Review Baixolão Tanglewood Blackbird

    Autor Mensagem
    Buja
    Veterano
    # 28/out/24 20:44


    Prezados,

    O review em questão é deste instrumento:
    Tanglewood Blackbird TWBBAB 4 cordas.

    https://www.tanglewoodguitars.co.uk/product/twbbab/
    [site do fabricante]

    Tive o prazer de adquirir este baixolão após muita pesquisa, que levou alguns meses, na verdade.
    De fato, testei inúmeros baixolões até optar por este. Além disso, esse não é meu primeiro baixolão, então tenho certa base pra comparação.
    Alias, como um anexo, vou listar no final todos os baixolões que testei, e um ponto pró e contra sobre cada um deles.

    Agora começo a descrever as características, prós e contras, que me levaram a feliz escolha deste.

    Materiais:
    O corpo é em folha de mogno, tampo e laterais, assim como o braço inteiro.
    O tampo é sólido. O braço não possui binding.
    A escala, bem como a ponte é de uma madeira chamada "Engineered Wood" (madeira usinada), ou seja, não sabemos!
    As cordas são de bronze (assim espero).
    Nut, rastilho, marcações da escala e binding do corpo são em material PPS, plastico né. Material de cano PVC.
    Tarrachas cromadas die-cast.


    Qualidade da construção:
    Não tem nenhuma emenda aparente em lugar nenhum do instrumento.
    Especialmente no tampo, que parece ser uma folha única de mongo.

    O braço é de mongo também, e é colado ao corpo.
    A junção braço/corpo aparenta ser muito bem feita, com um tensor acessível por ali que funciona bem.
    A escala apesar de ser dessa tal "madeira usinada", é bem lisa, com veios retos, sem figurações. E muito bem pintada, preto petróleo.

    Em se tratando de cor, o baixolão é de um preto fosco muito bonito, que chamam de fumaça de chaminé, ou fuligem né.
    De fato, isso me agradou muito no instrumento.
    Realmente parece que a madeira foi "queimada", por assim dizer, diferente
    de outros instrumentos pretos foscos que já vi, onde fica mais evidente que houve um tingimento barato.
    O acabamento do bocal não é de adesivo nem material plastico.
    É uma conjunção de 3 "pinturas" na propria madeira do tampo, criando um efeito de madeira clara e escura (maple e rosewood, digamos assim)
    Achei lindíssimo e um charme a parte. Tem ar de instrumento chique!


    Conforto e ergonomia: peso, encaixe na mão, conforto ao tocar.
    Aqui é um ponto que quero beliscar.
    Esse tanglewood não é dos mais engonomicos no quesito encaixe no corpo.
    Nesse ponto haverá gente que pode preferir o Fender, o Rozini e o Seizi Mini-Kyoto
    Mas são baixolões menores, e a comparação de engonomia fica injusta.
    Em se tratando de baixolões de escala "normal", o mais confortável de todos foi o Tagima New Orleans.
    Então, se quer conforto, esse tanglewood é meio jumbão. Mas existem piores como o Hofma.


    Tocabilidade
    Na questão da tocabilidade, este Tanglewood é supreendente.
    Cordas na altura correta já de fabrica, escala muito bem regulada, não senti nenhuma rebarba nos trastes nem sinal de descolamento.
    Não senti nenhum sinal de trastejamento (e olha que tem baixolões horríveis nesse quesito)
    A mão corre e flui solta no instrumento, e não é sofrível pra tocar como alguns são.

    As cordas pra mim foram o ponto alto desse baixolão. Testei vários instrumentos, de 4 e 5 cordas.
    Nesse tanglewood as cordas são extremamente confortáveis e isso não estou exagerando.
    Dois vários baixolões que testei, achei as cordas ásperas, brutas, rudes.
    Posso falar sobre todos os baixolões que testei, e foram vários, desde o Eagle que tem boas cordas mas é muito abafado, até o Rozini que tem cordas horríveis.
    Mas este tanglewood é uma manteiga, Cordas parecem mel.


    Som
    Ponto altíssimo desse instrumento!
    Desplugado possui uma projeção sonora muito bem equilibrada.
    Obviamente em se tratando de baixolão tocando ao lado de violão, voz e cajon, é necessário "sentar o dedo na boneca".
    Mas o instrumento possui uma boa caixa acústica e responde muito bem.
    Ao tocar ao lado de apenas um violão, eu tive que "maneirar" a mao porque senão ficaria muito evidente.

    Plugado esse Tanglewood me arrepiou. Possui um brilho excepcional.
    Como eu gosto do baixo como pano de fundo, sempre tenho a tendencia de fechar mais os agudos.
    E ele não fez feio. Ele consegue ficar com o timbre bem morno e fechado. Sem perder a definição e o peso do grave.
    Outra característica, dele plugado, é que ele não tem a tendencia de ressaltar médios. E isso acho positivo nos instrumentos,
    o que pode ser bem negativo para algumas pessoas. Por isso é importante TESTAR vários antes de comprar.



    Eletrônica:
    Ele possui um pré da própria marca que nomearam de TW Premium Plus.
    Os controles de bass-middle-treble atuam muito bem.
    Ele possui logicamente um controle de presence, que joga um brilho ainda mais estalado no baixo. Sinceramente achei exagerado até.
    Serve pra um baixo solo ou brincar de slap (não faça isso com seu baixolão).
    Ele possui um controle de Phase, que dizem que inverte a fase ne. Na real, dá um sutil cortada no agudo. Não serve de anti-feedback nem forçando a barra.
    Possui controle de volume, é claro, e o afinador.

    O afinador não é tão preciso assim. Preciso ressaltar isso.
    Ele cumpre o papel de te deixar bem perto da nota, mas ao afinar usando harmônicos, nota que ta um pouquinho desafinado.
    Ele só possui uma saída p10, não possui saida XLR. Ponto negativo em comparação com outros como o Strinberg.




    Conclusão
    Pros: Preço bem acessível para um instrumento bem acima da média. Ótima tocabilidade e muito bom timbre, tanto plugado quanto desplugado.
    Contras: Corpo um pouco desconfortável, afinador um pouco impreciso, falta de saida balanceada XLR.

    Recomendação: para quem esse instrumento é ideal?
    Pra baixistas iniciantes/intermédiários que procuram um instrumento pra um picnic, acampamento, tocar ao ar livre, e gravação algo acústico.
    Para baixistas que procuram uma coisa mais profissional, sugiro subir o nível.

    Nota final: 9pts (só não dei 10 porque nada nesse mundo é tão bom que não possa melhorar)



    ===================================================================

    Comparação rápida com modelos concorrentes.
    Strinberg SB240C: Ganha no quesito madeira da escala que é uma madeira indiana (pelo menos dizem) e no quesito eletronica (saida XLR e afinador). Perde na qualidade das cordas, que lembra arame farpado.
    Posso falar dele pois já tive um, e apesar de que eu gostava dele, não posso negar que existem outros bem melhores.

    Michael BM401DT: Ganha no quesito preco/qualidade. É um instrumento barato e muito bom. Perde no acabamento, com verniz no tampo e se sente o som abafado.

    Giannini GBA4: O modelo que testei tinha umas marcações da escala em formato de cruz gótica, bem bonitos. Mas o som é xoxo e a tocabilidade horrível. Além de desconfortável no colo.

    Rozini RBX820 Mini: Testei a versão "grande" e a versão "pequena": Achei um PESSIMO instrumento. Coisa que meu luthier confirma inclusive. A Rozini caiu de qualidade nos ultimos tempos. O baixolão grande é apenas "ok" e o pequeno mais parece um brinquedo. Não tem nada de premium nele. Os trastes são cheios de rebarba de cola, e um verniz altamente espesso tanto no braço quanto no corpo o fazem parecer bala de caramelo. O som é muito abafado e a tocabilidade, nem comento. Mais parece um ukelele grave mal feito.

    Eagle 90: Achei um instrumento bom, porém caro para o que se propoe. O acabamento envernizado no tampo, que claramente não é solido, deixa ele com ar de instrumento básico de entrada. O ponto positivo é: Ele tem boa tocabilidade, encaixa muito bem no corpo, e tem cordas razoaveis. O timbre é bem fechado, mas talvez se resolva com cordas diferentes. Alem disso, no bocal tem um acabamento estilo madre-perola, e isso achei muito bonito. O cavalete tambem é bonito pra caramba, talvez o mais bonito que vi em todos os baixolões.

    Hofma HBS190: É um instrumento barato, com qualidade barata. Mas isso o torna honesto. Incrivelmente achei ele mais bonito que o Tagima AB400 e até mesmo um Cort que cheguei a tocar por pouco tempo.

    Phx WJB-165: Um instrumento nem-fede-nem-cheira. Testei a versão de 5 cordas. Porém, ele é bonito de acabamento e muito ruim em tocabilidade. Com certeza após uma boa regulagem pode ficar um instrumento mais interessante, mesmo assim, não cogitei nem me balancei pra compra-lo não.

    Seizi Mini-Kyoto: É um baixolão muito bonito e tem um som "ok". Pros: portabilidade, tem o tamanho de um violão e até se confunde facil com um. Contra: Achei caríssimo para um instrumento muito ruim de tocar. Mais em termos gerais é bem superior ao Rozini Mini.

    Tagima AB400 e AB500: É o baixolão de entrada da marca, digamos assim. Ele é muito bonito visualmente, mas bem jumbão e desconfortável no colo. Tem um som apagado e xoxo e é bem duro de tocar. Além disso, por ser todo fosco, acho que merecia um acabamento um pouquinho mais bem feito, menos rústico. O michael cor caramelo satin (cor de ferrugem) tem um acabamento mais caprichado.

    Ibanez AEGB24E: Esse baixolão talvez seja o mais lindo de todos. Acabamento primoroso, bem diferente dos demais. Está tambem em outra faixa de preço.
    De tocabilidade é muito bom e encaixe no corpo tambem otimo. Era de se esperar de um baixolão que, em outubro de 2024, custa 5 mil reais.
    Mas de som não é tão bom, quanto o que comprei, o Tanglewood. Então, não é la tao custo beneficio assim.

    Fender CB60: Sabe aquele baixolão que ... sei la, não é nada demais?! É este. Não tem um som grande, não é uma manteiga, e nem tem um acabamento que se diga "nossa que baixolão angelical!". Apenas é razoavel em tudo, ou seja, tem tocabilidade ok, som ok, aparencia ok. No geral é bem sem sal, e nao vale metade do que custa.

    Parafrago especial para Tagima Gran Reserva New Orleans, de 5 cordas
    Só não o comprei, porque ele tinha esse defeito - ser 5 cordas - e talvez pra outra pessoa é uma qualidade bem vinda.
    Esse baixolão é sensacional ! Realmente uma coisa muito bem feita da Tagima, que por uma vez ou outra faz uma obra prima no meio de muita coisa ruim.
    Em especial baixos, que a Tagima tem vários e nenhum é bom..bom mesmo.

    Mas esse baixolão é bom em tudo: Tocabilidade excelente, Postura e encaixe do corpo fantastico.
    Cordas são de um material um pouco diferente, não sei explicar, mas lembra ouro branco envelhecido. Tem um timbre lindo.
    A escala é ainda melhor que o Tanglewood, e a beleza.......MARAVILHOSO.
    Eletricamente tem uma projeção linda tambem, e é uma teteia pra tocar.
    Amigos, que baixolão!

    O defeito é: 5 CORDAS.
    Se pra voce isso nao é defeito, vá nesse baixolão se quiser um excelente custo benefício.

    FIM!

    LeandroP
    Moderador
    # 29/out/24 08:06
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    Buja

    Excelente review.
    Valeu pela contribuição :)

    makumbator
    Moderador
    # 29/out/24 21:37
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    Buja

    Eu tive um Strinberg de 4 cordas e um Gianinni fretless de 5. O Strinberg era bastante bom, o Gianinni nem tanto.

    Apesar de eu até usar o Strinberg até bastante em casa (pra tirar música), resolvi vender pra diminuir as tralhas. O Gianinni compre anos atrás pra um projeto específico. No fim doei ele também há alguns anos.

    Esse Strinberg todo ano eu levava pra tocar com um dos meus grupos de casamento em um hospital contra o câncer aqui perto. Eu usava até palheta sentando a porrada pra fazer soar bastante e equilibrar com os dois violinos que iam comigo. Mas a elétrica dele até que era legal.

    Buja
    Veterano
    # 30/out/24 13:39
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    makumbator

    O Strinberg era bastante bom, o Gianinni nem tanto.

    Eu tive um strinberg de 4 cordas tambem, da safra antiga.
    Existem dois modelos diferentes, que tem um "stringberg" escrito na escala, um deles escrito na casa 12 e outro escrito na casa 17.
    Esses mais novos tive a impressao de que o corpo é menor do que o antigo strinberg que tive, e o acabamento melhor tambem.

    Porem achei as cordas bem asperas, se comparado com esse tanglewood que peguei. Mas nao vou saber excplicar a diferença dos materiais nem as cordas. Não é corda flat, mas sao materias diferentes ao que parece, ou talvez seja a espessura, nao sei.

    Sobre tocar ao vivo, o antigo stringerb eu toquei mais plugado do que desplugado rsrs, e o som era bom. Esse tanglewood, espero passar a lua de mel pra dar mais detalhes confiáveis!

    makumbator
    Moderador
    # 30/out/24 16:23
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    Buja

    O meu antigo Steinberg comprei já usado de um ex aluno. Eu usava cordas Elixir pra baixolão nele. Muito boas.

    Buja
    Veterano
    # 31/out/24 16:46
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