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Lelo Mig Membro
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# abr/14
Eu sempre fui apaixonado por Stradivarius, por toda mítica em torno deles e tudo que eles representam em termos de um suposto "state of art" da luthieria.
Possuo uma tabela de excell onde tenho listados todos os Stradivarius conhecidos e reconhecidos como originais, data de fabricação, seu apelido ou título, a genealogia dos proprietários e proprietário atual e demais detalhes.
Não quero entrar nas questões do que é mito, do que é irreal, do que é exagero... não é esta a intenção deste tópico.
Na verdade, o que me motivou a escrever este, foi o fato de eu estar atualizando minha lista e constatar que uma boa porcentagem deles estarem ainda nas mãos de músicos. Fato que começava a achar inviável devido aos preços astronômicos que eles têm atingido.
Veja bem, quantias entre 2,5 à 3,8 milhões de dólares são muito significativas por mais que um violinista de sucesso no mundo erudito fature, por mais fama e prestígio que ele possua, ele certamente estará longe de possuir tal capital.
Será que empresários, instituições, governos e etc. bancam estes artistas em seu sonho? A que preço ou a troco de quê?
Imagine você, violinista, possuir um Stradivarius Le Brun (hoje em propriedade da casa de leilões Sotheby), da melhor safra de Stradivarius produzidas (Safra de Ouro) que foi de ninguém menos que Paganini?
Para os novatos e distantes desse mundo, o comparativo seria o mesmo de possuir a Fender Stratocaster que Jimi Hendrix usou em Woodstock, ainda que essa guitarra, não pague nem uma cravelha do violino referido.
E aí? Como diria as Casas Bahia..........Quer pagar quanto?
Filosofem sobre o assunto...
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Casper Veterano
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# abr/14
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Caro Lelo Mig:
Entendo essa atração mística pelos Stradivarius. Esse tipo de fenômeno atinge todas as áreas de atuação do ser humano, pelo que entendo. É como um ovo Fabergé - o valor deles ultrapassa muito o valor dos materiais de sua composição (metais e minerais nobres). No caso dos Stradivarius, a diferença entre o preço do material utilizado e o valor é quase impossível de ser calculado, o que aumenta o fascínio por esses objetos únicos.
Não sou especialista no assunto, mas me parece que o tratamento que o Antonio Giacomo Stradivari dava na madeira antes da manufatura e o verniz utilizado atingiram tal grau de sinergia entre eles que poucos fabricantes (ou nenhum) conseguiram igualar. O segredo não deve ser uma ou outra parte isolada, mas o conjunto entre elas.
Estou certo?
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Lelo Mig Membro
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# abr/14
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Casper
Cara, nem sei te dizer mais........hehehe. Li tanto sobre os Stradivarius e cada vez sei menos sobre eles. Há não muito tempo, a ciência concluiu que não há nada de especial no verniz deles. Que são compostos com os mesmos ingredientes que os demais à sua época. Sabe-se, comprovadamente, que Stradivari conseguiu um "liga" melhor........o verniz dele era menos denso, o que favorecia á aplicação, aderia muito bem e tinha secagem rápida para os padrões da época. Mas, em termos práticos, isso não significa muito para tornar os instrumentos o mito que se tornaram.
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Luiz_RibeiroSP Veterano |
# abr/14
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A REGVLVS, guitarra do Sergio Dias, foi feita baseada em algumas características do Stradivarius. http://www.ccdb.gea.nom.br/guitarra_ouro_ii_zod.html
Vi um documentário sobre o instrumento e um físico disse que a equalização do violino é muito boa. mas tem quem discorde
http://g1.globo.com/musica/noticia/2014/04/reputacao-dos-violinos-stra divarius-e-colocada-em-xeque-apos-teste-cego.html
E as estorias por trás do instrumento são legais também, misturar sangue na cola por exemplo. Mas falando da parte técnica no que ele inova ou diferencia? E nessas diferenças quais poderiam ser aplicadas em outros instrumentos? não necessariamente de cordas. Ja li alguma coisa mas não entendi porque não tenho base de luthieria ou marcenaria pra isso. Os únicos sites que encontrei falando mais a fundo das características tinha uma linguagem que só quem é da área entende.
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makumbator Moderador
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# abr/14
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Lelo Mig
Sim, a maioria dos que estão com músicos é na base de empréstimo através de fundações. governos ou colecionadores. Poucos são os que realmente são donos do instrumento.
Com isso o instrumento fica na ativa, sendo tocado e gravado ao mesmo tempo em que os donos mantém sua posse (que é um investimento). Obviamente todos eles tem seguro, e são feitos contratos de cessão para os músicos (sei que alguns são contratos para a vida profissional toda do músico, então enquanto ele estiver atuando profissionalmente poderá ficar com o instrumento).
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Lelo Mig Membro
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# abr/14
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makumbator
Muito boa sua informação e ao mesmo tempo meio triste
De forma utópica, gostaria de saber que eles continuarão na ativa porque, eu particularmente, acho uma tristeza (ainda que entenda os motivos) ver estes instrumentos apenas nas mãos de casas de leilões, museus e colecionadores particulares/investidores também conhecidos como capitalistas disfarçados de "amantes da arte".
Interessante, também que uma boa parte deles estão nas mãos de violinistas chineses né? O governo chinês deve estar investindo alto nisso.
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Lelo Mig Membro
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# abr/14
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Luiz_RibeiroSP
Como quase tudo em música, muito é subjetivo.
Existem estudos cegos que "comprovaram" que eles não passam de violinos/violas iguais a qualquer outro de boa qualidade, inclusive os modernos.
Eu não entro nessa questão, não me vejo apto a discutir, porque nem violino eu toco.
Gosto deles pela "lenda" mesmo....
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makumbator Moderador
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# abr/14 · Editado por: makumbator
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Lelo Mig De forma utópica, gostaria de saber que eles continuarão na ativa porque,
Mas muitos continuam na ativa, mesmo que quem os toque não sejam os proprietários.
Aqui um exemplo de músico que já usou um Stradivarius emprestado pelo governo russo:
http://www.youtube.com/watch?v=YsbrRAgv1b4
Depois ele comprou na Christie's de Londres com a ajuda financeira de um colecionador um outro Stradivarius (que pertenceu ao Kreutzer).
Aqui as informações dos vários intrumentos do Vengerov (observem que a maioria foi emprestada por fundações ou governos):
http://maximvengerovfans.co.uk/#/24-instruments/4516450993
Não tem como uma pessoa "normal" comprar um instrumento desse nível. É como se um piloto inciante tivesse que comprar um F1 do próprio bolso.
Aqui um cellista famoso que também atua no mesmo esquema (com um cello Stradivarius cedido por uma organização japonesa) e também é dono de uma porcentagem de um Domenico Montagnana (que em cello é até melhor que Stradivarius. Esse instrumento é "meiado" com outro cellista!):
http://www.youtube.com/watch?v=yrme-KRBvzk
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Lelo Mig Membro
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# abr/14
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makumbator
Sim, eu sei disso.......a Anne-Sophie Mutter possui dois, um Emilianni 1703 e um Senhor Dunn Raven 1710. (não sei se são exatamente dela, mas ela consta como proprietária).
Eu me referi apenas no sentido, hummm.....como posso expressar.........sabe aquela música do Paralamas do Sucesso que diz:
"Tendo a lua, aquela gravidade Onde o homem flutua. Merecia a visita, não de militares, mas de bailarinos..."
Acho que explica bem meu sonho utópico...hehehe.
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JJJ Veterano
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# abr/14 · Editado por: JJJ
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Lelo Mig
Ano passado visitei o Palácio Real da Espanha. Estive cara-a-cara com esse aqui e os demais do "Quinteto dos Stradivarius Palatinos".
Vale a visita, já que você é tão fã. Não só pelos violinos, claro... O único problema é que os caras são chatos pra caraca com fotos. Nem pensar em tirar...
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MMI Veterano
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# abr/14
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Lelo Mig
Veja bem, quantias entre 2,5 à 3,8 milhões de dólares são muito significativas por mais que um violinista de sucesso no mundo erudito fature, por mais fama e prestígio que ele possua
Não precisa chegar a tanto, instrumentos de menor valor que isso também já viraram um ativo financeiro e deixaram de ser instrumentos musicais. Nem que seja peça de museu, mas de qualquer forma muitas guitarras, violões banjos, mandolins também não são mais acessíveis a músicos. Mesmo porque para um músico colocar um instrumento desses na estrada é altamente temerário e são muito poucos o que fazem isto.
Todos os instrumentos, por exemplo, que a revista Vintage Guitar publica anualmente onde a Collectibility Rating é A+ (como uma Gibson LP 58/59/60), também não é acessível a quase todos os músicos e coloca-los em uso é uma operação arriscada e, de certa forma, sem sentido. Um acidente ou roubo é capaz de colocar a perder toda a turnê mundial de um grande artista.
Ao menos muitas empresas que investem nisso acabam tendo interesse, como ação de marketing e ajuda de leis de incentivo à cultura no mundo todo, de promover ações com espetáculos com este tipo de instrumentos, associando o nome a eventos culturais. Algumas indústrias farmacêuticas, por exemplo, são donas de quadros de grandes pintores para ações de marketing culturais. É assim que funciona...
Para os novatos e distantes desse mundo, o comparativo seria o mesmo de possuir a Fender Stratocaster que Jimi Hendrix usou em Woodstock, ainda que essa guitarra, não pague nem uma cravelha do violino referido.
Eu já postei as fotos dessa guitarra e falei sobre ela... Desculpe, mas a cravelha paga sim, até mais. Mesmo porque esta guitarra pertence a um dos maiores multi-bilionários do mundo, Paul Allen da Microsoft, que a "empresta" ao seu museu EMP Museum. Se ele pagou 1.3 milhões de dólares na guitarra em 93, tirar dele vai custar bem mais que isso - dá para perceber que para ele é troco, não faz diferença nenhuma essa grana (posso jurar que por 3 milhões de dólares ele nem cogitaria vender). E a guitarra não é tocada mais há anos... Pelo menos fica exposta e estes olhos que a terra há de comer puderam aprecia-la bem de perto.
Luiz_RibeiroSP
A REGVLVS, guitarra do Sergio Dias, foi feita baseada em algumas características do Stradivarius.
Não quer dizer muita coisa... Todas as guitarras archtops são baseadas fortemente em características construtivas de violinos, que por consequência, baseadas em características do Stradivarius. Essa guitarra tem seus méritos, mesmo porque é brasileira, mas tem muito mito ao redor dela e não levo muito a sério não.
Ou seja, respondendo a sua outra pergunta, muitas técnicas e ferramentas de construção de violinos são empregadas na construção de archtops.
Quanto a esse estudo, eu também não levo a sério, por várias razões. Primeiro que vai de gosto, de hábito, um instrumento antigo é diferente de um novo. E alguém pode estar mais acostumado, mais hábil até, com um ou outro. Outra razão é que música também é emoção, inspiração, tesão. Vou te contar uma historinha... Veio um rapaz aqui em casa há um tempo. Ele queria conhecer um amplificador aqui. Eu o recebi em casa, pluguei uma das melhores guitarras que eu tinha na época, uma PRS top, braço em Brazilian Rosewood. Só que ele viu uma Gibson LP num canto (não era a melhor que eu tinha na época). Só que o cara não conhecia PRS, achou que era uma guitarrinha sem vergonha que deixei ele tocar, ele tocou sem tesão nenhum, meio contrariado, com certeza achou uma merda. Até que ele me pediu se eu deixava ele pegar um pouco a Gibson, porque nunca tinha encostado um dedo em uma, sonhava com este dia e apontou para a guitarra no canto, como se eu tivesse deixado ele dar uma volta de fusquinha com uma Ferrari estacionada do lado. Eu deixei, claro... Bom ele achou o máximo, tocou melhor, se inspirou, caprichou mais. Ou seja, aquela Gibson mais ou menos era um milhão de vezes melhor que a PRS top para ele, por causa do nome no headstock somente. E era mesmo, de verdade.
JJJ
Eu já vi alguns também, tem uns espalhados pela Europa e até EUA. Quase todos os museus não deixam tirar fotos mesmo, alguns raríssimos deixam, como o EMP Museum, outros consegui com uma boa lábia ter consentimento para tirar fotos. Mas em geral não pode e nem tem papo. Mesmo assim vale a visita.
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JJJ Veterano
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# abr/14
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MMI
Cara, o Louvre e o British Museum deixam tirar fotos à vontade. Em Portugal também não tive problema nenhum com fotos. Acho que é uma questão de chatice só... rs
Um dos guardinhas lá do Palácio achou que um cara tinha tirado uma foto. Putz... saiu berrando igual doido com o cara (que estava do meu lado e não tirou foto nenhuma, diga-se).
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MMI Veterano
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# abr/14
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JJJ
Sim, o Louvre e outros deixam, especialmente em museus na Europa. Mas não são dedicados à música, a isso que me referia. Mesmo assim vários não deixam, nos museus históricos e artísticos. Mas nem vem ao caso...
Diga-se de passagem, na Europa esses seguranças grosseiros que saem a mil só por desconfiar que alguém tirou foto é bem mais comum. Até perde a graça a atitude desses infelizes...
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Nefelibata Veterano |
# abr/14
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JJJ MMI
Eu li por aí que proíbem fotos em museus, especialmente de pinturas e outros quetais antigos, pois a exposição da pintura ao flash constantemente acarretaria degradação da mesma.
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MMI Veterano
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# abr/14
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Nefelibata
Sim, tem isso mesmo. Alguns museus não permitem simplesmente porque tudo ali dentro tem copyright e não permitem reprodução e divulgação não autorizada.
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Lelo Mig Membro
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# abr/14 · Editado por: Lelo Mig
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Nefelibata
"pois a exposição da pintura ao flash constantemente..."
Exato! E isso não é viadagem nem pentelhação não..é fato!
A luz do flash é uma luz intensa, simuladora da luz solar em torno de 5500 K e gera calor, que não percebemos porque é ultra rápida. Na maioria das modernas câmeras digitais eles são pouco invasivos e inofensivos.
No entanto, imagine um exemplo como o Museu do Louvre que tem em média 30 mil visitantes dia, sendo que pelo menos 80% estarão armados de máquinas fotográficas? (se forem japoneses 100%).
Ou seja, é quase a mesma coisa que você colocar a Monalisa para tomar um banho de sol lá na praça todos os dias ao meio dia.
Isso, seria saudável para um ser vivo........mas para uma pintura ou instrumento musical......é fatal!
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JJJ Veterano
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# abr/14
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Nefelibata Lelo Mig
O flash é proibido quase sempre sim, mas as fotos sem flash não estragam nada...
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Lelo Mig Membro
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# abr/14 · Editado por: Lelo Mig
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JJJ
O problema é que estes ambientes são sempre com "meia iluminação" e os objetos expostos/iluminados com luzes apropriadas e posicionadas para tal.
Mesmo proibindo só o uso de flashs haveriam muitos disparos acidentais, principalmente nas câmeras eletrônicas atuais, devido os automáticos. Então muitos adotam "proibir fotografia em geral", para não correrem riscos.
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Edson Caetano Veterano
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# abr/14
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Até que ponto tocar com uma lenda ajuda? Seria o som insuperável, ou similares de centenas de milhares de dólares a menos fariam bonito também?
Digo a nível de profissional mesmo, um virtuoso, não de curiosos que nem eu kk
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MMI Veterano
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# abr/14
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JJJ
O flash é proibido quase sempre sim, mas as fotos sem flash não estragam nada...
São os direitos de uso de textos, imagens etc. Como eu disse, questão de copyright. O dono das peças ou do museu só autoriza fotos profissionais, mediante pagamento, para um determinado uso. Geralmente não há interesse que o Mané tire foto fazendo joinha para postar no facebook.
Mesmo sobre a discussão do flash... Pode ser que exista essa questão de degradação. Mas é para se pensar se isso realmente ocorre e em que circunstâncias, pode ser apenas uma desculpa só porque não querem fotos. Se você pensar que talvez o quadro mais famoso do mundo, a Mona Lisa, está ali para quem quiser tirar fotos, numa sala abarrotada de gente o tempo todo, tirando milhões de fotos por hora... Será que o quadro não tinha virado pó se o tal do flash fosse tão maléfico assim? Não sei não...
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makumbator Moderador
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# abr/14 · Editado por: makumbator
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Edson Caetano Até que ponto tocar com uma lenda ajuda? Seria o som insuperável, ou similares de centenas de milhares de dólares a menos fariam bonito também?
Tem a questão do timbre (que é algo particular de cada instrumento) mas na família do violino se preza muito a projeção e potência sonora do instrumento. Coisa que é fundamental para um solista (que tocará sem nenhum microfone no palco na maioria das vezes).
O solista precisa muitas vezes lutar contra uma orquestra (e o significado de concerto é justamente esse, uma disputa, embate), o que é ainda mais problemático quanto mais grave for o instrumento (no contrabaixo então nem se fala!)
Já pude experimentar a diferença gritante de potência sonora entre um contrabaixo acústico ruim (mesmo que bem regulado) de um contrabaixo médio superior e superior (também bem regulados). Imagine entre uma dessas lendas?
Agora, é claro que não precisa comprar um Stradivarius, Guarneri ou Montagnana para ter um instrumento de boa potência. Um luthier realmente top (e existem vários de primeira linha especializados) consegue isso.
Tem algo de fetiche, marketing e tudo mais envolvido também. Não se pode desprezar o "burburinho" a favor de um solista que use um instrumento lendário. Passa a ser uma vantagem a mais no currículo da pessoa.
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Lelo Mig Membro
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# abr/14 · Editado por: Lelo Mig
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MMI
"Estraga" sim, posso te garantir.....sou fotógrafo. Não de forma radical, é muito, muito pouco mesmo, mas a luz do flash é fortíssima e ao ser absorvida/refletida por pigmentos, degradam com o tempo. Basta você observar as degradações de pigmentos expostos ao Sol (desbotagem).
Mas, é IMPORTANTE ressaltar que os flashes eletrônicos de hoje são muito pouco invasivos. Contudo, bilhares de flashes ao longo de uma década, possuem efeitos notáveis. Por isso, a Mona Lisa, que é obra de debates acirrados e presença recorrente em tribunais, que divide os doutrinadores entre: "patrimônio cultural da humanidade por isso de exibição obrigatória e pública Vs obra de valor inestimável por isso deveria estar num cofre", esta "envidraçada" num vidro a prova de balas e com filtro com proteção a iluminação, ou seja, nos vemos a Mona Lisa, mas "ela não nos vê"........existe até quem defenda que a Mona Lisa exposta não é a real....hehehe.
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MMI Veterano
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# abr/14
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Lelo Mig
Não duvido que possa estragar, mas seus argumentos não me convencem. Dizer que o flash estraga porque o sol estraga para mim é uma comparação descabida, são fontes completamente diferentes. Assim como o argumento que a Mona Lisa está atrás de um vidro a prova de bala (até aí tudo bem) que de um lado é quase que completamente transparente e do outro lado quase que completamente reflexivo ou absortivo, também não dá para levar a sério. E as outras obras no mesmo museu e até na mesma sala que não tem o vidro na frente? Papo furado, não é por aí...
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makumbator Moderador
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# abr/14 · Editado por: makumbator
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MMI E as outras obras no mesmo museu e até na mesma sala que não tem o vidro na frente?
Mas isso a meu ver é muito devido ao caráter icônico da tela (que é uma das grandes obras artísticas de todos os tempos e pode-se observar que ela é muito mais vista que qualquer peça do Louvre).
Por causa da tela ser um ícone da arte, ela já sofreu alguns ataques diretos de visitantes que queriam ou destruí-la (com ácido e pedras) ou fazer "intervenções" artísticas na mesma (como tentar pintar um bigodinho na pintura), sem contar os roubos (ela já foi roubada até por um funcionário do museu).
É muito arriscado ela ficar sem proteção, justamente por causa de sua força e importância cultural, talvez mais do que os aspectos técnicos de flashs, espirros (hashsah!) e similares.
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JJJ Veterano
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# abr/14
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Desvirtuou geral o tópico... rs
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makumbator Moderador
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# abr/14
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JJJ Desvirtuou geral o tópico... rs
Totalmente! Hsahshhs! Começou nos violinos Stradivarius, passou pelos flashs e chegou no bigodinho na Mona Lisa
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Lelo Mig Membro
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# abr/14 · Editado por: Lelo Mig
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MMI
Hehehe...compreensível a não aceitação de meus argumentos, escrevi de forma bem simplória porque explicações técnicas se tornariam extensivas e enfadonhas para a grande maioria, mas considerando que você é um cara com cultura notável por seus textos e explicações e dentre elas que "defende piamente a influência da madeira no timbre de uma guitarra elétrica...hehehe", com argumentos muito fundamentados sobre a questão, vou tentar; não te convencer (longe disso), mas apenas fundamentar o que porcamente simplifiquei acima.
1- está atrás de um vidro ... que de um lado é quase que completamente transparente e do outro lado quase que completamente reflexivo ou absortivo, também não dá para levar a sério...
Esta é uma das partes que mais rascunhei, mas vamos lá.......
Não são vidros de uma face visível e outra não, como as de salas de interrogatório policial. É um outro processo...(seria melhor ter dito, ainda que não seja bem isso: "Você vê a Mona Lisa nitidamente e ela te vê embaçado".
Você sabe que o vidro da Mona Lisa é blindado e deve conhecer como são feitas as blindagens, se utilizando de lâminas de resina sintética "ensanduíchadas" ao vidro. Em obras de arte, não só a Mona Lisa, estas lâminas de resina recebem tratamentos que funcionam de forma parecida com as dos protetores solares que usamos em nossa pele. (Não filtrando exatamente os mesmos raios mas com a mesma função). Vamos, então perder um pouco de tempo entendendo melhor isso...
Você sabe que filtro solar não bloqueia o calor do sol, a umidade do ar ou pressão atmosférica e sim, (repito: protetores solares para pele humana) principalmente a faixa de luz não visível ao olho humano que compreende o extremo do espectro violeta visível em diante, os Ultra Violeta. E Porque o U.V é danoso? Porque queimam? Não! Aquela queimadura de sol não é produto do UV, o UV é indolor e imperceptível. Então porque ele é o vilão? Porque radiação UV provoca imunossupressão, oxidação das células, e pode causar mutações e alterações no DNA das células.
Mas, você poderá contestar com o argumento: mas a luz do Sol, não possui somente UV. A radiação solar é composta por diferentes radiações, raios-x, radiação ionizante, radiação ultravioleta, luz visível, radiação infravermelho e ondas de rádio. E o que têm a ver um Flash com a luz do sol?
A luz!! Justamente a luz! Descartando as radiações fora do espectro de luz e desconsiderando a pressão atmosférica, umidade relativa do ar e etc.é justamente a luz que se assemelha. A luz é uma forma de energia caracterizada por estimular especificamente as células fotossensíveis do nosso aparelho de visão, o olho, e diversos pigmentos presentes na natureza orgânicos e inorgânicos.
As cores só existem como referência do branco (luz solar). Um pigmento amarelo, por exemplo, é amarelo sob a luz branca. Iluminado sobre outro espectro de cor ele poderá ter outra cor ou se quer aparecer. O mundo da cor "física" é virtual. Padronizado pela gama espectral que ele é capaz de absorver e/ou refletir.
O Flash é uma imitação da luz solar. Ele emite a mesma faixa espectral que teoricamente o Sol as 10:00 hs. Contudo, de forma muito intensa e potencializada. Por isso, mesmo naquela digitalzinha "fuleira" com flash acoplado, se alguém encostar o capacitor que acumula corrente para excitar a luz do Flash, vai se surpreender com a carga acumulada.
Células, componentes orgânicos e demais "podem se excitar" com a carga de luz (que é energia) de forma similar as células dentro de um micro ondas.
Esta ficando longo e chato...rs.
Bom, os vidros de obras, além destes filtros amenizadores precisam ter uma outra preocupação, a reflexão. Não adianta colocar um vidro na obra e alguém quando fotografar ter um clarão (um espelho), e não ver a imagem. Então, detalhes complexos de ótica, como ângulos de reflexão e etc, devem ser considerados. Acredite, não é tão simples nem tão nas coxas. Se você acredita em alguns detalhes precisos de madeiras e vernizes num instrumento top, por exemplo, não terá dificuldade de considerar detalhes técnicos minuciosos por trás de um "vidro", num quadro de 150 milhões de dólares.
Por último, se quiser, faça um teste caseiro. Separe um violão velho ou um quadro (de preferência antigo, pintado à óleo e com pigmentos orgânicos na composição): Envolva-o com um cartão preto por dentro e espelhado por fora (pode ser papel alumínio), deixando um círculo vazado (um buraco) em alguma parte dele. Exponha-o a iluminação de Xenon (mesma do flash), mas um spot (conhecido como tochas) para não ter que ficar disparando 10.000 flashes por dia....hehehe.
Deixe exposto por um ano.............tire a proteção que você fez e me diga se não "marcou" o círculo no objeto.
Abraço!
Obs: antes que alguém questione o calor, adianto: deixe a uma distância onde a temperatura da superfície não ultrapasse a do ambiente. Mas, não duvidem que o flash gera calor, e não é pouco não, apenas é muito rápido.
Se alguém quiser testar.......aguardo o retorno daqui um ano...hehe.
Obs: Não quero entrar em discussão, vou dar uma opinião pessoal, de minha responsabilidade e não citarei meus motivos para tal, assumindo, aqui num fórum aberto, que é opinião absolutamente pessoal:
Eu, pessoalmente, tenho motivos bastante conclusivos, para acreditar que, grande parte das obras expostas ao público são réplicas.
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Lelo Mig Membro
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# abr/14
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MMI
Voltando ao assunto original.....sabendo que você é bastante conhecedor de luthieria (mesmo que teórica) gostaria de saber se você têm informações sobre um possível diferencial na construção dos Stradivarius... suas informações relacionadas a detalhes técnicos de fabricação, são sempre das melhores e mais sérias.
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sallqantay Veterano |
# abr/14
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Lelo Mig
Sou violeiro e guitarrista, e nem teria como avaliar um stradivarius. Aí a minha tendência é achar que é uma mística tola, e que certamente existem violinos tão bons quanto da mesma época.
Hoje em dia creio ser difícil achar madeira tão boa quanto às daquela época, assim como construtores que se organizem de maneira tradicional e não capitalista (como era tão comum no passado). A dinâmica de um ateliê naquelas épocas era muito diferente do que entendemos por trabalho hoje. Era pautada na tradição, honra e nome. Coisa que nunca ocorreu coma guitarra elétrica, nascida da indústria no berço.
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makumbator Moderador
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# abr/14 · Editado por: makumbator
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sallqantay Era pautada na tradição, honra e nome. Coisa que nunca ocorreu coma guitarra elétrica, nascida da indústria no berço.
Nunca ocorreu realmente no mesmo nível com os instrumentos elétricos, mas na família do violino os ateliers ainda mantém boa parte dessa coisa de nome e tradição, sistema de mestre e pupilo e todo o artesanato ligado à atividade. O que eu acho muito legal, inclusive! Em relação ao contrabaixo acústico por exemplo há ateliers especializados no instrumento, e atuam muito nos moldes do passado.
e que certamente existem violinos tão bons quanto da mesma época.
Com certeza existem. Os Guarneri e Amati por exemplo são preferidos por muita gente que tocou os três. Nos cellos e contrabaixos os melhores também não são Stradivarius na opinião de muita gente. Mas tem toda a coisa do nome, do ícone.
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