A força da simplicidade

    Autor Mensagem
    Wanton
    Veterano
    # 22/jan/25 10:43 · Editado por: Wanton


    Esses tempos, vi um trecho de um vídeo de um cara comentando que qualquer um faz jazz, difícil é fazer um hit pop (ou algo assim). O difícil é fazer uma coisa simples e grudenta, que fale com a maioria das pessoas. Tendo a concordar. O jazz é um jogo para bitolados. Requer uma atividade cerebral intensa, explorando combinações sofisticadas, mas não demanda que se encontre nada no outro. O jazzista faz música para ele mesmo – foda-se quem não gostar.

    O pop é sobre o outro, e em larga escala. É preciso explorar o que temos em comum. Podem argumentar que talvez a criação da maioria dos hits do pop seja fortuita. E, sim, isso é bem provável. Tem um monte de one-hit wonder por aí. Há o pop que vem de fórmulas, dominadas por alguns gurus da indústria musical, e há o pop espontâneo, no qual o autor desenvolveu sensibilidades e conhecimento tácito conectados com o gosto popular.

    Isso vale para a música, para o cinema, para a literatura, para a política, para a religião. Vale para produtos culturais, em geral.

    Jonas Kahnwald
    Membro Novato
    # 22/jan/25 11:23
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    sei não, acho que o difícil é fazer algo que agrade a "todos" mesmo sendo complexo
    pq hits pops tem aos montes, e todo dia sai uma nova moda sertaneja (que tvz vc não saiba pq odeia o gênero) mas sai e fica na cabeça do povo

    o difícil é sair uma música bem trabalhada que agrade o próprio nicho em larga escala... só ver como o Metallica sofreu pra voltar a agradar sua base de fãs

    tvz o jazz seja apenas uma exceção, não a regra

    Wanton
    Veterano
    # 22/jan/25 11:55
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    Jonas Kahnwald
    todo dia sai uma nova moda sertaneja

    "Nova" não é a palavra mais adequada, né? Há gêneros que não passam da replicação da mesma fórmula.

    qew
    Veterano
    # 22/jan/25 12:04
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    A força da simplicidade

    Nós vai descer, vai descer
    Descer lá pra BC no finalzin' do ano
    Os bombonzin' 'tão brozeando pra eu chegar e morder
    Nós vai descer, vai descer
    Descer lá pra BC no finalzin' do ano
    Os Cowboy vai litorando e vai torar você


    Jonas Kahnwald
    Membro Novato
    # 22/jan/25 12:27
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    qew
    pelo amor de Deus, não aguento mais ouvir isso
    mas sim, era isso que estava querendo ilustrar pro Wanton

    -Dan
    Veterano
    # 22/jan/25 13:17
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    simplicidade é pressuposto de genialidade.

    coisas muito complexas tambem tem valor, mas podem acabar por ser apenas empilhamento de materiais

    Insufferable Bear
    Membro
    # 22/jan/25 14:16
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    não concordo com a caracterização do jazz. jazz é simples, só é uma língua estrangeira para a maioria

    e que hit pop hoje é orgânico? qual garantia você tem de que o hit virou hit pelas suas qualidades internas e não por algo externo?

    Lelo Mig
    Membro
    # 22/jan/25 15:18 · Editado por: Lelo Mig
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    Não concordo muito não.

    Acho que é muito mais uma questão do que esta exposto na prateleira, o que o mercado quer vender e com nível cultural também.

    Jazz já foi popular. Já tocou em rádios e em programas dos anos 40. Big Bands embalavam bailes. Músicas que se comparada a um sertanejo, são extremamente complexas rítmica, harmônica e melodicamente, mas consideradas simples e comerciais na época.

    O próprio conceito de simples é complexo. E hoje, temos um problema sério de pautas que contaminaram as "artes". Se eu disser que acho Kiss uma bosta (e acho mesmo) tudo bem, é opinião. Se eu disser que acho Pablo Vittar uma bosta, é porque sou transfóbico. Se eu disser que acho Nirvana analfabetos musicais, ok. Se eu disser o mesmo do funk, vão dizer que é preconceito com pobre, com o que vêm das comunidades.

    A diferença, talvez, é que num passado recente, haviam artistas (não importa se bons ou ruins) colocando música na parada. E hoje, não há mais artistas na música, apenas entertainment. Se você perguntar para uma dupla de sertanejos ou um funkeiro o que é arte, ele nem saberá responder.

    JJJ
    Veterano
    # 22/jan/25 15:40
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    O difícil MESMO é fazer algo complexo, elaborado, e que seja mainstream ao mesmo tempo.

    Acho que só se conseguiu isso na era dos compositores clássicos e um pouco no auge do rock progressivo.

    qew
    Veterano
    # 22/jan/25 15:40
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    Lelo Mig
    acho Kiss uma bosta (e acho mesmo) tudo bem

    tudo bem o escambau, compareça em INDAIATUBA que eu te encho de porrada

    não vai falar mal da minha bandinha querida não

    Lelo Mig
    Membro
    # 22/jan/25 15:56
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    qew

    "compareça em INDAIATUBA"

    Marcado! Dia 13 de julho (dia do rock). Você vai de camiseta do Kiss (daquela fase bem Glam) de viadinho, e eu vou com uma de macho do Black Sabbath.

    Wanton
    Veterano
    # 22/jan/25 17:29
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    Insufferable Bear
    qual garantia você tem de que o hit virou hit pelas suas qualidades internas e não por algo externo?

    Tem que ter alguma qualidade interna, não? Nem que seja a facilidade para grudar na mente!

    JJJ
    O difícil MESMO é fazer algo complexo, elaborado, e que seja mainstream ao mesmo tempo.

    Mas a complexidade é percebida? Ou o troço faz sucesso porque a maioria sequer percebe a complexidade?

    Lelo Mig
    Acho que é muito mais uma questão do que esta exposto na prateleira

    Estamos na era da cauda longa, tem de tudo na prateleira.

    Lelo Mig
    Membro
    # 22/jan/25 18:49
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    Wanton

    "tem de tudo na prateleira."

    No caso de música eu discordo.

    Fui jovem nos anos 70-80, tocava muita coisa. Rock, Pop, MPB, Sertanejo, Pagode, Axé, Disco Music, Lambada, Reggae, Rock BR... em menor escala Rap, Forró, Jazz, Blues, Música Clássica, Italiana e etc. E essa galera ia na TV, desde jantar com Ronnie Von, tirar chapéu no Raul Gil, até pegar sabonete na ppk da assistente de palco do Gugu.

    Hoje, não ando tão atento as paradas. Mas só vejo Sertanejo e derivados na Rádio e TV e o Funk e esse Pop estilo Anitta, (Trip alguma coisa não é?) domina outros espaços. Mais nada

    Wanton
    Veterano
    # 22/jan/25 19:48 · Editado por: Wanton
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    Lelo Mig
    Fui jovem nos anos 70-80, tocava muita coisa.

    Acho que não é assim que se compara. Nesse tempo, a mídia dominante era a TV, seguida do rádio. Para música, era mais o rádio. Hoje, esses meios de massa não têm a mesma importância. Nos anos 80, ninguém ficava indiferente a Madonna ou Michael Jackson. Hoje, é fácil achar gente que nunca ouviu e não sabe reconhecer uma música da Taylor Swift. Você sabe cantarolar alguma melodia da Taylor Swift? Sabe o título de uma música?

    A música que o qew citou, eu só fui conhecer porque fui para o Paraná no fim do ano. Não sei nem quem é a porra da dupla que canta. Se ouvi três vezes, foi muito. Por outro lado, gosto de uma banda britânica que lançou um single no YouTube há quase 5 anos. Tem 83 visualizações e 1 curtida (minha).

    megiddo
    Membro
    # 22/jan/25 20:47
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    Wanton
    Tem 83 visualizações e 1 curtida (minha).

    mostra aí, pô.

    Lelo Mig
    Membro
    # 22/jan/25 20:54
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    Wanton

    Tá... mas aí você esta falando do oposto do que é um hit. Entendi que seu tópico dissertava sobre o "sucesso".

    Jonas Kahnwald
    Membro Novato
    # quinta às 01:22
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    Wanton
    Hoje, é fácil achar gente que nunca ouviu e não sabe reconhecer uma música da Taylor Swift. Você sabe cantarolar alguma melodia da Taylor Swift? Sabe o título de uma música?

    serve eu?
    eu não sou o maior fã dela, mas a minha música mais ouvida de 2024 era dela, e ai?

    Wild Bill Hickok
    Membro Novato
    # quinta às 06:28
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    Wanton

    Vc está se referindo a um tipo de jazz pós-bepop (modal, free jazz, avantguart e etc)

    Até 1940 o jazz usava a mesma forma que o pop (canção popular tonal 4/4 com verso/refrão/bridge/intro/coda/interludio/solo/false start/medley). Depois virou música para beatnik drogado

    JJJ
    Veterano
    # quinta às 10:39
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    Wanton
    Mas a complexidade é percebida? Ou o troço faz sucesso porque a maioria sequer percebe a complexidade?

    Excelente questão... Eu acho que só um nicho gosta por causa da complexidade. É o mesmo tipo de pessoa que gosta de jazz complicado só porque é complicado. Ou que gosta de guitarrista shredder só porque o cara está tocando 1000 notas por segundo.

    Mas acho que a maioria curte simplesmente porque a música é boa.

    E aí vamos a outra questão difícil... O que é música boa?

    JJJ
    Veterano
    # quinta às 10:40
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    Acho que esse tópico deveria estar no "música em geral"...

    Lelo Mig
    Membro
    # quinta às 11:26
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    JJJ

    "Acho que esse tópico deveria estar no "música em geral"..."

    Logo logo o tópico vira direita vs esquerda. Deixa aqui mesmo...kkk

    Wanton
    Veterano
    # quinta às 13:03
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    megiddo
    mostra aí, pô.

    https://www.youtube.com/watch?v=Z8ys-ffccjI

    Lelo Mig
    Entendi que seu tópico dissertava sobre o "sucesso".

    É sobre simplicidade, é sobre o discurso que fala com todo mundo. É claro que tem gente criada para ser chata, que se educou para rejeitar tudo o que for embalado para as massas, como uma afirmação da própria idiossincrasia. O rock tem muito disso. Somos ouvintes pedantes.

    Em uma ponta, a cauda longa permite que demandas peculiares sejam atendidas; do outro lado, ainda há um mercado para o produto de massa, que precisa ter qualidades que atinjam o maior número possível de ouvintes. Na cauda longa, há espaço para todo tipo de excentricidade, incluindo coisas extremamente complexas e difíceis de ouvir; no mainstream, os produtos vão ficando cada vez mais parecidos. É a replicação de uma fórmula simples até que ela se esgote.

    Jonas Kahnwald
    eu não sou o maior fã dela, mas a minha música mais ouvida de 2024 era dela, e ai?

    Tem muita gente que conhece Taylor, por isso ela é a artista mais ouvida de 2024. A novidade é que existe muita gente que tem acesso à informação, mas não conhece a artista mais ouvida de sua época.

    JJJ
    Acho que esse tópico deveria estar no "música em geral"...

    Aí não vamos falar do vídeo do Nikolas Ferreira.

    Wild Bill Hickok
    Vc está se referindo a um tipo de jazz pós-bepop

    Sim, estou me referindo àquele jazz de improviso, que o público vai embora e os músicos continuam tocando uns para os outros, sem nem notar que a casa está vazia.

    Lelo Mig
    Membro
    # há 22 horas · Editado por: Lelo Mig
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    E o Wanton pira na "força da simplicidade":



    Obs: Mais novinha que a Taylor Swift!

    Wanton
    Veterano
    # há 11 horas · Editado por: Wanton
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    Lelo Mig
    E o Wanton pira na "força da simplicidade":

    Acho muito bom de ver/ouvir, mas você consegue lembrar alguma frase da música depois de ouvir? Você consegue lembrar e cantarolar algo semelhante que você tenha ouvido há 20 anos? Poder da simplicidade é o poder do refrão penetrante, daqueles que você ouve uma vez e ele toma conta da sua forma de pensar. É a linha de baixo/batera de Billie Jean; é a batera de We will rock you; é o riff de guitarra de Satisfaction; é o refrão de Pau que nasce torto.

    "bandido bom é bandido morto" é melhor do que "ninguém solta a mão de ninguém". A primeira é a consolidação de décadas de maniqueísmo hollywoodiano, a segunda é um papo de hippie requentado, estampado na ecobag de cânhamo da geração Z.

    Insufferable Bear
    Membro
    # há 9 horas
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    Wanton

    simplicidade explica alguns hits e talvez seja uma tendência mais moderna da música pop, mas não sei se explica tudo, tipo boa parte do samba e jazz que foram populares um dia.
    Parece até uma coisa meio forçada pela indústria.

    Lelo Mig
    Membro
    # há 8 horas · Editado por: Lelo Mig
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    Wanton

    "Acho muito bom de ver/ouvir, mas você consegue lembrar alguma frase da música depois de ouvir?"

    Claro que não! Coloquei só prá provocar mesmo.

    Mas, ainda acho que o simples têm cada vez mais sido reciclado à ponto de ficar difícil separar o que é simples do que é apenas ruim.

    Até dentro exemplo que você deu, algumas canções simples inesquecíveis têm 40, 50 anos de sucesso. A maioria dos artistas pop atuais, por exemplo, daqui 5 anos ninguém lembrará não só de suas músicas como nem do artista.

    Jonas Kahnwald
    Membro Novato
    # há 7 horas
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    Lelo Mig
    tipo a "desce pra bc" que no máximo sera lembrada no final desse ano (espero)

    Wanton
    Veterano
    # há 7 horas
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    Insufferable Bear
    mas não sei se explica tudo

    Talvez seja esse o ponto, talvez não devêssemos nos preocupar em procurar algo que explique tudo.

    tipo boa parte do samba e jazz que foram populares um dia.

    Aí, devolvo a pergunta que fiz ao JJJ: será que o povo notava a complexidade? Será que se mudassem o arranjo eliminando a complexidade, as pessoas sentiriam falta?

    Lelo Mig
    Mas, ainda acho que o simples têm cada vez mais sido reciclado à ponto de ficar difícil separar o que é simples do que é apenas ruim.

    Calcinha Preta (RIP Paulinha Abelha) tem a fama de estragar vários clássicos da música, né? Se as versões originais fossem a do Calcinha Preta, não acharíamos que são boas músicas. O Calcinha Preta carrega o DNA do que arruína uma música, resta decodificar.

    Esqueça que uma é uma cópia da outra e diga: por que "Dust in the wind" é boa e "Louca por ti" é ruim?

    JJJ
    Veterano
    # há 53 minutos
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    Wanton
    Será que se mudassem o arranjo eliminando a complexidade, as pessoas sentiriam falta?

    Volta e meia eu pego algumas músicas complicadas, cheias de arranjos e convenções e mil instrumentos e reduzo tudo a voz e violão (ou voz e guitarra). Quando a música é boa, ela continua boa, mesmo totalmente depenada e simplificada.

    Uma banda ótima pra fazer isso é o Yes.

    Pega Roundabout, por exemplo. Tira a baixaria maravilhosa do Chris Squire, os arpegios sensacionais do Rick Wakeman, as acrobacias melódicas do Steve Howe, a batera fantástica do Bill Brufford. Tira tudo! Deixa só a base harmônica num ukulele e a voz do Jon Anderson. Vai continuar sendo um clássico.

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