Matheus_Strad Veterano |
# out/04
LUDWIG VAN BEETHOVEN
(17/12/1770 - 26/03/1827)
Imagine uma cidade da Alemanha do século XVIII. Imagine uma família de músicos que sobrevivia com dificuldades. Imagine um pai alcoólatra que obriga seu filho a estudar música em detrimento de outros estudos. Imagine o Classicismo imperando em todas as artes. Neste contexto nasce Ludwig Van Beethoven, aquele que é considerado um dos maiores compositores da história e o marco da transição entre o Classicismo e o Romantismo. Não se sabe com exatidão a data de nascimento de Beethoven, mas várias referências citam 16 ou 17 de dezembro do ano de 1770, na cidade de Bonn, na Alemanha, filho de Johann van Beethoven e Maria Madalena Keverich. Do casamento de seus pais nasceram sete filhos, chegando apenas três à idade adulta: Ludwig, Kaspar e Nicolas Johann.
Beethoven iniciou-se na música desde tenra idade e aos 10 anos já era considerado uma promessa. Johann Van Beethoven, o pai de Beethoven, era músico e trabalhou a serviço do príncipe local. Ele é tido pela história como um homem mau, irresponsável, explorador vulgar do talento do filho. Há relatos que o pai trancava o filho em uma sala onde o único móvel era um piano, não o deixando sair enquanto não provasse ter aprendido as lições do dia e que o forçava a levantar da cama, de madrugada, para exercitar-se ao piano.
O ensino musical de Beethoven foi confiado ao professor Christian Gottlob Neefe, organista da corte de Bonn, já que a formação musical de seu pai não era completa. Neefe consegue um lugar para Beethoven na orquestra da corte do príncipe Maximiliano Francisco como violinista e, para o animar, manda imprimir sua primeira obra, umas variações para piano, escritas aos doze anos.
O jovem Beethoven aprendeu vários instrumentos como o violino, a viola, o órgão e o piano. Se por um lado sua formação musical era esmerada, por outro lado, no colégio, Beethoven foi um aluno mediano, fato decorrente da resolução de Johann tornar seu filho outro Mozart. As falhas de aprendizado podem ser atestadas por suas cartas, que continham inúmeros erros ortográficos. Este problema foi minimizado com a ajuda de amigos e também porque Beethoven se tornou autodidata, conseguindo na idade adulta, adquirir uma cultura razoável. Nesta tarefa foi ajudado por Neefe, que se encarregou pela formação cultural do jovem e iniciou-o no conhecimento dos escritores clássicos e dos poetas modernos, desenvolvendo-lhe o gosto pela boa leitura.
Mas a saga do jovem Beethoven só estava começando. Na primavera de 1787 Beethoven viaja para Viena, com o intuito de conhecer e tomar aulas com Mozart. Há controvérsias quanto ao suposto encontro. Algumas referências relatam que Beethoven jamais se encontrou com Mozart, outras afirmam que por dificuldades com o pai doente e grande sobrecarga de trabalho, Mozart não pode ensinar o jovem aluno, enquanto outras relatam que Beethoven tomou aulas com Mozart. Beethoven encontra em Viena, a capital austríaca, o principal centro cultural e musical da Europa, fato que o influenciaria grandemente.
Sua estada em Viena é interrompida pela morte de sua mãe, e Beethoven resolveu retornar a sua cidade natal, e lá permaneceu por cinco anos, pois sua família encontrava-se em decadência. Seu pai, vencido pelo alcoolismo, mantinha-se autoritário, genioso e violento. Seus irmãos Karl e Johann eram pequenos, por isso Beethoven tomou a frente da situação, requerendo às autoridades metade do salário de seu pai para poder sustentar os irmãos.
Em Bonn, Beethoven conhece a família Breuning e é contratado como professor de música. O jovem músico passou a ser tratado como íntimo da família e a Sra. Breuning passou a ser para Beethoven aquela que preencheria seu vazio cultural, ensinando francês, um pouco de matemática e literatura alemã. O compositor conseguiu consolidar sua carreira com a ajuda desta família e sua fama como organista da corte cresce. Neste período Beethoven compõem suas primeiras cantatas.
Nos anos que se seguiram, Beethoven trabalhou como professor e compôs para a nobreza local, fato que possibilitou que vínculos com a aristocracia fossem criados. Entre seus amigos estava o conde de Wallenstein, que muito contribuiria para o sucesso de Beethoven, pois o influenciaria na decisão de retornar a Viena em 1792 para estudar com Haydn. Com pedidos de aulas, composições e apresentações Beethoven firma sua reputação como grande concertista e compositor.
Czerny, disse certa ocasião que Beethoven possuía uma técnica pianística apuradíssima e em pouco tempo tornou-se campeão de todos os torneios de improvisação realizados em Viena.
Beethoven que então se tornou o centro das atenções em Viena foi acometido pelos primeiros sinais de surdez, mal que se tornaria total com o passar do tempo. O acometimento levou Beethoven a um crescente isolamento, pois para alguém que vivia da música seu problema era um dos piores males. Beethoven chega a escrever ao seu amigo médico Franz Wegeler "Durante dois anos procurei evitar a companhia de todos, simplesmente porque não posso dizer que estou surdo. Se eu tivesse outra profissão, tudo seria mais fácil, mas com o meu trabalho esta situação é terrível."
Em 1802, Beethoven instalou-se na cidade de Heiligenstadt, perto de Viena. No clima de paz do campo ele refletiu sobre sua vida e o fruto destas reflexões foi uma longa carta escrita aos irmãos, que nunca foi enviada e encontrada após sua morte, o denominado "Testamento de Heiligenstadt", o qual um fragmento é apresentado a seguir: "Oh, vós que me considerais e declarais hostil, obstinado ou misantropo, como sois injustos para comigo! Não conheceis as causas secretas que me fazem agir assim (...) E não me era possível dizer às pessoas: ’falem mais alto, gritem, porque estou surdo!’ Ah, como podia eu proclamar a falta de um sentido que deveria possuir num grau mais elevado do que qualquer outro, um sentido que outrora foi em mim mais agudo do que em qualquer dos meus colegas?(...) Estou afastado dos divertimentos da vida em sociedade, dos prazeres da conversação, das efusões da amizade (...) Estas circunstâncias levaram-me à beira do desespero e pensei, mais de uma vez, em pôr fim aos meus dias. Somente minha arte me deteve."
Sua vida particular foi pautada sobre o isolamento e suas relações amorosas ruíram pela sua indecisão. Mesmo esquivando-se do convívio social e desencantado com o mundo, a fama de Beethoven aumentava a cada composição publicada.
Compositores como Rossini, Liszt e Schubert, traziam partituras para que Beethoven desse seu parecer. Ao mesmo tempo, suas composições, criadas sem a menor preocupação em respeitar as regras até então seguidas no Classicismo, tornam-se aclamadas. Beethoven inaugura a tradição do compositor livre, que escrevia música para si, sem estar vinculado a um príncipe ou nobre. Tudo, em Beethoven, traz a marca da liberdade: era solitário, não tinha vínculos e responsabilidades com ninguém senão consigo mesmo e manteve-se refugiado na sua própria criação musical. Beethoven, marca, assim, a transição entre o Classicismo e o Romantismo.
Em 1815 seu irmão Kaspar falece nomeando Beethoven e a viúva como tutores de seu filho Karl. Após longa batalha judicial, Beethoven consegue a guarda do sobrinho, em 1820. Entre os anos de 1815 e 1820, Beethoven escreveu apenas seis obras: duas sonatas op.102 para violoncelo e piano, as sonatas op.101, 106 e 109 para piano e o ciclo de lieder "Canções à Amada Distante".
A surdez de Beethoven piorou a ponto de, na estréia de sua Quinta Sinfonia, sem distinguir uma só nota, insistiu em reger a orquestra, que, desorientada, não conseguiu tocar bem a partitura, sendo, portanto um dos grandes fiascos de sua vida. Em 1823, quando Beethoven concluiu a Nona Sinfonia, preocupado com a possível má recepção do público vienense, pretendeu estreá-la em Berlim, mas toda Viena pediu para que o compositor estreasse sua obra na cidade. A estréia aconteceu em 7 de maio de 1824 no Kärtnetor-Theater, mas Beethoven não a regeu. Logo no terceiro movimento da sinfonia o público aplaudiu. Terminado o quarto movimento, o triunfo: a platéia vienense aclamava Beethoven. Totalmente surdo, Beethoven observava calmamente a partitura da sinfonia, quando um contralto, Caroline Unger, o fez virar-se e o compositor pode observar o público delirante.
Karl, seu sobrinho, que não se adapta aos rígidos critérios do compositor, gerando uma série de conflitos e desgostos. Em 1826, Karl tenta suicídio, o que provavelmente apressou a morte de Beethoven. Sua saúde já frágil se agravou durante os primeiros meses de 1827.
Foi nessa atividade, cheio de planos para o futuro (uma décima sinfonia, um réquiem, outra ópera), que ficou gravemente doente - pneumonia, além de cirrose e infecção intestinal. No dia 26 de março de 1827, morreria Ludwig van Beethoven - segundo a lenda, levantando o punho em um último combate contra o destino. Em 1888 os restos mortais de Beethoven foram exumados e transferidos para o cemitério central de Viena, onde atualmente repousam ao lado da tumba de Schubert.
FONTE: http://www.unac.org.br/BeethovenCerto.htm (Autora: Por Alessandra Luzia Da Róz)
CRONOLOGIA
24/12/1772 - Falecimento do avó.
08/04/1774 - Nascimento do irmão Anton Kaspar.
26/031778 - Apresentação em público tendo como professor Gilles Van Eeden.
23/02 1779 - Batizado da irmã Anna Maria Franciska e dia 27/02 1779 falecimento da mesma.
1780 - Tem Neffe como professor, atua como organista na cidade de Muenster.
1782 - Edição da 1. obra (Variações Dressler)
1783 - Falecimento do irmão caçula;substitui o professor como cravista; aulas de violino com Franz Ries. Composição das Kuerfuersten-Sonaten, Blumenlese, Fuga em Ré-maior e Rondó em Dó.
1784 - Organista da corte. Composições do Rondó Lá-maior e de um concerto para piano em Mi maior.
1785 - Composição de três quartetos para piano.
1787 - Despedida de Bonn, viagem para Viena, encontro com Mozart.
1789 - Matrícula na Universidade em Bonn.
1790 - Composição das Kaisersonaten e Ritterballetts.
1792 - Falecimento do pai.
1793 - Aluno de Haydn.
1794 - Aluno de Salieri. 1.e 2. concerto para piano, Finalização do Trio para piano op.1. Indicios de surdez.
1795-1799 - Composição de varias sonatas.
1800 - Audição da 1ª Sinfonia.
1801 - Confessa sua surdez.
1802 - "Testamento de Heiligenstadt"; 2ª Sinfonia e Variações de Eroica.
1805 - Estréia da opera Fidelio, da 3ª Sinfonia que inicialmente pretendia dedicar a Napoleão.
1806 - Estréia do concerto de violino.
1807-1808 - Estréia da 4ª, 5ª e 6ª Sinfonias, da Abertura Coriolano e toca pela última vez em público no dia 22 de dezembro de 1808 .
1812 - Escreve a famosa "carta à imortal amada". estréia do Concerto n. 5, o "O Imperador”.
1813-1816 - Estréia da 7.Sinfonia, Vitória de Wellington, 8.Sinfonia, Concerto Tríplice.
1817 - Rascunhos da 9. Sinfonia.
1822 - Finaliza a Missa Solemni.
1823 - Estréia da Missa Solemnis, dedicada ao Arquiduque Rodolfo, amigo, discípulo e mecenas de Beethoven. Em sua homenagem o compositor compôs a Missa Solemnis.
1824 - Estréia da 9ª Sinfonia.
1826 - Tentativa de suicídio do sobrinho.
1827 - Cânone Da ist das Werk, última obra completa, 03/01 testamento, 26/03 falecimento de Beethoven.
FONTE: http://www.unb.br/coral/Repertorio/kompositores/Beethoven.htm
ENTENDENDO SUA OBRA
Beethoven é reconhecido como o grande elemento de transição entre o Classicismo e o Romantismo. De fato, ele foi um dos primeiros compositores a dar papel fundamental ao elemento subjetivo na música. "Saída do coração, que chegue ao coração", disse a respeito de uma de suas obras. Toda obra beethoveniana é fruto de sua personalidade sonhadora e melancólica, um tanto épica, verdadeiramente romântica.
Mas ele não abandonou as formas clássicas herdadas de Mozart e de "papai" Haydn. Beethoven soube fazer arte inovadora nos moldes tradicionais, sem os destruir, mas alargando suas fronteiras. Esse processo transfigurador aconteceu gradualmente, e culminou em obras como os últimos quartetos de cordas, radicalmente distantes dos similares de Mozart, por exemplo.
O estilo de Beethoven tem características marcantes: grandes contrastes de dinâmica (pianissimo x fortissimo) e de registro (grave x agudo), acordes densos, alterações de compasso, temas curtos e incisivos, vitalidade rítmica e, em obras na forma-sonata, desenvolvimentos longos em detrimento de exposições mais concentradas.
Estudiosos costumam dividir a obra beethoveniana em três fases, seguindo a linha definida pelo musicólogo Wilhelm von Lenz. A primeira daria conta das obras escritas entre 1792 e 1800, ou seja, suas primeiras peças publicadas, já em Viena. Isso incluiria os trios do Opus 1, a Sonata Patética, os dois primeiros concertos para piano e a Primeira Sinfonia, obras ainda tradicionais, mas que já apresentam alguns aspectos pessoais. A segunda fase corresponderia ao período de 1800 a 1814, marcado pelo Testamento de Heilingenstadt e pela Carta à Bem-Amada Imortal - em outras palavras, pela surdez e pelas decepções amorosas. São características dessa fase obras como a Sinfonia Eroica, a Sonata Ao Luar, os dois últimos concertos para piano. A última fase, de 1814 à 1827, ano de sua morte, seria o período das obras monumentais e das grandes inovações: a Nona Sinfonia, a Missa Solene, os últimos quartetos de cordas.
Beethoven se dedicou a todos os gêneros de sua época. Compôs uma ópera, Fidelio, com seu tema tipicamente beethoveniano - fidelidade conjugal e o amor pela liberdade -, música para teatro (destaque para a abertura Egmont), balé (As Criaturas de Prometeu), oratório (Cristo no Monte das Oliveiras), lieder (o ciclo À Bem-Amada Distante é bem representativo), duas missas (entre elas a monumental Missa Solene), variações (as Variações sobre uma Valsa de Diabelli são as mais conhecidas) e obras de forma livre (a Fantasia para Piano, Coro e Orquestra é uma delas).
Porém Beethoven ficaria mais conhecido pelos quatro grandes ciclos dedicados às formas clássicas: as sonatas, os concertos, os quartetos de cordas e, claro, as sinfonias.
As sonatas
As sonatas para piano - 32 ao todo - foram para Beethoven uma espécie de laboratório, onde fazia experiências que seriam aproveitadas em outras formas. Elas se distribuem ao longo das três fases, mas as da segunda seriam as mais numerosas (dezesseis).
Beethoven fez grandes inovações no estrutura da sonata. Incorporou novas formas (fuga e variação), mudou o número de movimentos e sua ordem (colocou muitas vezes o movimento lento em primeiro lugar), aumentou seu escopo emocional.
Essas sonatas também acompanharam o desenvolvimento técnico do piano no início do século XIX. A princípio, eram destinadas, sem distinção, para o cravo ou para o pianoforte. Somente a partir da opus 53, Waldstein, que Beethoven deixaria claro a instrumentação: pianoforte. Exigente, o compositor costumeiramente ficava irritado com a limitação dos pianos de sua época, tanto que suas últimas cinco sonatas foram compostas especificamente para o mais avançado piano de martelo vienense, o Hammerklavier. A opus 106 ficou justamente conhecida por este nome.
Entre as onze sonatas do primeiro período, a mais conhecida é a opus 13, Patética, com sua introdução dramática e seu clima sombrio (a maior parte de seus temas estão em tom menor).
As sonatas mais conhecidas estão no segundo período - são a opus 27, Ao Luar, a Waldstein e a opus 57, Appassionata. A primeira delas, de modo inovador, inicia-se com um famosíssimo Adagio sostenuto, uma elegia de suave e sombrio romantismo, até hoje um dos trechos mais conhecidos de Beethoven. Já a Waldstein tem apenas dois movimentos rápidos (com uma diminuta ponte em andamento lento entre eles).
Embora mais originais, as sonatas do último período são as menos populares. A opus 106, Hammerklavier, de caráter monumental, é quase uma sinfonia para piano solo. Outras grandes obras-primas são as duas últimas, opus 109 e 110, de caráter quase romântico.
Os concertos
Beethoven escreveu cinco concertos para piano, um para violino e um tríplice, para violino, violoncelo e piano. Excetuando-se os dois primeiros para piano, todos foram compostos na fase intermediária, onde, de fato, encontra-se a maioria da produção beethoveniana.
Os dois primeiros concertos para piano são bastante característicos da juventude de Beethoven, e devem grande parte de sua linguagem à Mozart. Já o terceiro, composto em 1800, é uma obra de transição. Tem caráter mais sinfônico e é declaradamente sério e pesado, tendo muitas semelhanças com o Concerto no. 24 de Mozart (também escrito na tonalidade de dó menor).
O Concerto no. 4, composto seis anos depois, daria um salto ainda maior. Os movimentos externos são leves e tranqüilos, de profunda beleza e humanidade. Já o movimento central, Andante con moto, alterna o lirismo romântico do piano com intervenções vigorosas da orquestra (aqui reduzida às cordas graves), obtendo um resultado surpreendente até para Beethoven.
O último concerto para piano, conhecido como Imperador, tornaria-se mais célebre. É uma obra majestosa, de concepções grandiosas e de caráter tão sinfônico quanto o terceiro concerto, mas menos trágico.
Para violino, Beethoven escreveu o seu concerto mais popular. Obra belíssima, é dos concertos mais perfeitos já escritos para esse instrumento. Anteriormente, já havia o incluído no Concerto Tríplice, para piano, violino e violoncelo, herdeiro da sinfonia concertante à maneira de Haydn e Mozart e claro precursor do Concerto Duplo de Brahms.
Os quartetos
Beethoven compôs música de câmara durante toda sua vida, mas a parte fundamental de sua obra neste gênero seria o conjunto dos seis últimos quartetos de cordas.
Eles foram escritos nos últimos anos de vida do compositor e representam o ponto culminante de sua terceira fase de criação. São obras concentradas e profundas, cheias de recursos como a variação e a fuga.
O opus 131 é o mais ambicioso deles. Tem nada menos que sete movimentos, todos encadeados entre si. O primeiro é uma fuga muito lenta e expressiva, o quarto é uma sucessão de sete variações, e o último é um enérgico Allegro, que retoma o tema principal do primeiro. Portanto, apesar de sua grande extensão, é uma obra coesa.
Além deste, são importantes os quartetos opus 133, Grande Fuga, e opus 135.
As sinfonias
As sinfonias de Beethoven formam a parte mais conhecida de sua obra. São nove ao todo. A maior parte está na fase intermediária de sua criação, exceto a primeira e a última sinfonia. Entretanto, o musicólogo Paul Bekker classifica as sinfonias em dois grupos - as oito primeiras e a Nona. De fato, a Sinfonia Coral é um caso à parte, com sua enorme formação instrumental e o final com coro, até então inédito.
A Primeira Sinfonia, composta nos primeiros anos vienenses do compositor, está fortemente ligada à tradição de Haydn e Mozart. A segunda é uma obra de transição e já apresenta algumas das suas características pessoais.
Beethoven só encontraria sua linguagem sinfônica definitiva na Sinfonia no. 3, Eroica. Planejada para ser uma grande homenagem a Napoleão Bonaparte, que admirava, esta Terceira é uma obra grandiosa, de concepção monumental e temática épica. Porém a dedicatória napoleônica foi retirada quando este coroou-se imperador da França - Beethoven, decepcionado, alterou o programa da obra, incluindo uma marcha fúnebre "à morte de um herói".
A Quarta é uma sinfonia mais relaxada, conhecida por sua longa introdução, quase independente do restante da obra. Já a Quinta é a mais trágica das nove. Dita "do Destino", esta é uma sinfonia que faz a trajetória das trevas (os dois primeiros movimentos) para a luz (os dois últimos), de maneira original, que abriu precedentes na história da música (a Primeira de Brahms, a Segunda de Sibelius).
A Sexta Sinfonia, Pastoral, é outra ousadia. Organizada em cinco movimentos, cada um r
|
Matheus_Strad Veterano |
# out/04
· votar
Organizada em cinco movimentos, cada um retratando um aspecto da vida no campo, abriu espaço para as experiências de Liszt e Berlioz no gênero da música programática.
A Sétima ficou famosa pelo seu movimento lento, um Allegretto pouco definido entre o elegíaco e o sombrio, que encantou compositores como Schumann e Wagner. A Oitava é seu par, e tem no terceiro movimento um minueto, o que é novidade - é a única que não tem um scherzo, o substituto beethoveniano do minueto de Haydn e Mozart.
Enfim, a Nona, talvez a obra mais popular de Beethoven. Sua grande atração é o final coral, com texto de Schiller, a Ode à Alegria. É uma obra que marcou época. Sem ela, seria difícil conceber as sinfonias posteriores de Bruckner, Mahler, e até a ópera de Wagner.
"Escutar atrás de si o ressoar dos passos de um gigante". A definição famosa de Brahms da Nona Sinfonia pode ser aplicada igualmente à toda obra beethoveniana, uma das maiores e mais profundamente humanas de toda história da música.
FONTE: http://www.bravissimo.hpg.ig.com.br/biografias/LVBeethoven.htm
CURIOSIDADES
1. Nos últimos anos de sua vida o compositor Robert Schumann foi acometido de uma depressão nervosa. Aconselhado por seu médico, passou a fazer caminhadas. Fazia diariamente o mesmo percurso... ia até um estátua de Beethoven.
2. Durante a Segunda Guerra Mundial, os países ocupados pela Alemanha eram proibídos de ouvir outras rádios que não as indicadas pelo III Reich. Todavia, muitas pessoas desafiavam a proibição para escutar a BBC de Londres, que durante a guerra usou como prefixo as notas iniciais da V Sinfonia de Beethoven, cujas notas - três curtas e uma longa - correspondem a letra "V" - vitória - em código morse. Nesta, como em outras ocasiões, a liberdade foi associada a Beethoven.
Quantas são as sinfonias de Beethoven?
É comum, quando alguém se refere às sinfonias de Ludwig van Beethoven (1770 -1827 ), citar o número 9, o qual, na verdade, se refere apenas às nove Grandes Sinfonias do Gênio de Bonn.
Seguramente, Beethoven compôs mais obras desse gênero, como segue:
- há esboços de uma sinfonia em Dó maior, datada de l785, mas jamais completada;
- em 1909, Fritz Stein descobriu a "Sinfonia Jena", em Dó maior, sem número de opus, composta em 1792, sobre a qual pairam muitas dúvidas quanto à sua origem. A obra em questão, tem uma característica francamente haydiniana com alguns "toques beethovenianos", mas tudo leva a crer que seja de autor desconhecido;
- mais recentemente, o Dr. Barry Cooper, em seu livro "The Beethoven Compendium", de 1991, afirma, sistematicamente, que a Sinfonia "Jena" seria de um tal Friedrich Witt (1660-1716 ), porém, pelo estilo da época em que esse compositor viveu, é muito duvidoso que ele tenha sido o autor dessa obra que se parece demais com as criaçoes de Franz Joseph Haydn.
- foi esse mesmo Barry Cooper que, recentemente, em 1988, "compilou" a Sinfonia No. 10, baseando-se em cerca de 8000 páginas de esboços que Beethoven deixou espalhados em vários lugares. Cooper é o maior entendido em métodos de composição de Beethoven e, às custas de um trabalho intenso, conseguiu compilar um pretenso movimento único dessa sinfonia que o "Gênio de Bonn" teria começado a compor por volta de 1825. A "Décima" de Cooper, embora tenha as características de Beethoven, deixa muito a desejar, mas serve como "amostra" do que poderia vir a ser essa obra do mestre. Interessante que, concomitantemente, Sighard Brandenburg, na Alemanha, desenvolveu estudos semelhantes quanto à existência dessa décima sinfonia.
SINFONIA DA BATALHA, OPUS 41
Outra sinfonia, mais ou menos conhecida, é a "Sinfonia da Batalha", ou "A Vitória de Wellington", opus 41, composta em 1813 e dedicada ao Príncipe George, da Inglaterra. Composta originalmente para o "Panharmonikon" monumental caixa de música inventada por Maelzel, o mesmo inventor do metrônomo e da corneta acústica utilizada para a surdez por Beethoven, a quem convenceu para composição dessa obra.
Essa sinfonia pretendia ser um retrato sonoro da vitória do general inglês sobre os franceses em 1813, na última batalha da península ibérica, em Vitória. Posteriormente essa obra foi vertida para orquestra, passando a servir para ambas as versões, o que soava financeiramente promissor. A estréia da Vitória de Wellington ocorreu em Viena em 1813 e teve um sucesso espetacular, que se repetiu nas apresentações seguintes, devido talvez, por seu efeito superficial sobre o público, mas que fez com que o compositor conquistasse os vienenses. A "Sinfonia da Batalha" tem sido pouco executada na atualidade, mas na época, elevou o nome de Beethoven ao topo da preferência do público.
SINFONIA NO.3: "ERÓICA“ OU “NAPOLEÃO”?
A Sinfonia no. 3, em Mi bemol maior, opus 55- "Eróica", fora dedicada a Napoleão, mas segundo a história, ao saber que o "Grande Corso" tomara a coroa das mãos da autoridade eclesiástica que o iria coroar e se "autocoroou ", Beethoven, enfurecido, mudou o nome original que homenageava o Imperador e deu-lhe o nome de "Eróica". Na verdade o que ocorreu não foi exatamente isso: em princípio, é sabido que Beethoven pretendia seguir para Paris e, neste caso, uma obra homenageando o governante, poderia ajudá-lo a que se lhe abrissem as portas da aristocracia e, também, favorecê-lo quanto aos ganhos financeiros.
Ainda outra possibilidade da atitude do compositor talvez tenha residido no fato de não querer desagradar a seu benfeitor, o Príncepe Lobkovitz que nessa época arregimentara um grupo de voluntários, cuja finalidade era enfrentar o exército francês que tomara Viena. Dessa forma, Beethoven assumia sua condição de cidadão vienense de forma definitiva. Outro fato interessante refere-se à estréia da Sinfonia No. 9- "Coral" em Ré menor, opus 125: ao fim do 3o. movimento, já haviam irrompido as palmas e, ao fim da apresentação, uma tempestade de aplausos saudou o gênio do autor que, ao lado do regente, mantinha olhar fixo na partitura da obra sem nada perceber.
Um contralto tomou-o pelo braço e lhe mostrou a platéia que agitava lenços e chapéus, um verdadeiro frenesi: só então Beethoven percebeu o sucesso apoteótico de sua criação, pois, há muito tempo, estava completamente surdo !
FONTE: Autor Aristides A. J. Makowich
|