Brasil é o melhor dos mundos existentes

Autor Mensagem
brunohardrocker
Veterano
# mar/13


diz sociólogo Domenico De Masi

Para o sociólogo italiano Domenico De Masi, "o Brasil não é o melhor dos mundos possíveis, mas é o melhor dos mundos existentes".

De Masi será sabatinado no dia 19 em São Paulo

"Depois de copiar o modelo europeu por 450 anos e o modelo americano por 50, agora que ambos estão em crise e ainda não há um novo para substituí-lo, chegou a hora de o Brasil propor um modelo para o mundo", diz De Masi.

De Masi desembarca no país para participar da primeira edição do "Refletir Brasil - Diálogo com a Brasilidade", em Paraty, de 20 a 22 de março. O evento reunirá intelectuais e lideranças em mesas temáticas sobre cultura, educação, economia, criatividade e sustentabilidade.

Professor da universidade romana de La Sapienza, De Masi, hoje aos 75 anos, se tornou internacionalmente conhecido em 2000, com o lançamento de "O Ócio Criativo".

Na obra, o autor defende a redução das jornadas de trabalho e a flexibilização do tempo livre, em um contexto mais adequado à globalização e à sociedade pós-industrial.

Desde então, tem se dedicado à análise da organização da cultura de trabalho criativo na vida contemporânea e a estudos comparativos sobre a herança de diferentes modelos de vida no mundo --do indiano, chinês ou japonês, ao muçulmano, judaico, católico ou protestante.

Leia abaixo trechos da entrevista concedida à Folha.

*

BRASIL

O Brasil ainda hoje é menos conhecido e valorizado do que merece. O Brasil é quase tão grande como a China, mas é uma democracia. O Brasil é quase três vezes maior que a Índia, tem quase o mesmo número de etnias e de religiões, mas vive em paz interna e em paz com os países limítrofes. O Brasil é quatro vezes maior que a zona do Euro, mas tem um único governo e fala uma única língua. O Brasil é o país onde há mais católicos, mas onde a população vive da forma mais pagã. O Brasil é o único país no mundo onde a cultura ainda mantém características de solidariedade, sensualidade, alegria e receptividade.

DESAFIOS

A força de um país não está apenas no seu crescimento econômico, mas principalmente na sua capacidade de distribuir igualmente a riqueza, o trabalho, o poder, o saber, as oportunidades e as proteções. Os desafios aqui são o analfabetismo, a violência e a desigualdade. É realizar esta redistribuição mais igualitariamente em comparação a outros países e manter a melhor relação entre economia e felicidade.

ITÁLIA

A Itália, depois de ter durante dois mil anos elaborado, praticado e oferecido um modelo clássico, renascentista, barroco, agora está cansada e não consegue projetar o futuro. A decadência é autodestrutiva. Depois de ter tentado se suicidar com Mussolini, agora a Itália vivencia um suicídio cômico com Berlusconi e Grillo.

EUROPA

Não acredito de modo nenhum que a Europa --e principalmente o pensamento europeu-- tenham perdido importância no cenário intelectual e, muito menos, econômico. A zona do Euro tem uma renda média per capita de US$ 36.600 [o Brasil é de US$ 10.700]. Na Europa há os países escandinavos com os melhores "welfare" [bem-estar social] do mundo; tem Luxemburgo, Suíça e Alemanha, com os maiores PIBs per capita; a Itália e a Alemanha com maior esperança média de vida.

A Europa é o continente mais escolarizado e com melhores pesquisas científicas. A zona do euro está em primeiro lugar no comércio internacional, no rendimento de serviços, nas reservas auríferas e financeiras, tem um quarto de todo o comércio internacional.

Dos dez países no mundo com o índice mais alto de democracia, sete são europeus; daqueles com maior criatividade econômica, cinco são europeus; com o mais alto índice de capacidade tecnológica, oito são europeus; com mais turistas estrangeiros, cinco são europeus; com a maior extensão de banda larga, sete são europeus; com os museus mais frequentados, seis são europeus.

Na Europa cada país tem seu clima, seu modelo de vida, sua cultura. Mas a moeda é única, os cidadãos e as mercadorias podem viajar livremente de um país ao outro. Tudo justifica a hipótese de que em 2020 a Europa dos 27 será o maior bloco econômico do mundo, com a melhor qualidade de vida.

FUTURO

Daqui a dez anos a população mundial será um bilhão maior do que a de hoje. Um cidadão em cada três terá mais de 60 anos. Informática, engenharia genética e nanotecnologias serão os setores tecnológicos mais importantes. Poderemos levar no bolso todas as músicas, os filmes, os livros, a arte e a cultura do mundo. O PIB per capita no mundo será de US$ 15.000 --contra os atuais US$ 8.000.

Tele-aprenderemos, tele-trabalharemos, tele-amaremos e tele-divertiremo-nos. O trabalho ocupará apenas um décimo de toda a vida dos trabalhadores. As mulheres estarão no centro do sistema social. O mundo será mais rico, mas continuará desigual. A estética dos objetos e a cortesia nos serviços interessarão mais do que sua evidente perfeição técnica. A homologação global prevalecerá sobre a identidade local.

EXEMPLOS

Há iniciativas empresariais e governamentais atuais na América Latina que considero exemplares e dialogam com o futuro. Como o projeto Abreu na Venezuela (de educação e formação musical da população), as escolas primárias para crianças pobres em Foz de Iguaçu e a Escola Bolshoi de dança em Joinville.

TEORIA...

Hoje, a força de trabalho é composta apenas por um terço de operários, outro terço de trabalhadores intelectuais em funções executivas (bancário, recepcionista etc.) e um último terço de funcionários com atividades criativas (jornalista, profissional liberal, cientista etc.).

Se o trabalho for repetitivo, cansativo, chato, de subordinação, reduz-se a uma escravidão, a uma tortura, a um castigo bíblico. Nesse caso, a única defesa consiste em trabalhar o menos possível, pelo menor número de anos possível.

Mas se, em vez disso, for uma atividade intelectual e criativa --que corresponde à nossa vocação e ao nosso profissionalismo--, então ocupa toda nossa inteligência e satisfaz nossas necessidades de auto-realização. Nesse caso confunde-se o trabalho com o estudo e com o lazer, transformando o trabalho em ócio criativo.

Na vida pós-industrial, organizada para produzir principalmente ideias, não existe trabalho e não existe horário. Existe apenas ócio criativo, que dura 24 horas, mesmo quando se dorme e se produz ideias sonhando.

...E PRÁTICA

As empresas ainda não se deram conta deste novo momento global. A oferta de trabalho diminui e a procura por trabalho cresce, mas as empresas não reduzem a carga horária. Poderíamos trabalhar todos e pouco, mas alguns trabalham dez horas por dia enquanto seus filhos estão desempregados.

As tecnologias da informação possibilitam o teletrabalho, mas todos continuam a trabalhar nas empresas. A produção de ideias precisa de autonomia e de liberdade, mas as empresas tornam-se cada vez mais burocráticas. As distâncias culturais entre os chefes e os funcionários diminuem, mas as das faixas salariais aumentam. As empresas pregam colaboração, mas estimulam competitividade.

Tradução: CARLA M. C. RENARD

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1244862-brasil-e-o-melhor-dos-mun dos-existentes-diz-sociologo-domenico-de-masi.shtml

sallqantay
Veterano
# mar/13
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esse mano é um fanfarrão

dibass
Veterano
# mar/13
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vou ler só pela amizade

CindyFerrari
Veterano
# mar/13
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defende a redução das jornadas de trabalho e a flexibilização do tempo livre, em um contexto mais adequado à globalização e à sociedade pós-industrial.

no brasil? pra geral?
pfff

brunohardrocker
Veterano
# mar/13
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sallqantay
dibass

O ponto de vista é dele, esqueçam quem criou o tópico.

dibass
Veterano
# mar/13
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defende a redução das jornadas de trabalho e a flexibilização do tempo livre
Não adianta, se diminuir a carga horária de trabalho, trabalharemos o dobro. Vejamos por exemplo profissionais que trabalham 6 horas por dia, ou 5. Grande parte trabalha em dois empregos. O lance é que o custo de vida, o "welfare" é muito mais caro do que nosso salário.


Na Europa cada país tem seu clima, seu modelo de vida, sua cultura. Mas a moeda é única, os cidadãos e as mercadorias podem viajar livremente de um país ao outro. Tudo justifica a hipótese de que em 2020 a Europa dos 27 será o maior bloco econômico do mundo, com a melhor qualidade de vida.

Já pensou se houvesse uma padronização da moeda no Mercosul? Todos aderissem ao real, por exemplo. Quais seriam os reflexos na economia sul-americana? Positivos?

landlord
Veterano
# mar/13
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Quais seriam os reflexos na economia sul-americana? Positivos?

Haha, tão ou mais positivos que foram para a Europa.¬¬

dibass
Veterano
# mar/13
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landlord
quais?

landlord
Veterano
# mar/13
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dibass

Estou brincando, falando que obviamente será negativo... umas vez que foi isso que aconteceu na Europa. Imagina na América Latina?

Rob_Nicolau
Veterano
# mar/13
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Já li O Ócio Criativo.
Leiam também.

dibass
Veterano
# mar/13
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Rob_Nicolau
é bom? do que se trata?

Rob_Nicolau
Veterano
# mar/13
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Agora a respeito do tópico, já entra numa outra esfera que é uma nova imigração Europa/Brasil.
Preparem-se pra um novo mundo. Brazil tá vendido, moçada.


* Com Z mesmo.

Rob_Nicolau
Veterano
# mar/13
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dibass
Fala do jeito "google" de trabalhar. Do não-compromisso. Da troca das cadeiras de escritório por puffs. Parece que a onda veio pra ficar.. (ainda bem)

Gansinho
Veterano
# mar/13
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Eu gosto de morar no Brasil.
Pela cultura (costumes, não música e afins), pelo povo (os educados)...
Acho um excelente lugar pra morar.

Claro que temos problemas, muitos até. Apesar de todos eles, somos felizes.

dibass
Veterano
# mar/13
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Eu gosto de morar no Brasil.

Acho que só pode dizer que gosta ou não de morar no Brasil quem já teve a oportunidade de conhecer (bem) ao menos outros dois. Do contrário é uma avaliação muito hipotética.
Até por que, que opção quem alguém que só morou aqui. Resta gostar, ou viver em função de mimimi..

Gansinho
Não que eu queira te criticar ou julgar. Só um pensamento que me veio à partir de sua frase.

Gansinho
Veterano
# mar/13 · Editado por: Gansinho
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dibass
É, eu sei.
Eu nunca morei em outros países não, apenas conheci alguns.
Sei lá, pelo que eu conheço das outras culturas, eu gosto da nossa.
A informalidade, a felicidade.. Ah, sei lá. Eu gosto daqui, hehe.

brunohardrocker
Veterano
# mar/13
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Eu acho mais fácil me tornar rico no Brasil do que em qualquer país mais desenvolvido.

Rob_Nicolau
Veterano
# mar/13
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brunohardrocker
Concorrência intelectual aqui é menor, for sure!

DrZaius
Veterano
# mar/13
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Pangloss.

Konrad
Veterano
# mar/13
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A única coisa que o Brasil pode propor ao mundo nos próximos anos é a moratória.

Snakepit
Veterano
# mar/13 · Editado por: Snakepit
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A tal "brasilidade" que ele se refere é essa: não importa o tamanho da merda, fim de semana tem futebol e em fevereiro tem carnaval. O povo é "feliz" pois se contenta com pouco, sem ambição e cultura.

Não consigo imaginar alguma outra coisa pra se referir como "brasilidade".

É aquele velho ditado: sou burro mas sou feliz.

Viciado em Guarana
Veterano
# mar/13
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Choose your destiny!

Gansinho
Veterano
# mar/13
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Viciado em Guarana
Sério que colocaram Austrália no "expert"? Tsc tsc.

Philipi
Veterano
# mar/13
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dibass

E tão bom ver alguém com a cabeça no lugar dentre tantas coisas que se falam nesse tópico. É com uma gota de água no meio do deserto!

As pessoas hoje acham que o wellfarestate e uma benção do além, não sabem como é alto o custo de vida em países com wellfarestate, os serviços oferecidos pelo wellfarestate são inferiores ao que a própria pessoa conseguiria pagar com aquele custo que ela tem em impostos, é só comparar UK com EUA!

Fora que os pobres também pagam imposto, e se taxar mais o rico do que o pobre dai então o rico vaza do país e vai morar em um paraíso fiscal!

Clara Schumann
Veterano
# mar/13
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Eu não li o texto, não morei em outro lugar, sei de todas as falhas do Brasil e blablabla mimiimi, mas eu gosto de morar no Brasil. E eu não preciso morar em outro lugar pra saber que eu gosto de morar aqui, eu preciso pra comparar, mas nao to comparando. Eu quero morar em outro lugar, mas isso não tira o fato de eu achar o Brasil um país ótimo, é onde eu nasci, é o país que eu amo. Foda-se as carencias que ele tem, e eu sei que tem, mas eu amo do jeito que ele é. <3

Te amo, Brasil

sallqantay
Veterano
# mar/13
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Clara Schumann_MG

john s mill
Membro
# mar/13
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Bom do Brasil é que é bem diversificado, então tem vários modos de vida diferentes, cada um com suas culturas, pessoas e crenças

Pra ficar realmente bom tinha que descentralizar a política administrativa/legislativa também para os estados e municípios.

A centralização faz com que duas estruturas precisem funcionar: a federativa e a regional. Enquanto na segunda estrutura somente a regional que é mais facilmente gerenciável precisa funcionar bem.

dibass
Veterano
# mar/13
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Clara Schumann_S2

brunohardrocker
Veterano
# mar/13
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Muito do que o sociologo diz no texto, parece vir daquela mania de gringo ficar puxando o saco do Brasil quando é entrevistado por um brasileiro.

dibass
Veterano
# mar/13
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brunohardrocker
Muito do que o sociologo diz no texto, parece vir daquela mania de gringo ficar puxando o saco do Brasil quando é entrevistado por um brasileiro.
é verdade hehe

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