Joseph de Maistre Veterano |
# mar/15 · Editado por: Joseph de Maistre
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sallqantay Aliás, compromisso é coisa deveras orkutizada. Em um mundo foucaultiano de relações frágeis, ninguém sabe mais o que saporra significa.
As relações estão frágeis porque os próprios fundamentos em que elas se assentam estão cada vez mais artificiais e maquiavélicos.
Qualquer pessoa sensata -- e que não esteja muito desesperada para comer alguém -- sabe que relacionamentos fortes e estáveis são aqueles fundados na afinidade natural das pessoas.
Seja em uma relação de trabalho, seja de amizade, seja de amor, duas pessoas de valores similares procuram naturalmente a companhia uma da outra. Ponto. Ninguém precisa "seduzir" nem "enrolar" ninguém, nem ficar lendo auto-ajuda, PUA, nem merdas correlatas.
O problema é que, atualmente, a gente vive em uma sociedade completamente dominada pelo narcisismo e pelo histrionismo, em que todo mundo se sente na obrigação de ficar "conquistando" as outras pessoas (mesmo que não tenha nenhuma afinidade com elas) e ninguém mais consegue suportar a ideia de levar um "não" na cara.
Resultado: cada vez mais gente (e cada vez mais cedo) começa a emular comportamentos típicos dos psicopatas, como, por exemplo, ficar observando o "alvo" e especulando: "Do que é que essa pessoa gosta?". "O que fazer para ela baixar a guarda comigo?" "Como posso encantá-la e fazê-la me dar o que eu quero?".
Quando eu era mais novo, o pessoal ainda tinha a decência de chamar isso aí pelo seu devido nome: "falsidade", "manipulação", "cara-de-pau", etc.
Hoje em dia, eu sento no sofá para ver a que tipo de desenho animado as crianças estão assistindo e escuto a locutora chamar pelo eufemismo de "habilidades sociais".
OBS.: Nada contra. Eu sou advogado e faz parte do meu ofício manipular pessoas o tempo inteiro. Eu apenas gosto de tratar as coisas pelo seu nome correto e evitar confusões existenciais.
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