o
título “Relembrando Sérgio e Eduardo Abreu”
por Gilson Antunes
Sérgio formou com seu irmão Eduardo, em meados
dos anos 60 até 1975 o maior duo de violões de sua
época e até hoje a lenda sobrevive. É de se lamentar,
principalmente para a nova geração de violonistas,
que os três discos do duo estejam fora de
catálogo, e mesmo assim eles dizem muito pouco
da grandeza que eles representaram (há gravações
ao vivo e programas de rádio que demonstram claramente
o quão fenomenal eles eram). Nessa entrevista
exclusiva concedida a Gilson Antunes, Sérgio
Abreu relembra fatos e curiosidades a respeito
de toda a sua carreira. Sérgio nasceu em 1948 e
Eduardo em 1949, ambos no Rio de Janeiro. Estudaram
primeiramente com o avô, Antonio Rebello,
prosseguindo com Monina Távora, uma discípula
de Segóvia. Em 1967 Sérgio foi o mais jovem violonista
até então a ganhar o mais importante concurso
de violão do mundo, o da ORTF, em Paris. No
ano seguinte Eduardo pegaria segundo lugar no
mesmo concurso, numa decisão até hoje polêmica.
Em 1975, no auge da carreira, Eduardo decide parar
de tocar e o duo se desfaz. Sérgio continua com
a carreira solo até 1982, quando também decide
parar para se dedicar à lutheria, tornando-se então
o mais famoso luthier brasileiro da atualidade.
- Quando e por qual motivo você e seu irmão Eduardo
se iniciaram no violão?
Por volta dos 10 anos de idade. O motivo é que em
casa todo mundo tocava violão. Meu avô Antonio
Rebello era professor, meu pai era violonista, então
foi uma coisa que veio de casa.
- Quando veio o primeiro contato com sua professora
Monina Távora?
Meu avô a conheceu quando ela deu um recital aqui
no Rio de Janeiro nos anos 50. Ela morava aqui na
cidade, seu marido era um cientista brasileiro, então
ela morou por aqui uns 30 anos mais ou menos. Meu
avô falava com ela eventualmente. Um ano após eu
e meu irmão nos iniciarmos no violão meu avô telefonou
para ela perguntando se ela não gostaria de
nos ouvir. Ela foi bastante receptiva, nos recebeu lá
e aí nós começamos a estudar com ela. Nós tínhamos
aulas de 15 em 15 dias.
- E como eram essas aulas?
Eram em geral nos finais de semana, para não interferir
em nossa rotina no colégio. Nós tínhamos hora
para chegar, mas a aulas durava três, quatro horas, a
gente ficava tocando, ela nos mostrava muitas coisas...
- E eram aulas individuais?
Sim, nós tínhamos aulas individuais, primeiro tocava
um, depois tocava outro. Aos poucos ela foi nos
encorajando a fazer duo, nem com intenção de desenvolver
muito alguma coisa, mas ela achava que
era uma excelente disciplina a música de câmara.
Mais tarde ela tambëm nos encorajaria a fazer música
com outros instrumentos.
- E como surgiu o duo? Foi a partir dessa sugestão?
Não, meu avô encorajava muito seus alunos a fazer
duos, trios, etc. Então quando começamos nós fazíamos
trio com nosso avô, ou duo, então já desde o
início fazíamos coisas juntos, mas em pequenas proporções.
Nossa estréia oficial foi aqui no Rio de Janeiro
no Auditório da Associação Brasileira de Imprensa
em 1963.
- E vocês deram logo um recital na Argentina...
A Monina acreditava em a gente trabalhar o ano todo
e fazer uma apresentação desse trabalho. Então nos
fizemos uma apresentação no Rio no ano seguinte,
e no terceiro ano tocamos em Buenos Aires.
- Agora, com relação ao Concurso de Paris, quais
lembranças você possui dele com relação ao repertório,
concorrentes, etc.?
Eu não tenho nenhuma lembrança em especial. O
Concurso foi em 1967, eu lembro que foi uma das
raras ocasiões em que eu estudei algumas obras com
data marcada para tocar, uma coisa que eu nunca
gostei de fazer. No repertório tinha as Folias de
Espanha do Ponce, que eu toquei de livre escolha, a
Tarantella do Tedesco, uma coisa do Grau, eu não
me lembro realmente, foi há 30 anos atrás...
- E o fato do Turíbio Santos ter ganho em 1965 foi
uma coisa que te encorajou a fazer, ou foi uma
sugestão da Monina Távora?
A Monina na verdade não estava muito entusiasmada
com esse concurso, mas achou que tudo bem, era
uma oportunidade de sair para fora, mas meu pai foi
quem achou que era uma idéia melhor. Realmente a
vitória do Turíbio teve uma repercussão enorme aqui
e o fato de eu ter me candidatado e classificado também
despertou um interesse da imprensa. Certamente
ajudou ter o Turíbio quando eu fui para lá,
ele me arrumou um hotel pra ficar, ele foi assistir, ou
seja, foi como se eu não estivesse sozinho.
- E com relação ao seu irmão, Eduardo, não sei se
você pode responder, mas ele foi porque você tinha
ido no ano anterior, ou ele mesmo quis fazer?
Ele não queria ir fazer, meu pai foi quem achou que
ele deveria ir. Foi até um ano conturbado, tinha uma
baderna em Paris, o concurso foi transferido, ía ser
numa época e foi transferido prá outra...
- Sobre isso eu gostaria que você falasse a respeito
de concursos em geral, sua opinião pessoal.
Concurso virou um mal necessário hoje em dia. Há
30 anos atrás era muito fácil você se apresentar em
qualquer lugar, não tinha o tumulto e dificuldades
que temos hoje. O concurso é uma maneira das pessoas
se apresentarem, tanto aqui quanto no exterior,
que de outra maneira seria impossível. Eu não gosto
muito da idéia do concurso em si, mas tem sua
função e virou uma coisa necessária. No violão não
dá pra fazer isso mas no piano eu já sei que há pessoas
cujo meio de vida é ganhar concursos. Veja
bem, são pessoas muito boas que não chegam a ganhar
primeiros prêmios, mas ganham segundo, terceiro
e vão fazendo todos os anos (risos). Profissão:
ocupante de concursos, ganhadores de segundos
e terceiros prêmios. Eles vivem disso e até bastante
bem. E são muitos concursos, o cara faz vinte
a trinta por ano (mais risos).
- Agora, com relação aos discos que vocês gravaram.
Como surgiu o primeiro disco, e se há algum
motivo especial por vocês terem gravado tão
pouco.
O primeiro disco foi uma coisa totalmente não planejada.
Nós estávamos planejando fazer um disco
no ano posterior ao que gravamos o primeiro disco,
pela CBS, com o Roberto de Regina, em 1968. Fomos
à Inglaterra nesse ano e fizemos uma apresentação
no Wigmore Hall e o pessoal da DECCA por
algum motivo foi assistir e nos convidou para gravar
um disco. Nós contactamos a CBS do Rio que também
tinha enviado um representante, e ele nos aconselhou
a aceitar sem nos causar nenhum obstáculo,
desde que fosse apenas um disco. Foi uma coisa
meio improvisada, eu não fiquei muito satisfeito com
o resultado, mas foi uma experiência. Não fui eu
quem editou o disco e eu gostaria de ter feito isso.
Eu gostaria até de eventualmente se existirem essas
fitas, ir lá e refazer, mas acho que não. As fitas master
não estão comigo, estão na Inglaterra. Nós gravamos
no ano seguinte um disco em duo para a CBS e
depois um disco com 2 concertos (Santórsola e
Tedesco), aí o relacionamento entre eu e meu irmão
já estava ficando difícil, então resolvemos parar. E
gravar disco era meio uma chateação... a idéia original
do terceiro disco era gravarmos o Madrigal do
Rodrigo e o Tedesco. Quando o Rodrigo nos enviou
o concerto já estava meio em cima da hora, nós
tínhamos dúvidas sobre algumas coisas e resolvemos
deixar para a próxima, mas a próxima numca
aconteceu. E o Santórsola nós já tínhamos no dedo.
- Houve algum motivo em particular que terminou
com o duo, ou foi uma decisão de comum acordo?
Não houve um motivo somente. Se fosse apenas um
motivo nós tentaríamos contornar, foram quinhentos
motivos para dizer assim... Meu irmão não estava a
fim de continuar tocando, então acabou, mas era uma
coisa mais ou menos inevitável.
- Vocês tinham idéia do nível em que vocês estavam
nos anos 60?
A gente tocava, não comparava muito, a gente comparava
com a idéia que nós fazíamos. Apesar das
dificuldades eu acho que os dois últimos anos do
duo foram mais ou menos tranquilos, bastante seguros,
a parte de tocar era a única que não tinha problemas.
- Uma curiosidade: vocês estudaram quanto tempo
com a Monina?
Uns 8 anos seguidos e uns 2 esparsos, depois ela foi
para a Argentina. Eu não a vejo há uns 15 anos, mas
a gente se escreve o tempo todo, fala por telefone e
infelizmente ela teve uns problemas de saúde.
- Eu gostaria que você falasse um pouco a respeito
de mais duas formações camerísticas que você fez,
com o soprano Maria Lúcia Godoy e com o flautista
Norton Morozowicz.
A Maria Lúcia eu conheço de passagem há muitos
anos. Quando tocamos o Tedesco em Londres ela
cantou as Bachianas no mesmo programa. Não sei
como foi a idéia, mas nós nos encontramos na casa
de um amigo em comum, ele tinha um violão lá e
alguma música e daí nós começamos aos poucos
desenvolver, houve algum convite para tocar, gravar
e fazer uma turnê pela Europa, mas foi uma coisa
esporádica. Com relação ao Norton, eu me encontrei
com ele uma vez que eu toquei com a OSB,
ele me disse que gostaria de tocar com violão. A
gente também fez alguma coisa juntos, tocamos durante
2 anos no máximo, uma coisa mais ou menos
rápida. Mas foi legal, eu já estava pensando em
parar nessa época, e ele é um excelente músico.
- Com relação a preparação de seu disco solo, de
Sor e Paganini, parece que ficou 2 anos fazendo a
edição, como foi?
Foi um disco muito complicado. Meu irmão tinha
parado de tocar, nós ainda estávamos com um contrato
com a CBS e estávamos devendo há muito tempo
um disco prá eles. Eu fui experimentar os estúdios
deles em Nova York e não gostei muito, até que
eu achei uma igreja na cidade. Eu fui lá, gravei, a
Sonata do Paganini eu já tinha no dedo, eu tocava
muito, e o Sor é uma música que não se prestava
muito em concerto, mas eu gostava muito. Eu sei
que eu gravei os dois lá e depois eu descobri que a
igreja tem uma bela acústica, mas possui muito
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Heitor VL Veterano |
# jan/05
· votar
Continuação ...
igreja tem uma bela acústica, mas possui muito
externo e eu usei um violão de um amigo que
eu tinha conhecido poucos anos antes. Com o tempo,
quanto mais eu ouvia menos eu gostava, então
resolvi gravar alguns meses mais tarde em Londres,
num salão. Então acabou ficando uma coisa meio
misturada, duas gravações diferentes, com violões
diferentes. Para o disco sair ele demorou bastante,
eu comecei a gravar em 1976, uma parte no meio do
ano e outra no final, e ele foi lançado em 1982 pela
Ariola, com uma tiragem apenas.
- Quando você construiu seu primeiro violão e por
quê?
Eu estou interessado em construir violões desde que
eu toquei no Hauser da Monina Távora, ele era tão
superior a qualquer outra coisa que eu conhecia que
aquilo me despertou a atenção. Pouco depois o violão
teve algum problema e ela pediu para eu levar o
instrumento para o Silvestre do Bandolim de Ouro
fazer um reparo. Eu aproveitei e fiz o desenho do
violão e coloquei a luz, tirei a medida dos leques, ou
seja, o que eu podia fazer eu fiz e pedi ao Silvestre
para fazer um violão baseado nesse desenho e depois
eu emprestei esse desenho para várias pessoas.
Então, desde essa época eu me interessei por construção,
sempre que eu viajava eu entrava em contato
com luthiers. Eu demorei bastante por ter um
certo receio que fosse uma coisa perigosa, tinha medo
de cortar um dedo ou coisa assim e eventualmente
acho que eu disse “dane-se, eu estou realmente a
fim” e quando meu irmão parou de tocar eu vi que
era a hora de mexer com isso, eu já vinha comprando
madeira para envelhecer e dar para algum luthier
construir, fiz uma pequena oficina em casa, parte no
corredor e parte no quarto de empregada e quebrava
um galho. Fui começando a trabalhar e preparar um
violão nisso aí. Quando o violão ficou pronto eu
não me lembro, mas eu sei que eu saí em turnê e
levei ele comigo, possivelmente em 1979. Eu nunca
cheguei a dar um recital com um instrumento que
eu mesmo construí.
- Eu li na revista Violões e Mestres de 1964 que seu
avô tinha construído um violão.
Ele construiu alguns violões sozinho numa pequena
oficina que ele montou em casa e outros , dois ou
três com o Isaías Sávio, que também mexeu com
construção de violões. Eu não sei onde estão esses
violões, eles não possuem rótulo e será quase impossível
identificá-los.
- Com quem você aprendeu o inicial de lutheria?
As bases foram com duas pessoas, Thomas
Humphrey de Nova York - eu fiquei dois meses lá
por conta disso - e George Lowe, da Inglaterra, que
me ajudou muito em técnicas de construção em geral.
- O que você buscava com seus violões, um som
parecido com aquele do Hauser?
Eu comecei tentando imitar o Hauser e obviamente
ele não soava como o Hauser e eu tentava entender
o por quê disso. Você então percebe que começa a
trabalhar do início e tem que ser do início mesmo,
não dá prá queimar etapa. Realmente eu fui aprendendo
aos poucos. Depois eu fui fazendo um trabalho
na Giannini, o modelo C7, foram quase 500 violões
e isso foi um laboratório excelente. Eu ía uma
ou duas vezes por mês a São Paulo supervisionar
esses violões , eu fazia os tampos aqui e levava prá
lá. Então, o violão era formado por tampos que eu
fazia, eles montavam e eu terminava o instrumento,
via se estava tudo Ok, ajustava a pestana e regulava
o rastilho.
- Quanto tempo você ficou na Giannini?
Fiquei 7 anos, fizemos 496 violões. Eu queria chegar
nos 500, mas as madeiras acabaram (risos).
- Atualmente você já construiu quantos violões seus?
Eu estou no 347. A fila de espera está mais ou menos
de 3 anos. Há um tipo básico de violão mas eu uso
madeiras diferentes, o jacarandá da Bahia ou Jacarandá
da Índia. Eu estou sempre testando alguma coisa, eu
nunca estive muito satisfeito com o resultado dos meus
violões, aos poucos, eu acho que vou tentando chegar
mais próximo do que eu gostaria que fosse. Com certeza
ainda não atingiu o que eu gostaria que fosse.
- Ainda é mais ou menos aquilo de criar um som
próximo ao do Hauser?
Tentativa de tentar copiar o Hauser eu fiz poucos
instrumentos. Logo eu cheguei à conclusão de que
você não copia um instrumento velho, você copia
mas sai com um som novo, então eu tenho que julgar
o meu trabalho em têrmos do que eu estou fazendo
e aí eu vou realmente procurando meu caminho,
que é mais ou menos naquela direção, mas com
meu estilo pessoal. Há também uma segunda dificuldade,
se eu faria um instrumento que eu gostaria
de tocar ou que outras pessoas gostariam de tocar,
pois meu estilo é diferente, então são várias complicações,
e ainda não há aquela resposta de um instrumento
ideal. Mas de qualquer maneira eu ainda estou
procurando uma coisa que me deixe mais satisfeito.
Eu acho que eu já tenho um controle com
meus instrumentos, eles não variam muito de nível,
são mais ou menos regulares, e isso já é uma conquista
e eu estou procurando um instrumento mais
musical, com volume e equilíbrio, eu quero que ele
fique mais maleável, com mais colorido de som e
resposta. São questões de sutileza.
- Com quais violões vocês tocaram durante a carreira?
Tocamos no Hauser de 1930 e Santos Hernandez de
1920 da Monina, que ela mais ou menos me deu
depois. Quando começou a ficar difícil viajar com
eles por causa do clima - nos EUA, por exemplo -
nós passamos a tocar com dois Rubios por 2 ou 3
anos. Meu irmão continuou com o Rubio, ele não
mudou mais, depois eu comprei outro Hauser de
1952. Ocasionalmente eu comprei outros violões,
Romanillos, Fisher, Friedrich e outros menos conhecidos,
mas quando eu estava sozinho eu praticamente
fiquei só no Hauser de 1952.
- Quais estilos de música e compositores você escuta
para relaxar?
Eu ouço de tudo com relação à música erudita, desde
renasçença até compositores tradicionais do século
XX. Eu gosto de ópera e ouço pouco violão,
por motivos óbvios (risos). Eu não gosto da música
ultra-moderna ou serialista, de resto eu ouço tudo
que tenha um significado especial para mim.
- Inclusive você nunca tocou nada ultra-vanguarda.
Não. Era ultra-vanguarda para o público violonístico
da época (anos 60) eu tocar uma Sonata do
Santórsola, mas hoje em dia aquilo é até um negócio
conservador. Mas coisa assim ultra-moderna não,
eu continuo não gostando de coisas assim que maltratem
o violão. Eu acho que essas coisas soam
melhor em outros instrumentos, o violão tem de especial
a sonoridade e a maleabilidade de som. Se
não usar isso no violão é mais fácil tocar um instrumento
de teclado, que se presta mais com notas
tocadas com rapidez, soa melhor e é mais fácil de
fazer.
- Quando você decidiu parar de tocar?
Inicialmente minha intenção era tirar umas férias de
um ano. Depois elas se prolongaram por dois, depois
três (risos), e aí eu comecei a desconfiar que
tinha terminado mesmo, não tinha a menor vontade
de continuar. A parte de tocar era a mais fácil, digamos
assim, agora a xaropada de enfrentar aeroportos,
a parte de organização com empresários e, pior
de tudo, no meio de uma turnê você está cansado,
terminou de tocar e ainda tem que enfrentar uma recepção
que você não está nem um pouco a fim, onde
só vão pessoas que você não conhece, essa parte aí
eu realmente não tenho o menor prazer, é prá pessoas
que gostam disso, que acham isso a melhor parte,
mas prá quem não gosta disso não dá. Durante alguns
anos dá prá aguentar, mas depois de 10 anos se
você não gosta disso e não aprendeu a gostar aí fica
difícil.
- Isso foi o principal motivo?
Foi um motivo bem forte. A gente logo descobriu
que a gente ficava estudando o tempo todo, se a gente
pudesse inventar um esquema de ficar estudando e
dar uns seis ou sete recitais por ano e conseguisse
viver disso nós estaríamos tocando até hoje.
- O que seu irmão está fazendo atualmente?
Ele terminou há dois anos o doutorado em eletrônica
pela Universidade de Santa Barbara, nos Estados
Unidos. Eu sei que ele se mudou para a Pensilvania e
não me disse o que anda fazendo e eu também não
perguntei (risos). A gente de vez em quando se fala,
mas só amenidades. Ele levou o violão Fischer dele,
ele sempre teve muita facilidade prá tocar, mesmo
passado esse tempo todo, quando ele vinha aqui
pegar um violão, soava em plena forma, você não
notava a menor diferença, ele pegava o violão sem
ter tocado meses e meses, e estava sempre em forma.
Comigo era diferente, demorava alguns dias
para eu voltar ao normal.
- A última vez que você viu ele dedilhando foi quando?
Antes dele ir, há 6 anos atrás. Soava como sempre
soou, não tinha a menor diferença...
Gilson Antunes, 24 anos, é concertista, pesquisador
e professor.
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Heitor VL Veterano |
# jan/05
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João de Vilhena
Ha! Já agora pús o CD do Zé Paulo Becker no despertador e acordo com ele todas as manhãs.
ZPB está me devendo. Este é o segundo CD que eu vendo para ele!!!
Outro dia estava esperando no carro embaixo do prédio do meu irmão com este CD tocando. O vizinho veio me perguntar quem estava tocando. Anotou o nome e tudo.
Depois de ver os preços de CDs na FNAC daí, a gente devia te dizer que taí outra coisa boa para mandar buscar no Brasil. Desde dilermando Reis a R$10 nas Americanas até os CDs da Kuarup e Biscoito Fino por R$20.
Quanto dá em Euros?
Olha aqui:
http://www.kuarup.com.br/br/catalogo.php
http://www.biscoitofino.com.br
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Heitor VL
Quando só olhei para a massa do texto que vc mandou, pensei : pô Heitor ficou louco... Só depois percebi que era cópia. Hehe!
Obrigado pela leitura deu para aprender muita coisa.
Poxa vc devia arranjar maneira de receber uma percentagem por cada venda!!
Os preços são difíceis de comparar, pois o nível de vida é diferente. 10 R$ dá aí uns 2,8 euros. O ideal seria ter o salário de cá com o nível de vida daí ;-)
Vc falou de Z.P.B. para mim a propósito de Baden lembra?
Gostava de discutir com vc sobre o assunto mas estou a morrer de sono (o médico receitou cortizona para uma toce que tenho que me deixa meio a caír). Amanhã então...
Abraços
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inthelight Veterano |
# jan/05
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Bem legal essa entrevista
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Heitor VL Veterano |
# jan/05
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João de Vilhena
Vc falou de Z.P.B. para mim a propósito de Baden lembra?
Quer dizer que minha propaganda funcionou? Bom que você gostou.
Este ninguém esta vendendo. Existe um disco solo de Sergio Abreu tocando Paganini e Sor. O Sérgio liberou esta e as gravações do duo em mp3 e apareceram num outro forum de violão.
Paganini: Grand Sonata
Allegro Risoluto - http://rapidshare.de/files-en/402081/Track_01.mp3.html
Romanza - http://rapidshare.de/files-en/402033/Track_02.mp3.html
Andantino Variato - http://rapidshare.de/files-en/402109/Track_03.mp3.html
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Heitor VL
ontem a coisa não estava bem mesmo para mim até a tosse saiu com "c".
Em relação ao que eu perguntei ontem para vc, que pensa vc sobre a comparação entre ZPB e Baden.
Claro que as gerações não são as mesmas e que Baden não pode ter influências de ZPB enquanto que o contrário é evidente.
Mas ainda assim, não acha Baden com o toque mais intuitivo e ZPB mais limpo? Baden mais popular e ZPB mais erudito? Baden mais improvisado e ZPB mais ensaiado? Baden mais americano (em relação as inspirações jazz se bem que ele fosse o mais "francês" de toda a BOSSA) e ZPB mais europeu? Baden mais em estado bruto e ZPB mais polido? Baden mais rítmico e ZPB mais melódico? Baden mais explosivo e ZPB mais controlado? Baden mais dionisíaco e ZPB mais apolíneo (isto tem como referencia o que disse no outro tópico : clássico x popular)?
Acho que se podem encontrar mais algumas diferenças, mas gostava de conhecer a sua opinião.
Obrigado pelas músicas e os ensinamentos!
Um abraço
|
Heitor VL Veterano |
# jan/05
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João de Vilhena
tosse saiu com "c".
Achei que tinha sido mais um "lusitanismo". Eu tive dois co-autores de Coimbra, numa palestra sobre o trabalho, eu disse que era uma colaboração muito produtiva apesar da barreira linguística. Fora um brasileiro na platéia, ninguém riu.
Concordo com todos os seus pontos. Zé Paulo teve uma formação muito mais cuidada como instrumentista e a formação de música popular dele foi no choro, o que implica num certo formalismo . Enquanto isto, o Baden teve o gênio de compositor e uma obra muito maior.
Baden mais dionisíaco e ZPB mais apolíneo
Wow, Nietzsche agora é pré-requisito para ler o fórum do Balbino (onde anda ele?)!!! Eu sou um engenheiro, o mais próximo que estive de uma tragédia grega foi dormir em algumas. Mas eu concordo mesmo assim. Este CD do ZPB tem um carácter contemplativo e um pouco tradicionalista. Afinal ele não é contemporâneo da maior parte daquelas peças. Enquanto isto, Baden foi um inventor.
Para complicar um pouco a comparação, o novo disco solo do Zé Paulo é bem diferente. São composições dele, muitas com uma cara mais jazzista nas orquestrações.
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Heitor VL
Universitário de Coimbra deve ser gente que leva o humor muito a sério. Hehe.
A tarefa de ZPB não é fácil (a sua carreira ainda é curta) pois ele terá que criar a sua própria forma como músico sob a sombra do "Pai" Baden.
Baden, para quem segue a tradição de Choro, é uma referência importante, mas tal como todas as grandes referências elas podem tornar-se pesadas.
Claro que se baden não tivesse existido ZPB teria automaticamente mais relevo como músico.
Hé! eu devia ter cuidado com a língua pois dizer palavrão como esse (Nietzsche)...
É estranho vc ter dormido pois segundo Aristoteles, o aborrecimento não faz parte das paixões que a tragédia grega deve provocar no espetador ;-)
talvez seja a sua maneira de viver o efeito catártico (purgativo da alma). Hehe!
eu ainda não comprei o último do ZPB. Não posso falar.
Vc é engenheiro em que área? Eu sou artista plástico como se diz em França, colaboro também como desenhista num gabinete de arquitectura, dou aulas de perspectiva nas Belas Artes de Nice e voltei à pouco ao estudo do violão clássico. Sou músico falhado!
Balbino eu não sei onde ele anda pois se ele tivesse lendo o fórum ele não teria deixado de me dar os parabéns sobre este meu tópico (ele é um pouco responsável sobre esse assunto).
Abraços
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Heitor VL Veterano |
# jan/05
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João de Vilhena
Universitário de Coimbra deve ser gente que leva o humor muito a sério
Na verdade, achei Coimbra um lugar divertido. Para que estava esperando um bando de fadistas de capa preta ...
Só para colocar um link sobre Zé Paulo Becker. No festival de cinema de Berlin deste ano, vai concorrer um filme sobre o choro no Rio. Estrelando, o Trio Madeira Brasil !!!(grupo do ZPB). Está aqui a reportagem no JB de hoje:
http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernob/2005/01/21/jorcab200501 21001.html
Baden, para quem segue a tradição de Choro, é uma referência importante
Discordo um pouco. Como instrumentista ele é uma grande referência, mas a maior parte da música de Baden veio de uma vertente diferente. A bossa nova foi revolucionária e deslocou a música tradicional da época que o pessoal do choro cultua hoje. Eventualmente tudo se misturou, mas um formalismo quase barroco aparece mesmo quando os chorões tocam música da bossa nova.
Um exemplo é o CD (muito, muito bom) novo do Quarteto Maogani, dedicado a Tom Jobim. Tem duas amostras aqui:
http://www.biscoitofino.com.br/bf/cat_cada_cd.php?id=92
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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kkk
esse nome faz mais pensar numa certa organização americana de extrema direita.
esse negócio é aldrabice toda a gente sabe disso!
NÃO POSTE MAIS AQUI!!!
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Heitor VL
O que eu queria dizer é que Baden é hoje sem dúvida uma referência para o Choro. O que não significa que ele tenha sido chorão!
O próprio Baden nem gostava de ser assimilado à Bossa. Se a Bossa começa com o JG como se costuma dizer (não vale a pena de estar a discutir se é verdade ou não) veja a diferença que há entre ele e Baden. Baden, quando falava da sua música utilizava o termo geral de Samba. O tipo de música que Baden tocava era BADEN. E tinha um pouco de tudo : Erudito, Samba, Jazz, Bossa, Choro, Sertaneja, etc.
Baden era um gênio musical...
Dei uma baixada do Q Maogani... Fazer da Bossa música de câmera? Pourquoi pas?!
Vc não disse a sua área de engenharia.
Abraços
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Heitor VL Veterano |
# jan/05
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João de Vilhena
O próprio Baden nem gostava de ser assimilado à Bossa.
Realmente ele não fazia parte do grupo original (JG, Tom Jobim, Carlo Lyra ...). Mas a influência dele por aqui foi no período logo após BN, quando a MPB esta sendo inventada pelos filhos da bossanova. Como influência na formação de novos músicos, acho que o choro só volta mais tarde, Raphael Rabello, por exemplo.
Vc não disse a sua área de engenharia.
Engenharia de Sistemas. No meu caso é meio matemática, meio informática -- Resolução computacional de problemas que vem da engenharia, economia e afins. Trabalhei um tempo com planejamento de redes de telecomunicações.
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Heitor VL
Encontrei esse cara nos USA que vende um Abreu que foi fabricado a 17 violões de distância da entrevista que vc postou. A entrevista data de 96 e nessa altura Sérgio diz que já fez 347 violões. o instrumento que está à venda é de 96 e é o n° 330.
Ora se calcular-mos que em média um violão leva 150 horas para ser fabricado (segundo RO Courela In Making Master Guitars), podemos concluir que foram necessárias 2550 horas ou seja mais de 106 dias de trabalho (24/24) entre o violão 330 e o 347. O que equivale a +- 318 dias se a gente calcular que Sérgio trabalha cerca de 8 h/dia. Sabemos que a entrevista data do final do ano então podemos afirmar que o violão 330 é da 1a metade do ano. Talvez mesmo do princípio do ano de 96...Bom o.k. Eu sei o que vc está a pensar : And so waht!
http://netinstruments.com/a.php?a=29635
"Engenharia de Sistemas" : nesse tipo de assunto eu sou totalmente ignorante! :-x
É coisa divertida?
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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(segundo Roy Courtnall in...
não sei o que foi aquilo?
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Heitor VL Veterano |
# jan/05 · Editado por: Heitor VL
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João de Vilhena
Há também que considerar que luthiers cheiram uma grande quantidade de cola durante o dia de trabalho. Deve causar uma deformação sensível no contínuo de espaço-tempo.
Andei visitando a oficina de um luthier (ex assistente do SA) aqui no Rio. Taí uma atividade que pode usar um pouco de engenharia de sistemas.
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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Heitor VL
"Andei visitando a oficina de um lutarei (ex assistente do SA) aqui no Rio. Taí uma atividade que pode usar um pouco de engenharia de sistemas."
De que modo?
Sei que aqui em França Joel Laplanne (luthier de Marcelha que tem Turíbio como cliente) andou fazendo estudo no CNRS - Centre National de Recherche Scientifique - Com os seus violões. A ideia era de desenvolver um violão com mais projeção e com um timbre mais vasto. Ele parece estar convencido que conseguiu.
joel-laplane.com/
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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lutarei???
o link completo http://www.joel-laplane.com/
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KiLLuA Veterano |
# jan/05
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tambem quero um sergio abreu!
vcs acham que esses violões estão entre os melhores do mundo?!
nunca peguei num sergio abreu!
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João de Vilhena Veterano |
# jan/05
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KiLLuA
É difícil estar a explicar no meu caso pois eu nunca toquei nele mas estou comprando baseado em opiniões que tenho recolhido e sobretudo com base na minha intuição (é porque estou vivendo em França e não tenho hipótese de ir ao Rio nos próximos tempos). É a compra mais sem fundamento de toda a minha vida mas acho que tinha que ser assim. E para além disso meti na cabeça que ia comprar um violão Nacional. O melhor que eu pudesse encontrar, e o pessoal é unanime sobre o Sérgio Abreu. Depois foi aquela troca de mail com SA que me deu para perceber que é um Luthier fora do comum. Depois há aquela referência ao Hauser que é um violão extraordinário (não toquei mas já ouvi). Mesmo na troca de mail que tive com JB não houve nada que passou de energia pois só recebi informações técnicas pouco detalhadas. Enquanto que o SA no segundo mail sinceramente preocupado sugeriu mesmo que talvez o seu violão nem fosse bem o que eu precisava quase que ele dizia para eu não comprar para ele!
É um meio louco da minha parte, e depois se eu não gostar mesmo mesmo nada dele, poderei sempre vender ele aqui em França pelo preço que ele custou. Não será difícil.
Quem pode explicar para vc bem o SA é o BALBINO JR mas ele anda desaparecido. Por outro lado Johnny prefere o JB e ele já comparou com SA. Mas o Johnny também há algum tempo que não o leio aqui.
Se está entre os melhores do mundo eu não sei em qualidade (espero que sim) mas em preço é muito mais em conta.
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