Leo Zanon Veterano |
# dez/15
(Acho que que me arrependerei deste tópico, mas vamos lá).
Pensei muito antes de escrever e publicar este texto. Ao fazê-lo, me sentia como um estranho no ninho, um lunático, um deslocado e alienado. O porquê destes sentimentos infrutíferos é simples: ausência de democracia. E não, não me refiro ainda ao Congresso Nacional ou à Presidência da República. Refiro-me ao cotidiano. Infelizmente, não aprendemos a lidar com a diferença. Somos obrigados moralmente a seguir o fluxo, a linha de produção, o senso comum. Não permitimos que se levantem bandeiras oposta ou gritos de apoio, mesmo para aqueles que precisam de suporte. O mantra “cala a boca, burro” ecoa sempre que a diferença toma partido. Primeiramente, não sou petista e não sou a favor da corrupção. É triste precisar deixar isso claro, como se defender um lado o fizesse ser conivente com a imoralidade que, por definição, não pertence ao pluralismo político. Ainda não assumi posição partidária, mas, acima de qualquer ideologia, defendo a Constituição da República. Constituição esta que debutou há menos de quinze anos; que alicerçou direitos e garantias individuais; que previu como fundamentos da República a soberania, a cidadania, a dignidade humana. Enfim, a Constituição que previu um modelo democrático de Estado. Nós, brasileiros (em especial, os jovens como eu), precisamos tomar a frente na defesa de nosso Estado Democrático de Direito e, sobretudo, de nossa liberdade de expressão. Acredito que poucas pessoas lerão este desabafo. Mas, de qualquer forma, penso ser importante nos posicionarmos em relação à política. Não adianta dizer “eu não gosto de política, tenho nojo”, pois ela está presente, assim como o ar que respiramos. É inevitável.. Mais do que tristeza, temo. Temo pela saúde de nossa tão frágil democracia, recém-instalada após um nefasto regime militar. Vejo com lamentação os ídolos de minha geração: Bolsonaro, um sujeito extremista, apoiador de extermínio policial e de ditadura, contrário aos direitos civis de pessoas do mesmo sexo e, de quebra, xenofóbico, é considerado “mito” (fez um vídeo comemorando com brindes a abertura do processo de impeachment, como se a media não fosse traumática e preocupante); há uma patética e pretensiosa oposição que nada faz além de exalar preconceitos e conservadorismos; Eduardo Cunha, líder de um dos poderes da República, ri da cara do cidadão, desrespeita seus pares, usa o Congresso como ferramenta político-pessoal e propõe projetos de leis que ridiculariza e menospreza a violência sexual contra a mulher; Por último, abordar temas como igualdade de gênero no ENEM é “marxismo cultural”(?). Enfim, acho que não estamos indo para o caminho correto. O que vou dizer agora, provavelmente fará com que pessoas me olhem torto. Fará com que alguns me desprezem e me chamem de “apoiador de ditaduras” ou de “comunista”. Fará, em suma, com que eu seja diferente. Mas ser diferente é ruim? Ir contra a correnteza, contra o uníssono, é algum demérito? Se for, infelizmente terei de pagar o preço, em defesa de nossa recém-nascida democracia, de nosso Estado de Direito e pela vontade da maioria da população externada nas eleições de 2014. Manifesto meu apoio à Presidente Dilma contra um irresponsável processo de impeachment, proposto por um dos mais imorais políticos, um oportunista que está sendo alçado ao posto de “salvador da pátria”. Irresponsável porque não resolverá o problema da corrupção; não melhorará a economia; não fará do Brasil o país do presente (porque do futuro, ele ainda é). Em suma, o impeachment apenas desrespeitará o cidadão e a democracia brasileira. “Nas favelas e no Senado, sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro na nação” (Que país é esse?/Legião Urbana). Boa noite!
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