Bio de compositores contemporâneos

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    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05


    Gostaria de dedicar esse tópico aos compositores contemporâneos, muitas vezes desconhecidos do grande público e q só serão realmente conhecidos depois de morrerem!!Ajudem aí...

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    EGIBERTO GISMONTI


    Nasceu em uma família de músicos em Carmo, pequena cidade do interior do estado do Rio, filho de pai libanês e mãe italiana. Desde cedo freqüentou o Conservatório, estudando piano. Se interessou pela pesquisa da música popular e folclórica brasileira, chegando a passar uma temporada vivendo com os índios no Xingu. Em 1968 participou do Festival da TV Globo com a música "O Sonho", defendida por Os Três Moraes. No V Festival Internacional da Canção, em 1970, concorreu com "Mercador de Serpentes". No final da década de 60 foi para a Europa, onde teve aulas de piano com a renomada professora Nadia Boulanger. Fez shows na Europa e lançou, no Brasil, em 1969 o primeiro LP, "Egberto Gismonti". No início dos anos 70 alternou entre o Brasil e a Europa, gravando discos lá e cá. Do disco "Egberto Gismonti", de 1973, destacaram-se algumas faixas, em parceria com Geraldo Carneiro: "Tango", "Encontro no Bar" e "Luzes da Ribalta". Por influência do choro, passou a se interessar pelos diferentes tipos de violão e instrumentos de corda, e começou a aprender o instrumento, passando depois para o violão de 8 cordas, por volta de 1973. Por essa época começou também a estudar diferentes instrumentos, principalmente flautas e kalimbas. Foi um dos primeiros músicos brasileiros a dominar sintetizadores. Depois concentrou sua carreira no exterior, gravando discos premiados com o percussionista brasileiro também radicado fora do Brasil Naná Vasconcelos ("Dança das Cabeças", de 1976), e com outros instrumentistas, como Charlie Haden e Jan Garbarek. Gravou 15 discos entre 1977 e 1993 para o selo norueguês ECM, dez dos quais lançados no Brasil pela BMG em 1995. Através de seu selo Carmo, recomprou seu repertório inicial, e é um dos raros compositores brasileiros donos de seu próprio acervo. Recentemente sua obra passou a ser gravada maciçamente por outros instrumentistas. Algumas peças do disco "Alma", de 1987, tornaram-se hits, como "Palhaço" e "Loro".

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    HERMETO PASCOAL (nasc.22/6/1936)

    Conhecido como "o bruxo" ou "o mago", é considerado por boa parte dos músicos como um dos maiores gênios em atividade na música mundial. Poliinstrumentista, é famoso por sua capacidade de extrair música boa de qualquer coisa, desde chaleiras e brinquedos de plástico até a fala das pessoas. Hermeto nasceu em Arapiraca, no interior de Alagoas, e desde pequeno aprendeu a tocar flauta e sanfona. Aos 11 anos de idade já se apresentava em forrós e feiras na companhia do irmão. Em 1950 a família se mudou para Recife e ele continuou se apresentando com o irmão na rádio. No final da década foi para o Rio de Janeiro, onde tocou em conjuntos regionais e na Rádio Mauá. Mais tarde transferiu-se para São Paulo, onde formou o grupo Som Quatro. Depois integrou o Sambrasa Trio, ao lado de Airto Moreira (bateria) e Claiber (baixo). No final dos anos 60 começou a ganhar fama como pianista e flautista do Quarteto Novo, que lançou seu primeiro e único disco em 1967. Nesse LP figurava a primeira composição de Hermeto que foi gravada: "O Ovo", que se tornou um clássico da música instrumental, assim como "Bebê". O Quarteto Novo surgiu como proposta de inovação musical, por misturar elementos legítimos nordestinos, como as levadas de baião e xaxado, e harmonias jazzísticas e contemporâneas. No início da década de 70 foi aos Estados Unidos a convite de Airto Moreira e lá gravou com Miles Davis e num disco de Airto. De volta ao Brasil, gravou, com grande êxito, o LP "A Música Livre de Hermeto Pascoal", onde apresenta temas seus e interpretações de clássicos como "Asa Branca" (Luiz Gonzaga) e "Carinhoso" (Pixinguinha). Participou do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, compôs peças sinfônicas, construiu instrumentos e gravou diversos discos por gravadoras diferentes. Excursiona freqüentemente aos Estados Unidos e Europa, onde é muito popular, especialmente entre músicos.

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    AIRTO MOREIRA (nasc.5/8/1941)

    Estudou música desde criança em Ponta Grossa, Paraná, onde aprendeu canto, piano, violino e bandolim, além de teoria musical. Aos 13 anos já tocava e cantava profissionalmente. Trabalhou em casas noturnas como crooner, mas depois que foi para São Paulo passou a atuar principalmente como baterista. Tocou no Sambalanço Trio, ao lado de César Camargo Mariano (piano) e Humberto Claiber (baixo), no Sambossa Trio e no Quarteto Novo, do qual fazia parte Hermeto Pascoal. No fim dos anos 60 mudou-se para os Estados Unidos, onde trabalhou com diversos músicos e chegou a fazer parte da banda de Miles Davis entre 1970 e 72, junto com Chick Corea, Wayne Shorter e outros. Criou um estilo na utilização de variados instrumentos de percussão e foi aclamado pela crítica especializada, ganhando várias vezes o título "Melhor Percussionista do Ano". Mais tarde formou bandas e atuou como solista sendo requisitado por artistas como Paul Simon, Quincy Jones e Herbie Hancock. Apresenta-se freqüentemente com a cantora Flora Purim, sua mulher desde os anos 60 e desenvolve trabalhos ligados à world music, misturando música folclórica brasileira, marroquina e africana. Atua também como produtor e educador em diversos países. Airto faz parte do grupo de músicos brasileiros mais conhecidos no exterior do que no Brasil.

    Juliano de Oliveira
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    # abr/05
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    NANÁ VASCONCELOS (nasc.2/8/1944)

    Filho de um violonista de Recife, teve na infância influências musicais que iam de Villa-Lobos a Jimi Hendrix. Especializou-se em instrumentos de percussão brasileiros, particularmente o berimbau. Depois de tocar por algum tempo em cabarés e bandas de Recife, mudou-se em 1966 para o Rio de Janeiro, onde conheceu Luiz Eça, Wilson das Neves, Gilberto Gil, e passou a acompanhar Milton Nascimento e o Som Imaginário. Integrou o Quarteto Livre (com Nelson Ângelo, Franklin da Flauta e Geraldo Azevedo) em 1968, mesmo ano em que acompanhou Geraldo Vandré no show "Caminhando (Pra Não Dizer que Não Falei de Flores)", logo interditado pela censura. Em 1970 foi convidado para integrar a turnê do saxofonista argentino Gato Barbieri pelos Estados Unidos e Europa. Por essa época começou a desenvolver seu trabalho de vanguarda. Naná radicou-se em Paris, onde gravou seu primeiro disco, "Áfricadeus". Em 1973 gravou no Brasil "Amazonas", um disco que se tornou um marco na combinação de percussão e voz na MPB. De volta ao Brasil, trabalhou com Egberto Gismonti por oito anos, tendo gravado juntos três álbuns, entre eles o aclamado "Dança das Cabeças". Nos anos 70 Naná Vasconcelos tocou com grandes nomes da música internacional, como Pat Metheny, B.B. King e Paul Simon. Já se apresentou como solista acompanhado por orquestras sinfônicas, excursionou pela Europa com dançarinos do Bronx e fez trilha sonora para cinema ("Down By Law", de Jim Jarmush). Além de dominar uma grande variedade de instrumentos de percussão, Naná Vasconcelos contribuiu para a divulgação internacional do berimbau.

    Juliano de Oliveira
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    # abr/05
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    MARCUS VIANA (nasc.3/8/1953)

    Nasceu em uma família mineira muito ligada à música. O pai era maestro e trabalhou com Villa-Lobos. Marcus estudou violino no conservatório e na universidade. No começo dos anos 70 viveu um período nos Estados Unidos, onde começou a compor e tocou em orquestra. Voltou ao Brasil e passou a participar de festivais de música popular em Minas, em que ganhou diversos prêmios. Sem abandonar a música erudita, foi membro da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais por sete anos. No final da década de 70 integrou o grupo Saecula Saeculorum, que iniciou seu contato com o rock progressivo. Foi um dos primeiros no Brasil a usar violino elétrico. Em 1979 formou o conjunto Sagrado Coração da Terra, que juntava música vocal e instrumental, rock progressivo e música sinfônica e textos com temas espirituais. O grupo alcança sucesso, e Viana se aproxima dos outros compositores mineiros do Clube da Esquina, como Flávio Venturini, Beto Guedes, Lô Borges e Milton Nascimento. Em 1989 lança seu disco solo, "Fantasia de Natal". Também compõe trilhas para filmes, peças, balés, novelas e jingles comerciais. Escreveu a trilha da novela "Pantanal", da extinta TV Manchete, que projetou seu nome. Nos anos 90 inaugurou uma série infantil de discos, com canções de roda, de ninar, de natal etc. Em 1999 lançou um trabalho inspirado na obra de Chiquinha Gonzaga, acompanhado por Maria Teresa Madeira.

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    CHICK COREA (nasc.1941)


    Oriundo de uma família musical, Armando Anthony Corea começou a tocar piano aos quatro anos e desde cedo escutava tanto os mestres do jazz como os mestres da música clássica. Iniciou sua carreira tocando com as bandas de Mongo Santamaria, Willie Bobo (1962-1963) e Blue Mitchell (1964-1966). Gravou seu primeiro disco como líder em 1966. De 1968 a 1970 tocou com Miles Davis, exatamente durante a célebre fase de transição para o jazz-rock, participando dos discos Filles de Kilimanjaro, In a Silent Way e Bitches Brew. Isso sem dúvida contribuiu para tornar seu nome mais conhecido. Ao deixar o grupo de Miles, Corea tocou por um breve período com o grupo de vanguarda Circle, formado por Anthony Braxton, Dave Holland e Barry Altschul. Em um dos primeiros discos de Corea para o selo ECM, intitulado A.R.C., de 1971, o grupo que toca é um trio: o Circle sem Braxton. Depois do Circle, Corea formou um dos grupos mais influentes do então emergente estilo fusion, o Return to Forever, que teve diversas formações entre 1971 e 1977, sempre com Stanley Clarke ao contrabaixo.

    Entre meados dos anos 70 e meados dos anos 80, Corea esteve envolvido em diversos projetos diferentes: duos com o pianista Herbie Hancock (1978) e com o vibrafonista Gary Burton (1979), um quarteto acústico de jazz post-bop (Three Quartets, de 1981, com Michael Brecker, Eddie Gomez e Steve Gadd), gravações com conjuntos grandes (The Leprechaun, de 1975, My Spanish Heart, de 1976, e The Mad Hatter, de 1978), além de uma turnê reagrupando o Return to Forever em 1983. Em 1985, já no selo GRP, Corea formou um novo grupo de fusion, a Elektric Band, e um pouco depois a Akoustic Band. Em ambas as formações o contrabaixista era o jovem e brilhante John Patitucci.

    Nos anos 90, Corea continuou produzindo uma obra diversificada, incluindo discos solo, um tributo a Bud Powell (1996) e um reencontro com Gary Burton (1997). Em 1992 Corea fundou seu próprio selo, o Stretch, que depois se tornaria uma subsidiária da Concord. Em 1998 formou um novo grupo acústico, o Origin, que estreou no clube Blue Note. O grupo conta com a presença de outro jovem e talentoso contrabaixista, Avishai Cohen.

    O estilo de Corea é multifacetado, adaptando-se aos diferentes tipos de instrumento que utiliza - piano acústico, piano elétrico, teclados portáteis de tessitura reduzida, sintetizadores com muitos recursos. Não obstante, podemos tentar identificar alguns elementos predominantes. O fraseado de Corea é sempre nítido e bem delineado, claramente focalizado, mesmo nas passagens mais rápidas. Está literalmente repleto de síncopas, mormente nas execuções em estilo mais fusion. Também são características as progressões cromáticas ascendentes e descendentes. Os improvisos de Corea apresentam um fraseado complexo, possuindo uma verdadeira estrutura interna. Embora capaz de tocar passagens suaves, Corea em geral se revela um pianista de toque mais vigoroso do que um Bill Evans, por exemplo - de quem no entanto pode ser considerado um herdeiro no plano harmônico.

    A técnica pianística de Corea exibe uma notável independência entre mão esquerda e direita, mas isso não exclui o uso freqüente de oitavas paralelas. No plano harmônico, não é raro encontrar quartas superpostas, bem como acordes politonais, isto é, formados pela superposição de dois acordes distintos. A ornamentação é sempre bastante elaborada - mais um traço que o aproxima de Evans. Uma boa introdução ao estilo de Corea é o ensaio que a pianista e professora universitária Monika Herzig publicou na Internet, intitulado “Chick Corea - A Style Analysis” (Chick Corea - Uma análise estilística). (Algumas das noções aqui expostas acham-se corroboradas naquele ensaio; algumas outras foram por ele sugeridas, dívida que com satisfação registro aqui.)

    Chick Corea é, sem dúvida, um dos mais versáteis e técnicos pianistas da atualidade. Como se pode perceber pela discussão acima, o acervo de técnicas que ele utiliza em suas execuções denota um total domínio do instrumento. Além disso, dono de vasta bagagem musical, Corea mantém-se aberto às mais variadas influências, incluindo a música brasileira e latina. Também fez da alternância entre o piano acústico e os teclados eletrônicos um hábito constante. Estas duas últimas características, convém lembrar, valeram-lhe algumas críticas. No que se refere ao repertório, cabe destacar a onipresente “Spain”, tema composto em 1972 e que desde então vem reaparecendo na carreira de Corea sob as mais diversas formas - piano solo, grupos acústicos, grupos elétricos, big bands de fusion, arranjos sinfônicos - sem falar nas dezenas de versões feitas por outros músicos.

    Numa tentativa de fazer um balanço da carreira de Corea, duas constatações de caráter geral são certas: primeiro, independente do estilo que estiver adotando num dado momento, ele sempre se cerca de músicos altamente competentes. Segundo, quer se esteja junto com aqueles que preferem o seu lado mainstream, quer com aqueles que preferem o lado fusion, a obra de Chick Corea é tão extensa e bem desenvolvida que inclui material mais do que suficiente para agradar fãs de ambos os lados.

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    CÉSAR CAMARGO MARIANO (nasc.1943)

    Aos treze anos de idade César ganhou de seu pai um piano. Começou a dedilhar o teclado e a tirar músicas de ouvido guiado por alguns toques de seu pai, professor de música. Nove meses mais tarde foi convidado a participar do show da trombonista norte-americana Melba Liston, então trombonista de Dizzy Gillespie. No mesmo ano se apresenta na Rádio Globo, sendo apresentado como: “o menino prodígio que toca jazz”.

    No mesmo ano conhece Johnny Alf que passa a frequentar sua casa. O pai da bossa nova se dá muito bem com toda a família Mariano e eles o convidam a morar em sua casa. Nesse período que conviveu com Alf, César progrediu muito conforme o mestre lhe desvendava os segredos da harmonia, composição e arranjo. Tudo de ouvido sem estudar a sério teoria.

    Passados dois anos César decide se dedicar à teoria e passou a estudá-la com seu pai. Meses depois desistiu dos estudos e seguiu tocando de ouvido com pequenos grupos, até que recebeu um convite para participar do programa Passaporte para o Estrelato, na TV Record.

    Em 1958, aos quinze anos de idade, em decorrência da vinda de Nat King Cole ao Brasil e da forte influência que o músico exercia sobre som, César foi convidado para fazer a divulgação do show de Nat. O menino aparecia com as mãos e os braços pintados de preto tocando temas do músico. O próprio Nat King Cole ficou muito impressiono ao ver a chamada e mandou convidar o tal menino para o show. Entusiasmado foi barrado na porta por ser menor de idade e nunca mais viu o ídolo.

    Dois anos mais tarde, embora não soubesse ler partitura, foi aceito na orquestra de William Furneaux, passando a tocar em bailes de três a quatro vezes por semana. Aos dezesseis já era músico profissional. Nessa mesma época, sendo o dinheiro da música insuficiente conseguiu um emprego em banco e montou um quarteto com Théo de Barros no contrabaixo, Flavio Abbatepietro no trumpete e José Luis Schiavo na bateria, tocando em festas e bailes.

    O grupo encantou o maestro Enrico Simonetti que os convidou para uma temporada de 160 apresentações e sugeriu que o grupo fosse aumentado surgindo o grupo Três Américas. No tradicional bar paulistano Baiúca, integrou o quarteto do contrabaixista Sabá, o Sabá Quartet, acompanhado Hamílto Pitorre na bateria e Théo de Barros no violão, tocando lá por cerca de dois anos. Formou em 64 um outro trio com Airto Moreira e Humberto Clayber no contrabaixo, o "Sambalanço Trio". No mesmo ano foi convidado por Lennie Dale, um coreógrafo e cantor ítalo-americano que nasceu como Leonardo La Ponzina, para fazer a produção musical de um espetáculo sobre a bossa nova, o qual rendeu o disco "Lennie Dale & Sambalanço Trio no Zumzum".

    Nos anos seguintes fez a direção e produção musical de diversos cantores como Marisa Gata Mansa, Wilson Simonal, Elizeth Cardoso e finalmente Elis Regina. Em 1971, produziu, arranjou e dirigiu seu show no Teatro da Praia e também seu disco pela PolyGram, Elis. Para a tarefa chama um time invejável de músicos: Hélio Delmiro na guitarra, Luisão Maia no baixo e Paulo Braga na bateria. Produziu e dirigiu os próximos doze discos da cantora, entre eles os impagáveis: "Elis e Tom" e "Elis em Montreux".

    No começo dos anos oitenta compôs trilhas para os filmes “Eu te amo”, de Arnaldo Jabor e “Além da Paixão”, de Bruno Barreto. Em 1988, excursionou todo o Brasil e América Latina com o show Ponte das Estrelas, no qual era acompanhado pelos baixistas Luisão Maia e Pedro Ivo; os percussionistas Azael Rodrigues e João Parahyba, Ulisses Rocha no violão e guitarra e Pique Riverte, saxofones e flauta. Sendo também lançado em disco ao vivo. No ano seguinte apresentou-se no festival de jazz de Montreux fazendo um duo com João Bosco e também fez dez apresentações na Espanha com um trio acústico formado por Paulo Moura e Hélio Delmiro.

    Em 1990 voltou a escrever trilhas para o cinema e teatro. Quatro anos mais tarde mudou-se para Nova Iorque. Lá encontrou Sadao Watanabe de quem recebeu o convite para produzir e arranjar seu próximo álbum, "In Tempo". Produziu e arranjou também o seguinte, Viajando. Excursionou diversas vezes ao Japão integrando o grupo do saxofonista. Apresentou-se também no Blue Note de Nova Iorque, na mesma época. Em 1995 gravou a trilha sonora para um programa da televisão japonesa. No mesmo ano, no Chile, encontrou Michel Petrucciani em um festival e sentando-se ao seu lado no piano executaram um tema a quatro mãos.

    No ano seguinte formou um quarteto com Romero Lubambo na guitarra, Leo Traversa no baixo e Mark Walker para apresentar uma homenagem a Elis Regina, no festival de Montreux, tendo como convidado especial Milton Nascimento. Em 1997, sendo o comandante de uma das noites do Heineken Festival, convida o saxofonista Michael Brecker e a cantora Diana Reeves, tocando em São Paulo, Rio e Porto Alegre.

    Ainda nos anos noventa, foi convidado por duas vezes (97-99) pelo maestro e produtor Ettore Stratta para ser o diretor musical e arranjador do “All Jobim Concert” no Carnegie Hall, dos quais participaram, entre outros, Dori Caymmi, Joe Lovano, Sharon Isbin, Al Jarreau, Ivan Lins, Michael Brecker e Romero Lubambo.

    Em 1998, fez outra série de show com o saxofonista Sadao Watanabe, desta vez, acompanhado por Paulo Braga na bateria, Marcelo Mariano no contrabaixo, Romero Lubambo na guitarra e violão e Café na percussão. Lá fez também jingles para comerciais veiculados na TV japonesa. Apresentou-se em duo com o guitarrista Romero Lubambo no Birdland, em Nova Iorque e no Jazz Showcase, em Chicago.

    Escreveu o arranjo, no ano seguinte, para o disco de Romero Lubambo, Love Dance e também o arranjo de cordas do disco Blossom’s Planet, da cantora Blossom Dearie.

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    MARLOS NOBRE (nasc.1939)

    Marlos Nobre de Almeida nasceu em Recife, Pernambuco, no dia 18 de fevereiro de 1939. Iniciou seus estudos musicais em Recife aos 5 anos de idade, no Conservatório Pernambucano de Música. Diplomou-se em piano e matérias teóricas em 1955.Em 1956 prosseguiu seus estudos no Instituto Ernâni Braga do Recife, diplomando-se com distinção em Harmonia e Contraponto em 1959. Em 1958, com uma bolsa de estudos do Departamento de Documentação e Cultura do recife, participou do I Curso Nacional de Música Sacra, cursando Harmonia, Contraponto e Composição com o padre Brighenti.

    Posteriormente fez cursos de aperfeiçoamento com H. J. Koellreutter e Mozart Camargo Guarnieri. Em 1963 viajou para Buenos Aires, onde estudou no Instituto Torcuato di Tella, na qualidade de pós-graduado, estudando com Alberto Ginastera, Olivier Messiaen, Aaron Copland, Luigi Dallapiccola e Bruno Maderna. A estréia de seu Divertimento para piano e orquestra foi em 1965, no Rio de Janeiro, época em que compôs Ukrimakrinkrin , para voz e conjunto instrumental. Ocupou a direção musical da Rádio MEC (1971) e do Instituto Nacional de Música da Funarte (1976). Entre 1985 e 1987 esteve na presidência do Conselho Internacional de Música da Unesco, em Paris, a passando a dirigir a Fundação Cultural de Brasília em 1988. Dirigiu a Fundação Cultural do distrito Federal, entre os anos de 1986 a 1990. Foi o primeiro brasileiro a reger a Royal Philarmonic Orchestra de Londres, em 1990. Atualmente ocupa a Cadeira nº 01 da Academia Brasileira de Música.


    Principais Obras

    Música orquestral: Convergências (1968), Ludus instrumentalis para orquestra de câmara (1969), Biosfera para orquestra de cordas (1970), In memoriam (1973), Xingu (1989), Divertimento para piano e orquestra (1965), Desafio para piano e orquestra de cordas (1968), Concerto Breve para piano e orquestra (1969), Concerto para cordas n. 1 (1976), Concerto para cordas n.2 (1981), Concerto para piano e orquestra de cordas (1984), Concerto para trom,pete e cordas (1989) e Concertante do imaginário para piano e orquestra (1989).

    Música de câmara: Trio (1960), Ukrimakrinkrin (1964), Canticum instrumentale (1967), Quarteto de Cordas n.1 (1967), Rhytmetron (1968), Sonâncias (1972), Sonatina (1989), Fandango

    Piano: Homenagem a Arthur Rubinstein (1973), Sonata (1977), Tango (1984), Toccatina, Ponteio e Final Op. 12 (1963)

    Violão: Momentos I,II,III, IV, Prólogo e Tocata (1984).

    Música coral: Cantata do Chimborazo (1982) e Descobrimento da América (1990).

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    ALBERTO EVARISTO GINASTERA (Buenos Aires, Argentina 11 de Abril de 1919 - Genebra, Suíça 25 de Junho de 1983)


    Ginastera, um dos mais importantes compositores da Argentina, nasceu em Buenos Aires, em 1916, e estudou no Conservatório Nacional de Música da capital portenha, sob a orientação de Athos Palma.

    A atividade pedagógica e de animação cultural de Ginastera foi igualmente produtiva, sendo professor de composição por vários anos no Conservatório Nacional e na Universidade Católica, além de ser o principal responsável pela criação do Centro Latino-Americano de Altos Estudos Musicais do Instituto Torcuato di Tella, de Buenos Aires, por onde passaram alguns dos mais talentosos jovens compositores de quase todos os países do continente.

    Em suas obras encontram-se a síntese de elementos politonais e dodecafônicos com os ritmos e temas típicos argentinos.

    Obras principais: para piano, Danças Argentinas (1937); para harpa, Sonatina (1939); música de câmara, Impressões do altiplano (1934), para orquestra, Concerto Argentino (1935); para piano e orquestra, Abertura para Fausto Crioulo (1943), Variaciones concertantes (1943); música vocal, Cantos de Tucumán, sobre versos de Rafael Sanches (1938); bailados, Panambi (1941), baseada em uma lenda guaraní, e Estância (1941), sobre a vida rural argentina. Também compôs música para o filme Malambo (1942).

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05 · Editado por: Juliano de Oliveira
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    ALMEIDA PRADO (nasc.1943)

    Almeida Prado (pianista, professor e compositor) nasceu no dia 8 de fevereiro de 1943 em Santos, São Paulo. Iniciou seus estudos musicais com Lourdes Joppert, Maria José Oliveira (Teoria) e com o maestro Tabarin. Estudou Piano em São Paulo desde 1954, com Dinorah de Carvalho, Composição com Camargo Guarnieri e Harmonia e Contraponto com Osvaldo Lacerda. Diplomou-se em 1963 no Conservatório de Santos. Estudou, no Conservatório de Paris de 1969 a 1973, com Olivier Messiaen, Nadia Boulanger e Annette Dieudonnée com bolsa de estudos oferecida pelo governo da Guanabara pela premiação recebida em um festival de composição com a sua peça Pequenos Funerais Cantantes, com versos de Hilda Hilst.
    De volta ao Brasil, foi diretor do Conservatório Municipal de Cubatão. De 1975 a 2000 foi professor de Composição do Departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp, onde defendeu , em 1986, a tese de doutorado “Cartas Celestes": uma Uranografia Sonora Geradora de Novos Processos Composicionais.
    Possui um catálogo com aproximadamente 350 obras. Seu estilo é múltiplo, vindo do nacionalismo de Villa-Lobos e Guarnieri, passando por fase pós-serial atonal, pelo transtonalismo em suas Cartas Celestes, pelo misticismo em sua Missa de São Nicolau, as cantatas Adonay Roy, Yerushalaim Nevé Shalom, e pelo pós-modernismo nos Poesilúdios e Prelúdios para piano. Atualmente segue a linha tonal livre.
    Almeida Prado ocupa, desde 2001, a Cadeira n.º 15 da Academia Brasileira de Música.

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    EDMUNDO VILLANI-CÔRTES(nasc.1930)


    Edmundo Villani-Côrtes (professor, pianista, arranjador e compositor) nasceu em 8 de novembro de 1930, em Juiz de Fora, MG. Seu primeiro instrumento foi o Violão, que aprendeu de maneira intuitiva. Iniciou seus estudos formais em música aos 17 anos. Formou-se em Piano pelo Conservatório Brasileiro de Música, em 1954. Posteriormente estudou Piano no Conservatório Lorenzo Fernandez, no Rio de Janeiro e Composição com Camargo Guarnieri e Henrique Morelembaum.
    Atuou como pianista nas orquestras de Osmar Millani e Luiz Arruda Paes e trabalhou também como arranjador em trilhas e jingles e como pianista arranjador da TV Tupi de São Paulo em mais de 1000 arranjos para combinações diversas. No final da década de 80 integrou o quinteto "Jô Soares Onze e Meia", no SBT.
    Mestre pela Universidade do Rio de Janeiro e doutor pela UNESP, Edmundo Villani-Côrtes tem as suas composições apresentadas nos EUA, Europa e Japão. Compôs “Vozes do Agreste” para o conjunto Salford University Brass. Ao lado de uma carreira de professor de composição junto à Academia Paulista de Música, UNESP, Festival de Inverno de Campos do Jordão, Edmundo Villani-Côrtes recebeu diversos prêmios em concursos de composição. Sua vasta obra com mais de 200 títulos para instrumento solista, coro, canto, conjunto de câmara, banda e orquestras sinfônicas tem recebido o reconhecimento do meio musical com inúmeras apresentações na vida cultural brasileira, sobretudo na cidade de São Paulo.
    Em 1994 foi-lhe conferida pela Prefeitura do município de Juiz de Fora a "Comenda Henrique Halfeld".

    Dogs2
    Veterano
    # abr/05
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    só pode ser brazuca?

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    Ñ.O Ginastera ñ é.

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # abr/05
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    Ñ precisa.O Ginstera ñ é.Nem o Chick Corea...

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # mai/05
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    Ninguém conhece esses caras??Ñ vão ajudar aí...

    Sávio Stoco
    Veterano
    # jun/05
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    O Cláudio Santoro nasceu em Manaus. Mas, ei, Juliano, tem que ser uma biografia fazida ou pode colar?

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # set/05
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    Sávio Stoco
    Pode colar...Essas daí eu nem lembro a fonte!!

    Marcelo Torca
    Veterano
    # set/05
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    Valeu!

    Dave Grohl
    Veterano
    # set/05
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    Juliano de Oliveira
    Ninguém conhece esses caras??

    o Chick Correa já tocou com o foo fighters !!

    Dave Grohl
    Veterano
    # set/05 · Editado por: Dave Grohl
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    editado : errei

    Dave Grohl
    Veterano
    # set/05
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    putz huauhauhauha agora que vi que aqui é de música erudita huahuahuahuahuahua foi mal

    anonimo_83
    Veterano
    # set/05
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    Dave Grohl
    NEIL YOUNG ????
    Vc so pode ter enlouquecido! tenha dó viu! To até tendo convulsoes agora ! aff!

    Dave Grohl
    Veterano
    # set/05 · Editado por: Dave Grohl
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    Balbino Junior

    foi mal cara, eu não tinha visto que era de música erudita, eu pensei que era de música em geral pois o ícone é o mesmo

    Dave Grohl
    Veterano
    # set/05
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    independente do estilo que estiver adotando num dado momento, ele sempre se cerca de músicos altamente competentes

    olha !!! ele já tocou com o Foo Fighters !!!

    anonimo_83
    Veterano
    # set/05
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    Dave Grohl
    hehehheheh! Ta ok! rs!

    anonimo_83
    Veterano
    # set/05 · Editado por: anonimo_83
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    Ai Vai a minha contribuição para o topico:


    LEO BROUWER

    Nasceu em Habana, Cuba, no dia primeiro de março de 1939. É o mais importante compositor cubano do século XX e, no campo específico do violão, o maior autor vivo. Começou estudando piano. Foi influenciado pelo neoclassicismo e pelo nacionalismo. Os músicos que influenciaram suas composições são Falla, Bartok e Stravinski. Estudou composição nos Estados Unidos. É o último de uma linhagem de violonistas-compositores que vai de Sor a Villa-Lobos.

    De ancestrais holandeses, herdou a música (e o violão) de seu pai. É curioso o fato de que o compositor Ernesto Lecuona (autor de várias canções populares, " Granada " entre elas) era seu tio-avô; não houve, entretanto, um contato próximo entre eles, pois Lecuona faleceu quando Brouwer ainda era garoto. Inicialmente, como tantos violonistas na América Latina, tocava de ouvido, copiando os discos de Segovia e de Laurindo Almeida. Cuba tinha algum movimento violonístico nos anos 40 e 50; Segovia chegou a manter uma casa na ilha, havia a guitarra flamenca trazida por imigrantes espanhóis, e o Rey de la Torre já iniciava sua carreira.

    Em 1955 foi ao Conservatório de Havana, para aprender matérias teóricas e com a intenção de estudar guitarra flamenca, mas Isaac Nicola (que tem em Cuba a mesma posição que Isaías Sávio tem no Brasil), professor de violão clássico, aluno de Emílio Pujol, convenceu-o a estudar violão clássico. Datam dessa época suas primeiras obras para violão, os " Estudos Sencillos ", as " 3 Piezas sin título ", a " Fuga no.1 " e a " Danza Característica ". Feitas somente como estudo, Brouwer jogou estas obras no lixo. Não fossem cópias mantidas por amigos, hoje não teríamos nenhuma delas. Os Estudos, buscam suprir a falta de composições fáceis incorporando elementos do folclorismo do século XX (Bartok, Falla, Villa-Lobos). A " Pieza sin título no.1 " já traz a certeza da forma, a economia de material, o uso da essência rítmica do folclorismo ao invés da cópia de clichês, e a perfeição na condução das vozes.

    Talvez o maior mérito de Brouwer como compositor para violão seja ter trazido, gradualmente, elementos mais radicais da vanguarda européia para o nosso repertório, e tê-los casado com traços essenciais da música cubana. Suas obras entre 65 e 79, " Elogio de la Danza ", " Canticum ", " La Espiral Eterna ", " Parabola " e " Tarantos " são concisas, equilibradas, fáceis de entender, bem escritas para o instrumento, verdadeiros clássicos do modernismo. A partir dos anos 80, Brouwer compôs " El Decameron Negro " e as " Variações sobre um tema de Reinhardt ", marcam o início da releitura de seu próprio passado. Ao invés dos métodos bartokianos, entretanto, ele prefere uma difusa linguagem de caráter híbrido, com freqüentes empréstimos do pentatonismo, minimalismo, música pop e world music.

    O enfoque está numa poética musical derivada de Barthes e Italo Calvino, em que vários espaços-tempos coexistem na mesma composição. Desconcertante talvez, mas essas são as obras de Brouwer que encontram um público mais receptivo e que têm sido tocadas com mais freqüência, e, sem dúvida há algumas preciosidades, entre elas: Os " Prelúdios Epigramáticos " são puros e comoventes, e a " Paisagem cubana con campanas " possui uma magia perfeitamente calculada. A " Sonata " pode parecer um pouco atônita com o excesso de citações, mas é uma obra do maior interesse. Mais recentemente, ele fez mais um tributo à cultura negra com " Rito de Los Orishas " e um belo e obscuro epitáfio a Takemitsu, " Hika ". As " 3 Danzas Concertantes " são uma bela obra que ainda traz o desconforto na escrita orquestral.

    O Concerto no.1 é a grande obra da fase experimental. A partir do Concerto no.2 ele entra na fase neo-romântica e as obras ficam um pouco repetitivas. Não há muita diferença de valor entre esta obra e os concertos de Toronto (no.4) e de Helsinki (no.5) ou os " Retrats Catalans ". O " Concierto Elegíaco " (no.3) é um pouco diferente, mais sério, e tem sido tocado com mais freqüência desde sua estréia. Não há sombra de dúvida que Brouwer foi o compositor que mais contribuiu para o repertório de violão e orquestra em toda sua história. Não se pode minimizar o impacto que o movimento revolucionário cubano, que culminou na ascensão de Fidel Castro ao poder em 1959, teve na carreira e na ideologia estética de Brouwer. Pode-se até traçar um paralelo entre as necessidades do regime e algumas de suas escolhas estéticas: nacionalista " bartokiano " nos anos 60, progressivamente chegando a uma contemporaneidade mais internacional, com elementos " vanguardeiros " nos anos 70, e um retorno a valores nacionais com um sabor mais New Age no período de decadência do comunismo nos anos 80.

    Brouwer sempre foi um músico cuja crescente reputação internacional jogava uma luz favorável sobre o regime. Muito engajado com a construção de uma estrutura de veiculação de música no novo regime nos anos 60, Brouwer ocupou várias posições oficiais ligadas ao ensino e à música para cinema. Sua reputação internacional começou como violonista, um lado de sua carreira hoje pouco conhecido. Na verdade, Brouwer era um intérprete excepcional. Ele não soa polido o suficiente para os padrões de hoje, mas era um desbravador: caloroso, inventivo, com uma ampla gama de colorido. Nas suas gravações, tem-se a forte impressão de improviso controlado. Em alguns momentos, a pulsação é pensada mais em períodos que em compassos, o fraseado segue o temperamento mais que uma rígida lógica estrutural.

    Por outro lado, em peças atonais, de maior complexidade rítmica, ele é muito mais rigoroso, à exceção de suas próprias obras, que são tocadas sempre com uma atitude mais poética que arquitetônica. O disco que fez para a Deutsche Grammophon traz no repertório, Halffter, Arrigo, Bussotti, que nenhum outro violonista poderia sonhar em tocar na época. Sua presença cênica era, e continua sendo marcante, um problema de coluna não permitia que olhasse para o braço do violão, mantendo sempre a cabeça ereta, o que lhe dava um ar reverente; e a vocação teatral já se evidenciava na gestualidade. Ademais, foi um dos primeiros violonistas a incorporar as investigações estilísticas na interpretação de música antiga, optando por um método de articulações curtas e uma profusão ornamental que soa até um pouco maneirista demais para os padrões atuais (basta examinar sua gravação de sonatas de Scarlatti).

    Uma de suas últimas apresentações, no Festival de Toronto em 1984, incluiu, em um programa de 3 horas de duração, uma improvisação sobre a " Chaconne " de Bach que ganhou um status quase legendário. Uma infecção em uma das unhas, seguida por uma turnê em que ele preferiu estudar o programa evitando aquele dedo, incapacitou sua mão direita e encerrou uma até então brilhante carreira como violonista. Entretanto, suas idéias pouco ortodoxas sobre interpretação encontram um canal na sua atividade como professor e regente. Cheio de " princípios ", de idéias prontas normalmente inspiradas em algum livro ou obra de arte, ele consegue convencer a todos que é função do intérprete investigar, estimular o público e tornar a própria vida cultural mais rica e colorida. Como regente, ele pode tranqüilamente ser comparado aos " famosos ". Controlado, ouvido absoluto, concentrado, inventivo, bom ensaiador.

    A Orquestra de Córdoba tem atingido uma estatura elevada sob a sua direção, fez concertos excepcionais com a Sinfônica de Havana. O que muito se esperava de Brouwer, tornar-se, como Villa-Lobos, o compositor que, partindo do violão, conquistaria um espaço mais duradouro no circuito internacional de música, talvez ele tenha preferido pôr de lado. Ele deve ter várias obras sinfônicas e camerísticas, as quais talvez nunca tenham sido tocadas fora de Cuba e nem estão publicadas. A vários anos ele só compõe sob encomenda, e o público do violão tornou-se um canal mais confortável e garantido.

    Talvez isto tenha prejudicado um pouco suas obras mais recentes, que soam um pouco calculadas demais para agradar. Brouwer, aos 60 anos de idade, já deixou uma marca profunda. Gente do mundo inteiro cresce no violão tocando suas obras. Praticamente nenhum outro compositor-violonista de hoje remotamente se compara em alcance, abrangência e qualidade.

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