A fortaleza dos simplórios

    Autor Mensagem
    entamoeba
    Membro Novato
    # abr/20


    Ah, esses cérebros pequenos e impenetráveis. Dunning-Kruger era só a ponta do iceberg! A parvoíce é um sistema intrincado, com inúmeros mecanismos de autoproteção.


    1. Sujeito Y diz algo simplório (S);

    2. Sujeito Z compreende facilmente S;

    3. Sujeito Z contra-argumenta com algo elaborado (E);

    4. Sujeito Y não entende E;

    5. Sujeito Y sente-se ameaçado pelo pensamento de Z;

    6. Sujeito Y acha ou finge que entendeu E;

    7. Sujeito Y ridiculariza E.


    Nessas horas, o apelo à autoridade é muito conveniente. Sujeito Z é um cientista, doutor na área do debate, com anos de experiência profissional; Sujeito Y tem 20 anos, largou o ensino médio e acredita em astrologia. De posse dessas informações, a gente nem precisa saber o teor da argumentação para inferir que as chances do sujeito Y estar correto são baixíssimas. Mas tem Y que não tá nem aí.


    8. Sujeito Z, pacientemente, tenta explicar com metáforas (M).

    9. Sujeito Y leva M ao pé da letra.

    10. Sujeito Y ataca M como se fosse o argumento.


    O apelo a autoridade também pode ser impessoal. Um interlocutor pode recorrer a fontes que demonstrem que há um consenso, entre especialistas da área, que sustentam o argumento E.


    11. Sujeito Z traz dados (D) que contradizem S.


    Aqui, tem dois caminhos bem comuns:


    12a. Sujeito Y imagina uma conspiração que desqualifica D.

    12b. Sujeito Y esquece o assunto, finge que não errou e torna a agir da mesma forma em outra oportunidade.


    Esse "esquecer do assunto" é variado, ou o sujeito simplesmente abandona a discussão, ou traz assuntos não correlacionados para não ter que lidar com o problema apresentado.

    Lelo Mig
    Membro
    # abr/20 · Editado por: Lelo Mig
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    entamoeba

    Aqui na internet têm uma desvantagem no embate que é o que eu chamo de "recurso arrombado de última instância".

    Explico:

    Você coloca um texto qualquer aí e cita, por exemplo, um estudo sobre os efeitos colaterais do cloridrato de sibutramina monoidratado em ratos obesos.

    Aí, eu não tenho a miníma ideia de que porra é essa, mas quero dar palpite, e falo que a culpa é dos comunistas.

    Diante do fato, você percebe que eu não junto lé com cré em relação ao assunto e me desqualifica com argumentações.

    É nessa hora que eu saco o Às da manga e recorro ao "recurso arrombado de última instância" que é procurar por cloridrato de sibutramina monoidratado no Google, dar um crtl C na Wikipédia e um crtl V no fórum, pagando de fodão phd em química.

    Sacou?

    Eu também não...

    Les Strato
    Veterano
    # abr/20
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    Lelo Mig

    Infelizmente pro brasileiro médio, a parte mais importante em artigos e notícias, é o título, visto que ninguém se propõe a ler porra nenhuma, ai quando a discussão aperta, galera tenta recorrer a essas "gambiarras argumentativas" e passa ainda mais vergonha.

    -Dan
    Veterano
    # abr/20
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    1. Sujeito Y diz algo simplório (S);

    2. Sujeito Z compreende facilmente S;

    3. Sujeito Z contra-argumenta com algo elaborado (E);

    4. Sujeito Y não entende E;

    5. Sujeito Y sente-se ameaçado pelo pensamento de Z;

    6. Sujeito Y acha ou finge que entendeu E;

    7. Sujeito Y ridiculariza E.


    Descreveu o OT.

    entamoeba
    Membro Novato
    # abr/20
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    Lelo Mig

    Fora que a internet tem fornecido inúmeros materiais de outsiders supostamente qualificados, que te permitem sustentar todo o tipo de baboseira com base em "estudos científicos". Nesse casso, o problema se complica ainda mais. É como se a ciência te desse a opção de escolher em quem acreditar.

    O olavismo bebe muito nessa fonte. Eles acusam a academia de ter um viés que impede produções científicas por motivos políticos, o que é parcialmente verdadeiro. Então, ele utiliza esse pretexto para trazer os outsiders mais toscos para os holofotes, argumentando que a ciência que é feita por eles não é ruim, é apenas perseguida.

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/20
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    O que diz o enunciado do tópico é uma coisa óbvia. Porém, como podemos fugir do óbvio? Não dá para sufocar a possibilidade de fugir do óbvio.

    Lelo Mig
    Membro
    # abr/20 · Editado por: Lelo Mig
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    entamoeba

    "outsiders supostamente qualificados"

    E, infelizmente, alguns assuntos isso fica muito pior. Teoricamente ciência deveria ser feita apenas pela razão, mas o ser humano, inclusive alguns cientistas, tendem a querer provar o "que eles acreditam ou acham correto", nessa hora a ciência é manipulada.

    Se discutirmos matemática aqui, não tem prá onde correr; chega um momento que ou maluco sabe resolver ou não. Não há "interpretações".

    Em outros campos, a coisa não é assim, e aí é onde entra o "emocional". Um exemplo são estes médicos ou nutricionistas veganos, que distorcem a ciência e biologia, algumas distorções até bizarras, para convencer as pessoas a adotar o veganismo. Um leigo, lê uma matéria do Doctor Fulano de Tal, PHD, em XYZ, da KLWSZ University, dizendo que o ser humano é um animal projetado para comer vegetais e, simplesmente, acredita.

    Wild Bill Hickok
    Membro Novato
    # abr/20
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    1. Sujeito Y diz algo simplório (S);

    2. Sujeito Z compreende facilmente S;

    3. Sujeito Z contra-argumenta com algo elaborado (E);

    4. Sujeito Y não entende E;

    5. Sujeito Y sente-se ameaçado pelo pensamento de Z;

    6. Sujeito Y acha ou finge que entendeu E;

    7. Sujeito Y ridiculariza E.


    Descreveu qualquer debate de cidadão médio metido a politizado que termina xingando de petista/bolsonarista/machista/racista/badernista/taxista/faxista

    Wild Bill Hickok
    Membro Novato
    # abr/20
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    E olha que n é só cidadão médio nao hein

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/20
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    Tem uma coisa que me incomoda nisso tudo que eu vou exemplificar, dividindo em 2 exemplos bem resumidos:

    Situação 1:

    Um cientista isola um átomo, observa, tira fotos, documenta a pesquisa. Não há como esta situação estar sujeita a discordância. Ela só estará sujeita a falseabilidade. Só se pode invalidar a descoberta do cientista se o sujeito for um outro cientista, que realiza outro experimento e prova que o primeiro errou.

    Situação 2:

    O especialista em direito. O especialista em direito com 30 anos de profissão, com extenso currículo, dá a carteirada e diz que a decisão do STF é acertada porque está fundamentada no lei nº tal, inciso da pqp, aprovada pelo congresso em 1928. Daí este sujeito é tido como autoridade, ele sabe do que está falando, não se pode questioná-lo, o assunto só pode ser tratado pela ótica do direito, não pode ser tratado pela ótica da política, da economia, da história, do interesse comum e etc etc etc.

    No caso 2 há um sufocamento de diferentes visões que têm o direito de serem manifestadas. Tudo porque também há uma crença de que o especialista na área é a primeira e ultima palavra.

    fgr
    Veterano
    # abr/20
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    Wild Bill Hickok
    E olha que n é só cidadão médio nao hein

    Eu teho 1,75m.

    Wild Bill Hickok
    Membro Novato
    # abr/20
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    fgr
    Eu teho 1,75m.


    cidadão médio ae

    brunohardrocker
    Veterano
    # abr/20
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    cidadão médio ae

    13 cm mole, 08 cm duro

    Drinho
    Veterano
    # abr/20
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    1,88

    calço 46

    fgr
    Veterano
    # abr/20
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    brunohardrocker
    Se eu escrever algo do tipo é capaz de receber msg no privado de algum anti Bolsonaro

    fgr
    Veterano
    # abr/20
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    Wild Bill Hickok
    Achei isso. To dentro dos parametros kkk

    Silspiders
    Membro Novato
    # abr/20
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    Ahahaha!!! Entamoeba tem o dom de colocar em palavras essas coisas que eu até gaguejo de nervoso quando penso.

    markvalley
    Membro Novato
    # abr/20
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    O melhor que o sujeito Z pode fazer é sair das redes sociais e deixar o Y se f***.

    entamoeba
    Membro Novato
    # abr/20
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    O fgr não entendeu, mas esse tópico é em homenagem a ele.

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